As três da manhã escrita por Krueger


Capítulo 31
Afeto




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Jonathan C.

Eu estava trocando de roupa enquanto Maria jogava em meu videogame deitada em minha cama. Parecia tão natural, seus cabelos espalhados pelo colchão, ela estava completamente nua e não se importava com nada. Não estava vulgar, estava como... Duda.
–Amor? - chamei. Seus olhos castanhos encontraram os meus. Ela sorriu. - Posso... Dizer uma coisa.
–O quê? - eu não sabia como contar. Como dizer, ela ia ter um chilique se soubesse a verdade. Ela se deitou de barriga para baixo e largou o controle do videogame.
–A... - prendi meus lábios. Seus olhos estavam me avaliando esperando que eu continuasse. - A... Camisinha estourou.
–Ela o quê? - gritou se levantando. Confesso que gostei de vê-la nua. - Não brinca Jon.
–Eu to falando sério. - sussurrei.
–Droga... - ela começou a pegar suas roupas no chão. - Eu avisei, falei para você tomar cuidado... Droga.
–Ta tudo bem.
–Não ta! - ela vestiu sua blusa sem se importar com o sutiã. - Eu vou embora.
–Calma... - passei minha mãos ao redor de sua cintura impedindo-a. - Se você engravidar, vamos ter uma família.
–O problema não é eu engravidar. É o estrago que isso vai causar. - ela me empurrou e terminou de se vestir. - Primeiro você bate naquele cara, depois a gente vem para cá. Transamos e... Eu posso engravidar.
–Eu gostei de bater naquele cara.
Ela me olhou surpresa.
–Ele é um traficante Jon. Sabe-se lá com quem você se meteu.
–Eu não tenho medo, eles não podem fazer nada para mim.
–Claro. E para mim? A namorada dele é uma puta...
–Eu não vou deixar ninguém fazer mal a você.
–Não adianta você já fez. - ela passou por mim, mas segurei seu braço.
–Eu te amo. - falei. Soltei-a, ao invés de seguir seu caminho ela me beijou. Me beijou daquela maneira espontânea, que só ela sabia fazer. Agarrei seus cabelos castanhos e ela gemeu. - Fica...
–Eu não posso. - se afastou sem tirar o olhar do meu. - Vou para casa.
–Por favor...
–Eu tenho que estudar para a prova de amanhã. Diferente de você meus pais não têm condição de pagar uma faculdade para mim. - pegou sua mochila e saiu do quarto. Mal sabia eu que aquela seria a última vez que a via.
Percebi que havia adormecido na frente do computador. Esfreguei os olhos, estava difícil me manter acordado, não depois da madrugada que passei com Bianca, eu só queria revê-la novamente. Estava torcendo para que viesse dormir com minha irmã esta noite.
Malditas lembranças de Duda, naquele dia... Ah... Foi o último dia que a vi. Quando saiu da minha casa e foi para a sua acabou sendo parada pela namorada do traficante que deu em cima dela numa festa. Por isso eu bati no cara, pensei que viriam atrás de mim. Foram pior, mataram Duda com três tiros... Um na cabeça e dois no peito.
A garota que atirou em Duda eu mesmo tratei de dar o troco, nada adiantou isso não traria ela de volta para mim. Joguei o computador no chão com fúria.
–Isso não vai trazer ela de volta. - sussurrei para mim mesmo. A porta de minha casa se abriu, Talia. Estava sozinha, nem percebi que horas eram. Pelo visto estava tarde. Sai do escritório e fui até a sala onde Talia cambaleava e lutava para se levantar, sentada no meio do tapete.
–Pode rir... - sussurrou ela. Completamente bêbada, sua voz a denunciava. Então ela começou a rir. Fui até Tay, ajudando-a a levantar.
–O que você usou? - perguntei-lhe. Seus olhos estavam vermelhos ao redor da íris azul. - Maconha?
–E se usei? - ela começou a rir. - Você não se importa.
–Você é minha irmã. - falei apertando seus braços. Seu olha trêmulo sobre o meu. - Nossos pais se foram, eu sou a única coisa que você tem.
–Eu posso estar brisada, não estou burra. O que deu em você? - perguntou com uma voz irritante. Odiava seu jeito bêbado.
–Nada. - falei. - Vem eu te ajudo.
–Não quero sua ajuda. - ela me empurrou e caiu no chão. Continuou rindo, nada tinha graça.
–Vamos Tay. - ajoelhei-me ao seu lado. - Você precisa dormir.
–Eu admito que gostei. - disse ela. Franzi a testa. - Lembra, você disse que eu gostei, não tinha coragem para admitir.
–Tay somos irmãos.
–E daí? - ela me agarrou e colou seus lábios aos meus. Podia estar bêbada contudo sabia o que estava fazendo. Retribui o beijo sentindo sua língua percorrer a minha ela beijava bem. Droga o que estávamos fazendo? Ela se afastou bruscamente e sorrindo. - Viu irmão... Não precisava ter me forçado a nada. Era só pedir com jeitinho.
–Você ta bêbada. - peguei-a no colo e levantei. Talia não era pesada diferente do que eu pensava. Ela passou os braços por minha nuca e fungou em meu pescoço.
–Somos a única coisa que temos. - sussurrou. - Eu só tenho você... E você só tem a mim.
Não respondi, caminhei pela casa com ela. Depois de subir as escadas, abri a porta de seu quarto e a deixei deitada na cama. Seus olhos azuis estavam me fitando, o tempo todo. Tirei seus sapatos e a cobri com seu edredom.
–Boa noite. - falei beijando sua testa. Ela agarrou meus cabelos, aquilo doía.
–Promete... Que vai esquecê-la.
–Quem?
–Duda. - disse séria. - Só quando pensa nela que você fica bonzinho desse jeito.
–Talia não inventa. Você ta bêbada.
–E por que esta me ajudando? Se você me odeia... - sussurrou.
–Na verdade eu te amo. - sussurrei me afastando. - Eu tenho que cuidar de minha irmã de vez em quando.
Sai do quarto e bati a porta. Quando ela acordasse de manhã não lembraria de nada mesmo.


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Notas finais do capítulo

5 coments...



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