Camp Hogwarts escrita por Drica O shea


Capítulo 2
The Game - Dia 2


Notas iniciais do capítulo

Gente eu ri um pouco escrevendo certa parte deste capítulo. Espero muito que gostem. E por favor COMENTEM. O comentário deixa certa escritora feliz!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/565255/chapter/2

(Lilian)

Tentei ao máximo dormir profundamente naquela noite: precisava de todas as minhas energias possíveis para o jogo de futebol. A verdade era que eu nunca havia jogado em toda a minha vida - meu forte era a natação. Mas a notícia de que nossa goleira não estaria presente nessa edição do acampamento fez com que automaticamente a escolhida para ocupar o lugar dela fosse eu.

Eu.

Eu, Lilian Evans, a garota que era a primeira a levar uma bolada no queimado desde a infância. Que saía correndo quando a bola de vôlei vinha atrás de mim. Definitivamente, futebol estava longe de ser um de meus assuntos preferidos – na realidade, acredito que estaria na lista dos que mais me traumatizavam. Por incrível que pareça, até aquela segunda-feira à noite eu estava tranquila quanto a ideia de ser goleira, mas assim que encostei a cabeça no travesseiro, o desespero começou a tomar conta de mim. Eu sabia que cada ponto era crucial para os Tigers, e não queria decepcionar ninguém. Muito menos Nate: a facilidade assustadora com que conseguia marcar gols me intimidava, e não queria que ele pensasse que eu era terrível em algo que ele era absurdamente fantástico. Podia parecer besteira, mas eu pensava daquela forma, e minha cabeça dava voltas e mais voltas, tramando os piores desfechos possíveis para aquele jogo contra os Bulls.

É claro que eu nunca imaginaria que terminaria de uma forma muito pior do que todos os meus devaneios daquela noite, mas logo chego nessa parte.

Quando estava prestes a entrar em colapso nervoso, tomei coragem para olhar o relógio. Sete da manhã – o horário previsto para a sirene que nos acordaria era dali duas horas, mas eu não aguentaria ficar trancada naquele quarto por mais nem um minuto. Levantei-me, troquei de roupa e escovei os dentes, tentando de todas as formas não acordar Lene e Dorcs. Saí do quarto na ponta dos pés, meus olhos ardendo com o primeiro contato com o sol matinal, enquanto andava sem rumo pelo acampamento. Decidi caminhar até o campo de futebol e tentar me acostumar com o cenário do jogo de mais tarde.

A verdade era que Camp Hogwarts era um local lindo para se andar sozinha, apenas apreciando o sol se estendendo no horizonte, as árvores grandes e cheias sombreando a grama sempre verde e os jardins bem cuidados, com bancos e mesas de madeira estrategicamente colocados para aproveitar a sombra, onde, no começo de nossa adolescência, brincávamos as escondidas de Verdade ou Desafio durante a noite. Estremeci com as lembranças constrangedoras. Lembrei do imenso lago e seu deque de madeira, e de todas as comidas deliciosas que tive a chance de experimentar. Com certeza algumas de minhas melhores lembranças estavam ali.

Me aproximando do grande gramado, percebi que havia uma figura solitária trocando alguns passes consigo mesma. Sendo mais precisa, um rapaz. Por alguns segundos pensei que era Nate, o que me fez até mesmo apressar o passo para ir ao seu encontro, mas quando percebi que estava equivocada, diminuí a velocidade. Depois, pensei que era Severus Snape, o garoto que jogara espuma em Luke no ônibus, e mais uma vez estava errada. Quando pude finalmente constatar quem era o misterioso jogador, isso quase me fez virar as costas e tentar voltar a dormir a todo custo.

Quase, porque ele me reconheceu antes que eu pudesse ir embora.

– Lily? – James Potter perguntou, me causando certo desconforto.

Ao contrário do que muitos pensavam, eu não o odiava. Não mesmo. Nos conhecíamos desde a infância e sabíamos que as provocações constantes eram apenas pela rivalidade dos Tigers contra os Sharks. Mesmo assim, nunca me senti nem um pouco a vontade perto dele. Só de observá-lo ano após ano, eu sabia que James sempre fora muito centrado, tinha a coisa certa a falar em todos os momentos e era muito maduro para os garotos de sua idade, mesmo com todas as brincadeiras sem graça idealizadas por ele, meu irmão, Almonfadinhas e Aluado. Eu, por outro lado, com as emoções a flor da pele, perdia a razão facilmente e falava demais. Sabia que éramos diferentes demais para sermos amigos, logo, me sentia melhor na zona de conforto em que apenas trocávamos provocações sobre os dois times rivais, sem maiores contatos.

– Pontas! – Eu forjei um sorriso. – Achei que homens produziam o hormônio do sono até meio dia.
Ele me deu um sorriso que parecia sincero, como se realmente tivesse achado engraçado o que eu havia dito.

– Em dias assim, acho que não produzo nada além de nervosismo. – Ele admitiu. – Vim tentar treinar sozinho, mas nos filmes isso parece ser bem mais fácil do que é... E você?

– Eu... – Pensei por alguns instantes se deveria confessar que estava apavorada de medo. – Não sei. – Decidi mentir. – Só resolvi acordar mais cedo e dar uma volta.

Seus olhos me fitaram com uma sobrancelha franzida, como se ele soubesse facilmente que eu não dizia a verdade.

– Luke me contou que você é a nova goleira dos Tigers. Você tem certeza que eles estavam sóbrios quando permitiram essa atrocidade? – Ele provocou, chutando a bola em minha direção como um teste. Respirei aliviada quando consegui segurá-la de primeira, apesar de ter feito isso totalmente por simples reflexo.

– Haha. Muito engraçado.

Percebi que minhas mãos tremiam ao devolver a bola para ele. A ansiedade voltara a me atacar.

– Está tudo bem? – Ele perguntou, também reparando na tremedeira.

– Eu... É... – Olhei para baixo, decidindo dizer a verdade. – Estou quase morrendo de nervosismo. – Ele me olhou, assustado pela revelação repentina. – Eu nunca joguei futebol valendo alguma coisa. Tá que ser goleira não é a função mais difícil, mas mesmo assim... Estou desesperada. Acho que vou decepcionar todo mundo e vou ter que aguentar você e seus amiguinhos tubarões rindo da minha cara para o resto da minha vida. Não conseguia dormir pensando nesse maldito jogo, e por isso vim até aqui.

Ele torceu a boca, provavelmente tentando reprimir uma risada. Me dei conta de que aquilo era realmente engraçado: desabafei meus problemas para Pontas Potter, provavelmente mais palavras do que havíamos trocado em muitos anos. Comecei a rir involuntariamente, sendo seguida por ele.

– Lily... Você vai ver, não é tão difícil assim. Não precisa ficar... Hum, preocupada. – Ele media as palavras com cuidado, com certeza achando estranho me dar um conselho daqueles. - Vai até o gol.

O olhei, confusa.

– Como?

– Vai até o gol. – Ele repetiu, como se eu fosse idiota. – Andar. Em direção. Ao gol.
Rolei os olhos, mas o obedeci. Ele se posicionou na marca do pênalti, colocando a bola no ponto demarcado.

– Está pronta?
Minha vontade era de responder: não, nem um pouco. Mas não daria esse gostinho a Potter - apenas assenti com a cabeça. Ele se concentrou, e um segundo depois, a bola atingiu o fundo da rede, sem que eu nem ao menos me mexesse para tentar uma defesa. O olhei envergonhada, enquanto ele andava em minha direção e ria.

– É, vejo que as meninas do meu time não vão ter problema no jogo contra os Tigers. – Ele provocou, encostando na trave do gol e rindo de mim.

– Eu estava despreparada e... – Tentei me justificar, mas não consegui terminar a frase quando senti sua mão quente repentinamente segurando meu pulso.

– Olha, é assim. – Ele esticou meu braço para a diagonal direita. – Quando a adversária chutar com a perna esquerda, a bola provavelmente vai cair do lado direito. A mesma coisa ao contrário. – Ele jogou meu braço que estava na diagonal direita para a esquerda. Eu tentava processar o que James dizia, mas a proximidade com que seu rosto estava do meu e o toque de sua mão em meu braço me deixava um pouco estranha. Não era normal chegar perto assim de Pontas Potter, e não estava nem um pouco confortável naquela situação. Não era ruim, apenas... diferente. – Fique com os olhos bem atentos entre a bola e os pés da jogadora, porque se ela jogar de mal jeito, talvez a bola venha rasteira e então você terá que se jogar no chão para agarrá-la.

Pontas continuou me dando várias instruções: sobre como me posicionar na hora de agarrar uma falta com barreira, o que fazer quando a bola viesse em direção ao meio do gol, a melhor visão na hora de defender um escanteio e como pular “onde a coruja dorme” – só depois fui saber que era no ângulo entre o travessão e a trave.

Eu não compreendia muito bem o porquê de ele estar tão empenhado em me ajudar, já que me ver perder era algo que o favoreceria completamente. Mas não o questionei - apenas tentava processar todas as informações que ele me passava, fazendo o máximo de esforço para absorver todas as dicas da melhor maneira possível. E, por mais estranho que pareça, fui começando a ficar consideravelmente mais calma.

– Entendeu? – Ele perguntou, e eu apenas assenti com a cabeça lentamente.

Pontas voltou à marca do pênalti, respirou fundo e chutou com toda convicção que tinha. A sensação que tive foi que a bola vinha em câmera lenta em minha direção. A voz de Pontas ecoava na minha cabeça e sua voz sussurrava em meu ouvido todos os seus conselhos. Bem, Pontas era destro e mandou a bola com um chute alto, logo, a probabilidade dela ir para o alto e do lado esquerdo era muito grande. Sem pensar duas vezes, dei um pulo com os braços abertos e meu corpo inclinado para esquerda. Um fechar de olhos. Um forte arder em minhas mãos. Meu ombro se chocando no gramado. Eu havia defendido aquela bola. Minha primeira defesa. E que parecia ter sido muito boa, por sinal. Pontas começou a rir e a aplaudir vindo em minha direção.

– Isso foi perfeito! Nunca imaginei que você defenderia essa. – James disse. Eu não pude deixar de notar um certo brilho em seu olhar, provavelmente porque suas explicações haviam dado certo.

– Isso quer dizer que eu sou uma boa goleira. – Falei, orgulhosa de mim mesma.

– Não. Isso quer dizer que eu sou um bom professor. – Ele disse, se gabando. – Agora, vamos continuar treinando. Essa foi apenas uma defesa que deu certo. Precisamos de muito mais se você quer vencer. Ou pelo menos tentar. – Rolei os olhos.

Passei quase duas horas treinando com Pontas, que insistia em brigar comigo alegando que eu fechava os olhos na hora de pegar a bola. O que eu poderia fazer? Era instinto. Quando o Mestre Yoda decidiu que eu estava pronta, seguimos cada um para seus respectivos quartos a fim de tomar banho e se preparar para o café da manhã. Aquele seria um longo dia...


(James)

Mesmo tendo passado quase três horas no campo de futebol, Almonfadinhas, Aluado e Luke continuavam dormindo quando voltei ao quarto. Folgados. Depois de diversas tentativas para acordá-los e de tomar um banho, nós seguimos para o café da manhã. Eu havia decidido não contar nada a eles sobre o que acontecera mais cedo com Lilian, não queria ouvir que era um traidor e muito menos que estava ajudando nosso maior rival. Porque, de uma forma ou outra, eu sabia que estava. Mas simplesmente não consegui deixá-la tremendo de nervoso sem pelo menos tentar ajudar. Não emiti uma palavra sequer no curto caminho que fizemos, voltando a realidade apenas quando o cheiro de pão recém-saído do forno invadiu minhas narinas.

O refeitório era todo de madeira, com grandes janelas que partiam do chão ao teto. O que o deixava completamente diferente de qualquer ambiente interno que eu já havia visitado, era que havia sido construído ao redor de uma árvore. No meio do local havia uma enorme árvore que, de tão alta, cortava o teto e florescia. Ela ficava bem no centro do refeitório, e a mesa ao lado dela pertencia aos donos da casa: os Sharks. Quando estava voltando ao meu assento, carregando uma bandeja cheia de bolos frescos e um copo de leite, vi Lily entrando de mãos dadas com um cara que conversava com Severus Snape. Eu nunca o tinha visto nas outras edições do acampamento, mas mesmo assim ele me parecia familiar. Só então lembrei-me que o garoto era o mauricinho que Almonfadinhas havia surpreendido no dia da nossa recepção amigável aos Tigers... E eu não sabia que Lily estava namorando. Quando comecei a ficar incomodado sem motivo, decidi ir de encontro aos meus amigos, preferindo canalizar meus pensamentos na cara do mauricinho ao levar um saco inteiro de farinha na cabeça. Cheguei à mesa rindo.

– Cara, eu ainda não entendi nada disso aí que vocês estão falando. Explica de novo. - Almonfadinhas coçava a cabeça enquanto eu me sentava ao seu lado.

– Caralho, Almonfadinhas, foi seu cérebro que você deixou na privada hoje de manhã? – Aluado perguntava ao garoto, que não parecia nem um pouco bem humorado.

– Sirius, coloque a massa cinzenta para trabalhar. Não tem erro. – Luke explicava pausadamente. – Eu só quero conversar. Procedimento padrão.

Eu não sabia qual era o assunto e nem fazia questão de saber. Depois de uma manhã cansativa, minha fome era tanta que eu poderia comer um tigre. Quando pensei naquilo, automaticamente a imagem de Lilian veio em minha mente. Apesar de ser do time rival, ela me parecia bem nervosa e tinha se esforçado muito - eu realmente queria que ela fosse bem. Corri meus olhos pelo refeitório lotado procurando-a, mas meus olhos pararam em Marlene, que olhava para nós de um jeito estranho, incomodado. Sentindo-me um pouco intimidado, desisti de procurá-la e voltei minha atenção para minha mesa. Os caras continuavam no mesmo assunto de antes e Lene continuava com aquela cara estranha, como se fosse uma puta que havíamos esquecido de pagar. Aquilo estava me incomodando, mas dei de ombros.


(Lilian)

– Vamos lá, time! – Angelina Weasley, a capitã dos Tigers gritava para nós. As garotas do futebol feminino estavam reunidas num círculo no canto do campo. - Mantenham a calma na hora das finalizações e evitem marcar pênalti, as “vacas” são muito boas nas cobranças.

O sol queimava meu rosto, mas eu não reclamava. Era preferível a ter que jogar num campo transformado em um lamaçal nojento graças à chuva. As arquibancadas cercavam todo o gramado e estavam lotadas: as que ficavam atrás das redes pertenciam aos times que não jogariam naquele dia: os Sharks e os Falcons. Já as laterais, por terem uma visão melhor, eram concedidas a torcida dos times que se enfrentariam: os Tigers e os Bulls. O local estava parecendo um jogo de seleção, as torcidas urravam, cantando seus gritos de guerra e, trajadas de bandanas e camisetas, balançavam bandeiras e levantavam cartazes. Os times carregavam cores de destaque e isso ajudava na hora de separar os torcedores: os Falcons tinham como cores oficiais o marrom e o dourado, os Bulls, vermelho e o preto. Os Tigers carregavam o laranja e preto e os Sharks levavam as cores azul e cinza. Naquele dia, a cor laranja fazia um enorme destaque, em cima do vermelho dos Bulls. Era um time diferente do nosso, que não se importava tanto com a competição em si: tratavam o acampamento mais como um hotel de férias, dando mais valor às zoações, amizades construídas ao longo dos anos, e – por que não? - as pegações.

– Lily, por favor, tenha atenção! – Dorcas quase suplicava. – Fica de olho na bola, em mim, no time, nas adversárias... Basicamente, fica de olho em todo mundo!

– Dorcas, eu prometo dar meu máximo, mas você sabe que futebol não é meu forte. – Disse, quase entrando em desespero novamente.

– Eu confio em você. Nós confiamos em você. – Ela realmente achava que estava ajudando. Coitada.
Respirei fundo e fechei os olhos.

Adentramos no campo e os gritos ficaram ensurdecedores. O juiz jogou uma moeda para o alto e então fui obrigada a me dirigir até a área do goleiro, a mesma onde treinei com o Pontas. Lembrei-me de toda a ajuda que ele prestou naquela manhã, e então corri meus olhos pela torcida que gritava e ria atrás de mim: os Sharks. Belo lugar para ficar, não? Encontrei os olhos divertidos de James, com certeza ele estava achando aquilo muito engraçado. Olhei para o lado, ansiosa, procurando Nate no meio da confusão laranja e preto. Ele me deu um sorriso, deixando transparecer certo nervosismo. O árbitro apitou.

Esforcei-me ao máximo para me desligar dos gritos e músicas que vinham ao redor do campo. Dorcas logo no começo conseguiu a posse da bola e saiu driblando várias meninas do time adversário. Sem que a zagueira adversária percebesse, ela deu um toquinho para Lene, nossa atacante, que chutou com tudo para gol. Porém a goleira dos Bulls era boa, segurando-a com muita facilidade. Ela arremessou a bola para uma menina de seu time que já estava no meio do campo, que veio correndo e crescendo em minha direção: todas elas eram enormes, realmente parecidas com touros. Eu estava preparada para receber aquela, mas felizmente uma de nossas zagueiras conseguiu cortar sua jogada, voltando as jogadas para o lado adversário. Porém, não demorou muito para que a meio de campo dos Bulls surgisse, completamente do além, roubando a bola e passando com muita rapidez para uma de suas atacantes. A garota não era um touro, era um monstro. Eu lembrava vagamente dela, era maior que meu irmão e todos os seus amigos juntos. Encolhi-me, pensando que ela conseguiria me levantar apenas com uma mão. Tentei voltar a me concentrar no jogo: respirei fundo e mirei a bola, carregando comigo toda a minha concentração e os ensinamentos da manhã. Esse foi meu último pensamento. Meu último ato, por outro lado, foi receber a maior porrada da vida na minha cabeça e despencar totalmente inconsciente no chão.


(James)

Fazia quase uma hora que eu estava sentado completamente sozinho naquele banco em frente à enfermaria. Luke estava lá dentro com Lene, Dorcas e o mauricinho, que um pouco de tempo depois que Lilian caiu dura no chão, fui descobrir que se chamava Nate. Eu havia decidido que não queria entrar e ficar aguardando com eles, especialmente porque o namorado da garota provavelmente não iria gostar muito daquilo. Então passava meu tempo apenas observando a porta e as janelas fechadas, sem nenhum barulho aparente em seu interior.

Fechava os olhos e a cena se repassava em minha mente inúmeras vezes. Aquela bolada na cabeça de Lilian seria ridiculamente engraçada se não a tivesse levado à enfermaria. Almonfadinhas e Aluado inclusive soltaram algumas gargalhadas, sentindo-se culpados depois porque a garota não se levantava. Estava claro que ela não era muito boa em seguir conselhos, principalmente o mais simples de todos: sempre manter o foco quando uma garota que tem três vezes o seu tamanho vier com uma bola em sua direção.

O barulho da porta se abrindo me distraiu. Nate, Lene e Dorcas saíram da ala hospitalar, a última me dando um breve aceno de cabeça - acho que foi a única dos três que percebeu minha presença. Isso queria dizer que Luke estava sozinho, então decidi que era uma boa hora de entrar. Abri a porta silenciosamente, enquanto ele folheava uma revista de fofocas – se não fosse o ambiente tão quieto, teria dado muita risada da cara dele. Quando percebeu minha entrada, olhou para mim e deu um suspiro agradecido.

– Ainda bem que você está aqui. Lene e Dorcas não paravam de falar e acho que elas iam acabar acordando Lily a qualquer momento. O mauricinho percebeu que eu estava ficando meio incomodado, então as levou pra comer alguma coisa no refeitório.

Dei uma risada.

– Garotas. Os anos passam e os assuntos não acabam. – Rolei os olhos. – Como ela está?

Olhei para Lily. Enrolada em uma coberta, deitada com as mãos ao lado da cabeça no travesseiro. Quem a visse assim parecia que estava em sono profundo, dormindo delicadamente, se não fosse o curativo no canto esquerdo de sua testa. Uma sensação de aperto me invadiu.

– Está bem. A enfermeira disse que não foi nada muito sério. Só vai ficar com um inchaço na cabeça por uns dias. Mas conhecendo a Lily como conheço, sei que ela prefere manter um curativo a ter que sair com a testa roxa por aí. Ah, e obviamente, está terminantemente proibida de voltar ao campo. – Ele deu um riso fraco. – Antes do jogo ela me disse que vocês treinaram hoje de manhã.

Arqueei uma sobrancelha. Achei que Lilian Evans nunca iria admitir para ninguém que passamos um bom tempo juntos sem que ninguém morresse ou fosse estapeado, nem mesmo seu irmão.

– Ah. Não foi nada demais. Eu estava no campo e ela apareceu, nervosa por conta do jogo. Só ensinei alguns truques de defesa, que acabaram se provando meio inúteis. – Eu e ele rimos. Cara, aquela bolada foi realmente engraçada.

Luke desviou o olhar de mim para Lily, surpreso por alguns segundos. Percebi que ela estava se mexendo lentamente, se espreguiçando.

– Lene, apaga a luz, por favor... – Ela murmurou, e Luke começou a rir, andando em sua direção.

– Sou eu, irmãzinha. – Ele puxou uma mecha de seu cabelo delicadamente, e Lily finalmente acordou.

– Luke? Eu... – Ela colocou uma das mãos diretamente no curativo, fazendo uma cara de dor com o toque. – Ai. Quanto ficou o jogo? O que aconteceu? – Ela perguntou de repente, desesperada.

– Bem... Não sei se você vai se lembrar, mas você levou uma bolada na cara e apagou. Até agora. São três da tarde. – Luke engoliu em seco ao dar a garota as más notícias. – Detesto te dizer isso, mas os Bulls venceram o jogo.

Ela ficou muda por vários segundos, visivelmente chateada, e de repente me fitou, como se tivesse percebido minha presença só naquele momento.

– Pontas? Por que você está aqui? – Ela perguntou, e por um segundo eu pensei que ela tivesse perdido a memória. – Logo você vindo me visitar? Por que não Almonfadinhas ou Aluado?

– Fiquei preocupado com você. – Falei, erguendo uma sobrancelha, como se fosse óbvio. – Eu te ajudei hoje de manhã, poxa. Você esperava que eu simplesmente ignorasse isso? – Fiquei um pouco irritado.

Ela não respondeu, decidindo mudar de assunto.

– E Nate? Lene? Dorcas? Eles não vieram me ver?

– Foram buscar alguma coisa pra comer. E acho que eu também vou. Se cuida, Lilian.

Respondi e dei as costas aos dois irmãos, saindo da enfermaria. Senti-me um pouco incomodado pela atitude da garota, como se eu esperasse que as coisas fossem diferentes quando ela acordasse e visse que eu estava lá para ver como ela estava. Claro que não esperava uma recepção calorosa ou qualquer coisa assim, mas pelo menos que ela se demonstrasse um pouco menos surpresa pela minha presença. Eu não era um monstro insensível e, ao contrário de Almonfadinhas e Aluado, realmente tinha me preocupado com o estado da irmã do meu melhor amigo. Mas aparentemente, eu deveria me preocupar mesmo era com parar de me importar com Lilian Evans.

Afinal, era terça-feira. E na quarta seria o dia do meu jogo de futebol. E eu não levaria uma bolada na cabeça. Ao contrário de certas pessoas.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigada à Ginger. Primeira fã. "Mi amore" dedico esse capítulo à você.
Beijos e abraços.
Nessie.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Camp Hogwarts" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.