Essa noite, Annabeth até tentou, mas dormir que é bom nada. Mesmo que ela tivesse conseguido, o que não aconteceu, ela teria sonhado com Percy, e só o remorso pelo que aconteceu com tal faria Annabeth desejar não dormir nunca mais. Saiu de seu quarto depois de passar uma noite inteira em claro ao ouvir o som de seus irmãos chegando.

– Annabeth! – Lucy gritou e correu aos braços junto a seu irmão.

– São oito da manhã! Também fiquei com saudades, mas os gritos são dispensados. – Matt pegou sua mochila e a de Lucy e as levou para o quarto, enquanto Annabeth colocava na mesa algo para eles almoçarem.

– Você está com uma cara péssima. – Lucy comentou, e Annabeth riu.

– Muito gentil da sua parte irmãzinha. – Annabeth encheu dois copos com suco para seus irmãos. Matt voltou e sentou-se ao lado de Lucy.

– Também quero passar a noite toda acordado. Nós tentamos ontem, e eu quase consegui! – Matt comentou, e Lucy bateu o garfo no prato.

– Mentira! Ele foi dormir eram nove e meia da noite. – Matt fez bico e Annabeth gargalhou. – Já eu fui dormir quase onze! – Lucy sorriu orgulhosa.

– Caramba! Nem eu dormia assim tão tarde! – Annabeth bagunçou seu cabelo e rindo. Lucy e Matt riram junto. – O que querem fazer hoje? –

– O Tristan chamou a gente para ir num parque. Podemos? – Os dois arregalaram os olhos para Annabeth.

– Talvez. Que parque? – Ela tomou um gole de café sentando-se de frente aos irmãos.

– Cone... Coni... – Matt tentou se lembrar, e Lucy o interrompeu.

– Coney Island. – Ela concluiu, com firmeza.

– Coney Island? No Brooklyn? Não mesmo! – Annabeth revirou os olhos.

– Ah Annie, por favor! – Os dois imploraram em coro.

– Não! Sair de Manhattan sem mim? Nunca! – Lucy fez bico e Matt cruzou os braços.

– Você não confia na gente? – Matt perguntou fazendo charme. Annabeth riu.

– Vocês têm sete anos, eu confio em vocês para fazerem os deveres de casa sem supervisão e só! –

– Mas você nunca fica aqui com a gente Annie. – Lucy protestou.

– Estou aqui hoje não estou? Digam-me o que querem fazer que eu faço. – Annabeth respondeu dando ombros, um pouco abalada pelo comentário de Lucy.

– Ah, mas hoje a gente não quer ficar com você! A gente quer ir para Cone... –

– Coney Island Matt. – Annabeth o lembrou.

– Isso! – Ela e Lucy riram, e sem entender bem, Matt riu também.

– Vamos fazer um trato. – Annabeth apoiou-se na mesa chegando perto dos irmãos. – Vou ligar para Malia, como vocês não querem fazer nada comigo, ficarão com ela. Assim que a inauguração do museu acabar, vamos viajar para Califórnia. Levarei vocês à praia, aos pontos turísticos, a Disney e o que mais quiserem fazer. –

– Mesmo? – Os olhos de ambos brilhavam diante a proposta de Annabeth.

– Mesmo. – Annabeth sorriu, e deixou as crianças aos pulos enquanto ia ligar para Malia, babá de Matt e Lucy.

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Era tarde quase noite, e Annabeth passou o dia todo em casa. Havia feito milhares de desenhos em seu tempo extra, até a hora em que ainda estar de pijama a incomodou e ela foi tomar banho. Quando estava prestes a voltar para seus desenhos, Lena apareceu.

– Annabeth! Você está – Elena se interrompeu a porta. – Cansada. Desistiu de dormir foi? –

– Estou aberta a receitas para entrar em coma. – Annabeth abriu espaço para Elena entrar e as duas riam.

– O que aconteceu? Estava com medo de dormir sozinha? – Annabeth sentou-se na cadeira de sua escrivaninha encarando seus desenhos e Elena sentou-se no colo dela, embolada com as sacolas.

– O bicho da insônia veio dar um oi, mas quis ficar para um café. – Annabeth respondeu e elas riram.

– Em falar em sozinha... Matt e Lucy ainda não chegaram? Está tudo tão quieto. – Annabeth riu e Lena pôs as sacolas no chão.

– Estão na Malia. –

– Você está dizendo que você ficou o dia todo em casa e eles não se aproveitaram disso? Mentira! – Lena arregalou os olhos e Annabeth voltou a rir.

– Queriam ir para Coney Island com um amigo. Eu disse que vamos viajar para Califórnia e eles serão anjos até a viagem. –

– Boa Annie! – Lena ergueu a mão rindo e Annabeth a bateu como um cumprimento de mão. – Mas por que escolheu a Califórnia? Nem na Austrália você ia muito à praia. –

– Recebi uma proposta. Vou arquitetar um estádio. – Annabeth levantou, fazendo Lena levantar-se e se jogou na cama.

– Eu até ia te dar os parabéns se a ideia de você estar indo para Califórnia a trabalho não me irritasse profundamente. – Elena sentou-se na beirada da cama e tirou de uma das sacolas um lindo vestido vermelho.

– Pelo visto a noite vai ser boa! – Annabeth riu e assobiou para o vestido.

– Adivinha! Não, deixa que eu conto. – Elena começou, e a velocidade de sua fala trouxe gargalhadas a Annabeth. – Eu marquei um jantar hoje com o Percy e ele vem aqui me buscar! –

– Uau! – Annabeth parou por um instante, mas pensou que não tinha que ter uma opinião formada sobre. Elena estava feliz, e era isso que importava. – Vai Elena! Estará linda. – Annabeth apoiou-a.

– Espero que não se incomode, mas como minha casa está uma zona e vocês já se conhecem, eu o chamei para esperar aqui... – Elena contorceu a cara esperando que Annabeth a matasse, o que a fez rir.

– Que horas ele chega? – Ela perguntou e Elena olhou para o relógio.

– 3 minutos. Tenho que correr para me arrumar. Te amo! – Lena a abraçou rápido e saiu correndo para entrar em seu apartamento antes que Percy a visse. Annabeth não sabia se ria ou chorava, pois a coisa que menos queria era ver Percy.

Não sabia muito bem quanto tempo passou pensando, mas foi acordada pelo som da campainha. Annabeth correu até a porta e respirou fundo antes de abrir.

– Annabeth Chase. Vejo que teve uma ótima noite de sono. – Percy disse sorrindo, mas ainda com uma ponta de surpresa. Nunca estava pronto para encontrar Annabeth novamente.

– Jackson. – Annabeth cumprimentou com a cabeça e fez sinal para que ele entrasse. – Melhor impossível. – Eles riram e Annabeth tomou a frente, levando-o para sala.

Percy começou a reparar no apartamento. Era enorme, o que já era de se esperar pelo local onde se localizava. Era a cara de um apartamento decorado por uma artista. Quadros e fotografias de lugares por todos os cantos, cores calculadamente escolhidas, móveis em pontos estratégicos e bem colocados. Era a cara de Annabeth.

– Então... Você quer alguma coisa? – Annabeth sentou no sofá, e Percy sentou ao lado dela. A TV estava ligada, e mesmo sendo enorme, o som estava quase inaudível.

– Saber por que você não dormiu. – Percy respondeu encarando-a. Annabeth riu.

– Tá tão na cara assim? – Ela deitou a cabeça no encosto do sofá e Percy sorriu.

– Mesmo você continuando linda com olheiras, está com cara de 70 xícaras de café. – Eles riram.

– Aonde você e Elena vão? – Annabeth perguntou, tentando parecer natural e desinteressada. Ela estava indo para sua mesinha que ficava num cômodo depois da sala e Percy foi atrás dela.

– Vamos à festa de recepção de um hotel, o Plazza Palace. – Ele comentou disperso, observando Annabeth ajeitar seus milhares de lápis.

– Bebam com moderação crianças. – Annabeth falou depois assobiar e Percy riu.

– Caramba! Isso é um estádio? – Percy apontou para uma das folhas enormes que cobriam a mesa. Annabeth sorriu.

– Um esboço de uns cinco. Não sei qual tamanho o terreno vai ter, então só vou imaginando algumas coisas. –

– Que modéstia idiota Annabeth. Ele está perfeito. – Annabeth corou e Percy riu. – Onde vai ser? –

– San Diego. – Ela respondeu e Percy virou-se para ela com um sorriso enorme.

– Na Califórnia? Meu pai mora em Los Angeles, a gente podia... –

– Nada. A gente não podia e nem pode nada Percy. – Annabeth o cortou e Percy riu.

– Ah para Annabeth! – Percy protestou rindo, e Annabeth o virou e começou a empurra-lo para a porta.

– Vamos, está na sua hora. – Annabeth tomava cuidado para não amassar sua camisa. Era azul, com botões mais escuros e dobras de mangas azul-marinhas. Ele estava lindo, mas Annabeth preferiu reprimir esse detalhe.

– Deixa de ser boba Annie! – Percy ainda ria, já chegando à porta.

– Anda, deixa de ser mole Percy. – Annabeth agora ria também, sem parar de empurra-lo. Eles chegaram à porta e Percy se virou.

– Até quando você vai me impedir de estar com você Annabeth? – Ela deu um beijo rápido no rosto de Percy e se preparou para fechar a porta.

– Vá buscar ela. Bom encontro garanhão vê se se comporta! – Percy riu e Annabeth fechou a porta.

Virou-se encostando a cabeça na porta e fechou os olhos. Percy seria um grande problema para ela.