Então Fique, por Nós escrita por Yokichan


Capítulo 1
Único


Notas iniciais do capítulo

Pessoas, espero que gostem.
Minha primeira Oneshot de CDZ, e essa idéia veio do nada. q

Leiam ao som dessa música, é linda: http://www.youtube.com/watch?v=lcwZUVXlMkA

Deixem reviews. ;*



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“Se desta vez não puder ser por mim, que seja por nós.”

            

 

 

         Eu, uma Deusa do Olimpo. Você, meu leal Cavaleiro. O que poderia dar tão errado entre nós, além de um sentimento imperfeito e nada divino? O que poderia ser tão mais errado do que o amor que eu sinto arder em meu peito todas as noites, quando você não está aqui? Seria então irônico declarar que mesmo sendo essa criatura celeste, eu seja assim tão vulnerável à você? Oh, irreparável perdição.

        

         E quando a mastodônica inquietude me alcança, é unicamente por você que eu chamo. No silêncio deste quarto dourado, eu permaneço a manchar meu leito de nuvens com nossa doce impureza. Delicado pecado, quase edênico aos meus olhos, fel formado pelo vapor dos suspiros abafados sob o manto noturno. Gloriosa Nyx, se com seu gracioso dom de manter a lua prateada neste céu escuro, você puder esconder meu segredo, por favor o faça. Pois na tênue penumbra, minhas lágrimas apenas serão vistas por mim mesma. Porque você nunca esteve aqui para segurar meu pranto com suas adoráveis mãos.

 

Diga-me por que você nunca respondeu quando eu lhe chamei?

 

 

“Que este desejo reprimido nunca seja confesso para alguém além de você, mas seus olhos sempre foram os meus preferidos, e suas mãos sempre foram as mais calorosas ao tocar as minhas. Porque você foi quem eu sempre quis, e parecia tão difícil para que você pudesse compreender.

 

- Mu? – chamei, surgindo silenciosamente no espaço entre as duas colunas do Templo. Não, você nunca poderia entender como eu me sentia a cada vez que você me olhava.

 

- Sim, minha Deusa? – e você respondeu com a cordialidade e respeito costumeiro, como se eu fosse alguém inalcançável pra você.

 

- Para onde está indo? – sondei, avançando alguns passos na sua direção. Como você pôde não perceber que aquele meu sorriso iluminava-se unicamente para você? Talvez, você preferisse não perceber.

 

- Para a Casa de Áries, minha senhora. – seus olhos fixos nos meus, ignorando o brilho quase ofuscante que eles emanavam junto aos seus. – Deseja algo de mim? – você perguntou-me, na mais gentil educação.

 

- Desejo que não me trate tão formalmente. – pedi com um sorriso suplicante, camuflando uma ponta interna de tristeza. – Já conversamos sobre isso. – lembrei, arqueando uma das finas sobrancelhas.

 

- Não posso tratá-la como uma qualquer. – e seu olhar desviou-se do meu, arrastando-se pelo chão ao nosso lado. Oh, como eu odiava sua insistente ausência.

 

- Vamos caminhar um pouco pelo Templo. – sugeri ao tentar esconder minha inconformidade, avançando um passo na direção da grandiosa porta. Mas você não se moveu, e meu coração reprimiu um grito de dor.

 

- Não acho que devamos, minha Deusa. – você disse com pesar, cabisbaixo e imóvel quando eu me virei com os olhos marejados para lhe encarar.

 

- Por que não? – soltei, e a pergunta mais pareceu um murmúrio choroso.

 

- Eu preciso ir para minha Casa, lá é o meu lugar. – argumentou, sabendo que aquilo iria ressaltar a diferença entre mim e você. Sabendo que iria me ferir, e conseqüentemente, me afastar.

 

- Não! – neguei em desespero, e uma lágrima rolou por meu rosto. – Seu lugar é ao meu lado, mais que como um Cavaleiro. – duas, três, e assim elas foram despencando de meus olhos, arrancando-me pedaços.

 

- Não me coloque em uma situação delicada, Atena. – você pediu, enfim abandonando aquela tradicional distância entre nós, depositando em meu coração desgastado um fio de doce esperança. – Eu... – e eu lhe cortei.

 

- Eu te amo! – o mais letal corte da adaga, o suspiro mais pesado.

 

         Meu coração vacilou, meu corpo entrou em estado de profunda fraqueza, e eu senti que não seria mais capaz de guardar um amor maior que a capacidade que meu coração tinha de suportar. Mas antes que eu pudesse cair, seus braços me ampararam. Era sempre assim, eu ameaçava cair quando todas as lágrimas haviam sido derramadas, e naquele momento você aparecia para me proteger. Você estava ali para impedir a queda, mas não estava quando eu mais precisava de sua presença. E eu não era capaz nem de morrer.

 

- Eu faria qualquer coisa por você, mas... – você lamentou, e a tristeza era visível em seus olhos doloridos. Eu apenas queria mostrar que você podia me amar, com o amor de um homem.

 

- Então me ame. – pedi, exigindo o que eu sabia que você não poderia me dar.

 

- Você é minha Deusa. – você lembrou, franzinho melancolicamente o cenho.

 

- Quero ser sua mulher. – revelei, sentindo o quão confortável e protetor era o calor de seus braços ao redor de minha silhueta tenra.

 

- Não posso fazer isso, Atena. – aquela era sua frase repetida, seu limite. – Me perdoe. – e enfim, você me apertou contra seu corpo, abraçando-me com aquela vida que não podia dividir comigo.

 

- Fique, Mu. Fique..! – supliquei, enlaçando meus braços com desespero ao redor de seu pescoço. - Se desta vez não puder ser por mim, que seja por nós. – e meu corpo todo tremeu, temendo a sua futura partida.

 

- É por você, sempre por você. – você ressaltou, afastando-se de mim com relutância. Era por mim que você me deixava a todo instante, e eu apenas queria compreender aquilo.

 

         Como um raio de luz dourada, você desapareceu. Eu apenas pude lembrar do toque macio e caloroso de seu rosto tocando a lateral do meu, enquanto me abraçava. Era apenas o que eu podia fazer, lembrar de como você havia me deixado durante toda aquela noite.”

 

 

         A noite sempre fora um calvário para mim, para Saori, a mulher reprimida dentro da grandiosa Deusa. Através da lua, eu desejava te encontrar, ouvir sua voz de veludo dizendo que tudo ficaria bem, pois você estaria ali quando eu despertasse. Mas você nunca estava, e por isso eu me prendia nos sonhos.

         Por que não podíamos voar para longe dali? Por que não podíamos ser apenas Saori e Mu, distantes do Templo, distantes do céu? Talvez pelo simples fato da sensível humanidade não nos tocar o bastante, ou por meu pesado coração dourado desejar muito mais do que poderia – e deveria – ter.

 

 

“Se você está no meu coração, por que eu não estou no seu?”

 

 

         E a escuridão da noite me respondia, da maneira mais ilusória e triste. Porque eu estava depositada sobre meu leito de ouro imaculado, onde uma Deusa amada por todos deve permanecer. Era ali que você queria me manter, onde todos me queriam.

 

 

“Todos, exceto você, não é?”

 

        

Porque seu coração grande demais não admitia sofrimento algum, além do seu, grande o suficiente para ocupar um mundo inteiro.  


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Notas finais do capítulo

OBS: Nyx, citada no texto, é a Deusa Grega da Noite.



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