POV Amber

- Onde você pensa que vai com esse vestido? – perguntou minha mãe impaciente.

- Sair. Está muito ruim? – perguntei dando uma rodadinha.

- Não querida, é que está muito diferente das roupas que você costuma usar, vai querer o carro emprestado? – perguntou depois de dar uma boa olhada em mim.

- Se a senhora quiser me emprestar – falei dando de ombros, indiferente.

- Não volte tarde – falou jogando as chaves do carro em minha direção.

- Pode deixar.

Abri a porta e senti o maravilhoso ar noturno bater em meus cabelos. Ajeitei o vestido no meu corpo, que depois de anos escondido, agora estava dentro de um pedaço de pano vermelho que não passava do meio das coxas e entrei no carro.

Dirigir a noite com certeza tem que ser adicionado a lista de melhores coisas para fazer quando está de cabeça quente, ou, como é o meu caso, ansiosa. As ruas da vizinhança estavam desertas como era comum em um sábado à noite em Londres. Passei rapidamente por elas com medo de que se eu demorasse demais observando-as, fosse me arrepender de tudo relacionado a esta noite.

O farol fica vermelho, eu vou desacelerando até o carro ficar imóvel, e logo a imagem dele vem em meus pensamentos, sinto minhas bochechas queimarem, e um calor subir pelo meu corpo, abro mais a janela do carro em busca de ar, mas não sinto nada, é incrível como a noite muda tão rápido.

Alguns sinais depois, estaciono o carro e desço do mesmo, indo em direção ao cheiro de cigarro que me guia entre a escuridão.

- Isso vai acabar te matando – falei quando consegui me aproximar o bastante para ver o seu corpo esguio apoiado em um tronco de árvore, segurando um cigarro preguiçosamente, que logo foi parar embaixo de sua bota.

- Eu sei o que estou fazendo – falou com apenas metade de seu rosto escondido pelas sombras.

- Espero que saiba mesmo – parei em um feixe de luz que vinha de uma torre de iluminação na frente do parque.

- Você está linda – disse me avaliando com os seus lindos olhos castanhos enquanto chegava mais perto.

- Obrigada Jonathan.

- De nada minha gata – ele estava cada vez mais perto, e eu já podia sentir a sua respiração em meu pescoço – e cheirosa devo acrescentar – disse depositando um leve beijo no local e fazendo uma trilha até chegar na minha boca.

- Estava com saudades – balbuciei antes de encostar minha boca na dele. Sua boca tinha gosto de bala de hortelã, as favoritas dele para mascarar o cheiro do cigarro. Enrosquei minhas mãos em seus cabelos e o puxei para mais perto, ele correspondeu ao ato me prensando no tronco de árvore onde mais cedo, ele estava apoiado.

- Eu também – disse depois de finalizar o beijo com uma mordida no meu lábio inferior. Um sorriso se abriu em meus lábios ao olhar para ele, seus cabelos loiros caiam sobre os seus olhos que estavam mais bonitos do que nunca, refletindo o lago que tinha a alguns passos dali, sua jaqueta de couro estava aberta dando uma visão de seu tórax coberto por uma regata branca, ele estava lindo.

- Vamos? – falei pegando em sua mão.

- Aonde?

- Você escolhe.