POV ANGIE

Acordei sentindo uma forte dor, muito pior que as outras contrações que eu vinha sentindo. Percebi que a bolsa tinha estourado e provavelmente eu já devia estar pronta para o parto.

GERMAN: O que foi, meu amor? Outra contração? — Perguntou, preocupado.

ANGIE: Sim, a bolsa estourou. Acho melhor você ir chamar a minha médica. Os bebês estão prontos para nascer.

German saiu em disparada do quarto para chamar a doutora Lúcia enquanto eu tentava me preparar para o que estava para acontecer.

Quando German retornou com a doutora e uma enfermeira, ele segurou minha mão enquanto minha médica me examinava.

DRA. LÚCIA: Acho que eles já estão prontos para vir ao mundo. — Ela sorriu e olhou para mim. — Você está pronta, Angie?

ANGIE: Sim, estou pronta. — Falei, mesmo sem ter muita certeza disso.

German provavelmente percebendo minha expressão assustada, olhou para mim e me lançou um sorriso tranquilizador.

GERMAN: Não se preocupe, meu amor. Você vai ver, vai dar tudo certo. Eu estou aqui com você. Pode apertar minha mão o quanto quiser.

ANGIE: Tem certeza disso? Parece uma oferta bem tentadora. — Respondi, sentindo outra contração à caminho.

GERMAN: Claro que eu tenho. Agora relaxe.

DRA. LÚCIA: Angie, é importante que você só faça força quando sentir alguma contração. Okay?

ANGIE: Sim, entendi.

Não demorou muito e senti uma contração, tão forte que eu senti vontade de gritar. Minhas cólicas menstruais pareciam brincadeira comparadas ao que eu estava sentindo agora.

German passou os braços ao redor do meu ombro e continuou segurando minha mão. Apertei sua mão com força, a dor parecia insuportável.

DRA. LÚCIA: Pode começar a fazer força, Angie. — Instruiu.

E foi o que eu fiz, respirei fundo e empurrei; o tanto quanto pude. Eu não imaginava que doía tanto assim. A contração passou e eu pude respirar com mais calma. Olhei para German, ele parecia pálido e tão assustado quanto eu.

ANGIE: Você está bem, meu amor? Está pálido. — Perguntei, com a voz mais calma possível.

GERMAN: É que é horrível ver você sentir dor e não poder fazer nada para aliviar o que você está sentindo. — Como ele conseguia ser tão fofo, até em um momento tão delicado quanto esse?

ANGIE: Fique calmo, meu amor. Eu estou bem. — Sorri, na tentativa de que ele ficasse mais calmo. — Ah meu Deus, outra contração.

DRA. LÚCIA: Faça força. — Empurrei mais uma vez. — Isso mesmo, Angie. — Incentivou.

GERMAN: Vai, meu amor, você consegue. — Apertei sua mão e empurrei o mais forte que eu pude.

A essa altura lágrimas já rolavam pelo meu rosto. Ou eu chorava ou gritava. Empurrei outra vez e a contração passou.

DRA. LÚCIA: Isso mesmo, Angie, você está indo muito bem. Empurre o mais forte que puder quando a próxima contração vier. Um dos bebês já vai nascer. — Assenti e respirei fundo. Olhei para German.

ANGIE: E se eu não conseguir? — Funguei, tentando controlar as lágrimas.

GERMÁN: Hey, não chore, meu amor. — Falou e enxugou minhas lágrimas. — Vai dar tudo certo. Pense que daqui a pouco você já vai poder segurá-los.

ANGIE: O que eu faria sem você? Obrigada por estar aqui comigo. — Sorri.

GERMAN: Eu não estaria em nenhum outro lugar que não fosse aqui com você. Prometo que não vou sair do seu lado nem por um instante.

Senti mais uma contração. Empurrei com força total e ouvi o som mais lindo que eu já ouvi. O choro de um dos bebês. Lágrimas rolaram pelo meu rosto, esse era sem dúvida um dos momentos mais importantes e emocionantes da minha vida.

DRA. LÚCIA: Parabéns, papai e mamãe, a menininha de vocês acabou de nascer. Papai, quer cortar o cordão umbilical? — German assentiu e pude perceber que ele estava tão emocionado quanto eu.

A doutora passou o bisturi para German e instruiu onde cortar. Ele cortou e devolveu o bisturi para ela.

Ele olhou para nossa bebê e sorriu, ele parecia encantado olhando para ela. O olhar carinhoso que ele lançou a ela derreteu meu coração. A enfermeira pegou-a cuidadosamente e começou a limpá-la.

German voltou para o meu lado.

ANGIE: Como ela é? — Perguntei, pois não tinha conseguido vê-la perfeitamente.

GERMAN: Ela é perfeita, meu amor. Tão linda quanto você. - Falou emocionado, com um sorriso bobo no rosto e beijou minha testa.

O alívio durou pouco pois outra contração chegou. Eu já estava esgotada, não tinha forças para continuar empurrando. Nossa garotinha tinha esgotado todas as minhas forças.

ANGIE: Eu, eu não vou conseguir.

GERMAN: Claro que vai. Angie, você é a pessoa mais forte que eu conheço. Você é sempre determinada e nunca desiste. Você vai conseguir sim, não tenha medo, meu anjo. Não pense na dor. Só olhe para mim, okay? — Assenti. Ele passou um dos braços ao meu redor, me sustentando e segurou minha mão.

Olhei para ele e fiz força, empurrei até não aguentar mais. Depois de mais algumas tentativas eu ouvi outro choro de bebê e desatei a chorar, meu garotinho havia acabado de nascer. German também tinha lágrimas escorrendo pelo seu rosto.

DRA. LÚCIA: Parabéns, o garotinho de vocês acaba de nascer. — Sorriu.

German também cortou o cordão umbilical do nosso garotinho e olhou encantado para ele. Ele parecia orgulhoso e muito feliz ao olhar para ele. A enfermeira também pegou-o e começou a limpá-lo. German voltou para o meu lado com um sorriso no rosto.

ANGIE: Acho que eu nem preciso perguntar como ele é né? Consegui ver o cabelo preto daqui. — Sorri.

GERMAN: Sim, ele tem cabelos pretos e também é perfeito. Parabéns, mamãe. — Ele sorriu e me beijou.

ANGIE: Parabéns para você também, papai. — Eu não conseguia parar de sorrir.

A enfermeira me entregou os dois bebês e me ajudou a posiciona-los um em cada braço meu. Nossa garotinha estava enrolada em uma manta rosa e o nosso garotinho em uma manta azul. Eles eram perfeitos, a minha ficha ainda não tinha caído. Era inacreditável olhar para eles e saber que eram nossos bebês. Eles estavam calmos, com uma expressão serena. Eu não conseguia parar de olhar para eles, parecia que eu estava hipnotizada.

GERMAN: Parece que nossa curiosidade acabou. Agora sim dá pra saber com quem eles se parecem mais. — Sorriu.

ANGIE: Por enquanto você está ganhando, os dois têm cabelos escuros. Mas como eles ainda não abriram os olhos eu ainda tenho uma chance.

GERMAN: Mas eles são lindos, isso eles puxaram de você. — Falou olhando para nossos bebês.

ANGIE: E de você também. — Sorri, ele ainda estava ganhando.

Pude segurá-los apenas por alguns minutos, pois a Dra. Lúcia precisava me examinar e os bebês também precisariam ser examinados. A enfermeira levou os bebês para serem examinados e minha médica me examinou. Depois de me examinar, ela pediu para que eu descansasse e saiu do quarto. Logo após tomei um banho, me troquei com as roupas que estavam na mala e me deitei de volta na cama.

German se sentou ao meu lado e passou os braços ao meu redor. Eu nem conseguia acreditar que tinha passado por tudo aquilo, se German não estivesse comigo me incentivando, eu não teria conseguido sozinha. Foi um momento difícil mas que valeu muito a pena quando pude segurá-los nos meus braços. A felicidade que eu estava sentindo era inexplicável.

GERMAN: No que está pensando? — Perguntou, sorrindo para mim.

ANGIE: Em como eu estou feliz. — Sorri.

GERMAN: Eu também estou muito feliz e também muito orgulhoso de você. Você foi incrível, meu amor. — Falou, com os olhos brilhando.

ANGIE: Se não fosse por você eu não teria conseguido. Foi muito importante para mim que você estivesse ao meu lado. Eu não tinha mais forças, mas quando você me pediu para não pensar na dor e só olhar para você e me incentivou a continuar, foi como se elas se renovassem.

GERMAN: Eu nunca te deixaria sozinha. Eu não perderia esse momento por nada. Esse é um dos dias mais felizes da minha vida.

ANGIE: Da minha vida também. Nunca imaginei que essa sensação fosse tão boa assim. Valeu a pena sentir tanta dor. Eu passaria por tudo isso de novo sem hesitar.

GERMAN: Tenho certeza de que sim. — Sorriu. — Isso quer dizer que você já está pensando em querer aumentar a família? — Brincou.

ANGIE: Nesse momento não. Mas quem sabe em um futuro distante? — Entrei na brincadeira.

GERMAN: Você tem razão. — Riu. — Por enquanto acho que já teremos trabalho o suficiente com os gêmeos.

ANGIE: Está preparado para as noites que passaremos sem dormir?

GERMAN: Sim, já me preparei mentalmente para isso. Pode ter certeza.

ANGIE: Será que eu vou me sair bem? Eu nunca tive que cuidar de recém nascidos, então eu não tenho muita experiência com bebês. E se eu... — German me interrompeu antes que eu continuasse falando como eu não tinha experiência com bebês.

GERMAN: Angie, você se sairá muito bem. Você é uma mãe maravilhosa para as meninas e sem dúvida será uma mãe maravilhosa para os gêmeos também. Lembra quando cuidamos do Luka há um tempo atrás? Então você cuidou dele muito bem, como se ele fosse seu filho. Não se preocupe, nós estamos juntos nessa. — Passei os meus braços ao redor dele e o abracei o mais forte que pude.

ANGIE: Ah German, como você consegue ser sempre tão incrível?

GERMAN: Eu tenho os meus métodos. — Ele disse e piscou para mim.

ANGIE: Convencido. — Bocejei.

GERMAN: Acho que alguém aqui precisa descansar bastante agora.

ANGIE: Acho que você tem razão. Nossos bebês esgotaram todas as minhas forças. — Sorri, apesar de que tudo tinha valido a pena. — Você pode cantar para mim até eu pegar no sono? — Pedi, tudo o que eu precisava para relaxar era escutar a voz de German.

GERMAN: Claro que posso. — Falou e começou a cantar.

ANGIE: Obrigada, meu amor. — Sorri e fechei os olhos.

                             (...)

                  POV GERMAN

Angie estava dormindo tranquilamente, ela precisava descansar depois do dia que teve. Me sentei na poltrona perto da cama de Angie para que ela ficasse mais confortável. Não demorou muito e vieram trazer nossos bebês, a enfermeira me ajudou a posiciona-los para que ficassem confortáveis e um de cada lado.

Fiquei olhando para eles por um tempo, só agora que a ficha tinha caído, só agora que parecia verdade que a família iria aumentar. Os dois estavam dormindo. Com uma expressão tão serena quanto a da mãe no rosto. Eles pareciam perfeitos.

GERMAN: Bem-vindos ao mundo, meu garotinho e minha garotinha. Aquela ali dormindo é a mamãe de vocês. As vezes ela pode ser teimosa e um pouco insistente, mas ela será uma mãe maravilhosa para vocês. Tenho certeza de que ela será uma daquelas mães super preocupadas. Vocês também tem duas irmãs que devem estar ansiosas para conhecer vocês. Vocês serão muito amados, disso eu tenho certeza. — Sussurrei.

ANGIE: Que fofo. — Falou e sorriu para mim.

GERMAN: Eu achei que você estivesse dormindo.

ANGIE: E eu estava, só acordei a tempo de ouvir você dizer essas últimas frases.

Levantei e Angie pegou nossa garotinha nos braços enquanto nosso garotinho permaneceu comigo.

GERMAN: Nós temos que escolher os nomes.

ANGIE: Concordo, que tal eu escolher o nome dela e você o nome dele? — Sugeriu.

GERMAN: Por mim pode ser. Em que nome você pensou pra ela?

ANGIE: Bem, eu pensei em fazer uma homenagem à minha irmã, então eu pensei em Maria Clara. O que você acha?

GERMAN: Eu adorei, Maria Clara está perfeito para mim.

ANGIE: E você, em que nome pensou?

GERMÁN: Eu acho que Miguel combina com ele. Gostou?

ANGIE: Claro, Miguel é um nome lindo.

Uma enfermeira apareceu na porta e perguntou:

ENFERMEIRA: Olá, tem duas mocinhas ansiosas aqui fora para ver os irmãos, elas podem entrar? — Perguntou, simpática.

ANGIE: Claro, podem sim. — Sorriu, animada.

Vilu e Ludmi entraram, ambas com um sorriso no rosto.

LUDMI: Como eles são lindos! Dá até vontade de apertar.

VILU: Eles são tão fofos! Podemos segurar? — Perguntou, ansiosa.

GERMAN: Claro que podem. — Ludmi pegou Maria Clara no colo e Vilu pegou Miguel. Me sentei ao lado de Angie e a abracei. As meninas pareciam tão encantadas quanto a gente olhando para os irmãos.

VILU: Sou eu quem vai te ensinar a jogar vídeo game, apesar de o Leon e Federico quererem fazer isso. — Sorriu.

LUDMI: E sou eu quem vou te ensinar a se maquiar e se vestir que nem uma bonequinha.

VILU: Vocês já escolheram os nomes?

ANGIE: Sim, já escolhemos.

LUDMI: E quais foram? — Perguntou, curiosa.

GERMAN: Miguel e Maria Clara. O que vocês acham?

VILU: São nomes lindos.

LUDMI: Concordo com a Vilu, vocês são muito bons em escolher nomes. — Brincou.

ANGIE: Acho que nós temos uma família linda. — Sorriu, olhando para as meninas e os bebês.

GERMAN: Sim, meu amor. A mais linda de todas. — Concordei e me inclinei para beijar minha esposa.

ANGIE: Eu te amo, meu amor.

GERMAN: E eu amo você.

                         (…)