Hinan escrita por Hakiny


Capítulo 43
A Filha Mais Nova




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/564592/chapter/43

— isso mesmo. Olhos bem abertos!
Lily sorria enquanto observava Vallery despertar.
— Lily…
Val se colocava de joelhos.
— oi.
Lily sorria aliviada para a amiga.
— eu sinto mui…
— shii.
Lily fazia sinal de silêncio para Vallery. Vagarosamente a garota se aproximou do ouvido da guerreira e cochichou.
Após afastarem os rostos, Vallery arregalou os olhos.
— mas Lily…
— acabe com isso de uma vez e nada de ruim vai acontecer.
A maga explicava. Uma explosão fez a guerreira se assustar.
— quem está lutando?
Vallery tentava reconhecer os indivíduos em batalha.
— Butcher, Allk, Dragon, Erii e Jon.
— Jon…
Vallery sussurrou. O homem que ela tanto odiou. O motivo de ter desperdiçado tantos anos de sua vida mergulhada em rancor. Finalmente seu coração estava calmo. Jon não era um monstro. Ela também não, após chegar no fundo poço Vallery então entendeu o que o ódio pode fazer com as pessoas. Perdoar Jon não traria seu pai de volta, matá-lo também não.
— aguente firme Lily.
Vallery abraçou a amiga e se levantou.
— Val!
Sayo e Lucy vieram ao encontro da guerreira recém despertada.
— eu sinto muito por tudo o que eu fiz meninas.
— o importante é que você está aqui agora!
Sayo enxugava seu rosto.
No campo de batalha Jon e Céverus travavam uma batalha intensa. Espadas se chocavam com um trincar ensurdecedor.
Crateras gigantescas se formavam no solo que sustentava os dois guerreiros. Rochas se resumiam a poeira e o ar parecia formar redemoinhos a cada golpe desferido.
Jon estava visivelmente cansado, Céverus se mantinha inabalável, mas seu rosto emanava entusiasmo.
— está divertido pra você?
Jon dizia ironicamente, intercalando sua respiração ofegante.
— você não imagina o quanto!
Céverus avançava com a espada em punho. Jon se defendeu, mas o impacto o fez ser lançado longe. Antes que pudesse se pôr de pé sentiu a lâmina rasgar seu peito num corte reto e de raspão. Gritou com a imensa dor, o segundo golpe foi impedido pela espada de Dragon. Jon engatinhou para longe, precisava de tempo para se recuperar. Viu Dragon cair, Butcher e Allk vieram em seguida. Um golpe, dois guerreiros caídos. Jon precisava de tempo, mas não tinha. Mesmo ferido avançou rumo ao inimigo, sua espada foi parada pela mão firme de Céverus. Um estalo denunciou o quebrar da mesma, instintivamente puxou a sua lâmina incompleta de volta e a direcionou para o rosto de Céverus. O inimigo desviou, Jon pode ver alguns fios de seus longos cabelos brancos sendo cortados pela lâmina da espada. O shikõ sentiu seu braço sendo agarrado. Ele não tinha muito tempo, e nem muitas opções. Usou seu braço esquerdo para tirar uma adaga da bota, sem hesitar a cravou no pescoço do inimigo. Sangue jorrou e antes que pudesse se afastar Jon sentiu seu braço quebrar, rodou pateticamente no ar e parou com um soco no estômago o atolando no chão.
— você não estava brincando quando disse que sempre tinha uma lâmina reserva.
Céverus mantinha uma expressão admirada enquanto retirava a adaga de seu pescoço. Os olhos de Jon se arregalaram ao notar o buraco da ferida se fechando em um piscar de olhos.
— você é monstruoso…
Jon sussurrava enquanto engasgava com seu próprio sangue. Aquele soco realmente tinha feito muito estrago.
— devo admitir que me diverti bastante.
Céverus pressionava o corpo de Jon Contra o solo com a sola do pé — mas não tenho tempo pra esperar você se recuperar.
Os olhos de Jon estavam inquietos, buscava alguma coisa que o pudesse livrar daquela situação, ele não podia desistir, não podia quebrar a promessa que havia feito. Viu o brilho da espada de Céverus se aproximar de seu corpo. Era tarde demais. A última vez que Jon havia orado tinha 6 anos, não se lembrava de alguma palavra bonita para dizer a Deus naquele momento, mas esperava que de alguma forma esse bondoso Deus de quem todos falam fizesse algo por seus filhos. Seus filhos… talvez um ser tão poderoso e divino, não quisesse alguém que já fez tantas coisas cruéis como filho.
Mas não era por ele que pedia. Jack, Andy duas crianças que ele havia educado erradamente. “Eles são inocentes eu juro”
Jon sentiu sua lucidez abandoná-lo.
Será essa a última sensação antes da morte?
— boa noite Jon.
A voz fria de Céverus fazia Jon tremer.
Mais uma vez, uma segunda espada o livrara da morte iminente.
Sentia em seu rosto um calor inebriante exalando da Masayoshi. Os cabelos dourados de Vallery dançavam ao vento. Sua expressão firme, acompanhada de sua pose de batalha digna de respeito, o fez repousar a cabeça no chão com um certo alívio.
— viva?
Céverus debochava — creio eu que veio vingar seus amigos mortos.
— não.
Vallery o encarou firmemente — vim livrar o universo da sua existência. Céverus, eu, portadora da Masayoshi vou por fim a sua linhagem demoníaca.
Ao lado do corpo inconsciente de Raque, Lily sentiu o medo tomar conta de seus pensamentos. Afinal Raque era a próxima da linhagem.
Sem mais delongas, Vallery partiu para a batalha. Habilmente Céverus desviou do primeiro golpe. Usando o pé esquerdo para tomar impulso, a guerreira trouxe a lâmina de volta na direção do inimigo. Céverus usou sua espada como proteção, a Masayoshi então vibrou como um grito de guerra e o fez ser empurrado para longe. Vallery não permitiu que ele tivesse tempo para se recompôr e o atacou com mais intensidade, lançando a espada inimiga longe e o acertando no ombro. Céverus saltou para uma distância segura e a encarou perplexo.
— venha para a batalha covarde!
Vallery lançava um olhar de ódio para o inimigo.
Ainda sentindo fortes dores, Jon arrastava os três companheiros feridos para fora da zona de confronto. Após terminar sua pequena, mas árdua missão Jon observou os adversários por alguns segundos. Não sabia se era coisa de sua cabeça, mas o sol, antes coberto por nuvens negras e densas, agora deixava vazar seus raios majestosos em direção a Vallery, a deixando com um brilho dourado magnífico. Já haviam se passado um certo tempo e o ombro de Céverus permanecia ferido, fazendo jus a fama de única arma capaz de ferir o filho mais novo.
— que a justiça seja feita!
Jon dizia ironicamente enquanto permitia que seu corpo pousasse no chão.
Céverus tinha uma expressão confusa, estava assustado.
— se não vem até mim.
Vallery manuseava a espada de um lado para o outro, parecendo zombar de seu adversário — eu vou até você!
Vallery golpeou o ar, e uma imensa onda de energia seguiu no ar em direção a Céverus. Uma explosão tirou de todos ali presente a imagem do inimigo. Rapidamente a luz se desfazia e uma montanha de cadáveres despedaçados tomava a frente de Céverus.
— kotonarus…
Vallery sussurrava — trave suas próprias batalhas!
Antes que Vallery tivesse tempo de pensar seu redor foi tomado por bestas gigantescas.
— droga…
Jon tenta se por de joelhos, em vão. Apesar de estar em um nível elevado, precisaria de alguns minutos para se curar.
— ai minha cabeça.
Raque recuperava os sentidos.
— finalmente!
Sayo chacoalhava a garota.
— oi Say…
— Raque!
Lucy se aproximava da maga. Um pouco tonta Raque se levantava.
Um pouco distante das outras Lily estava de joelhos, algumas gotas de sangue no chão chamaram a atenção de Raque. Talvez o foco constante na batalha tivesse tirado a atenção de Lucy e Sayo da pequena maga.
— Lily?
Raque se agachava para alcançar a garota.
Vagarosamente Lily levantou o rosto na direção da amiga. Seu sorriso aliviado, carregava o tom vermelho do sangue que cobria seu rosto por inteiro.
— meu Deus Lily!
Raque a abraçou, o mais depressa que conseguiu — o que você está fazendo? Pra que usou tanta magia?
Raque chorava em desespero. Em silêncio Lily erguia a mão, deixando a vista um fio prateado que seguia até o campo de batalha.
— está mantendo a Vallery viva com magia…
— força vital.
Lily sussurrava, visivelmente sem forças — ela está se movendo com a minha força vital.
— para Lily!
Raque segurava firme os ombros da pequena garota — para agora!
— eu só preciso aguentar mais um pouco…
Só mais um pouco.
Lily parceria querer perder a consciência, mas logo em seguida forçou seus olhos a ficarem abertos. A hemorragia persistia e a batalha também.
Os kotonarus surgiam como formigas ao redor da guerreia; Vallery resistia firme; cabeças e membros voavam seguidas por jatos de sangue.
Uma das bestas agarrou firme a Masayoshi entre os dentes, Vallery sentiu a aproximação de mais um animal, mas o viu cair diante de seus olhos com uma flecha cravada na cabeça.
Do alto de um pequeno barranco Lucy treinava a mira. Val nem sequer notou a shuriken que dançava morte ao seu redor, dilacerando tudo o que via pela frente, até pousar nas mãos treinadas de sua dona.
— obrigada meninas!
Vallery sorria ao ver seus parceiras em batalha.
Do outro lado do campo de batalha, protegido por um exército de kotonarus, Céverus não escondia seu desespero.
— Taiko!
Ao ouvir o chamado o servo se aproximou.
— senhor?
— vá até a sociedade, e traga o que vim buscar!
Sem nenhum resposta adicional, Taiko apenas acenou positivamente com a cabeça e partiu.
— são muitos!
Sayo gritava para Lucy que apenas confirmava o perigo com sua expressão preocupada.
O número de bestas crescia a cada segundo, surgindo de todos os lados.
— isso é o inferno…
Jon arregalava os olhos diante da legião de kotonarus que se aproximava.
— não vamos dar conta disso.
Allk encarava o obstáculo a sua frente.
O céu inteiro estremecia devido aos raios invocados por Butcher, mas nada era suficiente, pareciam infinitos.
— Allk! Derrube quantos conseguir!
Jon dizia com um tom de voz sério. Sem questionar Allk adentrou o redemoinho de monstros.
— ainda não está bom...
Jon tocava a ferida um pouco menor, mas ainda aberta — mas vai ter que dar.
— fica frio Senpai…
Jon olhou assustado para a direção da voz — a cavalaria chegou!
Jack estava a frente de um pequeno exército composto por pouco mais de 50 shikõs.
Talvez sua pose de durão fosse o único obstáculo que o privava de deixar que suas lágrimas de orgulho fossem derramadas.
— FERREM COM ELES!
Jack gritava eufórica enquanto avançava ao campo de batalha.
— vai Vallery!
Butcher destroçava os monstros que cercavam a guerreira — acabe com ele!
Vallery assentiu e usando as bestas como escada finalmente alcançou o inimigo.
— chega de delongas Céverus.
Vallery caminhava vagarosamente em direção ao inimigo, com a espada em punho preparou-se para atacar mas caiu de joelhos ao sentir uma enorme dor.
— LILY!
O grito de Raque foi ouvido do outro lado do campo de batalha. Vallery se virou instintivamente e antes que pudesse entender o que havia acontecido ouviu um barulho ensurdecedor a sua frente. Voltando sua atenção novamente para o inimigo, notou Céverus tão perto que sentiu medo. O adversário carregava uma expressão de ódio e desespero ao golpear incessantemente um campo de energia dourado que cercava a guerreira “a Masayoshi não quer que isso acabe assim” Vallery pensou. Mas sentia seu corpo pesado, não era capaz de se mover, o seu ferimento no abdômen havia aberto novamente.
Aos poucos sua visão estava ficando embaçada e conforme seus olhos se fechavam o campo de energia ficava mais claro e aparentemente mais fraco. Uma pequena rachadura surgiu, resultado dos ataques de Céverus.
Vallery estava sentada no chão, apoiada na espada, mais rachaduras apareciam. Ela precisava se manter acordada; precisava se manter firme. Antes que percebesse estava cercada por uma poça de sangue, seu próprio sangue.
Uma explosão fez Céverus recuar. Vagarosamente Jon caminhava em direção ao inimigo, erguendo a espada que a pouco havia roubado de Jack. Olhou para Vallery como se dissesse com o olhar que agora estavam quites.
E avançou para a batalha, era a vez de Vallery de descansar.
**
— Lily! Lily!
Raque balançava a amiga semiconsciente — Lily! Corte a ligação agora!
— não posso…
Lily se colocava de joelhos, algumas rachaduras de uma cor clara surgiam em seus ombros.
— Lily você vai morrer…
Os olhos de Raque se enchiam de lágrimas.
— todos temos que fazer um sacrifício não é mesmo?
A pequena maga forçava um sorriso.
Um pequeno muro de pedra impediu que um kotonaru atacasse as duas garotas. Raque nem havia percebido que estavam desprotegidas há algum tempo com a partida de Sayo e Lucy.
Erii estava de volta e matava qualquer animal que se aproximasse.
— que diabos está acontecendo com a Lily?
O shikõ observava a expressão abatida da garota e todo o sangue que a cercava, Lily estava pálida e se assemelhava a um cadáver.
Mais monstros se aproximavam dos três, aparentemente atraídos pela movimentação de Erii. Sem hesitar o shikõ ergueu quatro muros de pedras que os isolou da confusão.
— Lily…
Agora livre dos ataques dos monstros Erii se aproximava da garota.
— está tudo bem…
Lily sussurrava em meio a arfadas desesperadas.
— MEU DEUS DO CÉU LILY! NÃO ESTÁ NADA BEM!
Erii se descontrolava.
— que estresse…
Lily se recostava na parede que estava atrás de suas costas.
Uma explosão fez todo os muros irem a baixo. Diante dos três uma criatura gigante segurando um tacape os encarava.
— um minotauro…
Erii se mostrava perplexo, seus muros de pedra seriam inúteis diante daquele monstro.
Passos gigantes denunciavam a aproximação de mais dois iguais.
— meninas…
Erii suspirou — fujam.
Ele sussurrou em um tom audível — as coisas vão ficar feias aqui.
Antes mesmo que Erii pudesse terminar sua fala mais kotonarus se aproximaram, dezenas deles. A sua frente guerreiros cercados por monstros de todos os lados. Com um semblante desanimado, Erii se via diante de uma batalha perdida.
O tacape do minotauro se aproximava de Erii com uma velocidade surpreendente, mas aos seus olhos tudo parecia tão lento, tão sem sentido.
— JA CHEGA!
O tacape parou a poucos centímetros do rosto do shikõ, ao som autoritário daquela voz fina e familiar. Pouco a pouco a arma gigante se afastava de Erii, recuando juntamente com o minotauro. O silêncio reinou no campo de batalha, os kotonarus estavam imóveis, e os guerreiros perplexos com aquele acontecimento.
Vagarosamente Raque se aproximava da zona de confronto.
— nenhum de vocês vai atacar meus amigos, estão ouvindo? É uma ordem!
Raque dizia em um tom de voz alto e sério.
Todos os animais recuaram na direção de Céverus. Jon se distanciou do bando e arrastando Vallery pelo braço se juntou aos demais guerreiros. Uma linha invisivel parecia dividir o bem e o mal, e Raque parecia ser o meio de tudo isso.
Céverus estava atônito.
— QUEM VOCÊ PENSA QUE É CRIANÇA MALDITA?
O miraniano tinha um ataque de fúria.
De frente para ele Raque se mostrava indiferente. Um pequeno sorriso surgiu em seus lábios e ela o encarou.
— a filha mais nova.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Hinan" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.