As três da manhã escrita por Krueger


Capítulo 11
Ele vai pagar




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"O medo segue os nossos sonhos..." Chorão

Bianca S.
–Mãe? - perguntei entrando no seu quarto de hospital, ela estava deitada tomando soro na veia do braço direito. Meu pai dormia numa poltrona ao lado da cama.
–Bia... Eu não queria, ele insistiu. - disse ela tão baixo que demorei para entender o seu sussurro. Peguei sua mão na cama.
–Quanto? - perguntei já imaginando a enorme conta de despesas médicas, não acreditava que meu pai tinha a levado para um hospital particular e eu sabia que ali nada era de graça muito menos barato.
–Ele não me disse. - disse olhando para ele que continuava dormindo como se nada o preocupasse.
–Desculpa a pergunta mãe, de onde vamos tirar dinheiro para isso? Aliás, você tem tratamento no hospital municipal, porque não foram para lá? - perguntei preocupada. Não tínhamos sequer dinheiro para o aluguel de nosso apartamento.
–Não sei... - ela tossiu. - Seu pai disse que os leitos estavam ocupados, eu não tinha lugar para ficar a não ser os corredores. - voltou a tossir.
Respirei profundamente e sentei ao lado de meu pai. Minha mãe acabou adormecendo antes que eu voltasse a lhe perguntar mais alguma coisa, peguei meu celular e percebi que tinha uma mensagem de Rebeca no WhatsApp.
(Eu e Renan vamos comer lanche hoje, quer ir?)
Não estava nenhum pouco a fim de segurar vela, muito menos acompanhar o casal apaixonado que se beijavam já querendo arrancar um a roupa do outro.
(Não. Vocês vão querer transar na minha frente.)
Ela mandou um áudio rindo. Rindo não, tendo um ataque de histeria. Acabei rindo também só ela para me animar no momento em que estou devendo até a calcinha que uso.
(Lógico que não vamos, já transamos. Renan não tem um pau, tem um tronco! 😍)
(Credo! Poupe-me de seus detalhes sórdidos.) - mandei horrorizada. Meu pai roncava ao meu lado quase caindo no chão.
(Vamos! Eu chamo o Christopher, ele também dança lá na academia mas você não sabe disso porque passa seu tempo livre lembendo buceta.)
–Você é a filha do casal? - perguntou uma enfermeira na porta do quarto. Guardei meu celular no bolso e andei até ela. Depois pensaria numa boa resposta para as idiotices de Rebeca.
–Quanto vamos ter que pagar?
–Nossa! Eu só ia passar a situação da doença, você é direta. - respondeu surpresa. - Se ela for ficar o mês inteiro, vinte mil.
–Ouça, meu pai a trouxe porque não tinha vaga nos hospitais públicos. Não temos dinheiro.
–Eu acho melhor tentar arrumar dinheiro. - disse desmanchando o pequeno sorriso que mantinha. - Se não, sua mãe não receberá nenhum comprido a mais, e vamos ter que chamar a policia para ver quem paga o calote.
–Eu sei que este hospital é um dos melhores quando o assunto é câncer, eu quero que minha mãe fique aqui e melhore. Não poderiam abrir uma exceção?
–Ah? - ela riu. - Se você quer que ela sobreviva ao que quer que seja, pague a conta. Se abríssemos exceções o dono daqui não seria um bilionário. Vou notificar a situação de vocês ao diretor, se ele tiver pena talvez saiam dessa, mas sua mãe só ficará hoje de graça.
Droga! Voltei para o quarto e ela sumiu. Rebeca era rica, Talia também. Eu não via motivos para pedir dinheiro se nunca dei nada a elas, contudo eu precisava. Pela vida de minha mãe. Então resolvi, na manhã seguinte estaria na casa de Talia, suplicando um empréstimo para minha própria namorada, irônico não?

Talia C.
Eu me via, com onze anos morrendo de medo de meu irmão. Aquele medo voltou e mais forte, era apenas eu e ele agora, não teria mais pais para me defenderem. Muito menos justiça, Jon era formado em advocacia, saberia muito bem mentir. Quando ele me deixou em casa sozinha chorei até não poder, até não sentir que conseguiria mais. Meu celular vibrou com uma mensagem de George.
(Festa! Veada, arrume uma fantasia e vai sambar na cara da sociedade. Eu e Ted buscaremos você as sete. Beijos no c*)
Acabei rindo em meio as lágrimas. Essa festa seria boa para me fazer esquecer os problemas, Jon e principalmente Bianca. Estranho ela não me ligar o dia inteiro, muito menos dar um sinal de vida. A festa seria a fantasia e eu sei que Tita iria comparecer... Sequei se lágrimas e corri para meu quarto em busca de uma roupa provocante.
As sete em ponto, uma buzina soou na frente da casa. Jon saiu ao mesmo tempo que eu, de seu quarto e percorreu o olhar por mim. Não sabia que ele já havia chegado da empresa. Muito menos que iria sair. Seus cabelos castanhos estavam molhados e sua camisa aberta, quando ouviu a buzina saiu para averiguar e, encontrou-me vestida como uma diabinha malvada.
–Vai onde vestida de prostituta? - perguntou coçando a barba. - Dar?
–Eu vou a uma festa. - ajeitei a curta saia que usava.
–Pensa que esqueci o que aprontou na escola? Você tá de castigo. - ele sorriu e começou a atravessar o corredor até a escada.
–Não estou não. - gritei batendo o pé no chão. - Eu vou.
–Não vai, nem que para isso eu te tranque em... - a campainha soou. - Ora. Antes vou ver quem é a sua companhia para a festa.
Desceu as escadas e eu o segui correndo. Se ele encontrasse George aconteceria uma pancadaria e eu não estava querendo ver meu amigo sofrer. Passei por ele na corrida e estiquei os braços na frente da porta da sala.
–Não. Tudo bem eu fico em casa, não abre a porta! - supliquei.
–Hum... É agora mesmo que quero abrir. - ele me empurrou e abriu a porta. Merda. George aguardava vestido de mulher e em cima de um salto agulha vermelho. Merda duas vezes!
–Uau! - George exclamou. - Que ótima surpresa, uma bela visão de músculos.
–George vai embora. - falei me recompondo. - Jon abotoa a sua camisa!
–Que isso? Não. Por mim Jon pode ficar nu que é bem melhor e favorável. - disse George se abanando.
–Eu vou fingir que não te vi, não te ouvi e não te conheço. - disse Jonathan sem expressão. - Se veio buscar sua prostituta ali está ela. - ele apontou para mim. - Agora dou a vocês dois segundos para irem embora.
–Ta bom. - concordei franzindo a testa, o que o fez mudar de ideia tão de repente? Passei por Jon e por George, esperando o mesmo me acompanhar, mas ele ficou parado olhando para meu irmão. Usando salto ele ficava maior que Jonathan.
–Um... Dois... - contou Jon. Olhei para ele ainda não entendendo nada, apenas vi ele esmurrar o rosto maquiado de George fazendo-o balançar e quase cair dos saltos. - Eu avisei!
Gritei quando George saiu correndo para o carro gritando o nome de Ted. O outro garoto saiu do banco do motorista, enquanto George choramingava no banco do passageiro.
–Quem você pensa que é? - perguntou Ted se aproximando da entrada da casa.
–Tem quantos veados naquele carro? Oitenta? Vou ter que bater em um por um. - resmungou Jon enquanto abotoava sua camisa social. Quando levantou seu olhar para Ted teve um susto, Teodoro lutava boxe e karatê, era fato que Jon ia levar uma surra.
–Espero que peça desculpas a George. - disse Ted e eu não controlei meu sorriso.
–Pelo quê? - perguntou Jonathan sorrindo. - Ele mereceu, se você quiser eu também posso bater em você.
–Parem! - gritei. - Ted entra no carro e vamos embora. Jon não merece que percamos nosso tempo com ele.
–Eu ainda volto e te retorno a surra. - disse Ted olhando para ele. Se virou e voltou para o carro, eu fiz o mesmo. Quanto antes deixássemos aquele lugar, melhor.
–Você está bem? - perguntei colocando a mão no ombro de George. Ele assentiu com a cabeça.
–Nem doeu, só queria que Ted desse uma surra no seu irmão. - confessou ele começando a sorrir.
–Eu ainda darei. - respondeu Ted acelerando o carro e deixando para trás a mansão e meu irmão problemático.
–Tudo bem. Ele ainda vai pagar por isso, mas agora festa? - perguntei animada. Ge soltou um gritinho enquanto eu me inclinava entre o banco para ligar o rádio. Tocava uma música da cantora Tove Lo. George começou a cantar junto, não no inglês correto e sim numa mistura de tailandês e grego.
Jon ainda ia pagar por tudo o que ele me fez passar, e principalmente por George. No fundo, ele mereceu porque provocou a fera.
–É uma pena que um homem tão delicioso seja tão mau... - sussurrou George e Teodoro tossiu. - Amor sem ciúmes, eu ainda amo você.
Eu achava tão bonito os dois. Só faltou Bianca ali, eu gostava de sair e mostrar para todo mundo a linda e maravilhosa namorada que eu tinha. Pena que ela era grudenta.


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Notas finais do capítulo

O que estão achando de Jon? Sinceramente eu adoro ele, e vocês logo logo vão saber porque ele é tão mauu...



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