O Filho do Juiz escrita por Cigano


Capítulo 28
Capitulo 28


Notas iniciais do capítulo

Galera que acompanha nosso jovem semideus, obg por todos os que leram, favoritaram, e comentaram, e espero que continue assim =D.
Agora nesse capítulo, vamos conhecer um pouco mais do passado da nossa querida agente V. o que será que se esconde em seu passado? oO



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A agente V, deitada em um dos quartos da mansão de Osíris, relembrava como tinha sido a conversa com o deus, e de como tinha conseguido desabafar tudo o que estava engasgado por anos, sem ter ninguém que pudesse falar sobre o assunto.

Ela se dirigia pelos imensos corredores da mansão, seguindo o mapa mental que Osíris tinha posto em sua mente, e depois de tantas voltas e mais voltas por aquele lugar gigantesco, finalmente parou diante de uma porta dourada feita de madeira que era bem larga, e tinha uma balança cravada nela. Ao parar, as portas abriram-se como se dissessem que era bem vinda para entrar no recinto. A agente observou tudo nos mínimos detalhes: o salão do trono era enorme, coberto de imensas tapeçarias egípcias, assim como toda a sua arquitetura que lembrava um dos salões dos antigos faraós. Em frente, perto da parede central, o que ela notou primeiro foi um imenso animal peludo branco, que ao bocejar mostrou inúmeros dentes que poderiam facilmente engolir um dos pilares rapidinho, ou apenas comer vários inimigos ao mesmo tempo. Ao seu lado, tinha uma enorme balança que acompanhava o ritmo da respiração do animal. Ela voltou sua atenção para o trono exageradamente enorme, e nele estava sentado basicamente, o maior homem/deus/que ela já tinha visto na vida. Tinha uns quase 2 metros. Se não tinha os 2 metros, chegava bem perto disso chutando.

Sua pele era como nas histórias, azulada da cor de uma joia de safira. Seu torso estava nu, e ela mesmo sem querer demonstrar emoção alguma, não pôde deixar de admirar os largos, e belos músculos que adornavam: seu peito, abdômen, pernas, braços. Era um colírio para os olhos que ela tentou se conter. E o que mais chamava a atenção naquele corpo escultural, eram seus olhos intensamente dourados, como se de noite o sol resolvesse descansar neles, para poder levantar-se no dia seguinte quando a lua adormecesse.

Ao perceber que ela estava que nem uma imbecil observando, ela andou e parou diante dele, esperando que ele começasse.

– Bem, aqui estamos,... – perguntou Osíris para que a jovem se apresentasse.

– Agente V, senhor. – respondeu V gostando da gentileza que lhe foi dada por ele.

– Muito bem agente V, poderia me explicar o que fazia invadindo meu palácio, incapacitando meus guardas, e entrando sorrateiramente? – disse Osíris com uma repentina frieza no seu rosto inexpressivo, que a atordoou um pouco. Ela percebeu que fora a aparência agradável, ali estava um ser que não deveria ser insultado pois com apenas um estalar dos dedos ela poderia se dar muito mal, antes de contar a história toda.

– Perdoe-me senhor Osíris pela invasão, mas procurava por meu irmão, que minhas informações apontaram para cá. – disse V

– E quem seria seu irmão jovem? – perguntou Osíris suspirando internamente, por aquele dia finalmente ter chegado, e que ele precisaria outra vez contar outra parte da história para seu filho. Apesar do relacionamento deles ter melhorado, ele ainda percebia que no fundo de sua alma, coberto pelo manto de amor recém-conquistado, Mikael ainda não o perdoara completamente, e ainda possuía certa raiva dessa missão acima de tudo. Mas deixou esses pensamentos de lado, para focar sua atenção naquela parte do seu passado que retornava agora na pior hora possível.

– Meu irmão é o filho da antiga rainha Volkov da Rússia, Mikael Volkov. Príncipe da família real Volkov, e pelo que soube recentemente, também se pode dizer que ele também é o príncipe herdeiro do submundo tendo o juiz dos mortos como pai. Meu nome é Victoriya Valaris Volkov, princesa real e primogênita dos Volkov. – disse Victoriya com uma completa falta de emoção em sua fala, pois ela não tinha o mínimo apreço por aquele nome mais, depois de tudo o que já tinha passado.

– Hm, Victoriya então era você a menina que eu soube depois por sua mãe. – disse Osíris percebendo que a jovem a sua frente endureceu a expressão que era de pura tristeza e desprezo.

– Por favor, senhor Osíris, eu lhe peço que não fale dessa mulher na minha frente. – disse Victoriya de dentes cerrados tentando não aumentar a voz, em respeito ao dono da casa.

– Posso ver meu irmão? – perguntou ela para desviar daquele assunto desagradável.

– No momento ele não está aqui, pois está cumprindo uma missão importante, coisa que deve ser normal para você não é? – disse Osíris gentilmente para aquela pobre criança que apesar de ter amado sua mãe, tratou cruelmente da garota.

– Missão? Meu irmão é um guerreiro? – perguntou Victoriya surpresa. Ela ainda lembrava-se da foto do arquivo da sua missão que recebera da KGB, onde vira a foto dele. Era um garoto com uma vida talvez mais dura do que a dela. Desde que nasceu morou em um orfanato, era cego, e não sabia que tinha nenhum dos pais até recentemente. Cresceu e observando a foto, viu que se tornara um homem bonito e calejado pela vida, mas que era forte em sua constituição fraca. Saber que aquele ser tinha saído em uma missão, talvez ela suspeitasse perigosa demais, a deixou por um momento com raiva daqueles que deveriam cuidar e proteger mais dele.

– Eu sinto sua raiva minha jovem, e admito que merecemos. Mas como você também deve saber foi tudo para salvá-lo. Mas isso contará mais tarde. Agora quero que você me diga onde sua história se encaixa nisso, e como tudo se desenvolveu ao ponto de estar aqui na minha frente hoje? – disse Osíris.

– Bem, vejo que é inútil já que ele não está aqui, então com sua licença vou me retirar. – disse Victoriya girando em seus pés indo em direção à porta, que no mesmo instante foi fechada por um moreno alto de cabelos negros trançados, corpo musculoso, e com um saiote egípcio e braceletes nos bíceps.

– Você não ouviu meu mestre ordenar, que você contasse sua historia mortal? – falou Anúbis numa voz levemente irritada para a insolente.

Victoriya não perdeu tempo, e tentou inutilmente usar seus poderes mentais, para tentar ludibriar a mente daquele homem, mas ele apenas estreitou os olhos e deu um sorriso de desprezo pela tentativa.

– Não adianta você tentar me pegar mortal, assim como meu mestre ali, eu também sou um deus. O deus dos funerais e guia dos mortos Anúbis, e nada que você possa fazer agora, poderia me arranhar sequer. – disse Anúbis que estava de guarda na porta, e ela viu que estava presa, então se dirigiu de má vontade para Osíris que estava com aquela cara irritantemente calma, como se soubesse de antemão que aquilo aconteceria, o que não seria surpresa.

– Está pronta para falar agora? – perguntou Osíris numa voz calma.

– Se não tenho outra escolha, falarei daquela mulher. – disse Victoriya numa voz cansada daquilo.

– Tudo começou quando eu nasci há 25 anos no palácio Volkov quando ainda reinava na Rússia, Minha mãe a rainha, acabara de me ter e estava conversando com meu pai, o antigo rei. Eu era apenas um bebê, resultando que só descobri tudo isso aos 8 anos quando aquilo aconteceu, e eu li sua memoria pelo contato físico. Era tarde da noite fria no palácio, e a rainha se encontrava em seus aposentos comigo nos braços na cama onde estava deitada com meu pai ao lado.

– Meu querido temo que não seja essa a da minha profecia. – disse a rainha Volkov meio irritada ao marido Vladimir Volkov, o rei.

– Não me importa que não seja a criança da tal profecia. Ela é minha filha, minha herdeira, e minha princesa e darei amor a ela se você não estiver disposta. – disse Vladimir meio irritado com a indiferença daquela mulher com a própria filha, que por não ser o tal filho “escolhido” da profecia, agora não dava mais atenção. Tomando sua filha dos braços dela sem qualquer protesto da sua parte, Vladimir se pôs a admirar sua pequenina princesinha em seus braços. Pele branquinha como a neve, olhos de um café escuro, um tufo de cabelo de caramelo em sua cabeça, bochechas gordinhas e mãozinhas tão pequenas, que ficavam perdidas em sua mãe enorme.

Naquele momento, mesmo com sua mulher indiferente a sua primogênita, sentiu-se um homem e pai muito feliz por aquele pequeno ser que estava em seus braços, e imaginou como ela seria quando se tornasse uma mulher. Seria belíssima com seus cabelos de caramelo, olhos da cor de café, pele branca cobrindo o corpo esbelto que teria, e que seria demarcada com os belos vestidos de seda que exporia seu corpo a vista dos pretendentes. Ele não queria pensar que um dia ele teria que dar a mão dela, para algum infeliz que poderia ou não dar a felicidade que ela merecia. Mas isso demoraria muito tempo ainda, e ele só precisava se concentrar no presente momento.

O tempo passou, e o bebê cresceu e se tornou numa bela princesinha de intensos cabelos de caramelo que caíam em cachos por suas costas que estavam amarrados por um rabo de cavalo improvisado que ela própria tinha feito para que pudesse se movimentar mais livremente. Ela estava com 8 anos agora, e fazia um tempo que tinha descoberto possuir poderes assim como sua mãe. Não a parte profética, e sim outras variações mentais que ao longo dos anos lhe foram muito úteis. Ela estava no jardim, em cima de uma árvore comendo uma maçã em seu galho mais forte, para relaxar um pouco da vida chata do palácio. Vestia apenas uma calça de couro bem cara marrom da cor de seus cabelos, umas botas grossas e quentes, unidas ao suéter que sua vó tinha dado há alguns anos, finalizando com um belo casaco dourado de pele para manter a elegância se ainda restasse alguma com aquela roupa, e proteger do frio que já estava habituada. Por ser muito atlética, desde nova aprendeu como se defender com o mestre do exercito do palácio, que a pedido do rei treinou-a na arte da guerra, tanto com armas, como na politica. Mesmo com apenas oito anos, Victoriya estava muito avançada para todos os outros nobres de sua idade. Foi nesta tarde que finalmente, o inimigo da família real, resolveu atacar o palácio causando a morte de seu pai, que ela descobriu o segredo da mãe que sempre se mantinha afastada e fria com ela, por mais que ela tentasse se aproximar. Quando a noite chegou e a temperatura caiu ainda mais, ela desceu da árvore e decidiu andar pelo palácio, passando por vários corredores até que se deparou com o quarto da mãe com a porta ligeiramente aberta. Sem fazer barulho, entrou e se aproximou da cama onde a mãe estava dormindo tranquilamente.

Em um gesto de carinho, ela alisou sua cabeça e nesse toque ela descobriu sua outra maneira de ler mentes, só que foi mais poderosa do que ela esperava, e descobriu o grande segredo.

Ela descobriu tudo a respeito da profecia, do seu futuro irmão que deveria nascer, e do desapontamento que foi para a mãe ficar grávida do homem que não fosse aquele que ela tinha previsto. Viu que ela sentiu-se bem quando não estava mais carregando aquela criança que para ela, só era útil para manter a linhagem real, mesmo sabendo ser sua filha ela não era importante, como seria o seu futuro garoto que a cada dia se aproximava o momento de acontecer o encontro. Involuntariamente a menina encheu seus olhos de lágrimas por causa da dor, e fez um leve barulho ao soluçar. Isso fez com que a mãe despertasse, e num instante ao ver o estado dela, entendesse o ocorrido.

– Vejo que seus outros poderes vieram a tona não é filha? – perguntou a rainha secamente.

– Sim, e percebi que você não gosta de mim, por não ser o seu “filhinho escolhido” da maldita profecia. – disse Victoriya em meio ao choro.

– Eu não disse que não gosto de você filha. Apesar de tudo, você é uma Volkov que diferentemente do que seu irmão irá futuramente fazer, você um dia será a rainha no meu lugar aqui. Por isso treinei você. Você não muito longe do tempo assumirá como rainha e eu abandonarei o meu posto quando chegar a hora. – disse a rainha Volkov.

Antes que a menina pudesse protestar, houve som de explosões de bombas sendo lançadas contra as paredes do palácio fazendo-o estremecer, e quebrar em alguns cantos. Gritos ecoavam no lado de fora, correria para tentar salvar suas patéticas vidas, enquanto o exército do rei tomava frente para acabar com aqueles atos, com o rei trajando sua armadura e empunhando uma espada numa mão e um escudo na outra.

Mesmo estando na era moderna das armas de fogo, como um símbolo, o rei trajava as antigas proteções que os reis de outrora usavam em batalhas para encorajar seus guerreiros, empunhando suas belas e poderosas espadas apontando para o inimigo.

Estava quase tudo indo bem, quando uma explosão repentina fez o chão tremer, as paredes balançaram e caíram em alguns lugares, e momentos antes onde estava o rei e seus homens, agora nada restava senão um monte de sangue e corpos espalhados por todos os cantos. Num ato premeditado, a rainha pôs um feitiço na filha com sua mente, fazendo-a desmaiar. Levou-a em seus braços até um caminho secreto fora do palácio no meio da neve, até encontrar uma caverna muito longe de tudo onde ela não poderia retornar, e apagando sua mente de tudo que ela sabia sobre sua linhagem, deixou apenas o seu segundo nome Valaris, e abandonou-a no frio com uma pontada de remorso por fazer o que tinha que ser feito. Ao ser tocado pela menina, à rainha teve outro deslumbre do futuro, onde seu filho iria precisar da ajuda se sua irmã mais velha na luta final, e para isso ela teria que aprender a viver entre assassinos e espiões para que o destino a levasse até ele.

– E essa é a minha história. Pouco depois do abandono, eu fui encontrada pelo meu mestre, e fui levada para a organização aonde virei uma espiã, enquanto ela finalmente encontrava você, casava e tinha finalmente meu irmãozinho. E depois de todos esses anos, finalmente chegou o dia de aparecer aqui na sua frente, como fiz hoje. – terminou Victoriya com seu relato, observando curiosa a cara de preocupação e tristeza do deus.

– Pelo amor de Rá. Eu não sabia disso completamente, até agora. Se sua mãe tinha apagado suas lembranças, como você fez para recordá-las? – perguntou Osíris meio afetado pela jovem mulher a sua frente.

– Após me tornar adulta, meus poderes ficaram mais fortes, e aos poucos meu passado voltou até mim, até que um dia lembrei-me de tudo. Pesquisei fatos a respeito dela, e soube que ela tinha casado com um estrangeiro egípcio que era um ricaço lá do Egito, e tiveram o filho que era tão esperado. O que mais me deu ódio dos dois, é que em vez de cuidar dele que finalmente tinha nascido, e que era o preferido da profecia, vocês deram meu pobre irmão a um orfanato, sendo ele cego para viver com estranhos do que seus próprios pais. O que ele não deve ter passado? – falou Victoriya um pouco mais alto do que pretendia.

– Fizemos isso tudo para protegê-lo de meu irmão Seth, o deus do caos e destruição que queria impedir que a profecia se cumprisse, matando-o. Mesmo agora que ele já é um mestre guerreiro treinado por mim, e mestre da magia treinado por Anúbis ainda temo por ele. Ele é um homem bondoso, amável, protetor, e justo na maior parte do tempo, mas ainda esconde uma imensa raiva de mim, mesmo que tenhamos melhorado nosso relacionamento de pai e filho. Acho que antes do fim ele precisará de você, minha querida. – disse Osíris meio triste pelo rumo que as coisas estavam indo.

– Mas, mesmo que você tentasse ajudar, do jeito que está você não teria a força necessária para lhe oferecer ajuda. – disse Osíris pondo a ideia na cabeça dela por saber que era incapaz de fazer algo.

– Eu sou muito capaz de protegê-lo contra tudo. Fui treinada por um ótimo mestre, e sou a melhor no que faço. Como diz que sou incapaz? – pergunta a agente V furiosa com o insulto.

– Até contra magia minha cara? – perguntou o deus levantando a sobrancelha em dúvida.

– Bem, eu admito que não fui treinada para isso. Mas posso aprender se me ensinar. – disse ela.

– Como não temos muito tempo, já que você só teria no mínimo um mês para poder acompanhar a viagem deles, quer ser treinada por mim? – perguntou Osíris chocando seu braço direito Anúbis que ainda estava de guarda na porta.

– Mas meu senhor, ensinar a uma mortal sua magia que há mais de mil anos nunca foi passada a ninguém? Claro que seus aprendizes e mestres aqui, aprenderam apenas a superfície dos seus poderes. Mas ensinar a uma mortal como essa, que não se pode confiar sua magia secreta meu senhor?- disse Anúbis atordoado.

– Bem não temos escolha temos? Mais em um ponto ele está certo. Você Victoria Valaris Volkov, é digna e confiável para aprender a magia oculta do juiz dos mortos que somente foi passada nesta era ao meu próprio filho Mikael? – perguntou Osíris olhando diretamente para ela.

– Se for para proteger meu irmão, sim. – disse a agente V.


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