O Terceiro Feitiço escrita por Thially Andrade, Caroline Lannister


Capítulo 7
7º Capítulo


Notas iniciais do capítulo

capítulo novo, moçada boaaa! espero que gostem!



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POV ELLIE (STORYBROOKE, 2032)

Quando saímos da caminhonete, vi Alex ir para a pequena caverna, onde Liv adorava ficar toda vez que vínhamos aqui. Ela também foi na mesma direção, e eu dei um olhar malicioso para Colette, que deu um risinho. Tomara que esses dois finalmente se acertem, porque eu não aguento mais a minha irmã babando pelo garoto toda vez que a gente se encontra.

– Vamos ficar ali na beira do rio – disse Liam, e nós o seguimos e sentamos num círculo: Liam, Colette, eu, Chris, Neal, Pérola, Roland, Melody, João, Maria, Henry e Grace. Nós somos um grupo enorme, quase uma família. Quer dizer, Neal é tio do Liam, e é meio bizarro sair com o seu tio pra qualquer coisa que não seja jantar de Natal ou coisa do tipo, mas todos nós éramos muito jovens e honestamente, quase todo mundo ali tinha algum grau de parentesco. O que me leva a conclusão de que talvez algum de nós esteja cometendo incesto e nem saiba. Eca.

– Então, o que vocês acham de a gente brincar de verdade ou consequência? – perguntou Henry. Ele olhou para mim e deu uma piscadela quase imperceptível. Entenda, eu amo meu irmão, mas isso já era sacanagem, e eu precisava me salvar.

– Eu acho melhor nós fazermos uma fogueira e ficarmos cantando – eu disse, fuzilando-o com os olhos – Roland trouxe o violão dele, não foi?

– Desculpa, maninha, mas eu deixei ele no carro e não estou com a menor vontade de ir lá pegar – disse Roland, dando um sorriso sarcástico. Eu quase pude vê-los se cumprimentando mentalmente, os idiotas.

– Então a gente pode ir dar um mergulho – falou Colette. Os meninos hesitaram um pouco antes de concordar. Quando se é filha do Rumplestiltskin, ninguém constuma discordar de você. Com sorte, Colette tinha puxado o caráter da mãe, por isso não era do feitio dela manipular ninguém. Do contrário, Storybrooke já teria virado pó... Me lembro de uma vez, quando nós éramos pequenas, que eu e ela discutimos por causa de um pacote de giz de cera (não me julguem, era 64 cores) e nossos pais foram chamados no colégio. FOI ÉPICO.

Nós nadamos durante quase uma hora: plantamos bananeira debaixo d’água, jogamos água uns nos outros, e Henry, Grace, João e Maria brincaram de procurar pedrinhas coloridas. Sinceramente, eles têm, tipo, 30 anos. Quase me envergonhei por eles. Depois de nos secarmos, meus irmãos (que são o presente de Cristo na Terra, só que não), insistiram para que brincássemos de verdade ou consequência, e quando Chris e João se juntaram a eles, não teve como. Queria que minha irmã deixasse o lepo-lepo dela de lado um pouco para vir me socorrer, mas pelo visto a coisa tava boa, porquê já haviam se passado duas horas. Pegamos uma garrafa de Gatorade aleatória e giramos; ela parou apontada para Henry, com o fundo apontado para mim. Sorri. Era a hora da vingança.

– Então, maninho – eu disse – verdade ou consequência?

– Verdade – disse ele.

– Quando, exatamente, você vai pedir a Grace em casamento?

Ambos Grace e Henry arregalaram os olhos: Grace com um sorriso de orelha a orelha, Henry com cara de que iria me matar quando chegasse em casa. O resto de nós sorriu.

– E-e-eu... – ele olhou para Grace, desesperado. Ela pegou a mão dele com ambas as dela, e deu um beijo em seu nariz.

– Não precisa dizer nada, eu sei que vai acontecer quando estivermos prontos – ela disse, e olhou para mim com um sorriso torto. Eu dei língua para ela, de brincadeira. Quando giramos a garrafa novamente, ela parou apontada para mim, com o fundo para Chris. Claro. O Universo me odeia.

– Direto ao ponto: de quem você gosta? – ele perguntou, com cinismo transpirando pelos poros. Eu cerrei os olhos.

– Você não me perguntou se eu escolho verdade ou consequência – eu disse.

– Você é chata, então vai escolher verdade. Conheço você do útero, esqueceu? – disse ele. Mas que ultraje.

– Eu quero consequência – eu falei, mas me arrependi logo depois.

– Ótimo. A consequência é você responder de quem você gosta – disse ele, e eu quase desapareci em uma nuvem de fumaça roxa.

– Mas que droga, arranjem um quarto, vocês dois – disse João – Chris, você sabe que a Ellie não vai te responder sem jogar uma bola de fogo na sua cara, então pergunta outra coisa – Eu sei que a Salvadora pode ser a tia Emma, mas nesse momento eu quis dar o Oscar, o Emmy e o prêmio Nobel para o João.

– Certo – disse Chris, revirando os olhos – minha pergunta: caso acontecesse um apocalipse e você tivesse que escolher algum de nós – sem ser seus irmãos, claro – para continuar a reprodução da espécie humana, quem você escolheria?

– Uau, você é insistente. Eu escolheria você, Chris. Satisfeito? – eu disse, e ele deu um sorriso vitorioso, equanto o resto do nosso grupo fazia suas piadinhas. Continuamos a brincar até que Roland resolveu pegar seu violão no carro, e ficamos cantando e fazendo barulho durante um bom tempo. Quando eu já estava reclamando sobre a demora da Liv para a Colette, pude ver ela e o Alex saindo da pequena caverna ao longe, andando de mãos dadas. “Finalmente”, eu pensei, dando um risinho. Chris se levantou com um “ATÉ QUE ENFIM!”, e eu fui correndo abraçar minha irmã, que estava vermelha de vergonha, mas parecia bem feliz.

AO MESMO TEMPO (STORYBROOKE, 2032)

Finalmente, livre.

Após anos trancada dentro daquela maldita jarra, ela se sentia leve, quase como se ela mesma fosse um floco de neve. Porém, sua frustração anulava qualquer sentimento positivo, e ela não pode deixar de pensar em Emma e Elsa. Suas próprias irmãs se virando contra ela novamente.

Os dois aprendizes que a haviam libertado estavam agora presos na jarra em que ela estava anteriormente. Normalmente ela os teria transformado em estátuas de gelo, mas quando ouviu que eles planejavam controlá-la e usar seus poderes para benefício próprio, ela decidiu que o destino deles deveria ser mais cruel, assim como o das pessoas que a prenderam ali. Uma em especial, na verdade.

Ela se lembrava de ter congelado Marian no passado. Ela sabia que Regina havia mudado e usaria todo seu tempo livre para achar uma cura para esposa de Robin, e o objetivo era exatamente esse: distraí-la, tirá-la do caminho. Mas aquilo não fora o suficiente. Ela precisaria de uma distração maior. O ano era 2032 agora, e ela já tinha filhas quase adultas. Mandá-las para o passado seria difícil, mas não impossível, e o resultado seria satisfatório. Filhas do futuro? Regina ficaria distraída o suficiente. “Talvez eu até consiga matá-la” pensou Ingrid. “Talvez ela esteja fragilizada o suficiente para que eu torça seu pescoço e faça uma bela estátua de gelo”.

Anos atrás, lendo alguns livros de magia, ela tinha aprendido que quando algo do futuro é mandado de volta para o passado, tudo o que mexe com suas emoções, no futuro, afeta suas emoções no passado. Talvez achar suas gêmeas supostamente mortas na beira de um rio afetasse as emoções de Regina no passado o suficiente para que ela ficasse fora do caminho de Ingrid. “Não custa tentar”, pensou ela, sorrindo.

POV ELLIE (STORYBROOKE, 2014)

– Nós precisamos seguir aquela trilha, Liv – eu disse, depois de termos apagado aquela frase bizarra da janela. Eu sabia que a Snow Queen só queria nos assustar, e ela estava conseguindo.

– Não mesmo – disse Liv – ela está tentando nos atrair para alguma armadilha. Não posso me dar ao luxo de morrer agora, maninha.

– Se ela quisesse nos matar, já teria feito isso, Liv. Tem alguma coisa errada – eu mal terminei a frase quando ouvi uma agitação em baixo do nosso quarto, na frente do Granny’s. Papai, mamãe, tia Emma, tia Snow, Granny e Ruby estavam lá embaixo, e pude ver o resto do pessoal chegar a passos apressados à frente do restaurante.

– Mas que diabos...- disse Liv, e nós corremos escada abaixo.

– Eu não sei, ele simplesmente sumiu – ouvimos papai dizer quando chegamos ao andar debaixo – eu o coloquei para dormir e quando fui checar para ver se estava tudo bem, ele não estava lá... eu deveria ter sido mais cuidadoso, isso é tudo culpa minha – disse ele, e eu quis correr para abraçá-lo, mas eu sabia que não podia. Pude ver mamãe segurando sua mão e acariciando seus ombros.

– Nós vamos achá-lo, Robin, não se preocupe – disse tia Emma.

– O que aconteceu? – perguntou Liv, com os olhos cheios d’água, e percebi que ela queria consolar nossos pais tanto quanto eu. Segurei a mão dela enquanto nos aproximávamos do resto do pessoal, que parecia preocupado.

– Meu bebê, Roland, ele sumiu – disse papai, e meu coração parou por um momento. Ela o pegou, tenho certeza. Olhei para Liv, e ela me olhou de volta como se tivesse pensado a mesma coisa.

– Meninas, voltem para o quarto, é melhor vocês não se envolverem – disse tia Snow, e eu quase protestei, mas lembrei que para eles, nós nem sabíamos quem Roland era. Assentimos com a cabeça e, quando voltamos para o quarto, Liv arrancou os lençóis da cama e começamos a fazer uma corda.

– Ela quer que a gente siga a trilha – disse Liv – vamos entrar no jogo dela.

Descemos pela corda de lençóis, tomando cuidado para não sermos vistas, e fomos em direção á floresta, seguindo a trilha de gelo. Chegamos numa clareira enorme quando a trilha desapareceu, e a Snow Queen surgiu por entre as árvores com um pequeno Roland que dormia em seus braços, segurando um urso polar de pelúcia.

– SUA MALDITA! DEVOLVA O MEU IRMÃO AGORA! – eu gritei, mas não consegui me mover ou correr em direção a ela, pois meus pés estavam congelados no chão, assim como os de Liv.

– Shhh, vocês vão acordá-lo – disse Ingrid – eu percebi que nenhuma de vocês estava com coragem suficiente para vir ao meu encontro, então decidi que vocês precisavam de motivação externa. Não se preocupem, não vou machucá-lo a não ser que seja estritamente necessário.

– O que você quer? Você disse que estarmos aqui já é o suficiente para te ajudar. Não vamos fazer mais nada por você – disse Liv.

– Mas vocês devem. Percebi que não houve interação nenhuma entre vocês e seus pais, meninas. Porque seria isso? – perguntou ela.

– Você sabe que quando alguém mexe com o tempo, não pode alterar nada até voltar para onde veio – disse Liv – nós não podemos contar quem somos.

– Ah, vocês podem sim. E devem. Esse é exatamente o objetivo da nossa pequena excursão pelo passado, minhas queridas.

– Nós não vamos contar nada á ninguém – eu disse – não podemos alterar o passado dessa forma.

– Vocês tem dois dias para contar aos pais de vocês quem são e de onde vieram. Mas não devem contar quem as mandou aqui ou o porquê. Do contrário... – ela passou as costas da mão na bochecha do pequeno Roland – bom, do contrário, vocês podem se decepcionar com o resultado de suas ações.

– Você é um monstro – eu disse – e você vai perder. Você sabe disso, não sabe?

– Eu já perdi muitas vezes, querida. Essa não será uma delas – disse ela, colocando Roland deitado na grama e desaparecendo numa nuvem de fumaça branca. Nossos pés se descongelaram, e fomos correndo ao encontro do nosso irmãozinho, que agora estava acordando.

– Quem são vocês? – perguntou ele, com sua vozinha suave.

– Oi, meu amor – disse Liv – não se preocupe. Nós iremos te levar para casa.

POV REGINA (DIAS ATUAIS – STORYBROOKE, 2032)

Não.

Não.

Não.

Não.

Não pode ser.

Quando Robin chegou em casa e me contou o que havia acontecido, eu não acreditei. Fiquei em um estado em que eu não sentia nada, completamente entorpecida. Quando caí na realidade, desabei em seus braços, metade inconsciente, metade imersa em dor. Meu único desejo era arrancar meu coração e torná-lo pó ali mesmo. Nós ficamos abraçados pelo que pareceu uma eternidade, ajoelhados no chão, com as lágrimas encharcando nossos rostos. Quando Henry e Roland chegaram, nós percebemos que tínhamos ficado ali por mais de uma hora.

Pude ver Emma parada na porta, com os olhos vermelhos e o queixo trêmulo. Henry me ajudou a ficar de pé, apesar de ele mesmo estar quase desabando no chão, e fomos até ela.

– Regina, eu sinto muito – disse ela, e nós nos abraçamos por um momento. Quando eu a soltei, me vi preenchida pelo único sentimento que conseguia superar a dor naquele momento: ódio.

– Eu vou achar quem quer que tenha feito isso, e você vai me ajudar – eu disse, por entre os dentes, com as lágrimas ainda rolando pelo rosto. Emma assentiu com a cabeça.

– Nós vamos encontrar esse monstro – disse Robin, que se aproximava.

– Sim. E quando eu encontrá-lo, nenhuma força nesse mundo vai poder me impedir de destroçar quem quer que tenha feito isso com as minhas filhas – eu disse.

Eu não iria apenas matá-lo.

Eu iria fazê-lo sofrer.


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Notas finais do capítulo

deixem reviews! amamos vocês!