Chegando ao bar logo avistei Cobra sentado em uma cadeira, com o rosto apoiado na mesa. Hesitei em me aproximar. Estava mal por vê-lo assim, principalmente sabendo que era por minha causa. Me aproximei dele e coloquei minhas mãos em sua cabeça, na tentativa de levanta-la. Ele estava com uma péssima aparência. Com muita dificuldade consegui leva-lo para o táxi e com a mesma dificuldade o levei para o QG. O ajudei a entrar no chuveiro e enquanto ele tentava se recuperar fiz um café bem forte. Quando voltei ele me esperava deitado em sua cama.

– Melhorou? –perguntei lhe entregando a xícara de café.

– Um pouco. –falou ainda meio tonto- Minha cabeça ainda dói.

– Também, depois do tanto que você bebeu. –ri.

– Pois é. Às vezes é bom. –ele me encarou e eu desviei o olhar- Não sei o que seria de mim se não fosse você. Provavelmente não teria conseguido nem chegar em casa.

– Porque você faz isso Cobra? Você está fazendo mal a você mesmo. Beber não vai resolver os seus problemas.

– Mas me faz esquecer eles.

Eu estava muito sem graça! Não imaginei que depois de tanto tempo e depois de tudo que aconteceu voltaria a estar no QG. Fiquei sentada na beira de sua cama e ele adormeceu. Não sei por que não fui embora nesse momento. Levantei-me da cama e comecei a andar pelo local. Em cima de uma mesinha, toda suja de poeira, tinham vários papeis. Comecei a olhar um por um para ver se o tempo passava mais rápido. Fiquei surpresa ao ver que um deles estava com várias dobras e tinha o meu nome escrito em letra grande. Era um texto sobre mim, ou uma carta, talvez. Senti que não devia ler, era uma invasão a privacidade dele. Mas, eu podia ler e depois fingir que não sei de nada. Ele nunca iria saber. Foi isso que eu fiz.

“Quando te conheci já sabia que você estava escrita no meu destino. Tentei desviar a atenção, mas você com esse seu jeitinho de "menina mulher" me chamou a atenção. Não era uma coisa pequena, era uma forte atração, era amor e eu ainda não sabia. Não tinha coragem de admitir. Bom foi isso que me faltou, a tal coragem. Mas chegou um momento que não consegui resistir a você e finalmente, te pedi em namoro.
Naquele momento, tudo foi tão perfeito. Cada segundo que eu passei contigo, tentei aproveitar o máximo possível.
Adorava ficar ao teu lado, sentir seu abraço, o teu cheiro, teu calor, você!
Seu beijo me fez acreditar que era possível existir um amor puro, verdadeiro!
Eu precisei de você tanto!
Você fez parte de um momento maravilho da minha vida, você foi uma época na minha vida.
Foi um lindo anjo que veio perto de mim e me fez esquecer de tudo.

O meu orgulho, o meu machismo... Tudo que eu era antes de te conhecer. De repente você surgiu do nada e fez a minha esperança reascender. Foi lindo, foi mágico, foi como eu sonhei!
Se eu pudesse voltar e congelar o tempo, com certeza o momento escolhido seria o nosso primeiro beijo. Mas já não há tempo. . . Foi - se o tempo.
Já não pertencemos um ao outro, tomamos rumos diferentes.
Mas pode ter certeza de que eu nunca vou te esquecer!
Quando você foi embora, pode ter certeza de que estava levando um pedaço de mim, para todo o sempre.
Não quero que você tenha pena de mim, ou que pense que eu estou sofrendo por tua causa, é claro que estou, pessoas como você não se esquecem assim, mas estou acostumando com a sua ausência.
Quero sim, que você fique feliz pelo simples fato de eu ter tido a oportunidade de tentar te cativar. . . Nunca pedi nada em troca, pois eu te tinha o tempo todo dentro de mim.
Mesmo distante, dentro do meu universo, eu te buscava, eu te sonhava.
E pode ter certeza, de que cada momento, de que cada pensamento meu, foi sincero.
Você me cativou desde o primeiro segundo em que te vi.
E nesse tempo que passou, dentro do meu coração restou uma saudade e um amor que acho que nunca acabara.
Sei que agora tenho que te deixar partir da minha vida. Mesmo que os nossos caminhos nunca mais se cruzem, vou seguir em frente feliz, pois quando olhar para trás, você estará lá. Essa carta nunca será entregue a você, mas servirá pra eu me curar”

Ao ler essas palavras desabei a chorar. É muito bom saber que ele ainda me ama e ainda se importa comigo. Mas é humilhante ter a consciência de que tudo que aconteceu e está acontecendo é culpa minha. Dobrei a carta e a coloquei do mesmo jeito que estava. Peguei as minhas coisas e a chave do Cobra para ir embora antes dele acordar.

– Jade? Onde você vai?

– Tenho que ir pra casa Cobra. Já é tarde.

– Não vai não. Fica um pouco aqui comigo.

Ele se levantou e veio em minha direção. “Fica comigo hoje, por favor!”. Eu não resisti a eu pedido e o beijei. Ele me prensou contra seu corpo e me beijou do modo mais enlouquecedor possível. Ele me prensou contra o balcão e em pouco tempo eu estava sentada no mesmo, sem me desprender do Cobra. Tirei a camisa dele e ele começou a beijar e morder meu pescoço. Passei as unhas arranhando suas costas e ele gemeu baixo. “Você não está pra brincadeira hein” Me disse com sua vós rouca. “Agora é a minha vez” Respondi. Desci do balcão e me juntei a ele. Do mesmo jeito que foi feito comigo, mordi seu pescoço várias vezes e dei um chupão forte suficiente pra ficar bem roxo. Ele, gentilmente, me levantou e eu entrelacei as minhas pernas em sua cintura e ele me conduziu até a sua cama.

***

– Dama? Acorda! Já é tarde! –disse ele me dando beijinhos na bochecha- Bom dia! Dormiu bem princesa?

– Hm... Bom dia. Nossa, que romance todo é esse? Assim eu não vou querer ir embora nunca. –ri e lhe dei um selinho.

– Então eu vou ser romântico todo dia pra você não ir embora nunca.

– Cobra... Eu... Não sei o que eu vou fazer agora.

– Como assim?

– Cobra, eu acabei de trair o meu noivo. Isso não é certo.

– Eu sei. O que você vai fazer?

– Vou terminar.

– Comigo? –ele perguntou assustado.

– Não, seu bobo. Eu não quero me separar de você nunca mais! Eu só preciso de um tempinho pra conversar com ele, entende? Eu não posso chegar e dizer “olha eu fiz amor com meu ex-namorado ontem e nós voltamos”. –ri e ele riu junto.

– Tem razão. Mas faz isso o mais rápido possível.

– Pode deixar. Agora eu preciso ir. Depois eu volto pra gente ficar juntinho.

– Vou ficar te esperando.

Peguei as minhas coisas, me vesti e voltei pra casa. Não tinha mais idade pra levar bronca da minha mãe, mas ainda sim ela ficava muito preocupada comigo. Cheguei em casa e ela estava sentada no sofá, aflita.

– Oi filha. Onde você estava?

– Estava na Joaquina mãe. Ela estava com um problemão e eu tive que ficar lá pra dar uma força.

– Engraçado, hoje cedo a Joaquina ligou pra cá procurando por você.