Hinan escrita por Hakiny


Capítulo 19
Miran


Notas iniciais do capítulo

Umas revelações de leve sobre o passado da Raque e de como ela foi encontrada pelos shikõs. Fãs de Hina conheçam Miran (*-*)/



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4 anos atrás...

A neve branca servia como uma folha limpa, que carregava as manchas de sangue daquela batalha. Eram muitas as lágrimas da garotinha que a pouco havia visto a cena que a marcaria por toda a sua vida.
− venha Raque! Rápido!
Um pouco desnorteada pela situação que se encontrava, Raque levantava com dificuldade. Um rapaz alto de cabelos e olhos castanhos, auxiliava a pequena garota.
− ali! Entre naquela nave, eu já a programei para pousar em um lugar seguro.
− mas e você Ally?
A menina perguntava ao rapaz, enquanto entrava na nave.
− ele já esta vindo! Você precisa de tempo.
− como assim? Irmão...
Mais lágrimas brotavam dos olhos da menina.
Com um olhar esperançoso, Ally acariciou a cabeça de sua irmã. Uma lágrima lhe escapou.
− você precisa de mais tempo.
− ainda dá tempo...
− agora vá Raque! Viva! Viva por Miran!
Com essas palavras Ally, fechou a porta da nave, acionando o que parecia ser um controle automático.
Olhando para o céu, o Jovem rapaz notava a nave de sua irmã ia se distanciando e por fim sumindo entre as nuvens.
− deu trabalho pra te achar Ally.
Ally sentiu um arrepio na espinha.
− então você finalmente chegou... Ceverus!
Tirando uma mecha de seus longos cabelos esbranquiçados do rosto, o homem que havia chegado, sorriu diabolicamente.
− a menina foi mandada para longe... imagino que você também tenha entregado a espada para ela? Acha mesmo que conseguirá me vencer sem a Masayoshi?
− pra ser sincero. Não! Mas ganharei tempo o suficiente, para que ela fuja para o mais longe possível! Tão longe, que você nunca será capaz de encontrá-la!
Céverus então gargalhou:
− você não durará nem um segundo!
Com essas palavras, Céverus lançou uma grande quantidade de energia na direção de Ally, fazendo com que ele fosse mandado para longe.
Andando vagarosamente em direção ao seu alvo, Céverus projetou uma espada de energia em suas mãos. Foi naquele instante, que ele foi interrompido por um flash de luz. Olhando para o céu, ele percebeu um campo de força gigante envolvendo o planeta.
− Então você fez um feitiço de selamento?
Ally gargalhava, seus rosto coberto de sangue fazia sua feição parecida com a de um psicopata.
− você, mais do que qualquer um, sabe como funciona esse feitiço não é mesmo? “Se o portador da magia responsável pelo selamento morrer..”.
− o selamento se torna eterno!

Céverus completou. – pois então se prepare Ally, torturarei você todos os dias de sua vida, até que me implore pela morte e então você me libertará.

− ou simplesmente posso me matar e você ficará preso aqui para sempre!

Ally dizia enquanto tirava uma adaga de sua bota. Com um sorriso irônico no rosto, Céverus fez um sinal com os dedos e a adaga voou longe. Aproximando-se do garoto, ele então o ergueu pelo pescoço.

− não será tão fácil pivete! Não será mesmo!

− você nunca a encontrará!

Ally dizia com dificuldades.

− veremos.

**

No canto mais escuro da nave, Raque chorava desesperada. Há alguns minutos ela viu seus pais serem mortos diante de seus olhos e seu irmão... o que será dele?

− já chega Raque! Já foi longe demais!

Uma voz feminina, muito familiar vinha de outra parte da nave.

− tia Lee? Como entrou aqui? Ai meu Deus! Como estou feliz que tenha vindo junto comigo eu estava tão triste e só!

Raque parecia feliz. Foi quando a pobre menina foi surpreendida por um golpe desferido pela tia. Caindo no chão a garota se contorcia de dor.

− Tia! Porque ta fazendo isso?

Raque dizia enquanto notava o sangue escorrer pelo seu rosto.

− vai ser melhor querida! A maldição dos irmãos vai te perseguir! Precisamos dar fim a tudo isso! Você é uma pequena semente do mal que deve ser exterminada, antes que germine e saia do controle!

− tia por favor...

As palavras de Raque foram interrompidas por uma facada no abdômen. De forma fria e sem nenhuma piedade, a mulher retirou a faca e a enfiou novamente. Repetindo isso várias vezes até o momento em que a garota caiu no chão, morta.

− agora tudo finalmente, ficará em paz! Se o Ally não foi capaz de seguir seu destino, eu mesmo o fiz!

Andando vagarosamente até os controles da nave, Lee pode ver o destino que a menina percorria.

− Terra... que tipo de inferno isso deve ser.

Voltando seus olhos para o grande vidro que cercava a nave, ela viu a imagem do planeta.

− é, não dá pra voltar agora.

Lee dizia a si mesma com um certo desanimo. Ela sabia que depois de uma longa viagem, era necessário que nave ficasse algumas horas em terra firme, para que dessa forma pudesse recarregar e decolar novamente.

Passado alguns minutos, finalmente ela estava naquele planeta desconhecido. Olhando mais uma vez para sua sobrinha morta, Lee então resolveu sair da nave em busca de água e alimento. Mas antes, pegou a espada que a garota carregava consigo.

Andando pelos terrenos áridos daquele planeta desconhecido, a mulher buscava por alimento. Prosseguindo em passos lentos, sentia sua pele sensível ser queimada pelo sol:

− inferno! Em Miran os dias são sempre agradáveis!

Ela dizia sem esconder seu mau humor costumeiro. Foi quando um rugido fez com que ela parasse. Olhando a sua volta, Lee buscava a origem do som. Ela então sentiu uma dor imensa em suas costas, virando se rapidamente ela então viu a imagem de uma besta gigantesca.

− eu não acredito! Esses monstros são...

Antes que Lee pudesse terminar a frase, teve sua cabeça decepada por um golpe vindo do monstro.

**

De dentro da nave um suspiro forte demonstrava a ressurreição de Raque:

− o que aconteceu?

A menina levava a mão à cabeça na tentativa de se lembrar de algo. Ela então sentiu seu pescoço queimar, correndo em direção aos vidros da nave, ela viu a imagem de um colar brilhante.

− quatro pétalas...

A menina dizia enquanto tocava o colar. Ainda um pouco confusa Raque desceu da nave e começou a vagar por aquele planeta desconhecido.

Passado algumas horas, o sol quente, a fome e a sede fez com que Raque se sentisse fraca. Sentada no chão a garotinha usava uma pedra como recosto.

Mesmo com muitas tentativas a menina não conseguia se lembrar de nada além de seu nome.

Um rugido fez a menininha tremer.

Levantando-se rapidamente, ela então notou a aproximação de várias feras, todos com dentes afiados e prontos para atacar.

− AFASTEM-SE DE MIM!

O grito desesperado da garota fez os monstros recoarem. Ela não entedia o motivo de tudo aquilo, mas estava cansada demais para pensar, sua visão então ficou turva e aos poucos ela perdia a consciência, antes de desmaiar a única coisa que havia sentido era uma superfície macia e quentinha, que ela havia usado como cama... as costas de um Kotonaru.

4 anos depois...

Ainda de joelhos diante de seu reflexo nas águas cristalinas daquele lago, Raque havia se lembrado de tudo. De seus pais, de seu planeta e de Ally.

− ai meu Deus...

Uma lágrima escorria do rosto da garota – ai meu Deus!

Raque chorava desesperada.

− 4 anos! E meu irmão está sozinho! Porque eu não me lembrei? Porque lembrei agora?

Ela se levantou, ainda confusa, vagava sem rumo por uma direção qualquer, franzia as sobrancelhas, estava fora de si.

− tem mais um aqui.

Uma voz distante interrompeu os pensamento de Raque, virando-se para a direção dos sons, ela então foi surpreendida por golpe na cabeça. caída, a garota tinha a visão embaçada.

− ela parece humana.

Um homem dizia.

− não seja estúpido! Ta na cara que é uma shikõ!

Outro homem respondia com um tom ignorante.

A imagem do homem puxando bruscamente seu braço, foi a ultima coisa que Raque pôde ver antes de perder a consciência.

**

− preciso arranjar uma forma de sair daqui!

Lily dizia enquanto andava de um lado para o outro.

− pra quê? Você não tem a mínima noção de direção, como pretende achar sua casa ou seja lá o que você quer encontrar!

Bisco dizia com ironia.

− não pedi sua opinião.

Lily continuava andando.

− companhia para vocês...

Um homem alto e forte, com aparência grotesca trazia uma garota em seus ombros, abrindo a sela, ele a jogou com brutalidade no chão.

− eii! Não é assim que se trata uma mulher seu saco de banhas!

Bisco dizia com indignação. O homem se virou e foi em direção ao prisioneiro, sem hesitar, socou com força o estomago do rapaz.

− bater em um homem amarrado? Coisa feia.

Bisco provocava. O homem o socou novamente.

− mesmo com todo esse tamanho, bate como uma menininha.

Vendo que o guarda estava distraído, Lily então viu a oportunidade de fugir.

− chega Parker! Temos mais o que fazer!

A voz do homem vinda lá de fora, fez Lily perceber que havia mais guardas esperando.

O homem que agredia Bisco, acatou as ordens e saiu da cela.

− então além de piadista, você também e protetor das mulheres indefesas?

Lily ironizou.

− é eu faço que posso...

A frase de Bisco foi interrompida por um gemido.

− ela ta acordando.

Lily dizia enquanto observava a garota.

− onde eu estou?

Raque dizia enquanto tocava o local da pancada em sua cabeça.

− no inferno.

Bisco dizia com uma voz séria. Raque arregalou os olhos.

− você não enjoa dessa piada sem graça?

Lily perguntava com certo desdém.

− ah, qual é? É divertida a cara de medo das pessoas.

− você...

Raque encarava Lily.

− oi?

Lily parecia não entender.

− foi você que matou meus amigos em Hinan.

Raque dizia enquanto se acomodava no outro canto da sela.

− ahh! Você é a garota do campo de força!

Lily se lembrou – seus amigos atacaram a minha cidade, só estava protegendo o que era importante pra mim.

− nenhum de seus preciosos amigos foi morto por nosso exercito. Só queríamos a espada!

Raque retrucou.

− a espada era nossa!

Lily debateu.

− a queríamos para protegê-la e evitar que vocês fossem atacados por forças maiores.

Raque explicou. Naquele momento Lily sentiu um certo arrependimento.

− pela sua cara, vejo que não sabe nada sobre o tratado dos shikõs.

Bisco dizia com uma voz calma.

− tratado?

Lily perguntava confusa.

− sim. Hinan foi feita por shikõs garota tola! Mesmo com algumas desavenças, não somos inimigos, em quase todos os momentos críticos que vocês humanos enfrentam, nós estamos lá, segurando as pontas, por de trás das cortinas. Sem que vocês saibam é claro! Regras dos superiores!

Lily se manteve em silêncio.

− você é o Bisco não é?

Raque quebrava aquele assunto incomodo.

− te conheço de algum lugar?

Bisco perguntava sem entender.

− sou a Raque! Não se lembra?

Parado por alguns segundos, na mente do shikõ só vinha a imagem de uma garotinha.

− nossa, quatro anos... realmente é muito tempo!

Bisco dizia com uma certa surpresa.

− seu desaparecimento foi um mistério! O quarto pelotão de exploração desapareceu sem deixar vestígios! Onde estão os outros?

Raque perguntava curiosa.

− Luck e Coco...

Bisco falou com um certo desânimo – o Coco morreu na primeira semana, já o Luck sobreviveu por um ano... nunca se sabe o quão difícil será a prova!

− que prova?

Raque perguntou.

− isso aqui não é uma colônia de férias garotas! O que vocês acharam? Que eles prendiam a gente aqui e nos alimentavam até que um dia morrêssemos de velhice? Não mesmo...

Bisco dizia com um olhar sério – uma vez por semana, somos enviados para um combate... até a morte!

− hoje é dia de festa shikõ!

Um guarda havia aparecido nas grades da sela.

− bom... e hoje faz uma semana!

Bisco dizia com um olhar desanimado.

Paradas cada uma em seu respectivo lugar, Lily e Raque observavam o homem carregar Bisco.

− espero que ele fique bem...

Raque dizia ao ver a imagem do shikõ se distanciando.

− eu sinto muito.

Lily dizia em voz baixa. Olhando para a jovem garota arrependida, Raque se manteve em silêncio.

− precisamos arranjar um jeito de sair daqui!

Lily tentava puxar assunto. Raque continuou quieta.

− qual o seu problema? Já pedi desculpas! Sério, eu to arrependida!

Lily perguntava, já irritada.

− não é isso...

Raque dizia com uma voz depressiva.

− então o que é?

Lily parecia mais calma.

− minha casa foi destruída... completamente destruída!

Raque dizia com os olhos marejados.

− kotonarus?

− quem me dera... a sociedade foi atacada por vários shikõs cruéis e meu avô foi ferido por um comandante maldito... Erii!

Lily arregalou os olhos.

− deve haver algum engano...

− do que está falando? Você o conhece?

Raque parecia alterada.

− ele não é assim... deve ter algo de errado com ele...

− sim! Tem algo de errado com ele...

Raque interrompeu Lily, olhando fixamente para a garota, Lily esperava por respostas.

− ele ainda está respirando...

Raque dizia, com ódio nos olhos.

− Raque, por favor... não o odeie! Ele era meu amigo! Ele é gentil e sempre foi bom!

Lily tentava defender o amigo.

− garota, ele enfiou uma espada no peito do meu avô! Se você o conhecesse, entenderia que ele não merecia aquilo!

Raque já estava chorando. Levando a mão a boca, Lily não conseguia esconder seu espanto.

− eu sinto muito...

− eu também.

Raque enxugava suas lágrimas e retomava sua expressão séria.

− mas quando morávamos em Hinan...

− pera ai! Moravam em Hinan?

Raque perguntava confusa.

− sim!

− você sabe que ele é um shikõ não é?

Raque perguntou.

− eu não sei como isso aconteceu, mas eu vou dar um jeito! Ele vai voltar a ser humano e nós...

− Lily... você sabe como surgem os shikõs?

Raque perguntava. Lily acenou negativamente com a cabeça.

− para uma pessoa se tornar um shikõ... ela precisa morrer. Não tem como dar um jeito! Ele ta morto!

− eu sabia...

A pequena maga dizia em voz baixa – há quatro anos Hinan foi atacada e muitas pessoas morreram... o Erii não estava entre os sobreviventes, mas também não acharam o corpo dele. No fundo eu sabia que ele estava vivo, de alguma forma. Era o Erii... ele sempre dava um jeito de se dar bem no final, mas depois de dois anos de espera contínua, eu desisti. Mas agora ele ta aqui! Em algum lugar, e eu não vou desistir dele, não de novo!

− LILY! ESCUTA!

Raque balançava a garota com força – aquilo que você viu, não era o seu amigo! Ser shikõ não é a segunda chance de alguém! Quando você morre, você M-O-R-R-E! Aquilo é uma casca vazia, preenchida com a essência do mal! O corpo de um humano é apenas uma vaga aberta para um novo ser. Seja ele bom, ou cruel como o Erii! Ele pode ter a mesma aparência e o mesmo nome... mas não é a mesma pessoa! Os únicos shikõs que tem lembranças do seu passado são o Jon, o Vovô e o Dragon. Porque eles se tornaram shikõs ainda vivos!

Parada por alguns segundos, Lily tentava processar toda aquela informação.

− e se ele também foi transformado vivo?

− se esse fosse o caso, porque ele te atacaria?

− algum controle mental... sei lá!

Lily tentava buscar soluções.

− não é assim que as coisas funcionam Lily, um shikõ transformado ainda vivo, tem forças de proporções inimagináveis e provavelmente imune a controle mental.

Raque explicava. – o sangue humano nas veias de um shikõ, faz dele um ser quase invencível.

− não vou desisti Raque... não importa qual seja a situação, eu vou lutar por ele e eu vou conseguir trazer ele de volta!

Lily dizia com lágrimas nos olhos.

− você quem sabe...

Raque respondeu de forma fria.

**

As gotas de chuvas eram marca registrada daquele dia cinzento, andando em passos lentos ao redor de todas aquelas poças de água, Vallery foi em direção ao portão de saída de Hinan. Apesar da densa neblina, ela pode notar a silhueta de um conhecido.

− Dragon?

Ela dizia em voz baixa. Aproximando-se um pouco mais, ela então pôde vê-lo claramente. Seus olhos estavam perdidos, parecia chorar, mas as gotas de chuvas em seu rosto deixavam a dúvida. Não eram necessárias palavras, ela podia ver dor em seu semblante. Sem hesitar, ela largou seu guarda-chuva de lado, correu em direção ao shikõ e o abraçou com todas as suas forças. Ela não sabia qual era o motivo de tamanha tristeza, mas queria deixar claro que estava ali, para enxugar cada lágrima.


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Notas finais do capítulo

Próximo cap, nossas duas magas vão tentar escapar hahahaha... :P



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