Pov Rose

Acordo cedo, o sol ainda está nascendo. Todas as minhas companheiras de dormitório ainda estão dormindo, então me visto silenciosamente e saio na ponta dos pés. Passo pelo quadro da Mulher Gorda e dou voltas por Hogwarts, sem rumo. Decido ir ao Hagrid, pois ele sempre me recebe bem e eu o adoro. Pena que o Canino já morreu, meus pais disseram que ele era muito querido. Mas ele conseguiu ter filhotes quando fugiu do dono a alguns anos e eles são muitos fofos. Rúbeo nomeou-os Ossudo, Godoberto e Peluda, a única menina. Eles costumavam ficar nos fundos, então primeiro fui fazer um carinho neles, o que só é possível porque não são grandes como o pai era.

Bato na porta de madeira e Hagrid a abre.

– Rosinha! Que saudade! Como foram as férias? Como está sua família? Algum problema?

– Calma Hagrid! Também estava com muita saudade, por isso vim te visitar. Bem, minhas férias até que foram boas, fui na vovó Molly com quase toda a família, mas tio Harry, tia Gina, Lily, James e Albus foram para a França com tio Gui, tia Fleur, Victorie, Dominique e Louis. Eu sinceramente preferia ter ido com eles, melhor que aturar o chato do Hugo.

– Então que tal fosse entrar e tomar um chá para me contar tudo que vocês aprontaram?

– Claro!

Entro em sua casa/cabana e sento na imensa cama que funciona como sofá. Tomo seu chá e tenho o cuidado de não comer seus biscoitos de chocolate, que já vi quebrarem os dentes de um aluno. Conversamos e rimos por uma hora, depois volto para o castelo. Chá não sustenta ninguém, eu preciso do café da manhã no Salão Principal.

POV Lily

Acordo e olho para o lado. Não vejo Rose, mas isso não me preocupa, pois sempre levanto depois dela. Saio da cama e vejo que Lucy e Alice ainda estão dormindo, mas não as acordo. Vou para o banheiro, tomo banho, ponho o uniforme e desço para tomar café.

Rose já está na mesa da Grifinória, tomando chá e lendo o Profeta Diário. Sento ao seu lado e pego um ovo com bacon e suco de abóbora.

–Bom dia Lily.

–Faz tempo que acordou, Ro?

–Mais ou menos uma hora, eu acho. Fui no Hagrid.

–Ah, como ele está? Já estou com saudades.

–Muito bem. Os filhotes cresceram tanto, Lily...

–Preciso passar lá mais tarde. – respondo.

As corujas chegam e me deixam uma carta, que provavelmente é da minha mãe. Pego-a e vejo que estava certa. Começo a ler:

“Querida filha, eu sei que só faz um dia que nós não nos vemos, mas já estou com saudades da minha ruivinha... Eu nem mandaria essa carta, mas seu pai e seu tio Rony fizeram questão... Aposto que logo Rose também receberá uma parecida, já que meu irmão ciumento é o pai dela. De qualquer forma, eles disseram que vocês não devem namorar ninguém, em hipótese alguma, sem contar aos pais primeiro. Concordo que quero ser avisada filha, mas isso já é exagero. Eu dou minha permissão, assim como Hermione, de namorarem em paz, desde que contem a nós no mesmo dia, ou semana. Espero que esteja bem! Beijos da mamãe e do papai.”

Reviro os olhos achando graça na situação, é bem coisa do papai e do tio Rony mesmo. Mostro para Rose, que estava curiosa. Logo ela recebe a carta quase idêntica, só trocando os nomes e a ordem de tio/pai. Rimos e damos oi para o James e Hugo, que acabaram de se sentar na mesa.

Recebemos os horários do monitor-chefe, e o meu dizia que tenho aula hoje de Trato de Criaturas Mágicas, Poções duplas, Adivinhação e Feitiços e Herbologia. Pego uma maçã e saio de Hogwarts para ter aula com Hagrid, junto com Molly, Hugo e Louis.

Dou um abraço no meu velho amigo Rúbeo e espero todos os alunos chegarem, pois a aula era com a Sonserina também. Viro a cara para a Dany Goyle, pois ela estava me dando um sorrisinho cínico, coisa que eu odiava: gente falsa.

Hagrid começa a aula e aprendemos muito sobre unicórnios. Ainda bem que puxei minha mãe, ela era e é até hoje muito mais inteligente que meu pai.

A aula acaba, mas antes de nos liberar, o professor diz que temos que escrever 20 cm em um pergaminho sobre os hábitos dos unicórnios. Amo o Hagrid de coração, mas isso não se faz no primeiro dia de aula do ano.

Volto para o castelo e tento adiantar a tarefa nos 10 minutos de intervalo que temos entre uma aula e outra, no salão comunal da Grifinória. Vejo que várias pessoas estão fazendo o mesmo que eu, então chego para James e pergunto para ele o que está acontecendo esse ano.

– Bem, Dolores Umbrigde é o que aconteceu. Ela conseguiu interferir um pouco nos pensamentos de Minerva, tenho certeza absoluta que foi com a maldição Imperius, e agora o estudo será bem mais rígido.

Ouço várias pessoas xingando essa “adorável” mulher de todos os nomes possíveis. Volto a fazer a tarefa e com um pouco de rapidez e esforço termino tudo antes da próximo aula começar. Comprei ano passado uma Pena Rápida, que faz você escrever muito mais agilmente, e estou aproveitando-a muito fazendo as lições nos intervalos.

Vou para a aula de Poções, que dura duas horas. O pior é que a manhã inteira foi na companhia dos sonserinos, e isso ninguém merece. Mas meu ódio por eles tem uma razão. Ou melhor, um nome. Lysander Scamander. Graças a Deus, minhas aulas não são com ele, pois ele é dois anos mais velho.

POV Scorpius

Minhas aulas da manhã foram Transfiguração, com a Lufa-Lufa, História da Magia, com os corvinos e Trato das Criaturas Mágicas, com Grifinória. Eu sou, modéstia a parte, muito esperto, embora não seja o primeiro da escola, que no caso seria Rose Weasley. Mas se ela não ocupasse esse cargo, seria realmente muito estranho, já que ela passa todas as horas da vida enfiada nos livros. Pelo amor de Merlin, depois ela diz que tem vida social.

Bem, estávamos na aula com Hagrid, que é um grande amigo meu, nos dois sentidos. Embora meu pai e ele não fossem um com a cara do outro, eu gosto muito dele. Sou diferente do meu pai, sei que ele se arrependeu do que fez, mas isso não me impede de ter nojo do meu próprio sobrenome. Não gosto quando me chamam de Malfoy, sinto que me vêem como viam meu avô e meu pai, e isso é inadmissível para mim.

Aprendemos sobre os testrálios, e contei minha história de como consigo vê-los junto com Luke. Várias pessoas riem, outras ficam magoadas, pois estas viram alguém da família morrer. Então, Hagrid pergunta:

– Quem sabe quantos testrálios existem em um grupo e o número de macho e fêmeas?

Quando eu estava prestes a dizer, Rose ergue a mão e diz:

– Os testrálios andam em grupos de seis, com um macho e cinco fêmeas.

– 10 pontos para a Grifinória! A aula acabou! Lembrem da lição de casa: 20 cm de pergaminho sobre todas as propriedades mágicas desses animais fantásticos! – exclama Hagrid, fazendo vários alunos resmungarem.

Eu já tinha acumulado três lições de casa: essa, 30 cm sobre a 1ª Guerra dos Bruxos e 10 cm sobre transformações de animagos que não funcionaram. Resolvo fazer tudo mais tarde, e vou azucrinar a Weasley que andava a alguns metros de mim conversando com Albus.

– E aí, Weasley? Achei que esse ano você fosse mudar, se soltar mais, mas me enganei, não em mesmo? Você continua decorando os livros, uma sabe-tudo.

– Malfoy, se eu quiser ser mais reservada ou me jogar em cima dos outros, é problema meu, e não seu. E eu não decoro os livros, só lembro de ter ouvido minha mãe falando sobre testrálios para mim um dia. E mesmo que eu o fizesse, você não teria nada a ver com isso.

Albus fica só olhando, ele é tanto meu melhor amigo quanto dela. Ele não tomaria partido nessa discussão nunca.

Ela sai emburrada e meu amigo Potter me diz:

– Por que você faz isso com ela?

– Não sei, só gosto de ver ela brava. Acho que ela fica mais bonita assim. – digo sem pensar. Quando entendo o que eu falei, continuo – Não que ela consiga ficar bonita de algum jeito.

Albus me olha desconfiado e retruca que a prima dele não era tão feia assim, mas que achava melhor não se meter nessa história.

Pov Rose

O Malfoy simplesmente me tira do sério! O que ele tem a ver com minha vida? Nada. Por Merlin, o que eu fiz para aquele menino? Procuro Lily e Alice, era hora do almoço. Eu fiz as duas primeiras lições nos intervalos, comprei com minha prima uma Pena Rápida. Depois de comer, eu faria a de Trato das Criaturas Mágicas. Esse era o ano nos N.O.M.s, eu precisava me concentrar o máximo possível.

Entro no Salão Principal e minhas amigas já estavam sentadas e comendo. Me junto a elas e digo:
– O que vamos fazer a tarde, depois das aulas?

James se intromete e diz:

– Todos nós vamos no encontrar no jardim, se quiserem vir também...

– Perfeito, eu poderei conversar com a Lily sobre uma coisa. – disse Dominique.

– E por que não fala agora Domi? – Lílian pergunta.

– Eu tenho que estudar, os professores enlouqueceram e passaram muita tarefa.

Logo todos começam a discutir sobre a quantidade de lição e como dariam conta. Decidimos que o melhor a fazer é começar agora e todos saem da mesa em direção ao salão comunal para fazerem as tarefas.

Eu acabo rápido e saio para dar voltas no castelo antes das duas últimas, Feitiços e Defesa Contra as Artes das Trevas, uma com os corvinos e outra com sonserinos. Me distraio tanto que bato no Malfoy, que diz:
– Olha por onde anda, Weasley!

– Desculpa, Malfoy, estava distraída.

– Ah, então tome mais cuidado da próxima vez.

– Pode deixar. – digo com ironia.

Me viro e começo a andar para o outro lado, mas uma mão segura meu braço.

– Me solta, Malfoy!

– Espera um pouco, Rose.

Congelo. Ele realmente me chamou pelo nome? Quando ele percebe que disse isso, fala rapidamente:

– Não, eu quis dizer Weasley.

Eu digo:

– Pode deixar, Scorpius.

Ele parece um pouco desconcentrado quando entende que eu disse seu nome, mas ainda não me largou. Por isso, continuo:

–Agora, se puder me largar, seria ótimo.

Ele me solta e diz:

– Você quer dar uma volta comigo lá fora?

Concordo e saímos. Foi a única conversa civilizada que já tivemos em todo o nosso histórico, e para falar a verdade, adorei a novidade. Só nos separamos porque tínhamos aula, e eu não gosto de me atrasar.

Fui para a sala de feitiços e fiz tudo corretamente. O professor Flitwick diz que por ter respondido as questões feitas em aula corretamente, eu não preciso fazer a tarefa.

Grande parte dos corvinos me lança um olhar de inveja, pois eles deveriam ser os espertos. Não ligo para isso e ajudo Alice a fazer a dela, pois ela tinha um pouco de dificuldade nessa matéria.

Na aula de DCAT, eu e Malfoy trocamos alguns olhares, mas não nos falamos. Logo acaba e eu vou para o jardim, sento embaixo de uma árvore e começo a tarefa.

Meus primos chegam e Fred diz:
– Meu Merlin, acho que eu vou comprar essa pena que a Rose e a Lily tem. Do jeito que está as coisas esse ano, nunca vou terminar de fazer as lições com uma comum.

– É verdade, e se queremos continuar no time de quadribol temos que nos esforçar muito para dar conta de tudo. – diz Roxanne.

– As aulas mal começaram e já quero que chegue o Natal! – Lily choraminga.

De repente, Lysander e Lorcan chegam junto com Scorpius e Albus. Os gêmeos são iguais, mas suas personalidades são completamente diferentes. Lysander é, digamos, galinha, fica com todas as garotas, enquanto Lorcan é tímido. Sei que Lily gosta do mais atacado e Alice do reservado, mas eu amo os dois como irmãos. Desde criança eles vão para a Toca, ou para minha casa, ou para casa do tio Harry, ou vamos para a casa deles. Seus pais são padrinhos de Lily, e Luna é uma grande amiga de nossa família.

Lysander diz animado:

– Chegamos para alegrar esses rostos tristes!

– Você já fez todas as tarefas? – pergunta James.

– Querido James, vou te dar uma Pena Rápida de aniversário, todos precisam de uma. – ele responde.

– Sério, todo mundo tem esse troço? – Lucy pergunta.

Nós rimos, mesmo que não tenha muita graça. É isso que dá juntar muito Weasley em um único lugar: a palhaçada não tem fim.

–Ah Domi, o que você queria falar comigo mesmo? – Lily pergunta.

– Ah nada, esquece linda.

Ficamos desconfiados, mas não perguntamos nada. Percebo que Scorpius está muito quieto e quando vejo, ele tinha sumido junto com Louis, Fred, Hugo e Albus. Sabe se lá o que estavam aprontando.

–Para onde o Malfoy foi? – pergunto.

–Ah, priminha, sabia que vocês se gostavam, não dava para esconder de nós não. – fala o idiota do James.

– Querido, primeiro: não gosto dele. Segundo: só quero saber onde ele, meu irmão e meus outros três primos estão. Terceiro: eu sei que não tem como esconder nada de vocês.

– Não precisa ter vergonha não, mas de qualquer forma acho que os vi indo para as estufas. – diz Molly indiferente.

– Acho que está na hora de irmos. – diz Alice. – O sol já se pôs.

Vamos jantar e logo subimos para dormir. Para um primeiro dia de aula, já tinha acontecido coisas demais.