Talvez, naquele momento, fazia todo o sentido, para mim, se eu construísse uma cerca em volta do meu coração. Cravando seu nome dentro dele, como se fosse mais sensível e precioso do que aquilo que o envolvia. Mas, agora, vejo me enganei.
Pensar assim... Esse foi o meu erro. Porque assim, você começava a me corroer de dentro para fora, me quebrando em centenas de milhares de dolorosos pedaços pulsantes de dor e sofrimento. Estava cego demais para perceber que, quanto mais você se tornava importante para mim, menos eu era necessário em sua vida.
...
Paguei o preço por ter me apaixonado.
Mas você?
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Claro que não, afinal, não havia se apaixonado.
Talvez nem por um mero instante suas palavras foram verdadeiras.
Será mesmo?
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Tenho ódio. Um ódio tão grande. Um ódio tão grande de mim mesmo, que fico procurando motivos, desculpas, razões, qualquer coisa que me faça continuar acreditando no melhor de você.
Mas esse melhor não existe.
Esse seu lado pelo qual me apaixonei não existe. Eu mesmo o criei. E admito isso.
Finalmente... Finalmente posso admitir isso.
Mas mais tarde, talvez quando estiver arrependida, olhará para trás e verá que eu deixei de correr atrás de você como sempre fiz.
...
Ter escolhido deixá-la e seguir por outro caminho era tudo o que eu não faria.
...
Mas eu percebi que... Se eu fosse continuar a ser eu mesmo... Aquele mesmo eu que corria atrás de você... Eu ainda estaria aos seus pés. Totalmente preso. Imobilizado. Aprisionado.
...
Decidi então que eu mudaria. Por alguns poucos instantes resolvi ser alguém que eu não era. Uma versão melhor de mim. Eu não seria eu mesmo mais, eu seria alguém que eu gostaria de ser.
Seria mais fácil no começo se eu apenas fingisse? Ao menos enquanto eu não era capaz de ser essa pessoa?
Era o que eu estava prestes a descobrir.
Não era de você que eu estava me libertando.
Nunca foi.
Nunca estive preso por sua causa.
Nunca me permitira enxergar tudo isso antes.
Eu estava preso por mim mesmo.
Mas minha hora chegara.
E eu estava disposto.
Disposto a libertar-me de mim mesmo.