POV ANGIE

Eu cheguei no Studio acompanhada de German, eram duas e meia da tarde.
 
         Me despedi de German dando um selinho nele e depois fui procurar Brenda, pois lembrei que ela queria falar comigo. 

Encontrei-a na sala dos professores. Ela estava sentada em uma das cadeiras em frente a mesa da sala.

ANGIE: Oi, Brenda. — Cumprimentei-a.

BRENDA: Oi, Angie. — Ela me abraçou e eu me sentei ao seu lado.

ANGIE: E então, me conta o que aconteceu. O que o Pablo fez? — Perguntei. 

BRENDA: Nada. — Ela me respondeu triste.

ANGIE: Como assim nada? — Indaguei, confusa.

BRENDA: Esse é o problema, Angie. — Ela admitiu e continuou. — Ele está muito estranho.

ANGIE: Estranho? — Perguntei franzindo o cenho. 

BRENDA: É, ele não está agindo normal, como de costume. — Ela disse desanimada. 

ANGIE: Que estranho. O Pablo geralmente é tão calmo. — Indaguei confusa.

BRENDA: Eu não o entendo. Parece que ele está escondendo algo de mim. — Confessou pesarosa. 

ANGIE: Não sei. Acho que o Pablo nunca escondera algo de você, principalmente se isso o estivesse afetando de alguma forma. 

BRENDA: É, mas eu tenho certeza de que ele está escondendo algo. — Afirmou.

ANGIE : Você já tentou conversar com ele?

BRENDA: Já, mas quando eu perguntei se estava tudo bem e se ele estava com algum problema ele negou tudo.

ANGIE: Você acha que ele está com algum problema? — Perguntei.

BRENDA: Sinceramente, eu não sei, mas acho que isso explicaria a forma como ele vem agindo. 

ANGIE: Se quiser eu posso tentar falar com ele. — Ofereci.

BRENDA: Não precisa se incomodar, Angie. 

ANGIE: Não será incomodo algum. 

BRENDA: É melhor não, se ele não quer contar o que está acontecendo é melhor não forçar a barra. — Disse cansada. 

ANGIE: Desde quando ele está assim? — Perguntei curiosa. 

BRENDA: Eu não sei, acho que já faz alguns dias.

ANGIE: Talvez ele só esteja um pouco cansado e estressado com o show. 

BRENDA: Pode ser, mas isso nunca aconteceu antes. Ele sempre é muito calmo quanto aos eventos do Studio.

ANGIE: Bom, nisso eu tenho que concordar.

BRENDA: Agora chega de falar dos meus problemas. E então como foi a viagem para Veneza? — Ela perguntou sorrindo.

ANGIE: Foi maravilhosa. — Respondi alegre.

                             (...)

                 POV GERMAN

Depois de me despedir de Angie eu estava indo até o meu carro, mas resolvi ir ver minhas filhas.

Eu fiquei um bom tempo com elas e também assisti o ensaio de vários dos alunos. Quando eu estava saindo do Studio, Pablo me chamou, falou que precisava pedir um conselho. 

Apesar de tudo o que aconteceu no passado, eu e Pablo nos tornamos bons amigos.  Então eu e ele fomos até a sala de música, pois Angie e Brenda estavam na dos professores. 

Eu aconselhei Pablo a tomar a decisão que mudaria a vida dele para sempre. Eu tinha certeza de que ele nunca se arrependeria de ter tomado essa decisão. Fiquei feliz pela decisão dele, mas prometi a Pablo que não contaria nada a Angie, pois como minha esposa e Brenda eram melhores amigas era melhor tudo ficar em segredo até amanhã.

                            (...)

#No Outro Dia

                     POV ANGIE

Já era bem de tardezinha, estava quase escurecendo. Eu estava me arrumando, pois naquele dia seria o show de fim de ano do Studio e eu não queria me atrasar.

Eu estava muito indecisa com o que usar, mas acabei vestindo um vestido branco que eu só havia usado uma única vez, que foi no aniversário de dezesseis anos da Vilu. Vesti também um par de sapatos creme e fiz uma maquiagem bem leve, focando apenas nos olhos com o delineador. E para completar enrolei meu cabelo deixando os cachos soltos. 

Quando terminei de fazer tudo o que tinha que fazer, peguei minha bolsa e desci as escadas e fui ao encontro de German que estava me esperando na sala.

Quando ele me viu tratou de se colocar de pé. German me analisou da cabeça aos pés, se aproximou de mim e falou sorrindo com o canto do lábio:

GERMAN: Você está maravilhosa. — Ele envolveu seus braços em minha cintura. 

ANGIE: Obrigada. Você também está, meu amor. — Sussurrei em seu ouvido. 

GERMAN: Obrigada, mas é impossível me igualar a sua beleza extraordinária. — Ele sussurrou em meu ouvido. 

ANGIE: Você é muito exagerado. — Eu disse me afastando para poder olhar melhor seu rosto, mas não me afastei ao ponto de sair dos braços de meu esposo. 

GERMAN: Não sou não. — Negou. — E olha que a palavra maravilhosa, não faz jus suficiente a sua beleza.

ANGIE: Para com isso. — Disse depositando uma de minhas mãos em seu peito.
 
          GERMAN: Só porque você pediu. — Brincou. 

ANGIE: É melhor nós irmos.

GERMAN: Tudo bem. — Concordou. — Mas antes quero fazer uma coisa. 

ANGIE: Tá bom , mas não pode demorar muito. Eu não quero me atrasar. Já basta eu ter me atrasado ontem.

GERMAN: Relaxa, nós estamos adiantados. — Ele mostrou o seu relógio. Ele estava certo, até que estávamos adiantados, mas era melhor eu não abusar da sorte.

ANGIE: O que você quer fazer? — Perguntei.

GERMAN: Isso.

Ele se aproximou e depositou uma das mãos em minha cintura e a outra em minha bochecha. E me beijou profundamente. 

Como ele mexia tanto comigo e com os meus sentimentos? Eu parecia uma adolescente apaixonada. Como aqueles beijos que ele me dava eram capaz de entorpecer todos os meus sentidos? Era como se o mundo parasse. Os meus pensamentos se esvaieceram no momento em que seus lábios tocaram os meus com total sutileza. Seus toques eram inebriantes e onde suas mãos tocavam fogo percorria o lugar e me faziam estremecer e perder todo o ar que me restava.

Eu não queria parar o beijo, mas se eu demorasse mais um pouco para o faze-lo ficaria inconsciente por falta de ar.

Eu me afastei um pouco para recuperar um pouco de ar.

Tanto minha respiração quanto a de German estavam ofegantes.

ANGIE: Da próxima vez é melhor você me avisar antes de me beijar assim. — Falei me recuperando do beijo. 

GERMAN: Por quê? — Perguntou. 

ANGIE: Porque eu posso não querer mais parar de te beijar e uma hora dessas você terá que me levar para o hospital para tomar oxigênio. — Brinquei e German abriu um sorriso. 

GERMAN: Pode deixar, eu avisarei você da próxima.

Demos um selinho e fomos para o carro.

                 POV GERMAN

A viagem até o local do show foi rápida; cerca de uns dez minutos. 

Angie e eu conversamos bastante no caminho e ela me contou que estava muito ansiosa para ver seus alunos cantando e dançando. O modo como ela se referia aos seus alunos era encantador, o brilho nos seus olhos, o sorriso em seu rosto e a animação em sua voz só confirmavam isso.

Eu me apaixono por ela todos os dias e sei que enquanto meu coração bater, suas batidas serão direcionadas a ela. Angie despertou o melhor que estava guardado em mim e me fez querer ser uma pessoa melhor a cada dia. Me transformou verdadeiramente, me tirou da solidão que entrei depois da morte da Maria. E mesmo com todos os meus erros ela me perdoou e por isso e por tantas outras coisas eu serei grato a Angie pelo resto da minha vida.

Angie pareceu perceber minha ausência na conversa e falou:

ANGIE : Você adora me deixar falando sozinha. — Ela disse rindo e balançando a cabeça levemente. 

GERMAN: Não, é que você esta falando de seus alunos de uma forma tão... encantadora que é impossível eu não ficar perdido em meio a conversa.

ANGIE: Sei. — Falou duvidando.

GERMAN: Angie, você me distraiu com seu sorriso, com seu olhar e com sua voz doce. — Respondi tentando me concentrar mais no trânsito, que por sorte estava bem calmo. 

ANGIE: Você devia parar de prestar atenção em mim e prestar mais atenção no trânsito. — Ela sorriu delicadamente, um sorriso encantador.

GERMAN: Como você quer que eu preste mais atenção no trânsito do que em você? — Perguntei. 

ANGIE: Se você ao menos tentasse, quem sabe. — Ela rebateu.

GERMAN: E quem disse que eu não estou tentando, hein?

ANGIE: Tá bom, dessa vez eu vou tentar acreditar.

Eu iria responde-la, mas no mesmo momento seu celular tocou e Angie atendeu.

Pelo jeito, devia ser Violetta no celular, Angie parecia estar tentando acalma-lá. Elas conversaram por poucos minutos.

GERMAN: Esta tudo bem? — Perguntei logo após ela ter encerrado a ligação. 

ANGIE: Acho que sim, era a Violetta.

GERMAN: E o que ela queria, meu amor? — Perguntei calmo. 

ANGIE: Ela queria saber se já estávamos chegando. Ela disse que ela e a Ludmila estão muitos nervosas e precisam de mim.

GERMAN: Tenho certeza que precisam de você para acalma-las. Antes de elas saírem de casa mais cedo hoje, elas estavam muito agitadas.

ANGIE: É, eu percebi, quando chegarmos vou procurar as duas. — Ela sorriu.

GERMAN: Se você não se importar, quero falar com elas também. — Disse segurando uma de suas mãos enquanto dirigia com a outra.

Ela segurou minha mão e a apertou de leve, com um sorriso no rosto. 

ANGIE: Claro. Seria ótimo.

                          (...)