Hinan escrita por Hakiny


Capítulo 4
Vovô Kannot?


Notas iniciais do capítulo

Vallery finalmente conhece suas colegas de quarto.
O passado dos três Shikõs de classe alta está cercado de mistérios... Qual será a origem da pequena menina Shikõ?
Tudo isso e muito mais no quarto capitulo de Hinan... nuss que clichê O.o
Boa leitura :)



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Era difícil para Vallery aquela situação, por conta da sua saída apressada da I.O.S ela foi obrigada a ficar três dias em um quarto sozinha, enquanto os monitores da I.O.S tentavam achar um outro quarto onde ela pudesse conviver com outros recém-chegados.

– por aqui senhorita.

Um homem alto de cabelos claros conduzia Vallery até o seu quarto.

Sentada em sua cama Vallery observava a movimentação vinda dos corredores, havia rostos confiantes, alegres, ansiosos, apreensivos mas nenhum ali parecia ter alguma característica, no minimo parecida com ela.

Pra dizer mesmo a verdade nem Vallery conseguia descrever o seu perfil, não sabia bem o que sentia. Levando a mão até o zíper da mala, ela a abriu, retirou seus objetos pessoais e começou a arruma-los no criado mudo. No fundo da mala, enrolado em um tecido de seda vermelho, estava o bem mais precioso de Vallery, uma foto sua e de seus pais. Seu coração doía. Sim, ela sabia bem qual era o seu perfil, ela tinha o perfil de alguém que estava pronta para pagar qualquer preço pela vingança.

– fico feliz que estamos no mesmo quarto! Vallery não é mesmo?

Lily interrompeu os pensamentos de Vallery:

– sim e você é a Lily!

– huu que bom que você se lembra de mim!

Lily dizia com um sorriso no rosto.

– Bom Val... posso te chamar assim?

– claro que pode!

Vallery respondia a pergunta de Lily com um sorriso.

– então tá! Como estava dizendo, essa é a Lucy e aquela é a Sayo!

Lily dizia apontando para as outras duas colegas de quarto. Talvez pelo nervosismo, Vallery não havia percebido a presença delas.

– Lucy?

Vallery dizia enquanto se lembrava da garota que ela havia conversado na fila de inscrição da I.O.S.

– Semana que vem vai ser nossa próxima prova né?

Sayo perguntava demonstrando estar um pouco apreensiva.

– sim, as quatro provas são de sorte, resistência, raciocínio e por fim habilidade.

Lily respondeu pacientemente a pergunta de Sayo.

– eita, então vai dá ruim.

Arqueando uma das sobrancelhas, Vallery estranhava um pouco a forma que ela falava.

Notando a surpresa de Vallery, Lily explicou.

– a Sayo é da Hinan do Oeste, lá é comum a agricultura e pecuária, além de ser povoada com pessoas bem tradicionais, a Sayo é basicamente nosso poço de cultura.

Tirando seus longos cabelos lisos e negros do seu campo de visão, Sayo sorriu e acenou. Vallery sorriu de volta.

– você já foi lá?

Vallery perguntou curiosa.

– na verdade não, eu só viajo mesmo através das páginas de um bom livro.

Lucy observava tudo sem dizer uma palavra. Vallery sentiu vontade de perguntar mais sobre ela, de onde ela veio, qual era seu objetivo ao entrar para I.O.S... ela sentia que Lucy era diferente das outras, via em seus olhos que participar da I.O.S não era só um capricho!

Mas preferiu se calar e respeitar a barreira de privacidade imposta por ela.

– vovô, o que são Kotonarus?

No palácio central Kannot e Raque tinham mais uma de suas muitas conversas.

Atento a pergunta que a pequena garotinha havia feito, Kannot se sentou em alguns degraus que ficavam perto da sala de treinamento dos Shikõs:

– venha até aqui Raque.

Sem demora Raque correu em direção a Kannot.
– Sente-se pequena.

Raque sentou e o olhou atentamente.

– há muitos anos, existia uma vila aqui nesse lugar, conhecida como vila das flores, pois possuía uma grande quantidade de flores de espécies variadas.

Aqui era realmente lindo! O perfume que exalava por todo local era magnifico. Todos os moradores da vila viviam tranquilamente, afinal a vila das flores era realmente um lugar muito pacífico. Até que um dia um meteoro caiu nas proximidades da vila.

Alguns moradores foram investigar, mas não encontraram nada de incomum no que havia acontecido.

– e a onde entra os kotonarus vovô?

Raque interrompia Kannot, como qualquer criança curiosa.

– acalme-se mocinha, já estou chegando nessa parte.

Raque se manteve em silêncio. Kannot sorriu e continuou:

– com o passar de alguns dias, os animais da vila começaram a desaparecer.

Todos imaginaram que fosse uma fera selvagem ou algo parecido, mas vários habitantes formaram grupos de busca sem resultados.
Num dia como qualquer outro, algo inusitado aconteceu, criaturas estranhas começaram a aparecer. Bestas gigantescas, com dentes afiados e uma velocidade surpreendente.

Os pobres habitantes dali não estavam preparados para aquilo, dezenas de homens, mulheres e crianças estavam sendo massacrados e devorados.

Os poucos que conseguiram escapar se escondiam em suas casas, bom não todos.

Um rapaz que também havia sobrevivido ao ataque inicial, lutava incessantemente na tentativa de salvar todos que estavam em perigo.

Viajando em suas memórias, Kannot podia ver claramente cada detalhe daquela época. Se lembrou da coragem que o jovem mostrava em seus olhos na luta contra aqueles Kotonarus mesmo sendo apenas um humano comum.

Kannot então se lembrou do cenário daquele dia...

Todas aquelas pessoas gritando, enquanto seus corpos eram estraçalhados. Naquele dia Kannot estava parado, de frente a todo aquele show de horrores.

O pobre velho não era capaz de mover suas pernas, seus olhos cheios de lágrimas não conseguiam distinguir o que via. O tom vermelho das belas roseiras se misturavam com o sangue que cobria a maior parte da aldeia e o cheiro suave das varias flores dali foi substituído pelo cheiro de morte.

Foi então que um liquido quente espirrou nele, passando a mão rapidamente em seu rosto ele viu o que era.
– sangue? Mais sangue?

Kannot gritava desesperado.

– venha rápido pai.

Foi então que o velho sentiu uma mão puxar o seu braço. Olhando para um lado, ele viu o cadáver do Kotonaru que provavelmente o atacaria e do outro lado estava Dragon que o puxava com agressividade.

– então os Kotonarus apareceram depois do meteoro vovô?

Os pensamentos de Kannot foram interrompidos.

– de certa forma. Algum tempo depois, pesquisas feitas pelos humanos concluíram que os Kotonarus nada mais são do que animais comuns que foram afetados por um tipo de energia vinda do meteoro.

– velho, você já notou que está falando com uma pirralha de 8 anos né? Provavelmente ela nem sabe do que você está falando.

Uma voz irônica e levemente fina veio do fundo da sala.

– Tio Jon!

Raque gritava animada.

– tio Jon o caramba!

Ele respondia irritado.

– não seja cruel Jon.

– tsc... não vou seguir seu exemplo e mimar essa pirralha. Vovô Kannot? Isso é novo pra mim...

Antes que Jon terminasse sua frase Dragon entrou na sala de treinos em passos rápidos. Sem dar muita atenção para os que estavam presentes ele continuou seu trajeto. Olhando rapidamente para baixo ele notou a presença de Raque.

– o que essa humana está fazendo aqui?

– não é humana.

Jon resmungou.

Arqueando uma das sobrancelhas Dragon a observou por um tempo, e então percebeu a energia que exalava do corpo dela. Aquela garota realmente era uma shikõ.

– vocês sabem de onde ela veio?

– não Dragon, encontramos ela a alguns dias no desfiladeiro da morte. Ela está sem memória, o que significa sem informação alguma sobre a origem desse fenômeno.

Jon respondeu a pergunta de Dragon.

Kannot se levantou e sem dar muita atenção a Dragon foi andando lentamente em direção a sala do trono.

– ainda esta com raiva de mim Kannot?

Kannot continuou andando sem se importar com a pergunta de Dragon.

– espera vovô!

Raque dizia enquanto corria rapidamente até Kannot.

– vovô?

Dragon perguntava confuso.

– acho que o velho tá muito mole, a pirralha e ele não se separam mais.

Jon dizia mostrando uma certa insatisfação com o que estava acontecendo.

Um pouco distante dali, Kannot e Raque retomaram a conversa.

– vovô quem era aquele cara de vermelho.

– ahh! Você deve estar falando do Dragon... Raque, caso você não saiba, o Dragon já foi um humano assim como eu e o Jon.

Raque arregalou os olhos.

– O Jon? Mas ele é tão forte e cruel... E o Andy disse que os humanos são criaturas burras e fracas.

Kannot riu por um tempo, mas logo parou devido a um ataque de tosse.

– você tem que parar de ouvir as histórias que o Andy fala sobre os humanos, se possível não esculte nada vindo do Jon ou da Jack também. A antipatia que eles tem pelo humanos é muito grande.

– por que eles não gostam dos humanos vovô?

– o Andy e a Jack foram treinados pelo Jon e seguem rigorosamente os seus ensinamentos e de quebra acabam pegando um pouco do seu temperamento. É claro que a parte do temperamento é mais marcante na Jack do que no Andy, já que ele tem uma personalidade bem tranquila.

Foi por isso que eu aceitei que ele fosse seu sensei, mesmo tendo essa visão errada da raça humana, ele não os ataca sem motivo.

– sim o Andy tem um coração bom, ele me defendeu quando o Jon queria me machucar.

– sim, mas no fim quem te salvou foi o Butcher não é mesmo? Não culpo o Andy, ele tem um enorme respeito pelo Jon, afinal, o Jon fez muito por ele. Já o Butcher eu treinei pessoalmente, então é natural que ele se sinta tão capaz quanto o Jon.

Raque ouvia atentamente o que Kannot dizia.

– vovô, porque o Jon detesta tanto os humanos?

Kannot observou Raque por um tempo, e em seguida voltou os seus olhos para o nada, sua mente viajava através do tempo, viajava a trezentos anos atrás, aquelas lembranças dolorosas que deixaram feridas incuráveis no coração dos três shikõs de classe alta. Com um suspiro ele respondeu:

– os humanos feriram ele Raque, não só uma, mas duas vezes.

– mas se os humanos são fracos, como conseguiram feri-lo vovô?

– a ferida de que eu falo é mais dolorosa do que qualquer corte ou hematoma. Mas em fim, está na hora de seu treino Raque!

Kannot dizia apontando para Andy que aguardava encostado em uma das paredes da sala. Raque acenou que sim com a cabeça e se virou para Andy que sorrindo, fez um gesto positivo. Rapidamente ela abraçou Kannot se despedindo e foi correndo em direção ao seu sensei, juntos os dois foram para sala de treinos.

Kannot observando os dois se afastarem, sorriu orgulhoso.

– MESTRE KANNOT!

Cute gritava desesperado enquanto corria em direção a Kannot.

– o que foi meu filho? Que desespero é esse?

Cute parou por alguns segundos, apoiou as mãos sobre os joelhos e ofegante tentava recuperar o fôlego:

– acabo de receber uma ligação da Hinan do Norte, o Coronel Blade quer falar com o senhor, ele disse que é urgente!

Kannot ficou sério, franzindo as sobrancelhas ele demonstrava estar muito preocupado. Não era comum que Blade ligasse para lá, a ultima vez que isso aconteceu o Jon havia atacado uma Hinan e matado muitos. Sem dizer uma palavra ele acompanhou Cute, ambos com passos rápidos.

Aquela ligação reservava muitas surpresas.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo vai ser muito legal :)
vai rolar um pouquinho mais de ação ^^



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