Eu estava sentada na penteadeira. O espelho estava limpo mostrando minha imagem. A seleção havia me destruído. Há dois meses atrás eu fui selecionada para ser uma das novas rainhas de Cratera. Você pode dizer " uau! Que legal!" mas foi não bem assim.

Sessenta e oito garotas selecionadas para correr em um enorme labirinto com apenas uma saída.

"Corra nos corredores sem fim do labirinto

Os Gremilis estão perto do fim

A saída só uma irá achar,

E o restante, a morte irão encontrar."

Isso foi o que a rainha havia dito. Eu corri, lutei com Gremilis, seres que a corte real de ciência criou para o labirinto no qual ninguém sabe onde fica. Eu corri, lutei, e no fim, achei a saída. Só Deus sabe o que eu fiz para sobreviver. Para no fim de tudo, estar sentada olhando em um espelho. Esperando meu casamento começar, eu ainda penso que tudo aquilo foi por pura sorte. Eu não sairia viva de lá se não fosse isso.

Eu estava com o vestido branco do casamento. O casamento real vai começar. O motivo para que eu coloquei meu nome para ser selecionada foi porque precisava dar uma vida melhor aos meus três irmãos. A qual passam fome quase todo dia. Minha mãe e meu pai haviam morrido á dez anos atrás quando eu tinha onze anos, eles morreram qunado houve um ataque na praça da república. O que você deve saber é que:

a) Os reis e rainhas de Cratera só ligam para si mesmo.

b) Sua vida pode mudar em uma escolha e em uma seleção.

c) Você nunca deve contar com as pessoas que vive no palácio de Cratera.

Ouço passos ao lado de fora do quarto, provável que seja senhor Lodair, o puxa saco da rainha. A porta se abre revelando um homem com aparência não muito velha e nem muito jovem.
- Você está pronta ? - Lodair disse olhando meu rosto pelo reflexo do espelho.
- Ainda não - digo tentando não demostrar meu medo.
Tudo vai mudar, pensei e suspirei. Lodair havia acabado de deixar o quarto e sem demorar muito, a rainha aparece. Minha futura sogra, penso.
- Você está linda - ela disse adentrando no quarto.
Seu vestido vermelho era impecável, seu chapéu mostrava sua pele que mesmo começando a enrugar, era linda.
- Obrigado - digo - a senhora está linda como sempre majestade - faço uma referência. Mesmo que irei ser a nova rainha daqui a alguns meses, era preciso falar com a atual assim.
- Acho que meu filho não merecia ninguém melhor que você como sua mulher - ela diz sorrindo - eu vi você no labirinto, eu a acompanhei em tudo e mantive você viva.
- Como? - digo piscando sem entender o que ela queria dizer.
- Você lutou bravamente, minha querida – ela disse colocando a mão em meu rosto. – tão pequena eu a vi lutando para cuidar dos irmãos sozinha, Mantive você viva no labirinto porque era você que eu havia visto uma coisa que vi a alguns anos atrás em mim.

- E o que seria, majestade? - digo fazendo um gesto para que ela colocasse o colar em meu pescoço.

- Bravura, honra, simpatia - ela disse colocando o colar - e principalmente, sacrifício.

Me virei olhando seus olhos castanhos profundos. Assim como eu, ela foi uma sobrevivente no labirinto.

- Porque continua com ele? - digo com um tom de súplica - porque não acaba logo com o labirinto? Quantas meninas terão que morrer para isso tudo acabar?

- Minha cara, temos milhões de súditos - ela disse dando às mãos a minha - e isso mostra como podemos nos livrar da metade, sem nenhum esforço - ela sorriu - no seu reinado, ele irá continuar e no reinado de sua filha, de sua neta. E assim por diante. Você em breve verá que é necessário isso.

Eu sorriu para ela fingindo compreender o que ela acabara de dizer. Faltam poucos minutos para ser parte da realeza, pensei. E daqui a alguns meses, rainha de verdade. Quem sabe não posso acabar com isso?

- Está pronta? - ela disse me levando até a porta do quarto e sinto um embrulho na boca do estomago.

Faço que sim com a cabeça e juntas saímos para o grande e lindo corredor do palácio. Andei segurando o vestido, não era necessário, pois tinha duas mulheres evitando-o que arrastasse no chão, mas meus nervos estavam à flor da pele.

Andei seguindo a rainha, ela parou em frente a uma grande porta com cristais e desenhos nela. Finalmente chegou a hora, pensei.

O rei me deu o braço para que o pegasse. Eu peguei e ele me guiou até um pouco à frente. A rainha entrou com o segundo filho, seguindo ela, sua filha de dezessete anos ia com um vestido que realçava a cor dos seus cabelos louros.

- Você está linda - o rei disse em meu ouvido - seu pai estaria orgulhoso por tudo que fez.

- Obrigada! - digo e respiro fundo.

As portas se abriram mostrando o grande salão com bancos. Pessoas estavam de pé. A música tocava e lá na frente perto do padre eu o vi. Lá estava Aiden, o príncipe a qual iria me casar.

A música clássica começou a tocar e o rei me conduziu pelo tapete vermelho, estava andando rumo ao meu destino. Os sons e as imagens do labirintos tornou a voltar em minha cabeça enquanto andava até o meu " felizes para sempre".

Tentei afastar os pensamentos, mas não saia. Parei diante de Aiden que estava sorrindo. Ele me estendeu a mão e eu a peguei, pude ver os olhos de felicidade da rainha e os sorrisos de alegria de meus irmãos.

O labirinto havia me corroído, mas não havia me matado. Só de ver que meus irmãos teriam uma nova vida sem miséria, já me fazia sorrir. Sorri para eles e me virei para Aiden.

- O início de uma nova vida - ele disse e sorriu.

- Sim - eu disse e nos viramos para o padre.

O início de uma nova vida, pensei. Estava com medo de um casamento. Mas afinal, existem coisas bem piores para nos dar medo, e sem dúvida alguma, o labirinto era a maior delas.