P.O.V. Kurosaki Karin

O despertador chamou ao lado da minha cama, e eu o arremessei do outro lado do quarto.
Não poderia ser, simples assim, estava cedo de mais para já estar na hora de acordar...

— Karin-chan! Acorda logo! — escutei a voz da Yuzu batendo na porta do meu quarto.

— Argh' já vou Yuzu! — falei rolando para fora da cama, dando de cara com o espelho na parede...

Fazia 9 anos que o antigo quarto do Ichi-nii agora era meu... As coisas haviam mudado bastante, a garota maníaca por futebol que costumava viver aqui parecia ter sumido, mas lá estava ela ( http://tinypic.com/r/152j1j9/8 ) no espelho me encarando com os mesmos olhos cinzentos e determinados, o cabelo dela ainda era preto, mas agora eram longos, quase batendo em sua cintura, no momento, sentada no chão ela não parecia ter 1,73 de altura, e qualquer traço infantil, no corpo ou no rosto foi levado embora pelo tempo... Eu deveria parar de me descrever como se fosse outra pessoa, só me fazia parecer mais estranha.

Levantei do chão e me espreguicei, e depois troquei o pijama por uma roupa qualquer: um calça jeans escura, uma blusa branca leve e um all star vermelho, mas não pense que eu estava de folga, ser shinigami substituta era como fazer hora extra a vida toda e não receber nada por isso, alem de que eu estava fazendo faculdade, pois como falei, ser shinigami não paga minhas contas.

Enquanto descia para a cozinha, me lembrei de como eram as coisas antes. Apesar do meu pai falar que preferia agora, que só tinha ele e mulheres em casa, era evidente que ele sentia falta do Ichigo, e eu não poderia culpa-lo, todos nós sentíamos.

Me sentei na mesa, e lá estava ele, lendo um livro de medicina, ele não havia mudado muito, só parecia um pouco mais baixo, e os cabelos brancos começavam a fazer seu cabelo parecer acinzentado.

Yuzu estava colocando as comidas na mesa ( http://tinypic.com/r/2vlwnq1/8 ), ela não havia mudado muito para mim, sua personalidade ainda era meiga, o que realmente fazia diferença era o seu cabelo, agora cumprido, e seu corpo mudado pela puberdade, ela era um pouco menor do que eu (1,70 de altura), e ela se parecia muito com nossa mãe, até pelo fato de ela ser uma Quincy. Quando descobrimos isso, o papai resolveu abrir o jogo e contar sobre a verdade entre ele e nossa mãe. Ficamos surpresas, claro, principalmente sabendo que ela é uma das únicas que restaram após a guerra dos mil anos (a Soul Society a poupou pois ela não se envolveu na guerra, pelo menos essa foi a desculpa deles, todos sabiam que era porque ela era irmã do Ichigo), mas os três shinigamis do gotei 13 que eram responsáveis por Karakura tinham que ficar de olho para que ela não desse a louca e saísse destruindo tudo que vê pela frente, e mais tarde eu falo sobre os três.

A última integrante da mesa era a Maya ( http://tinypic.com/r/262r6zr/8 ), ela é uma arrankar, quando achamos ela, teríamos a matado sem pensar duas vezes, mas ela estava tão assustada por um hollow medíocre quando à achamos que concluímos que ela não poderia ser tão má, e estávamos certas, faz três anos que ela mora com a gente, e aparenta ter algo entre 18 e 20 anos, não muito longe de mim e da Yuzu, com 22. Maya tem os cabelos rosa escuro, os olhos castanhos um pouco rosados também, sua máscara quebrada se pareciam duas orelhas de gato no meio do seu cabelo, mas ela sempre a mantinha escondida ou por uma faixa ou uma touca, ela possui 1,65 de altura. Não só ela, quanto muito dos arrankars agora eram nossos aliados. Nossos que eu digo, do lado dos shinigami contra os hollow.

Escutei a campainha tocando e Maya correu para atender, como ela estava de touca, não havia problema, até porque eu já havia reconhecido as três reatsus na porta, elas pertenciam à Unohana Kuroichi, Kyouraku Raiko, e a mais conhecida delas, a Hitsugaya Toushirou.

Bem, nesses 9 anos, maior parte das tentativas de controlar a explosão de hollows da Soul Society falhou (já que eles não reconhecem eu, a Yuzu e a Maya como tentativa deles) até que alguém resolveu apelar e mandar 3 oficiais de uma vez, o taichou do décimo bantai, Hitsugaya Toushirou, o fukutaichou do oitavo bantai, Kyouraku Raiko, e o 4° oficial do décimo primeiro bantai, Unohana Kuroichi, e desde então as coisas em Karakura tem ocorrido bem.

Me virei para a porta para encarar os três, Toushirou, assim como eu, havia mudado muito ( http://tinypic.com/r/2mg5ouq/8 ), seu cabelo continuava branco e com o mesmo corte de sempre, e seus olhos também continuavam verde-claro, frios e rígidos como o elemento se sua zanpakutou, bem como o seu humor, porém, ele era agora bem mais alto do que eu, com 1,85, e seu rosto e o seu porte físico haviam deixado para trás qualquer traço infantil. Eu era, e ainda sou apaixonada por esse idiota desde que conheci ele (sabe aqueles lances de amor à primeira vista? Se encaixa completamente), mas eu nunca consegui falar isso para ele, nossa relação não passava de profissional, e de vez em quando de amigos, era só.

Raiko é filho do soutaichou Kyouraku e sua fiel fukutaichou Ise, ( http://tinypic.com/r/33xzlzl/8 ) ele tem os olhos azul-anil e o cabelo negro liso, sua pele é clara e ele tem 1,87 de altura, ele tenta o máximo possível fazer o seu próprio nome, e sair da sombra do pai dele, e foi por isso que ele veio voluntário para esta missão em Karakura, e sua personalidade era a melhor parte dele, ele adora ler, e é muito inteligente, mas também é divertido, ama brincadeiras e é, sem sombra nenhuma de dúvidas, meu melhor amigo.

Kuroichi é um caso sério, ele é filho de Zaraki Kenpachi e Unohana Retsu, sua aparência é simples ( http://tinypic.com/r/2814h9u/8 ), cabelos negros lisos e um pouco grandes de mais, e olhos da mesma cor, 1,90 de altura, uma cicatriz atravessando seu rosto, descendo pelo lado esquerdo de sua testa, fazendo uma pequena falha em sua sobrancelha, passando pela pálpebra, depois pela sua bochecha, pegando a ponta de seus lábios e finalmente acabando em seu queixo, e seu gênio era bastante difícil, e por nos parecermos tanto que não nos dávamos muito bem, assim como eu, ele queria ser sempre o melhor, então estávamos sempre competindo, mas ao contrário de mim, ele era calado e na dele, e possuía um passado sombrio ligado à sua cicatriz, que ele escondia de todos nós.

— Kuro-san, Raiko-san, Toushirou-chan, ohayo! — exclamou minha irmã vendo eles.

— É Hitsugaya-taichou, Kurosaki — falou Toushirou se aproximando.

Meu pai começou a ter uma crise de riso, não era mais segredo que ele já foi taichou do Toushirou por aqui.

— Deve estar se sentido todo importante neste cargo — riu ele — Toushirou, um dia você vai ver que isso é só um título bonito que não significa nada.

Toushirou não respondeu, apenas revirou os olhos e sentou do meu lado e se serviu com a minha nutella, como de costume, eu nunca me importei de estar próxima dele, e simplesmente não entendia garotas que ficavam coradas por isso.

— Essa nutella é minha, idiota — falei tomando dele.

— Pensa rápido, Karin — identifiquei a voz do Raiko, mas não fui rápida o suficiente, a nutella já estava nas mãos dele.

— Claro, itadakimasu! — falou Maya, que estava no sofá se deliciando com a nutella.

— Ei, usar sonido não vale! — protestou Raiko.

— Falou o cara que usou Shunpo para pegar ela de mim — falei revirando os olhos.

— Ei! Parem com isso! Tem nutella para todo mundo! — Yuzu pegou a nutella da mão da Maya e colocou no centro da mesa, onde todos, inclusive eu nos servimos.

Os meninos sempre vinham fazer suas refeições por aqui, então não era nenhuma surpresa a presença deles, e quando terminamos nos despedimos do meu pai e saímos.

— O que vocês vão fazer hoje? — perguntou Maya para todos nós.

— Bem, eu vou ir para aula — falei — a Yuzu também.

— Para falar verdade eu tenho o dia livre hoje — falou minha irmã — mas eu vou ir treinar, muito do conhecimento quincy foi perdido, eu tenho que me esforçar para re-descobrir sozinha.

— Isso faz com que eu tenha o que fazer também — falou Kuroichi, ele foi o shinigami que originalmente foi mandado para vigiar minha irmã em seus afazeres quincy, e a seguia sempre que ela ia treinar ou algo do gênero, antes escondido, mas agora era abertamente.

— E vocês? — Maya fez um biquinho para os outros dois.

— Bem, eu vou ir importunar a vida da Karin na faculdade — falou Raiko, eu tinha esquecido que ele havia entrado na faculdade só para me encher o saco.

— Vou patrulhar Karakura — respondeu Toushirou secamente. Eu não ligava para ele ser frio comigo, mas quando era com a Maya ou a Yuzu era simplesmente insuportável.

Maya bufou e voltou a sorrir:

— Bem, então acho que eu vou dar uma volta também, do outro lado da cidade para o capitão-do-gelo-chan não precisar me ver — ela saiu saltitando na nossa frente — até mais gente — ela acenou e saiu correndo, sua espada estava em suas costas de forma com que ela parecia apenas uma praticante de kendo.

— Você é muito grosso, Toushirou — falei.

— É Hitsugaya-taichou, Kurosaki, porque vocês me fazem repetir isso tantas vezes? — ele nem se quer olhou para mim para responder, o que me deixou muito brava.

— Você é um grande idiota! Não sei como chegou em um cargo tão alto! — exclamei e sai pisando duro para a faculdade.

— Espera Karin! Esse gigai é horrível pra correr assim! — Raiko correu atrás de mim, eu sabia que o gigai dele foi feito para usar o shunpo, e não correr normalmente.

— Eu não ligo — continuei andando para longe.

— Espera — ele segurou minha mão e me obrigou à olhar para ele — Karin, o que nós já conversamos sobre o taichou?

— Que ele é só um idiota? — perguntei me fazendo de boba.

— Não, isso é o que você conversou com você mesma sobre ele, agora o que você conversou comigo? — ele sorriu.

— Que ele não é assim porque ele quer, e que ele nem estaria aqui se pudesse escolher — falei revirando os olhos.

— Boa garota, agora vamos para a faculdade.

— Sim, claro.

Acho que eu esqueci de mencionar, eu estava na faculdade de enfermagem, e o Raiko entrou junto comigo, para "se distrair enquanto estava no mundo humano", mas eu sabia que era para me importunar, alem de que ele, antes de ser chamado para ser fukutaichou, ele fez parte do quarto bantai, o que também explica o interesse dele em medicina humana.
Seguimos nosso caminho sem muitos obstáculos, o que era bastante raro.

P.O.V. Hitsugaya Toushirou

Porque a Karin e o Kyouraku eram tão próximos? Eu me indagava enquanto patrulhava, não que isso me incomodasse, claro, não havia porque me incomodar, mas mesmo assim, eu a conhecia há muito mais tempo do que ele, e mesmo assim... Não, eu não deveria estar pensando nisso e pronto. Mas porque ela sempre briga comigo? As vezes era do nada, igual hoje... Eu odiava isso nela...

Toushirou, quer para de pensar na Karin? Ela nem sonhava que eu pensava nela como Karin, já que sempre a chamava de Kurosaki (mesmo que fosse confuso, já que chamava os irmãos dela da mesma forma). O problema que quanto mais eu tentava parar de pensar nela, mais eu pensava... Tem sido assim por muito tempo... Mais do que eu gostaria de admitir...

P.O.V. Kurosaki Yuzu.

Entrei para a sala secreta do hospital de Karakura, era um lugar particular da família Ishida, mas Ryuken havia me deixado entrar, já que, agora que seu filho estava condenado na Soul Society, eu era a última esperança quincy viva.

Este lugar também já não era segredo para o Kuroichi, ele sempre me seguia aqui dentro, mas como era o trabalho dele, e as condições para eu continuar meus deveres, eu o aceitava.
Ele escorou as costas em uma parede e ficou me observando. Eu convoquei meu arco e comecei a treinar minha mira. Ela já era perfeita, mas cada milímetro fora do meu planejado me incomodava.

— Sua mira já não está boa não? — perguntou o shinigami, eu sentia seu olhar nas minhas costas, era muito anti-instintivo permitir esta situação, mas eu confiava nele.

— Ainda não... Porque você não vai meditar com sua shikai? Ninguém vai ficar sabendo — me virei para sorrir para ele, que revirou os olhos.

— Eu não queria estar aqui, e você sabe disso, eu estou perdendo meu precioso tempo de treino para ficar te olhando treinar a mira todo o dia. — ele prtestou.

— Então que tal treinarmos juntos? — sorri para minha própria idéia, e ele estreitou os olhos, mas por fim ele sorriu, entortando sua cicatriz.

— Você quem pediu. — ele saiu do gigai e empunhou sua zanpakutou.

Ele investiu contra mim, e eu o corri pela sala, minha vantagem era a longa distância, sempre que eu atirava, me certificava de que a flecha não chegaria até ele sumindo há alguns centímetros de sua pele, e ele, quando me atacava, virava a espada, para que apenas a parte sem fio encostasse em mim.

Continuamos pelo resto da tarde.