As três da manhã escrita por Krueger


Capítulo 36
Toda a verdade que vocês precisam saber


Notas iniciais do capítulo

Não me matem.



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Talia C.

Depois daquele dia, eu esperava ansiosamente junto com Bianca a estréia de seu espetáculo de dança. Ela estava um pouco mais fria e distante de mim, acreditei que seria por causa dos pesados ensaios que Pety obrigava-a realizar. Quando cheguei da escola, bem no dia da estréia de Bianca, fui para a cozinha e comecei a preparar um brigadeiro de panela, depois de pronto comi um pouco enquanto pensava na roupa que usaria para vê-la. Meu irmão chegou e passou pela cozinha sem falar comigo. Deve ter ido tomar um banho, guardei o brigadeiro na geladeira e acendi um cigarro (maconha).
–Podemos conversar? - perguntou Jon aparecendo na cozinha depois de um tempo. Apaguei meu cigarro de maconha e ele percebeu. - Usando drogas de novo?
–Só queimando alguns neurônios. - respondi jogando o baseado no lixo. Encostei-me a bancada ao lado da pia. - Fala.
–Eu estava pensando em Duda de novo. - começou com as mãos nos bolsos de uma calça jeans. - Você disse que eu sempre fico bonzinho quando penso nela, é verdade.
–Hum... - gemi fingindo interesse. - E?
–Acho que a gente devia colocar tudo em pratos limpos. Começar a nos entender invés de um brigar com o outro.
–Por que isso agora? - perguntei desconfiada. - Você só me trata bem quando pensa na falecida Duda.
–Tem razão. - confirmou. - Isso é outra coisa, eu quero realmente que me perdoe.
–Perdoar, por você me bater a infância inteira ou por você me molestar, ou por você quebrar o nariz do meu melhor amigo? Quais motivos?
–Todos. - disse se aproximando. Eu não estava gostando disso.
–Ta. Mas antes de eu dizer: Oh Jon eu te perdôo. Diga-me toda a verdade começando por Duda.
Ele mordeu o lábio inferior confuso, se não estivesse com uma aparência triste aquilo poderia até ter sido sexy.
–Você sabe, éramos apaixonados. Eu pretendia me casar com ela. Então um dia fomos a uma festa, e tinha um maldito traficante lá que deu em cima dela. Eu... Bati no cara como sempre, eu nunca suportei que alguém tocasse em Duda nem mesmo o irmão dela.
–O Eduardo. - confirmei. - Não confiava nem no seu melhor amigo, irmão dela? Acha que só porque você me estuprou todos os irmãos vão fazer isso com suas irmãs?
–Não é isso. - disse passando as mãos pelo cabelo. Eu o conhecia bem o suficiente para saber que se eu continuasse a interrompê-lo, iria se enfurecer e esquecer a ideia de retaliação. -Eu a amava, ela era minha e só eu podia tocar nela. Entendeu?
–Claro. - concordei. Se discordasse Jon iria embora. E eu não queria, realmente me interessei, afinal ele ia me contar tudo.
–E tinha a namorada desse cara, uma tal de Yasmin. Ela achou que fosse o contrário, que a Duda estava dando em cima de seu namorado. Então, nos perseguiu. Eu trouxe Duda para cá, passamos a noite juntos e de manhã a coisa esquentou...
–Vocês transaram. E depois?
–Ela foi embora, chateada com umas coisas nossas. E então a tal de Yasmin, matou-a. Os jornais diziam na época que foi um assalto seguido de morte só que a garota não levou nada. Nem mesmo a mochila da Duda. Eu tinha que fazer algo.
–Perae... A garota matou a Duda por causa de um mal entendido?
–Eh... - confirmou tristemente. - Eu perdi a garota que amava por causa dessa vagabunda.
–Disso eu não sabia. - confessei. Era difícil saber que Jonathan tinha sentimentos por alguém além de si próprio. - O que você fez?
–Lembra... Aquele dia em que você me viu com um grupo de amigos batendo em uma garota?
–O dia que você me fez mentir para a polícia? - perguntei recordando-me. Ele balançou a cabeça confirmando. - A garota era Yasmin.
–Sim.
–Droga Jon. Isso não justifica, o que você fez para a garota não vai trazer Duda de volta. Não vai, nem ia. - falei apavorada me recordando daquela noite.
–Eu sei... Eu sei disso agora, antes eu era um... Rebelde sem causa, e não ligava nem me importava com ninguém. Eu pensei que podia fazer justiça com as próprias mãos.
–Tudo bem... - eu estava próxima o suficiente para colocar uma mão em seu ombro. - Agora eu entendo.
–Não. Eu te batia porque... Eu queria descontar minha raiva em algo ou alguém, e escolhi a pessoa errada para isso. - confessou. - Me desculpa?
–Sabe, no fundo em sempre soube que você me amava. - falei abraçando-o. Ele se assustou por causa de minha proximidade. - Eu também te amo. Afinal, somos irmãos.
–Que bom que entende. - sussurrou.
–Você não explicou uma coisa. - falei soltando-o. Seus olhos azuis encontraram os meus. - A noite do seu aniversário.
–Eu estava um pouco bêbado. - confessou coçando sua barba. - Eu realmente fiz aquilo porque eu quis, naquela época eu tinha uma quedinha por você.
–Eu sou sua irmã. - falei indignada. - Como você fala isso assim...
–Você disse que gostou. Lembra aquele dia que estava louca de maconha? Sei que também está agora. - lembrou-me. Eu acho que fiquei sem graça pois sai de perto dele quase saindo da casa.
–Eu posso ter fumado um baseado, mas não estou burra. Você está dando em cima de mim na maior cara de pau!
–Que foi? Aquele dia você me beijou.
–Jon esquece isso. Somos irmãos e eu amo a Bianca.
–Talvez ela não ame mais você.
–O que disse? - perguntei franzindo a testa.

Jonathan C.

–Eu disse que talvez, ela não ame mais você. - confirmei. Ela que estava a ponto de sair da cozinha recuou, ficando a centímetros de mim.
–Como tem tanta certeza? - perguntou desconfiada. Seus olhos se estreitaram.
–Porque eu transei com ela nesta cozinha, e esta semana também enquanto você dormia.
–Mal fizemos as pazes e já está mentindo?
–Estou falando a verdade. - retruquei furioso. -Aquela garota seduziu a nós dois e anteontem foi atrás de mim, na verdade não foi a primeira vez. Lembra aquele dia que ela descobriu que você a traiu? Aquela foi a primeira vez que me procurou nas suas costas. - confessei. Se eu ia contar tudo a Talia tinha que mostrar a vadia que sua namorada era. - Tem certeza que ela é tão apaixonada por você assim?
–O que você ganha contando isso para mim?
–Disse que ia te contar toda a verdade. Essa é a verdade. Eu não estou apaixonado por ela, para mim foi uma diversão errada trair você debaixo de seu nariz. - confessei e senti seu olhar de ódio. No azulado de seus olhos brotavam lágrimas. - Eu a comparei com Duda, mas ninguém é igual a ninguém. Percebi que foi uma transa boa só que eu não a amo.
Ela fungou, estava a ponto de chorar. Tentei abraçá-la, contudo ela se afastou bruscamente.
–Cala a boca. Você está mentindo. - gritou furiosa. - Não encosta em min. Eu realmente achei por um segundo que nós estávamos bem e que pela primeira vez na vida seríamos irmãos normais. É claro que você tinha que estragar isso jogando na minha cara que comeu a minha namorada.
–Eu só o fiz pois achei que ela fosse parecida com... A Maria. - justifiquei.
–Ninguém jamais vai ser parecido com a Duda. Sabe porquê? Ela era gentil, sincera e nunca trairia você, nem pelo homem mais bonito do mundo.
–Claro esse homem sou eu. - brinquei para quebrar o clima tenso, o efeito foi pior. Ela pegou a primeira coisa que viu e jogou em mim. Uma panela que estava embaixo da bancada de mármore.
–Bianca não é parecida com a Duda... Porque ela é uma vadia! - gritou furiosa. Percebi que saía da cozinha.
–Aonde vai? - perguntei a seguindo.
–Sabe foi bom você me contar tudo. Sabe onde vou? Ver minha namorada estrear Romeu e Julieta. - disse com um ar de ironia.
–Tay, você ta nervosa não vai fazer nada assim. - falei.
–Vou, somos irmãos e se você realmente quer que eu te perdoe vai agora tirar o seu carro da garagem e me levar para esse teatro! - gritou. Meus pêlos se arrepiaram pela primeira vez eu tive medo não só dela e com o que poderia fazer. A chave do carro já estava no meu bolso, segui caminho da garagem e ela seguiu-me.
Entrei no carro e liguei o motor. Ela abriu o portão da garagem e pulou para o banco ao meu lado. Quando já estávamos fora da garagem apertou o controle automática e o portão se fechou atrás de nós.
–Só me diga o que vai fazer. - falei pausadamente.
–Se aquela vadia abriu as pernas para você, eu não devo ficar chateada com você porque você é solteiro e não traiu ninguém. Ela, tinha um relacionamento e além de me trair, foi com você. Eu aceitaria que fosse com qualquer filho da puta na face da terra menos você. - disse já calma. - Eu vou estragar a carreira dela. Depois desse espetáculo ela não vai fazer mais nenhum na vida.
Engoli em seco, pela primeira vez vi em seu olhar um traço de minha personalidade.
–Ta... Eu estou com você para o que der e vier. Afinal, você é única família que tenho agora.
–Cala a boca e dirige. - falou revirando os olhos. - Vai!
[...]
Quando parei o carro na frente do teatro Bolchevique, Talia saltou para fora, não antes de avisar-me que estaria me esperando. Fui estacionar e só encontrei vaga num quarteirão de distância dali. Odeio São Paulo.
Praticamente corri para chegar ao teatro a tempo. Talia já estava impaciente.
–Que demora. - reclamou.
–Ah... Está com os ingressos? - perguntei e ela balançou a cabeça negativamente. - Merda Tay.
–Já sei. - ela entrou e foi a bilheteria. Faltava meia hora para o início e o teatro já estava bem lotado. Segui-a. - Dois ingressos, aliás eu tenho uma reserva. Sou a namorada da protagonista. Talia Caroline.
–Ah sim. - a garota entregou as entradas para Tay e seguimos para dentro. Nosso vestiário estava bem informal para o ambiente onde os homens estavam de ternos e as mulheres com vestidos elegantes. Eu, de camiseta e calça jeans, Talia também.
–Precisamos encontrar os camarins. - disse Tay virando-se para mim. - Espera aquela não é Rebeca? Isso!
–Quem é Rebeca? - perguntei e me lembrei que era a melhor amiga de Bianca. Para mim as duas estavam afastadas.
–Rebeca! - gritou Talia se aproximando da garota, passando por uma fileira de cadeiras vazias para uma porta ao lado do palco.
–Talia? Você não vai ver a peça? - perguntou a tal de Rebeca. A vi na festa em que fui par de Bianca.
–Vou, antes eu gostaria de ver a Bianca. - pediu Tay. Eu não sabia o que ela ia fazer, coisa boa não era.
–Claro, vem comigo. Ele não. - Rebeca apontou para mim.
–Claro. - Tay me fitou. - Escolhe um lugar para nós dois bem aqui na frente do palco. Eu já volto.
Então, ela sumiu pela porta e Rebeca também. Droga. Sentei-me bem na frente do palco como ela havia pedido, o que será que Talia ia fazer?


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Notas finais do capítulo

#JonaBi, #TayJon ( ta bom kkk) ou #BianTa ( klkkll) não me matem. Faltam três capítulos para a historia acabar. O que será que Tay vai fazer?



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