The Bear and the Maiden Fair escrita por Denise Miranda


Capítulo 1
One-shot.


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!



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De trás veio um grande jorrar de água. Jaime rodopiou para o som... Mas a tênue luz revelou apenas Brienne de Tarth, com as mãos presas por pesadas correntes.

– Jurei mantê-lo a salvo. - disse teimosamente a garota. - Fiz um juramento. - Nua, ergueu as mãos para Jaime. - Sor. Por favor. Se tivesse a bondade.

Os elos de aço rasgaram-se como seda.

– Uma espada - suplicou Brienne, e ali estava ela, com bainha, cinto e tudo. Afivelou-o em volta de sua larga cintura. A luz era tão tênue que Jaime quase não conseguia vê-la, embora não estivessem afastados mais do que escassas dezenas de centímetros. Nessa luz, ela podia quase ser uma beldade, pensou. Nessa luz, ela podia quase ser um cavaleiro. A espada de Brienne também se incendiou, ardendo com um azul prateado. As trevas recuaram um pouco mais.

(A Tormenta de Espadas - cap. Jaime - pág. 463)

Jaime acordou em um salto. Estava suando, e soube que tinha tido um sonho febril. Sentou-se e lambeu os lábios rachados.

– Água... - Sussurrou, e Qyburn veio em sua direção com o odre.

– Meu senhor, está suando. - Disse, colocando a mão na testa do mesmo. - A febre parece estar piorando.

– É, talvez. - Respondeu o leão, ainda atordoado.

Jaime olhou ao redor, tentando se lembrar de onde estava. O céu estava negro, e se viu em um acampamento montado pelos homens de Roose Bolton. O Lannister estava encostado em uma árvore. Percebeu que havia dormido sentado, e suas costas estavam queimando de dor. Mas nada disso importava. O sonho foi tão real. Lembrou-se do toque das mãos de Brienne em seu ombro, enquanto os mesmos lutavam com os monstros de seu pesadelo. Suas mãos estavam quentes. Jaime estremeceu.

Olhou de relance para o velho homem que cuidara de sua mão amputada, e viu que o mesmo já havia fechado os olhos.

– Qyburn... - Então o homem olhou para o rosto de Jaime rapidamente, se recompondo de seu sono, atento às próximas palavras do leão. - Você era o encarregado dos corvos de Harrenhal. Mandou algum pássaro para o pai de Brienne em Tarth?

– Sim, meu senhor. - Respondeu o velho, esticando os braços. - A ave foi e a ave voltou. Lorde Selwyn Tarth ofereceu 300 dragões de ouro para o retorno seguro de sua filha.

Jaime pareceu ficar mais calmo com essa afirmação, e soltou a respiração que não havia percebido que estava segurando. Limpou o suor da testa e continuou:

– Uma oferta justa.

– Sim, meu senhor. - Respondeu Qyburn. - Uma oferta justa, mas Vargo Hoat não irá aceitá-la.

O coração de Jaime começou a se acelerar involuntariamente com essa afirmação.

– Como? - Perguntou, sua boca ficando seca novamente.

– Vargo está convencido que Selwyn tem todas as minas de safiras de Westeros.

O Lannister soltou um suspiro, fechando os olhos por alguns instantes. Seu coração estava disparado, suas mãos suavam e sua cabeça doía. Sete infernos.

– Ele será tolo se matá-la.

– A maioria daqueles homens estarão mortos até o inverno. Hoje, ela será o divertimento deles... Amanhã, eu acho que não se importam.

Mil imagens passaram pela cabeça do leão. Lembrou dos gritos de Brienne quando os homens de Vargo Hoat estavam tentando estuprá-la. Se lutar, irão matá-la, se lembrou que disse isso à ela. Se você fosse uma mulher, não resistiria?, quase podia ouvir a voz da mesma sussurrando essas palavras em seus ouvidos. Se eu fosse uma mulher, faria com que me matassem, lembrou de ter respondido. Lembrou-se de ter gritado "safiras" e assim ter a salvado, tornando-a uma prisioneira valiosa. 300 dragões de ouro, é uma oferta justa. Mas Vargo não vai aceitá-la.

Jurei mantê-lo a salvo.– Jaime se lembrou do que a garota teimosa disse no sonho. - Fiz um juramento.– Jaime conseguia lembrar de todos os detalhes de seu corpo nu. Não pelo sonho que tivera, mas sim pelo banho que compartilharam em Harrenhal. Seus pequenos seios, suas coxas finas, seus pelos loiros no meio das pernas. Ela era quase bela. - Sor. Por favor. Se tivesse a bondade.– Pediu a Brienne de seus sonhos, implorando uma espada para poder salvá-lo. Salvar o Regicida.

Jaime se levantou involuntariamente e foi em direção ao homem a quem chamavam de Walton Pernas-de-Aço.

– Precisamos voltar à Harrenhal. - Antes que o Lannister pudesse se conter, já estava lançando ordens ao homem. Sentia sua pele cada vez mais quente. Estou febril, é claro. Qual outro motivo poderia ter para me arriscar a salvar aquela garota estúpida e teimosa?

– Por que? - Perguntou o homem.

– Eu deixei algo para trás.

– Absolutamente não. - Respondeu Walton. - As ordens de Lorde Bolton foram para levá-lo até Porto Real.

Jaime o analisou por alguns segundos. Era um homem um tanto rechonchudo, com cabelos castanhos claros, olhos cinzas e rosto carrancudo.

– Você acha que será recompensado. - Disse Jaime, com a voz mais segura possível.

– Eu sirvo à Lorde Bolton. - Respondeu o homem, sem mudar sua expressão do rosto. - Qualquer recompensa que seu pai...

– Você acha que será recompensado! - Gritou Jaime, interrompendo-o. Agora a expressão de Pernas-de-Aço mudou. Havia algo em seus olhos que mostrava que ouviria o que o leão tinha a dizer. - Deixe-me te explicar uma coisa: quando meu pai me ver, a primeira coisa que perguntará vai ser o que aconteceu com a minha mão. - Disse Jaime, apontando para o toco. - E eu direi: esse homem que a cortou!

– Eu não... - Protestou Walton, em vão.

– Ou eu poderei dizer: esse homem salvou minha vida. - Interrompeu Jaime. Ambos ficaram em silêncio por alguns segundos, antes do Lannister continuar. - Voltaremos para Harrenhal. Agora.

E então, em menos de uma hora, todos os homens de Lorde Roose Bolton estavam cavalgando até as ruínas de Harrenhal.

Enquanto Jaime corria com seu cavalo, a única coisa que conseguia ver e pensar eram nos olhos azuis profundos que lembravam safiras de Brienne de Tarth. Vou salvá-la, garota.

xxx

– Todos atentos! - Gritou Walton Pernas-de-Aço.

– Calado! - Gritou Jaime de volta.

O leão saltou de seu cavalo, desajeitado, quase caindo no chão. Mas isso não importava. Estava com pressa, e nada mais importava do que a Beleza de Tarth.

Ouviu ao longe um trecho de uma música que conhecia como "O urso e a bela donzela". Sua respiração começou a ficar acelerada, e Jaime correu na direção do som.

"Oh, ela é uma donzela, pura e bela

Ela nunca dançará com um urso peludo

Ela nunca dançará com um urso peludo"

Apressou seus passos, chegando cada vez mais perto do som, vendo que todos os homens de Vargo Hoat estavam bêbados, rindo e cantando em volta de uma arena. Jaime subiu as escadas rapidamente.

"Ele ergueu-a no ar

Ela chamou por um cavaleiro, mas ele é um urso

Preto e castanho, e cheio de pelos

Esperneou e chorou, a donzela tão bela

Mas ele lambeu-lhe o mel dos cabelos"

Brienne de Tarth usava seu ridículo vestido rosa. Até mesmo em um vestido, a garota parece um homem. A mesma lutava contra um urso do dobro de seu tamanho, que se levantava, rugia e a desafiava. Ela tinha uma espada, que Jaime logo viu que era de madeira e sem gume. Jaime abriu levemente a boca, espantado.

Afastou todos os homens que estavam na sua frente, alguns chegaram a cair no chão e soltaram pragas, mas Jaime não se importava. Chegou até Vargo Hoat, e disse:

– Uma espada de madeira? Você deu para ela uma espada de madeira?! - Gritou, indignado.

– Regifida, afei que focê fá hafia parfido.

– Tire-a de lá. - Implorou Jaime. - Eu pago o resgate. Ouro, safiras, o que quiser. Apenas tire-a de lá!

– Focês, Fenhores e Fenhoras, acham que tufo que imporfa é ouro. Isfo, - Vargo ergueu o toco de Jaime - me faz mais fefiz que tofo o seu ouro. Afilo, - apontou para Brienne, agarrada à espada inútil. - me faz mais feliz que tofas as fafiras dela. Enfão compfe uma mão de ouro e vá se fofer com ela!

Então Jaime pôs a mão boa no parapeito de mármore da arena do urso e pulou, rolando enquanto atingia o chão de areia. O que faço agora?, se perguntou.

– Regicida? - Perguntou Brienne, arregalando seus olhos de safira.

– Jaime. - Ele a corrigiu imediatamente. Maldita garota, por que estou fazendo isso por você?

O Lannister encheu seu punho esquerdo com areia e foi em direção ao urso, que rugia ferozmente.

– O que está fazendo aqui? - Brienne perguntou, enquanto segurava firmemente sua espada sem gume.

– Uma estupidez. Fique atrás de mim.

– Não! Eu tenho uma espada! - Gritou a garota teimosa, protestando, querendo ficar na frente do mesmo.

– Cale a boca! - Gritou Jaime. Queria estapeá-la, mas tinha outras prioridades no momento. - Sua espada não tem gume e é de madeira. Fique atrás de mim, ou nós dois morreremos.

Jogou a areia em direção ao rosto do urso, mas o vento estava ao contrário, o que fez com que se voltasse para os olhos do Lannister. O mesmo ficou sem enxergar por alguns instantes, e gritou uma maldição. Brienne limpou os olhos de Jaime.

O Lannister caiu de joelhos, procurando alguma coisa para usar no urso. Finalmente, encontrou algo enterrado. Ao pegar com sua mão esquerda, viu que era um crânio, com um pouco de carne esverdeada presa no osso e cheia de vermes. Jaime sentiu vontade de vomitar, mas segurou seus instintos e esperou, enquanto o urso se aproximava lentamente, e jogou o osso em sua direção.

Errou por mais de um metro. Deveria cortar minha mão esquerda também, pensou irritado. De tão útil que ela é.

Brienne tentou avançar com sua espada de madeira, mas Jaime sabia que era uma perda de tempo. Colocou seu pé na frente da garota, fazendo a mesma cair no chão. Se jogou em cima dela, enquanto Brienne soltava pragas e agarrava sua espada. Esté é meu fim, pensou, fechando os olhos e se permitindo ser comida de urso.

Então o urso deu um rugido de dor. Jaime o olhou de relance, e pôde perceber que haviam atirado uma flecha no mesmo. É a nossa chance, percebeu.

– Que pofa focê esfá fazendo com o meu urfo?! - Gritou Vargo Hoat.

– Eu prometi à Roose Bolton que levaria Sor Jaime Lannister até Porto Real vivo! - Gritou Walton Pernas-de-Aço. - E é isso que eu pretendo fazer! Me irrite, e te servirei do mesmo prato que estou servindo ao urso.

Jaime se levantou rapidamente, soltando Brienne. A mesma se levantou também, com um pouco de dificuldade.

– Venha! - Gritou, desesperado, indo até a parede de mármore da arena. - Suba. - Pediu, enquanto se agachava, e permitia à garota por seus pés nas costas de Jaime. - Puxe-a! - Gritou para os homens, e assim o fizeram.

– Segurem minhas pernas!

Ouviu Brienne gritar, enquanto se atirava de cabeça na arena, sendo segurada por quatro homens. Suas mãos estavam estendidas, prontas para agarrar a mão esquerda de Jaime.

O urso vinha na direção deles, e Walton Pernas-de-Aço tentou acertar mais uma flecha, mas errou. O coração de Jaime acelerou, e o mesmo deu um pulo. Ficou pendurado nas dobradiças de mármore que haviam na arena, enquanto o urso rugia e pulava, tentando arrancar seu pé.

Então, com dificuldade, Jaime deu um impulso, permitindo que Brienne o agarrasse com todas as suas forças e o puxasse para cima.

O Lannister se ergueu, olhando nos olhos de Vargo Hoat.

– A fadia fica.

– Vamos levar a garota. - Interveio Walton, já com a besta pronta para ser disparada novamente.

– O nome dela é Brienne. - Corrigiu Jaime. - Brienne, a donzela de Tarth. Ainda é donzela, eu espero?

O largo rosto da garota ficou vermelho como um pimentão.

– Sim.

– Ótimo. Eu só salvo donzelas. - Virou-se para Vargo Hoat - Vou levá-la para Porto Real. A menos que você me mate.

– Roofe Bolfon a deu pafa mim.

– O que você acha que é mais importante para Roose Bolton? - Perguntou Jaime, olhando-o nos olhos. - Dar uma recompensa para seu rato, ou se certificar que Tywin Lannister receba seu filho vivo? - Perguntou, os olhos de esmeraldas do leão com um brilho perigoso.

Vargo Hoat não era completamente tolo. Sabia que a maioria de seus homens estavam bêbados, e se matasse Jaime Lannister, a ira de Roose Bolton cairia sobre ele. E não poderia esquecer que o símbolo do Senhor de Forte do Pavor era um homem esfolado. Então o homem fanho apenas assentiu com a cabeça.

Jaime deu um sorriso, mas seus olhos estavam frios como gelo. Ouviu o rugido do urso da arena, e sentiu calafrios percorrendo por seu corpo. Olhou para Brienne, suja e suada, com vários arranhões no pescoço, parecendo um homem de vestido. Quase morremos, garota. Olhou para Vargo Hoat, e disse:

– As coisas que faço por amor.

E, com sua mão esquerda, empurrou Vargo com toda sua força, fazendo o mesmo gritar antes de atingir o chão de areia da arena. E então o urso se banqueteou aquela noite.

xxx

– Estava louco, Regicida? - Gritou Walton Pernas-de-Aço, finalmente mostrando sua ira, enquanto montavam o acampamento na Estrada do Rei, já bem longe das ruínas de Harrenhal. - Pretendia morrer?! Nenhum homem é capaz de matar um urso de mãos vazias!

– Uma mão vazia e um coto vazio. - Corrigiu Jaime, dando um sorriso sarcástico. - Mas não morri, salvei a garota, e o urso ganhou um belo de um banquete. Todos acabaram felizes. Menos Vargo Hoat, eu temo.

O leão se afastou de Walton, encostando-se na árvore mais perto e fechando os olhos por alguns segundos.

– Sor Jaime? - Ouviu a voz que sabia pertencer à donzela de Tarth. Abriu os olhos rapidamente, fitando-a. - Estou muito grata pelo que fez. Mas... Você estava longe. Por que voltou?

Veio à mente uma dúzia de piadas cruéis, mas quando Jaime abriu seu sorriso malicioso e estava prestes a proferir palavras que a deixariam carrancuda e vermelha, fitou seus olhos. Suas safiras pareciam hipnotizá-lo. Acabo de perceber que azul é minha cor favorita, pensou.

– Sonhei com você.

Limitou-se a dizer, e Brienne ficou vermelha como um pimentão, assim como ficaria se tivesse dito alguma piada de mau gosto. Mas seus olhos se arregalaram com a resposta, e a mesma fitou o chão por alguns segundos.

Jaime estava desejando tocar sua pele macia e, quando se deu por si, estava fazendo isso. Com sua mão esquerda, acariciava o rosto da mesma. Minha febre deve estar piorando.

O leão levou seus lábios até os quentes lábios vermelhos de Brienne de Tarth. Por um momento, a garota ficou tensa, mas logo correspondeu ao beijo, e Jaime percebeu que nunca havia provado beijo tão doce.


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Notas finais do capítulo

FAFIRAS! PS: escrevi dessa forma (o que foi muito difícil, por sinal, porque Vargo Hoat - Locke, na série - é fanho.) UAHUAHA E aí, o que acharam? Comentem, por favor :3