S.O.S. Coração escrita por Anatomia do Conto


Capítulo 7
Gótica e Punk.




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– É... Henry... Tenho de entrar na sala de aula. - Disse Verônica, tentando fugir do garoto.
– Ah, sei... Não quer perder a explicação da aula, não é? - Disse Henry olhando para a sala vazia e voltando-se para a garota em seguida.
– Olha, Henry...
– Olha você, Verônica! - Começou Henry se enchendo de coragem. - Naquele dia eu fiquei muito nervoso, mas depois de tanto tempo, eu estou mais seguro pra te falar uma coisa.
– O que?
– Desculpa! Desculpa pelo o que aconteceu. Eu sei que pode ter sido errado o que fiz, porque você tinha acabado de me contar todo o seu sofrimento por causa daquele garoto, mas não pude deixar de te beijar.
– Só não entendi por que você fez aquilo.
– Verônica, também não sei. Acho que era porque havia ficado comovido com sua história. - Tentou explicar Henry, se enrolando. - Então quis fazer você mais feliz.
Verônica o olhou com incredulidade.
– Como? Você queria me fazer mais feliz?
– É que... - Henry ficou mais nervoso. - É que você... Quero dizer... Eu... Eu achei que você precisasse de alguém pra sarar seu coração.
– E esse alguém que sararia meu coração seria você?
– Sim, seria eu.
– Certo. - Verônica começou a caminhar para sair dali. - Até mais, Henry.
– Não, por favor! - Disse Henry segurando o braço da garota. - Verônica, escuta!
– O que, Henry? Você acha que uma pessoa pode substituir outra?
Henry ficou calado. Verônica deu um passo para sair dali. Henry a impediu.
– Verônica, me escuta! - Falou apreensivo. - Nunca mais te beijarei, está bem?
Verônica olhou nos olhos do garoto. Henry se arrepiou.
– Não te beijarei mais! Mas, por favor. Não se afaste de mim. Gostei muito de você... - O garoto se arrepiou novamente e pensou um pouco antes de dizer. - Gostei de sua amizade. É! Foi isso! Você é uma garota legal. Pronto: Não te beijo mais, e você volta a falar comigo. Está bem? Por favor!
Verônica olhou para Henry um momento, pensativa. Sabia que o garoto havia pisado na bola, mas ficou com pena dele.
– Não posso responder agora. Pode ser depois?
Henry olhou para a garota. Pensou na tortura que iria ser esperar pela resposta, mas concordou.
– Está bem! Está bem! Ok!

– Então... Até mais, Henry. - Disse Verônica deixando o garoto para trás.

– Até mais. - Murmurou baixinho Henry, vendo a garota já alguns passos distantes.
Ao se virar para sair dali, Henry esbarrou em alguém. Era uma daquelas garotas de quem Annie havia se admirado. Essa estava com um estilo gótico, usando muitos acessórios pretos, tinha a pele pálida, e cabelos muito loiros e cacheados, de pontas tingidas com um tom de azul muito escuro. Estava acompanhada de sua amiga, que estava com um estilo punk, com muitos acessórios coloridos, e estava um pouquinho mais corada, com os cabelos vermelhos, raspados nas laterais e um franjão.
– Não olha pra onde anda? - Disse a garota gótica, com rispidez, ao sentir o impacto do esbarrão.
– Desculpa. - Disse Henry, educadamente.
Quando a garota viu Henry, se calou na hora. Henry nem sequer a olhou. Saiu logo dali, largando no local a rosa que pretendia dar a Verônica. E a garota ficou parecendo estar em estado de petrificação. A garota punk olhou Henry desaparecer e depois olhou para a amiga.
– Idiotas. Nunca olham para onde andam! - Disse. Então recomeçou a caminhar, mas percebeu que a amiga estava no mesmo lugar, do mesmo jeito. – Cecily! Você vem ou não?
Cecily pareceu "acordar".
– Acredita em momento de transe, Mallory? - Perguntou Cecily, ainda um pouco estranha.
– Só em outros lugares. Nessa escola tediosa não haveria condição de acontecer esse momento. - Respondeu, puxando Cecily pelo braço, que se desvencilhou e foi pegar a rosa que Henry havia deixado para trás. Só então as garotas saíram dali.

Passou quase uma hora e então as aulas começaram. Todos os alunos estavam em suas salas. Verônica sentou-se perto de James e Lion na aula, mas quase não se falaram. Embora James e Lion conversassem e rissem com muita frequência, Verônica não sentia a menor vontade de participar da conversa.
Quando chegou a hora do intervalo, Verônica, James e Lion se reuniram a Annie, Ryan e Kathy.
– E aí, gostaram das aulas? - Perguntou Ryan.
– Gostamos das novidades. - Respondeu Lion, todo animado. - Sabia que o Ernest está namorando com a Misha?
– Aquela garota? - Admirou-se Kathy. - Meu Deus! Ela já ficou com metade da escola.
– Dessa escola. - Disse James, rindo. - Imaginem as outras.
– Quem é essa Misha? - Perguntou Annie, curiosa.
– Uma galinha lá da sala. - Respondeu James.
– Eu já fiquei com ela. - Informou Lion.
– Mas ela disse que o Lion salivava demais. - Riu James.
– Eca, Lion! - Disse Annie, gargalhando. Num instante depois a garota se calou.
Cecily e Mallory passaram pelo grupo e Annie disse aos outros logo após.
– Achei essas garotas demais! Vou até lá falar com elas.
Verônica olhou para as garotas sem muita importância, depois olhou para Annie. Porém, Kathy disse.
– Annie, essas garotas são estranhas. Cuidado!
– Cuidado com o que? O que elas podem fazer comigo, Kathy?
– Não sei... Só acho que...
Mas Annie não escutou o que Kathy achava ou não, tinha se levantado e ido falar com as garotas.
– Oi! Sou Annie Watson.
– E daí? - Perguntou Cecily.
Annie boquiabriu-se.
– E daí o que? - Respondeu, num tom incrédulo. - Eu venho te cumprimentar e você me pergunta "E daí?"
– Desculpa, Annie... É Annie, não é? - Tentou se explicar Mallory. - Então, desculpa, é que a Cecily é muito reservada.
– Reservada? - Perguntou Annie, com indignação. - E reservada agora é sinônimo de bossal ou otária?... Ah! Esqueci de idiota também!
E então Annie lhes deu as costas, mostrando raiva da garota. Porém, a garota mal deu dois passos e Cecily avançou pelas costas, puxando-lhe os cabelos.
Quando o resto dos estudantes percebeu que estava acontecendo uma briga, todos correram. Não separaram. Apenas ficaram gritando.
– Annie está sendo atacada! - Disse Lion.
Annie conseguiu se soltar de Cecily e lhe deu um tapa tão forte que a garota caiu no chão.
– EU TE MATO, SUA IMBECIL!
Annie subiu em cima da garota e as duas ficaram se estapeando por uns 5 minutos. Annie não se deixou intimidar por conta do estilo da garota. Puxou muito o cabelo de Cecily, e lhe deu tapas na cara.
Quando chegou um professor para separá-las. Muitos dos que estavam assistindo a briga o vaiaram. Outros gritavam loucamente. Um garoto que estava em pé num banco do refeitório falou alto, rindo.
– Separa não! A garota está acabando com a esquisita!
– Briga de mulher é muito legal! - Riu Lion.
– Vamos, valentonas! - Disse o homem. - Quero ver se explicarem à diretora.
E as levou. Mallory também foi com eles. E Verônica aí também, mas uma mão a puxou.
– Verônica! - Henry estava parecendo aflito. - Você já tem a resposta?
– Henry, minha irmã foi levada à diretoria no primeiro dia de aula... - Começou Verônica. - Você quer que eu te responda isso agora?
– Preciso! Pra ser mais exato.
E puxou Verônica mais forte.

Quando os dois chegaram à quadra de esportes, podiam ainda ouvir as vozes enlouquecidas dos demais estudantes, que deviam ainda estar falando sobre a briga entre “esquisita” e a “novata”. O que pôde-se ouvir claramente no local era a voz do locutor da Rádio Estudantil.

– Sem violência, galera! – Dizia o locutor. – Briga não leva a lugar algum. Lembrem-se disso! E para acalmar os ânimos vamos de música. Pôde-se ouvir a música “Just” de Mark Ronson, e ainda uns gritinhos de aprovação de muitos estudantes.

Henry olhou para Verônica, e respirou bem fundo.
– Verônica! Não consigo viver sem você!
– O que? - Verônica arregalou os olhos.
– Olha, te beijei... Te beijei porque estou apaixonado por você! E por favor, não ignore isso que estou sentindo. Nunca fui tão sincero assim na minha vida! É sério.
Verônica ficou calada um momento.
– Henry... Olha... - Verônica tomou fôlego. - Não vou ignorar o que sente. Mas é que eu amo o Nick.
– EU SEI, OK? - Henry gritou, assustando a garota. Então deu as costas a ela um momento, depois olhou para ela, suplicante. - Mas fica comigo! Não peço pra esquecer o Nick... Mas você tem de se desligar um pouco disso, vai ser até bom pra você...
Henry então chegou mais perto de Verônica.
– Por favor, pensa nisso!
– Mas...
Henry pôs o dedo nos lábios de Verônica, calando-a.
– Pensa primeiro! Pensa sobre tudo! Pensa no que será melhor pra você... Voltar a viver... Ou ficar na escuridão, a espera desse Nick pra acender uma luz pra você.
Verônica ficou um pouco calada, apenas olhando para Henry.
– Mas e se o Nick... - Verônica começou a falar, mas Henry a calou de novo.
– Não estou pedindo pra você pensar em um futuro incerto... - Henry olhou bem no fundo dos olhos da garota. - Estou pedindo pra você pensar no seu agora.
Verônica ficou calada. Henry olhou ainda alguns momentos para a garota, e então saiu, deixando-a pensativa. Talvez Henry tivesse razão. Mesmo que Verônica desejasse que Nick voltasse, havia uma grande porcentagem desse desejo nunca se tornar real.


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