Fullmetal Alchemist: After All escrita por Paulo Yah


Capítulo 16
#15 - Epílogo - Rumos




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Drachma

 

- Kray... Aurora. – Freiya apertava os punhos. – Vocês falharam porcamente!

 

O homúnculo estava sozinho no cômodo feito em bloco de pedras, sua feição era de agressividade graças ao seu plano falho.

 

- O velho Hohenheim morreu também. – Loki apareceu de frente para o trono de Freiya. – Ao menos você teve a chance de levar uma das peças mais fortes.

 

Treason não respondeu, apenas continuou a refletir sobre o ocorrido.  Sabia que com a morte de Hohenheim as coisas ficariam muito mais fáceis. Mas como conseqüência, eles descobriram o ponto fraco de seus guerreiros.

 

- Apesar de que agora eles conhecem aquilo que nos tira a existência, mas não vão transmutar o portão novamente. Sacrificar uma vida a cada vez que enfrentam a gente? Isso seria burrice. – Comentou o homem.

 

- De que lado você está, afinal de contas? – Treason perguntou sem olhar.

 

- Não há lados. – Explicou. – Existem motivos e eu tenho os meus. Eu já estou de saída.

 

Loki saiu da sala, deixando o homúnculo sozinho novamente. Ainda pensativo, Treason planejava algo para prevenir outras perdas críticas.

 

- Será melhor evitar que meus guerreiros ajam frequentemente. – Disse por fim.

 

...

Amestris.

 

Havia se passado apenas dois dias que Hohenheim e Edward tinham saído em missão no território de Creta. A prévia de retorno era de uma semana, mas todos esperavam bem mais que isso, pois a missão aparentava ser árdua.

O telefone tocou na casa de Maria...

 

- Alô... Ah! Tenente Havoc! – Maria havia atendido o telefone. – O que?!

 

Ciel estava sentada no sofá, lendo um livro de alquimia que pegara na biblioteca. Parou de ler por um momento e observou a conversa. Maria parecia surpresa com a noticia de Havoc. Logo desligou o telefone e olhou para Ciel com um semblante de desespero.

 

- Edward e Hohenheim apareceram na entrada da cidade! Estão no hospital da Central.

 

Ciel nesse mesmo momento fechou o livro e correu pra janela, abriu o vitral e saltou de lá para o terraço do prédio ao lado, que por sinal era menor. De telhado em telhado, em poucos minutos ela chegou no hospital. Um pouco ofegante, mas sem parar de correr. Entrou na recepção e ali já haviam alguns oficiais. Armstrong era um deles.

 

- Ciel-san!

 

- Onde está?

 

- Quarto 29.

 

- Obrigada.

 

E sem dar tempo de Armstrong dizer mais nada, ela seguiu para o quarto 29. Abriu a porta bruscamente e entrou. Havia um médico ali, e a aparelhagem toda estava desligada. O médico olhou para a menina que até então não sabia o que se passava.

 

- Você é parente dele? – Perguntou.

 

- Ele está dormindo? – Perguntou preocupada. – Como ele está? Está ferido? Se machucou muito durante a missão?

 

O médico olhou para a menina com o olhar baixo e soltou um suspiro, se aproximando da mesma. Ciel nunca havia visto ninguém morrer, por isso ainda não estava a par do que acontecera. Não estava entendendo as ações do médico.

Este colocou a mão no ombro dela e olhou para o seus olhos lilases. Logo após, saiu da sala deixando a menina e o corpo do homem ali.

Ciel caminhou até o corpo de Hohenheim e o observou por algum tempo... Havia uma feição alegre na face do ex-alquimista, não exatamente um sorriso, mas uma expressão de satisfação. Não havia presença, não havia respiração. Apenas um corpo... Ciel finalmente notou.

 

- Então... – Ela pegou na mão fria do homem. – Fico feliz que tenha ao menos escolhido isto.

 

O silêncio foi a resposta.

 

- Você não vai acordar não é?  - os olhos marejaram. – Ao menos conseguiu ver a face dos dois juntos, sim? Queria ao menos ter me despedido.

 

Os joelhos tocaram o chão por não conseguirem mais firmeza, ela debruçou na maca onde se encontrava o corpo e chorou baixinho, pois nunca foi de fazer escândalos. Um grande vazio invadiu seu peito, como se ela tivesse perdido algo de extrema importância para ela.

 

...

 

Edward abriu os olhos de repente, a primeira coisa que enxergou foi o teto do quarto. Reconheceu o lugar e assim que sua consciência veio à tona, sentiu a cabeça latejar como se mil agulhas tivessem a atravessado. Sentiu então uma mão quente pegar a sua, a dor repentina e momentânea passou.

 

- Que bom que acordou. – Winry disse baixinho, enquanto sorria para o loiro.

 

- Foi mais rápido do que imaginei. – Edward desviou o olhar pensando em tudo o que aconteceu, mas então voltou a olhar para os olhos azuis de Winry e sorriu. – Estou de volta.

 

- Seja bem vindo! – Winry dizia alegremente. – E parece que vamos ter que pensar em sua nova perna e em seu novo braço. Como fez isso Ed?

 

- Fui descuidado, e num piscar de olhos já não os tinha mais. – Um flash de como tudo aconteceu veio na mente do loiro. – Mas...! Onde está Hohenheim?! Como viemos parar aqui?

 

- Eu é que pergunto, Fullmetal. – Roy apareceu na porta, e após proferir a frase bateu duas vezes. – O que você e Hohenheim fizeram?

 

Edward deu um longo suspiro e tomou fôlego logo após. Contou sobre o ataque em Alkaira, dissera que havia sido direto e não causou nenhum dano físico para a cidade independente. Relatou sobre terem sido mandados por Flamel para a outra dimensão e ali lutaram definitivamente contra dois guerreiros da Elite de Freiya, pois só naquele plano é que eles poderiam ser neutralizados, contou também como havia perdido os membros e que depois disso, havia perdido a consciência.

 

- Flamel me disse que não haveria problema ir para o plano da verdade. – Comentou. – Pois já tínhamos conhecimento daquele lugar, mas aquilo era mentira, provavelmente aquele homem está morto. Isso significa que... Marechal! Onde é que está aquele velho?! Ele está bem?

 

Roy olhou para Edward com certo pesar e depois desviou os olhos para o chão.

 

- Fullmetal...

- Eu já entendi... – Interrompeu. – Não me diga mais nada.  Você recebeu a noticia antes de mim também, não é Winry?

 

- Sim... – Disse em tom pesaroso. – Foi a primeira noticia que recebi.

 

Edward ficou em silêncio por um tempo, pensou que poderia ter um tempo para conversar com o pai, um tempo para chamá-lo de “pai” outras tantas vezes. Por outro lado, era certeza que aquele velho havia morrido por opção, por isso o abalo não havia sido tão grande. O loiro sabia que agora, em algum lugar do universo, a alma de sua mãe e a de seu pai finalmente repousavam juntas.

 

- No entanto. – Voltou a olhá-lo com firmeza. – Você precisa vir comigo! Você e Winry-san.

 

Edward ficou curioso logo que percebeu seriedade e inconformismo na face de Roy. Foi colocado em uma cadeira de rodas e empurrado por Winry até onde Roy os guiou. Levou-os até o jardim do hospital, lugar onde ficavam os internos para respirar e tomar ar puro. Era um lugar bonito e aberto, por lá passava um córrego de água cristalina em meio de uma imensidão verde decorada com os mais variados tipos de flores. Ao chegarem, Roy apontou para o rapaz um tanto mais alto que ele, vestia roupas semelhantes às que Hohenheim usava, o típico traje social, de calça e colete marrons, por cima de uma camisa branca. O cabelo loiro agora limpo e penteado era preso a um rabo que chegava até o fim do quadril. Estava em perfeito estado físico, e os olhos ambarinos brilhavam vividos. Edward paralisou enquanto todo o seu corpo tremia.

 

- Eu ainda não perguntei como foi, mas consegue acreditar nisso? – Perguntou Roy.

 

Alphonse estava encostado no tronco largo de uma árvore, com seus pensamentos distantes, sem perceber a presença dos três. Winry se encontrava no mesmo estado que Edward, e os olhos marejavam-se perante o extraordinário.

 

- Al...Alphonse! – O pequeno murmúrio transformou-se em um berro, tomando a atenção do irmão.

 

Alphonse olhou para Edward na cadeira de rodas e correu para o encontro do mesmo.

 

- Nii-san! – Agarrou o corpo debilitado quase que derrubando-o do assento. – Como você está? Está doendo? Você perdeu muito sangue! Está bem?

 

O caçula chacoalhava o mais velho, preocupado, procurando alguma ferida aberta, algum hematoma, algum arranhão. Revirou-o dos pés à cabeça.

 

- Hei, calma! – dizia o irmão enquanto seu corpo era revirado. – Alphonse! Me coloque na cadeira. Eu estou bem!

 

Ao se tocar que estava quase matando o irmão mais velho, Alphonse colocou-o novamente na cadeira, com semblante de arrependimento.

 

- Desculpe nii-san! É que quando estávamos naquele lugar, você não parecia nada bem, mesmo que o nosso pai tenha fechado as feridas mais graves. – informou e sem querer desviou o olhar para o lado.

 

Viu a garota loira plantada ali, ainda em choque vendo-o agir como quatro anos atrás. As lágrimas escorriam dos olhos azuis de Winry, e Alphonse boquiaberto aproximou-se um pouco.

 

- Win... Winry... – Gaguejou. – É você mesmo?!

 

Roy apenas observava o rapaz voltando a se familiarizar com sua amiga e com seu irmão. Distanciou-se um pouco, sabendo que logo iria voltar a se introduzir no meio dos três. Sentiu a presença de uma quinta pessoa ali. Olhou para o lado e se deparou com Hawkeye observando os três. Arriscou dizer algo, mas Riza sinalizou silêncio e o Marechal obedeceu.

 

- Baka! É claro que sou eu! – Gritou, histérica. 

 

Al olhou para o irmão que disse sarcástico como antigamente.

 

- É ela mesma. – acenando com a mão.

 

O rapaz recém-introduzido naquele mundo sorriu tão puramente que jamais fora visto um sorriso tão puro quanto aquele. Winry não se conteve em abraçar o amigo fortemente e Edward olhou para o nada com um sorriso bobo.

 

Então você trocou os papéis, velhote? Se você fez isso pra provar ser um bom pai, eu vou te desprezar por toda a minha vida.

 

Ao longe, Roy assistia com Riza. Esta sorria também, via novamente alegria na face dos três. Uma gota de esperança respingou naquele solo seco e infértil que estava sendo para ambos, e como se ignorasse a troca equivalente, transformou-se em um rio, revivendo o solo árido da vida de cada um. Pegou na mão de Roy e segurou firme.

 

- Nii-san. – Após um tempo Al mudou seu semblante. – Acho que você já soube, não é?

 

- Sim. – Disse sem aparentar tristeza. – Al, como ele morreu?

 

- Sorrindo. – Respondeu.

 

Edward virou a cadeira de rodas para trás e avistou Roy e Riza ao longe, mas não deu tanta atenção à presença dos dois. Apenas continuou pensando no que iria fazer.

 

- Ele pediu para que conservasse o corpo dele para que fosse enterrado como um humano. – Comentou Al. – Aquilo que nós chamamos de “verdade” concedeu este pedido.

 

- Então vamos enterrá-lo como um humano. – Disse decidido, o alquimista de aço. – Ao lado do túmulo da nossa mãe. Aquele velhote merece... Jamais achei que iria dizer isso sobre meu pai um dia.

 

...

 

Aquele dia foi um tanto corrido. Foi detectada tentativa de invasão dos exércitos de Aerugo nas fronteiras, mas essas foram interceptadas e neutralizadas com êxito. Edward explicou por cima o que Flamel havia ensinado sobre a base do segredo universal, e assim Roy o encarregou de manter as pesquisas junto a Alphonse. Os preparativos do funeral de Hohenheim estavam sendo planejado desde já. O transporte para o caixão e a caravana de carros do exército já estava reservada, coroa de flores compradas.

Edward reclamou da formalidade e do nível nada humilde do funeral do pai, mesmo ele sendo digno de tudo aquilo, talvez pudesse ser até uma ofensa, pois Hohenheim nunca fora um cão do exército, nem mesmo um integrante oficial do mesmo. Roy discordou dizendo que os bens que ele prestou para aquele lugar condiziam com o padrão da homenagem fúnebre. Edward deixou como estava.

Durante o pôr do sol, Edward foi até a Brotherhood Square, junto de seu irmão, estavam sós.

 

- Então... Esse foi o simbolismo que deram para nós? – perguntou Al. – Uma praça em nossa homenagem?

 

- Não gostei muito disso, havia dito ao marechal. Mas você sabe como é  o Exército né? Cheio dessas formalidades.  Mas eu gostei do nome da praça... É bem característico de toda a nossa história, você não acha?

 

- Sim... – Alphonse observava a armadura ao lado da estatua do seu irmão. – Aquela armadura...

 

- O que tem?

 

- Apesar de tudo, foi de ótima ajuda não foi? – Perguntou distante.

 

- É... Graças a força que você adquiriu com ela, conseguimos nos livrar de muitas enrascadas. Antes meu orgulho infantil não deixava eu concordar com os fatos, mas você foi bem mais forte que eu, Al.

 

- Discordo nii-san. Fomos fortes ao mesmo nível. – Disse o rapaz agora olhando para o irmão. – Resistimos até o fim, como irmãos! Como se dois fossem um só.

 

- Como se o tudo fosse um...

 

- Como se o um fosse tudo! – Completou.

 

Os dois ouviram um mexer de arbustos e conseguiram detectar alguém ali. Al ao verificar não encontrou nada, o vulto foi para a lateral da estátua, sem lembrar que ali de frente pra ela estava Edward.

 

- Ciel? – Indagou o loiro.

 

Al voltou para perto de Edward e assim olhou para a menina de cabelos prata e olhos lilases.

 

- Quem é ela? – Perguntou.

 

- Pode considerar nossa irmã adotiva. – Sorriu. – Venha até aqui, quero te apresentar à uma pessoa.

 

Ciel havia os seguido até lá, estava curiosa e ao mesmo tempo tímida. Quem era aquele rapaz com quem Edward estava andando? Era o que ela se perguntava.

 

- Al, essa é a Ciel. Foi trazida de Drachma pelo nosso pai, em uma missão. – Apresentou. – Ciel, este é Alphonse Elric.  Meu legitimo irmão mais novo, que Hohenheim tanto falava e a pessoa que esteve do meu lado durante a última guerra.

 

Ciel se aproximou mais um pouco de Al, encarou-o nos olhos. Sentiu humildade e serenidade naquele olhar. A sua timidez e seu medo foram jogados longe, aquele era realmente filho de Hohenheim.

 

- Ele me falou muito sobre vocês. – Comentou. – Fico feliz que tenha voltado.

 

- Eu sinto muito por ele. – Disse  para a menina.

 

- Não sinta. Ele fez o que achava certo! Eu confiei demais naquele homem. – Comentou. – Sei que ele não errou em trocar as peças e sei que o que ele sempre sonhou foi estar ao lado dela.

 

Al ficou em silêncio, havia se lembrado sobre o que Roy havia dito. O inimigo tinha a fisionomia de Trisha, pediu para que não se enganasse pela aparência atual do homúnculo.

 

- Seja bem vindo de volta. – Cumprimentou-o finalmente.

 

...

 

No dia seguinte, todos acordaram bem cedo. O caixão chegou no horário em ponto e assim o corpo fora colocado lá. Alphonse, Roy, Armstrong e Stones o levaram para o quartel da central. Ali fora feita a primeira cerimônia militar, onde os soldados e oficiais batiam a sua última continência ao companheiro, dentro do quartel.

O céu estava aberto, como no dia em que foi feito o enterro de Hughes. Muitas pessoas estavam na central velando pelo corpo do alquimista. Gracia e Elysia; Sieg e Izumi; Olivier e Milles de Briggs e os representantes dos demais quartéis de Amestris. Ling representava Xing trazendo com ele uma bandeira do país enviada pela Imperatriz. Edward, Alphonse, Ciel e Winry não podiam faltar ao evento.

Os carros deram partida até Risembool, levando em média uma hora e meia para chegar. O Cemitério do lugar era pequeno e não comportava tantas pessoas, de modo que tiveram que acompanhar o funeral de fora. A cova já estava cavada e pela última vez o corpo de Hohenheim foi velado. Não houve choros, e sim um ar triste e ao mesmo tempo glorioso no ar. Pois ali estava sendo enterrado um homem de respeito, que morreu por uma causa maior, e que provavelmente não iria gostar de ver pessoas chorando.

Logo os tiros dos fuzileiros foram ouvidos, e o caixão fora lacrado.

 

“O um veio do todo e assim o um há de voltar ao todo”

 

Após o enterro, alguns militares foram embora, Izumi assim como muitos surpreendeu-se ao ver Al em sua forma natural, Sieg também não teve uma reação muito diferente, pra quem costumava a ver um anão e uma armadura andando lado a lado. Agora todos poderiam presenciar a caminhada de dois homens.

Ling continuou ali, pois Al havia dito que gostaria de comunicar algo importante a todos.

 

- Nosso pai, antes de morrer, pediu pra que eu iniciasse uma pesquisa através do Rentanjutsu pra solucionar o nosso problema. Enquanto você estuda aqui, eu ficarei em Xing por um tempo. – Disse à Edward enquanto todos ouviam.

 

- Mas... Você mal chegou, e já está partindo? – Perguntou Winry preocupada.

 

- Será por um bem maior, eu garanto. – Insistiu o rapaz. – Izumi-sensei, gostaria que você ajudasse o Nii-san no que fosse preciso, enquanto a você Winry, trate de colocar automails nele. Eu voltarei assim que a pesquisa estiver pronta. Pode demorar meses, assim como pode demorar anos ou décadas! Mas pesquisarei o mais rápido possível! Tempo suficiente pra acabar com essa guerra antes que ela acabe conosco.

 

- Mas Al! – Insistiu Winry. – Você precisa dar apoio ao Ed.

 

- Errado Winry. – Cortou imediatamente, o irmão mais velho. – Eu me preparei durante quatro anos pra lutar sem o meu irmãozinho do lado. E agora que consegui não posso ficar mal acostumado de novo. Al, vá para Xing, mas continue mandando noticias, quando tudo estiver pronto, nós iremos nos ver novamente.

 

- Sim! Nii-san. – Afirmou confiante. – Pessoal, conto com a ajuda de todos vocês.

 

Eles cresceram... – Izumi observava Edward e Alphonse comparando aos dois pivetes que treinou no passado. – Hohenheim, você originou dois grandes homens!

 

- Certo. – definiu a mestra. – Trabalharemos juntos, Ed. Sieg me dará apoio e então faremos tudo pela metade do tempo.

 

- Poderei contar com alquimistas de Xing para que eu possa ir mais rápido também. – Disse Alphonse sentindo-se excitado por entrar novamente em ação. – Se nós continuarmos determinados assim teremos ótimos resultados.

 

Winry observou por um tempo aqueles dois... Era o mesmo brilho nos olhos, o desejo de conseguir reviver a mãe, agora estava no desejo de evitar uma grande catástrofe. Ela não poderia prender os dois de forma alguma, então suspirou fazendo uma careta irônica.

 

- Continuam os mesmos de sempre. – Comentou em deboche. – Vocês dois só não morram, por favor!

 

- Meu pai não se sacrificou a toa. – Afirmou o caçula.

 

- Não posso morrer sem fazer jus a quem ele foi. Será a prova de que eu o reconheci como pai. – Edward apertou o punho que havia sobrado. – Winry, aquele seu projeto... Eu quero que o teste em mim!

 

- Sim, ele já está terminado. Logo você voltará a ser meu cliente.

 

- Ah... Eu não acredito nisso. – resmungou desanimado.

 

- Nii-san! A Winry continua te dando prejuízo! – Al riu e convidou a todos presentes ali a rirem também.

 

Ventava um pouco naquele céu crepuscular, todos olharam para a cripta de Hohenheim novamente.

 

- Daremos o nosso suor. – Disse Ling mostrando em seus olhos puxados um ar ganancioso e determinado.

 

- Se for necessário, o nosso sangue também. – complementou Edward. – Mas jamais, as nossas vidas.

 

...

 

Na manhã seguinte, todos voltaram a acordar cedo na central. Izumi e Sieg já haviam voltado para a casa de carnes onde eles passaram a viver após a destruição de Dublith, no dia anterior desejaram sorte a Alphonse.

Na sala do Marechal, o representante de toda Amestris continuava o seu trabalho nada interessante de preencher folhas com sua assinatura e ler relatórios de toda a guerra que se iniciava. Dessa vez, ele estava mais entusiasmado, pois seus subordinados estavam cada vez mais fortes e assim Amestris se tornava sólida como o aço. Ironicamente quando pensara nisso, lembrou que tudo isso era devido ao Alquimista que possuía não só um braço e uma perna feitos com o material metálico e sólido, mas também dotado de um coração fervendo como o aço mais maciço e inoxidável. Novamente o ambicioso e imponente Roy Mustang estava devendo uma para Edward.

 

- Com licença, Marechal. – Al entrou e logo após bateu continência.

 

- Ah, bom dia, Alphonse-kun. – Cumprimentou.

 

- Vim me despedir e te agradecer. – Alphonse se aproximou do homem e assim estendeu a mão para um aperto. – Obrigado por proteger as pessoas que mais amo.

 

Roy sorriu gentilmente para o rapaz levantou-se e antes de tocar na mão do rapaz olhou-o face a face.

 

- Estamos no mesmo patamar, Alphonse Elric. – Disse. – Você não precisa me agradecer, nem mesmo querer entrar em débito comigo. Acho que você tem que agradecer ao seu irmão. Mas em todo caso. – Roy tocou na mão de Al e apertou firme. – A gente se vê em breve.

 

- Sim! Em breve estarei de volta com a solução para tudo isso. – Disse confiante enquanto sorria. – Agüentem firme!

 

- Nós iremos esperar! E eu tenho algo aqui pra você.

 

Roy recolheu sua mão para puxar a gaveta, retirou um papel com algumas escrituras e entregou para o rapaz.

 

- Não entenda isso como uma intitulação de cão do exército. – Advertiu. – Esse termo já não pode ser mais usado entre os Alquimistas do Estado. Entenda isso – Retirou o relógio de prata. – Como um presente de boas vindas e re-inclusão. Seja bem vindo!

 

Al olhou para o certificado e sentiu falta de algo.

 

- Não tenho um codinome? – Perguntou.

 

- Você tem seu nome... Não é um cão, para que possamos batizá-lo. – Explicou – Mas se quiser um codinome – colocou a caneta a frente do rapaz. – Escolha por si só.

 

Al pegou a caneta. Por muito tempo vira seu irmão sendo chamado de Fullmetal Alchemist, um nome pesado e forte. Então quis dar a si um nome que desse tanto peso quando sutileza. Escreveu no papel e entregou o certificado para que ele pudesse ler. Roy riu ao ler.

 

- Foi um bom nome, Alphonse-kun. Com isso acho que você já deve ir, afinal o tempo é curto.

 

- Sim! A gente se vê... Roy Mustang! – Disse batendo continência e saindo.

 

- Até lá, Alphonse Elric.

 

Al deixou a sala e Roy retomou de onde estava. Não deixou de sorrir enquanto assinava e lia relatórios.

 

- Então, você não quer ficar pra trás do seu irmão, Oversoul Alchemist? – Perguntou em voz alta. – Existem vários sentidos para “Oversoul”, e muitos deles combinam com o seu passado, com o seu presente e com o seu futuro... Faz jus a irmandade que vocês dois possuem.

 

...

 

A despedida foi longa na estação... Armstrong e seus subordinados, os subordinados de Roy; Ciel, Edward e Winry estavam ali. O trem partiu em uma hora, e assim, os dois irmãos estavam separados de novo.

- Sentirei sua falta, Otooto... – sussurrou apenas pra si mesmo.

 

- Está mais motivado? – Perguntou Winry ao pegar na mão do loiro.

 

- Dizer que não, seria me intitular de mentiroso. – comentou. – Saber que estamos de volta me deixa ainda mais motivado a continuar.

 

- Então vamos! – disse a menina empurrando a cadeira de rodas. – Te darei pernas e braços novos.

 

Essa força que estou sentindo... Esse frio na barriga e essa vontade de tremer. Parece que vou explodir ansiando pelo futuro. A minha vontade de proteger estas pessoas só aumentou. A velha jornada continua, com novos ventos indicando o futuro.

 

Continua...


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Notas finais do capítulo

Notas finais

Bom, aqui se encerra Fullmetal Alchemist: After All. Foi muito bom escrever essa fic. Pude colocar em prática o meu verdadeiro potencial como escritor, mostrando meus defeitos e qualidades exercendo desta ocupação.
Eu quero agradecer quem acompanhou até aqui! Obrigado pelos reviews muito bem escritos, onde eu pude crescer mais e mais. Às pessoas que acompanharam mesmo sem os reviews, eu espero que tenham aproveitado algo, ficaria frustrado se minha história tivesse servido como perda de tempo.
Quero agradecer também a minha beta, que eu amo muito x3 e que me ajudou a concluir essa fic até o fim. Danny_x se não fosse por você, a estrutura textual dessa história estaria bastante fragmentada, obrigado mesmo por ter me ajudado a construir tudo isso aqui e por me agüentar contando spoiler de toda a trama xDD.
E por último, mas não menos importante, eu quero agradecer mesmo que inutilmente a criadora dessa obra perfeita ( que em partes eu devo ter estragado UHAUHUAHUAH). Arakawa-sensei, parte da minha filosofia de vida é devida a FMA! Eu irei continuar sendo discípulo fiel dessa mulher até a minha última história!
Em breve: Fullmetal Alchemist: The Journey Continues