36 Degrees escrita por asrail


Capítulo 3
Ilusionário


Notas iniciais do capítulo

N/A: Eu sempre esqueço de avisar, Arc é de Regulus Arcturus, e Al é de Sirius Aldebaran. O segundo nome eu creio que é falso, mas veio de uma fic bem antiga, uma das primeiras que eu li, de uma das minhas autoras favoritas, a Lilibeth.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/56452/chapter/3

II

Ilusionário
“Porque um rei precisa de um reino.”

O vento noturno bagunçava seus cabelos escuros, acariciando-os. Seus lábios se partiram e ele pronunciou o nome sem produzir nenhum som: “Sirius”. Não pôde deixar de sorrir ao perceber quão certa fora sua mãe em chamá-lo como tal.

“Sirius”, que deslizava entre seus lábios finos. O nome começava com um assovio, um murmúrio agudo, sopro suave, mas firme, seguido por um rodopio da língua, dançando a música já decorada, num sabor tão forte de queda decidida, culminando no beijo adocicado e impreterível, “Sirius”.

Mistério sintetizado que lhe deixara para sempre o gosto de menta nos lábios.

Regulus observou o céu escuro, tentando contar as estrelas, mas acabou por desistir. Não porque duvidasse poder contá-las, ele podia, mas porque era melancólico.

Melancólico saber que ainda poderia vê-las brilhar quando já estivessem mortas.

Resignado, levantou-se e se espreguiçou, observando a vizinhança. Grimmauld Place nunca foi um bairro exatamente feliz, embora o verão costumasse ser um pouco mais agitado.

O caçula dos Black atravessou o gramado da praça e cruzou a rua, mas não foi para casa. Não ainda. Sorrateiro, ele se aproximou do número onze e espiou pela janela, apoiando-se no parapeito e curvando-se sobre os arbustos, evitando a luz das lâmpadas que iluminavam a praça.

A família estava reunida no sofá, assistindo a um aparelho de televisão, se ele não se enganava, do qual surgiam imagens luminosas em movimento. Riam divertidos, concentrando-se na voz do apresentador, e uma criança se agarrava ao pescoço do pai, distraída, enquanto o homem não reclamava.

Regulus observou suas feições descontraídas e a proximidade com que se tratavam. Toda aquela tolice de amor, carinho... Bobagem. Uma família não funcionava daquela forma.

Orion costumava repetir que o respeito pelos pais se dava por meio do medo e a honra ao sangue, pela soberba. O amor... ah, o amor é para os fracos. E aqueles trouxas, em especial, eram a personificação da fraqueza. Regulus fixou os orbes anis naquelas pessoas desconhecidas, mas tão próximas, e pela primeira vez os miosótis mergulharam em um ódio profundo, quase irracional, e ele percebeu que nenhum deles tinha valor: eram todos descartáveis.

Consumido pela raiva, ele abandonou o vigio e se afastou, retornando a casa. Foi com violência que pisou os degraus de pedra e, ainda movido por aquela estranha força sobrenatural, girou a maçaneta de prata em forma de serpente, mas quando a porta escura bateu às suas costas, só restava a dúvida.

“Por quê?”

Eram tantas as perguntas que brotavam dos seus pensamentos de repente que, à medida que chegava às últimas, já havia se esquecido de muitas das primeiras. Mas a sua principal questão latejava dolorosamente dentro de sua cabeça.

“Por que tinha de ser do jeito que era?”

E a resposta lhe veio com a frieza das palavras de Walburga: “Porque sempre foi assim.”

Mas não era o suficiente.

Regulus queria mais, embora não estivesse bem certo de quê. Ele procurava o que quer que fosse, uma busca interminável pelo desconhecido. E talvez, então, o caçula tivesse percebido o que havia de errado.

Sentou-se no primeiro degrau da escada e observou a agitação na mui antiga e nobre família dos Black. Walburga passara a tarde toda ocupada com os preparativos para a festa. A Sra. Black corria de um para outro lado, certificando-se de que tudo ficaria perfeito, apressando os elfos domésticos e acrescentando detalhes e enfeites à decoração.

Regulus não a via tão ansiosa há tempos, então só pôde concluir o melhor: os Lestrange, os Malfoy, os Prewett, as primas Black, tio Cygnus e a avó, Irma, estariam presentes. Aqui fica registrado que melhor e pior são questões de ponto de vista. E o caçula reconheceria o seu equívoco.

Apreensivo com o ânimo de Walburga, que costumava interpretar qualquer atrapalho acidental como uma afronta, ele subiu a escada até o primeiro andar e encostou a porta do lugar, tentando não chamar atenção. Não precisaria fazer muito esforço, de qualquer forma.

Regulus cruzou o aposento comprido de paredes verde-oliva cobertas de tapeçarias – as riquíssimas tapeçarias de sua mãe – e se aproximou da lareira.

Cansado, desejou poder acendê-la com um aceno de varinha, mas limitou-se a afundar na poltrona confortável. Ficou ali por algum tempo, apenas pensando em como odiava a cor enjoativa das paredes daquela sala, até que a porta rangeu e um miado fraco denunciou a chegada da gata, segundos antes dela pular em seu colo, aconchegando-se.

“Ebony! Que faz aqui?” Ele acariciou a pelagem negra do animal, distraído. “Já sei: você veio me ver! Uma companhia agradável, para variar.”

“Talvez ela tenha vindo te ensinar boas maneiras.”

Regulus se virou tão rápido que sentira o pescoço doer. Porém não teve tempo para segundas considerações porque, afinal, sua atenção fora totalmente desviada para observar o irmão com interesse.

Sirius lhe dirigiu a palavra, o que já era surpreendente por si só, recostado ao batente da porta, com as mãos nos bolsos e o humor absolutamente aquém dos propósitos da noite, parecendo mais amarrotado do que o normal naquelas vestes desleixadas – oh, sim, aquilo de certo contribuiria para ganhar os olhos do caçula. E muito.

“Teria mais sorte comigo do que com você”, ele disse sem sorrir, tentando soar sarcástico, mas falhou miseravelmente. Regulus não era ácido como Sirius, mas doce.

“Eu não duvido disso, bobo da corte”, Sirius sorria porque sabia que não havia o que temer. Com o caçula, nunca seria ferido. E Regulus era fácil de dominar. “Você sempre faz o que os outros mandam sem nem parar pra pensar.”

“Isso não é verdade!”, soltou inflamado. Quem era Sirius para dizer uma coisa dessas? Bobo da corte? Regulus era rei: não precisava ser mandado! “Só porque eles já não te consideram melhor do que eu, não quer dizer... Não quer dizer...”

“Ah, não?” Era impressionante como Sirius conseguia controlar a situação, sempre evitando os olhos do irmão. O primogênito falava mansamente, fixando os lábios rosados do caçula com uma determinação quase voraz.

Sirius cruzou o aposento e, a cada passo, Regulus se sentia mais forte e mais fraco, mais poderoso e infinitamente mais vulnerável, até que o grifinório parou atrás da poltrona.

Regulus já havia se voltado para frente, o coração acelerando gradativamente, e suas mãos se agarrando aos braços da poltrona, como quem se prepara para ser torturado. Ou pior.

As costas da mão de Sirius deslizaram pelo seu pescoço, suave, e desceu pelo peito conforme ele se debruçava sobre a poltrona. Regulus sentiu o toque dos cabelos desmedidos do primogênito e o perfume que ele exalava enquanto os lábios de Sirius acariciavam a pele sensível, exposta do caçula, arrepiando-o por inteiro e fazendo com que ele fechasse os olhos aos poucos. Regulus era sempre tão fácil e se deixava dominar por tão pouco que o grifinório acreditava quase se desinteressar, se não fosse o fascínio que o subjugava.

Mas o perigo estava sempre à espreita, e não era segredo que Sirius gostava de viver perigosamente.

Deixou suas mãos acariciarem o irmão por debaixo da camisa e sentiu o fraco coração de Regulus acelerar sob seu toque. Sorriu.

“Ah, não?”, ele sussurrou em seu ouvido, fazendo com que os miosótis se reabrissem, “Então, acenda-a.”

O caçula considerou o desafio.

“Mas eu sou menor... Vão me expulsar...”

“Não”, Sirius o cortou, “Não vão”.

O primogênito deixou a própria varinha nas mãos do irmão e Regulus o encarou. Sirius estava ali, tocava-o, e ele se sentia protegido. De certa forma, era como se Sirius estivesse tentando ajudá-lo.

De repente, não parecia tão errado ou tão difícil. E ele tomou a varinha com mais firmeza entre os dedos. Regulus a levantou no ar e apontou-a para a lareira, mas as palavras não saíram. Afinal, ele não conseguiria. Mas Sirius tomou suas mãos nas dele e, antes que pudesse se dar conta, já havia fogo queimando a lenha.

“Fui eu ou você?”

Sirius segurou os cabelos escuros de Regulus com força e puxou o seu rosto para junto de si, pregando-lhe um beijo. Eles gostaram da sensação de plenitude, afinal, como a luz alimenta a sombra, dois pesos e duas medidas não eram suficientes. Eles eram vários e eram um, o todo e as partes: diferentes, mas essencialmente iguais.

Não, não era amor, era mais. Mais, muito mais: era tudo; precioso, venenoso, incontrolável.

Eles eram Black.

“Não deixe que façam isso de você.”

Sirius se afastou, deixando apenas a sua ausência para trás, e parou junto da porta, infeliz. Lia Regulus a qualquer distância, exceto quando o tinha em seus braços. Mas o caçula sabia pelo que Sirius esperava: queria ouvir uma última vez a sua voz.

Seus lábios sorriram e seus olhos morreram, aqueles satisfeitos com o sabor de Sirius, estes prevendo a sua abstinência.

“Feliz aniversário... Al.”

Sirius quis acreditar que fora uma estranha coincidência, mas não conseguiu. Caprichos. Sirius, Regulus. Ambos o sabiam.

O caçula observou a velha fotografia que descansava sobre o console da lareira, abandonada ao pó e ao acaso, na qual dois garotos riam juntos numa moldura de prata, tão enganadamente felizes.

Sirius tratava aquilo como um capricho, algo passageiro, pura curiosidade hormonal que cessaria a qualquer momento. Regulus o entendia como pequenos deslizes tortuosos na história dos Black e sabia que não era assim que funcionavam: era o destino que brincava com eles.

Os Black não passavam de peões numa história sangrenta - e teriam de ser sacrificados. E foi o destino mudando a jogada que os levou ao jantar daquela mesma noite, impreterível.

Todos sabiam qual era o motivo da reunião, embora jamais o tivessem mencionado: a comemoração do aniversário de Sirius se tornara, havia anos, o dia sagrado de maldizer o momento em que ele viera ao mundo, enfatizando principalmente seus defeitos, que outrora foram tão belas qualidades.

A sala de jantar sempre foi um ambiente de muita tensão. Era o momento em que todos se reuniam para a refeição e a hora mais torturante do dia: os olhos de Walburga costumavam esquadrinhar os filhos, buscando qualquer vestígio de desleixo para inflamar sua reprovação. Orion, por sua vez, repassava os princípios dos Toujours Pur como um mantra, comentando aqui e ali os recentes acontecimentos inapropriados. Mas não era só isso que Regulus via naquela noite.

Os miosótis fixavam o cálice de prata em que a bebida fora servida, translúcida, e segurou-o entre as mãos. Quais olhos aquela prata teria visto, senão os secos e intensos, cruéis anis da família? Quantos mais teriam sido negros sem serem poços de sofrimento infinito? O caçula dos Black se perguntava se haveria perdão para os seus pecados, deles, mas só via uma resposta nas janelas da alma que encontrava: frustração.

“E estes cabelos?”, perguntou Irma, referindo-se à cabeleira negra já desmedida de Sirius, “Quem dará um jeito nisso, Orion?”

“Ninguém precisa dar um jeito em nada, vó”, defendeu-se o grifinório, irritado. Aquela noite seria muito, muito longa.

“Está horrível”, disse Narcissa, “mas contribui para sua fama no colégio.”

“Fama?”, Walburga não conteve a repentina curiosidade, nervosa. Sirius, o enjeitado, era um discípulo vergonhoso para a família, e saber que ele propagava o nome dos Black de alguma -qualquer forma, era preocupante, “Que fama? Quem anda falando o quê?”

“Ora, titia”, começou Bellatrix, venenosa, “Não é segredo que Sirius é aficionado pelo pior tipo de gente...”

“Ainda mais tendo caído na casa em que está...”, zombou Lucius.

“Andando com maltrapilhas como aquele mestiço Lupin”, Narcissa continuava narrando, distraída, enquanto os olhos de Orion se estreitavam perigosamente, “Confraternizando com amantes de trouxas como os Pott...”

“Não ouse!”, Sirius levantou o tom de voz, calando a prima. Narcissa apenas o fitou, interessada. “Não ouse falar dos meus amigos!” Mas Cissy não precisou responder àquela grosseria, pois Orion interveio.

“Sangues-ruins, mestiços, amantes de trouxas e traidores do sangue...”, ele permaneceu impassível, ignorando o comentário do filho por completo. Suas palavras soaram indiferentes, frias, repugnadas, ainda que profundamente obscuras, “deveriam ser todos eliminados deste planeta.”

Sirius havia agüentado mais que o suficiente por demasiado tempo. Desde que foi selecionado para a Grifinória, seu mundo virou de ponta-cabeça entre os Black e a família lhe dera as costas, envergonhados, pois ele era o primeiro em muito tempo a abandonar a tradição sonserina de gerações. E, por longos anos, ouvira duras palavras sobre seus hábitos e comportamentos, fizesse o que fosse. Mas não deixaria aquele comentário passar em branco, não quando seu próprio pai, ou melhor, seu genitor, condenava seus amigos - e tudo em que passou a acreditar e amar - à morte. Nunca.

“Você não tem o direito de julgá-los!”, ele gritou e só então se deu conta de que abandonara o assento, o corpo curvado de maneira ameaçadora.

Regulus observava o irmão, boquiaberto e embasbacado. Sirius fora longe demais. E pelo quê? Por quaisquer! Pelos desprezíveis seres que não mereciam seus olhos! Mas eram eles, indignos e impuros, que tinham a sua atenção e Sirius lutou por eles, sempre e cada vez mais, como nunca lutou por qualquer outra coisa.

“Calado!”, mandou o pai, o sangue fervendo dentro das veias, “Não permitirei que profane nosso lar com suas bravatas!”

“Não profanarei mais!” Os olhos de Sirius cuspiam desdém e indignação. Sua raiva era quase palpável e talvez a irracionalidade o fizesse se jogar para cima do pai, não fosse a mesa pesada entre eles, “É você quem mente! Acredita que é especial, mas isso é o que você quer ver!” Talvez fosse o ódio contido por todos aqueles anos que tornasse sua fala tão pesada, mas Regulus jamais havia visto as palavras do irmão tão carregadas, “Você não é nada!”

“Basta!” Desta vez Orion se levantou e os seus olhos negros foram perpassados por um brilho ofendido, mas agressivo. Ceifante. “Quer se juntar a escória? Vá! Mas nunca mais pise na casa dos Black novamente!”

Regulus já tremia, lívido, quando o pai soltou suas últimas palavras. “Filho meu você não é.”

“Melhor assim!” Sirius deu as costas ao pai e cruzou o aposento, abandonando-o.

O caçula ficou ainda algum tempo digerindo o ocorrido, estupefato. O barulho dos talheres já havia voltado e as conversas foram, pouco a pouco, retornando, mas ele permaneceu indiferente a tudo o mais.

Sirius Black se ia. Outra vez.

Regulus sabia o que deveria fazer: continuar sentado, terminar a refeição e eliminar o irmão de sua vida para sempre. Entretanto, isso não seria possível.

Coragem, Sirius costumava falar que era o que lhe faltava para ser alguém completo, coragem para fazer o que tinha de ser feito. Onde estava a coragem agora que ele precisava dela? Sirius era a sua força...

Mas a força sempre estivera dentro dele.

Vagarosamente, ele afastou a cadeira e se levantou. “Aonde vai?”, perguntou Walburga, desconfiada.

“Ao banheiro”, mentiu. Com a aprovação da mãe, seguiu pelos corredores e encontrou Sirius já no hall. “O que você pensa que está fazendo?”

“Algo que já deveria ter feito há muito tempo”, ele respondeu com raiva.

“Esqueça!” Os miosótis se fixaram nas íris tempestuosas de Sirius, suplicantes, mas algo de muito errado se sucedeu. “Não vale a pena.”

O primogênito estava cego pelo ódio e pelo remorso, tão cego que já não o podia ver, embora seus olhos se buscassem.

“Você...”, suas palavras saíram roucas, dolorosas, “Você é como todos os outros. Você é igualzinho a eles.” Afastou-se num passo que era como um precipício que começava a dividi-los, dilatando-se. “Você escolheu um caminho diferente do meu – escolheu esquecer.”

“Fui eu ou você?”

Mas Sirius nunca respondeu àquela questão. Regulus assistiu-o ir-se embora, levando tudo o que o caçula fora consigo. Não havia espaço para nós. “Nunca.”

“Mestre Regulus não deveria se importar com o irmão” Kreacher emergiu das sombras, esfregando as mãos, satisfeito com a partida de Sirius. “A alma de mestre Sirius já está imunda e não há lugar para a sujeira no nome dos Black, mestre!”

Regulus continuou observando-o, gélido. Num rompante de ódio, ele pensou que o mantra de Orion era cuspido por aquela pobre criatura que seus pais haviam enlouquecido com sua mania de Toujours Pur. Com o tempo, ele se lembraria que acreditava naquilo também. Ou, pelo menos, costumava acreditar.

“Mas mestre Regulus é puro... o mais puro dos Black. Não deve se deixar contaminar pela imundície do irmão”, ele acrescentou, como um elogio, sorrindo largamente sob o nariz pontudo.

“Sim, Kreacher... é claro.”

Infeliz – e tendo perdido o apetite -, ele subiu as escadas até chegar ao próprio quarto e se trancou lá. Seus olhos tão vivos já mergulhavam na morte e ele observou as gaiolas com indiferença.

“Você é como todos os outros.”

Escancarando a pequena janela triangular, tomou uma delas em mãos e observou um dos pequenos pássaros. Finalmente tudo se desanuviou frente aos seus olhos: ele percebeu o seu erro, ouvindo as palavras de Andie ecoarem dentro dos seus pensamentos – “Voa!”

“Você é igualzinho a eles.”

Um a um, ele os libertou, todos, e os observou voarem noite adentro, sob as estrelas. Aquele seu reino, construído sobre mentiras e ilusões, se esvaía aos poucos, desestruturando-se: ele havia construído a desconstrução. E se deixaria arrastar por ela entre os escombros, cada vez mais soterrado.

Então, a certeza penetrou a cortina nebulosa como uma lâmina impiedosa. O que havia de errado com ele era que não podia ser como um daqueles pássaros – não podia se ir para um reino livre: ele era a gaiola.

Uma gaiola vazia.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "36 Degrees" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.