Os dias estavam passando muito rápido. Eu estava com a viajem marcada, já estava encaixotando minhas coisas e preparando tudo. Desde aquele dia não vi o Cobra. Estava evitando ele o máximo que eu podia. Recebi várias mensagens e ligações, mas não respondia nem retornava. Sabia que estava errada, mas o medo de perde-lo era maior que a minha consciência. Já tinha conversado com Joaquina e ela havia me aconselhado a conversar com ele o quanto antes. Mas é como dizem: Se conselho fosse bom não se dava, se vendia. Faltavam três dias para eu ir embora. Estava em meu quarto e fui surpreendida pela entrada repentina de alguém.

– Cobra? O que você esta fazendo aqui?

– Me diz que não é verdade Jade... –Cobra estava com uma cara assustada e parecia muito nervoso. Ele andava pelo quarto olhando as caixas que estavam no chão.

– Cobra, eu posso te explicar...

– Explicar o que? Que você ia embora sem me falar nada? Que eu ia ficar igual um louco aqui pensando no que eu fiz de errado?

– Eu ia te contar! Eu juro!

– Quando Jade? Quando estivesse a milhares de quilômetros daqui?

– Não, eu estava esperando o momento certo. Deixar eu te explicar, por favor. É uma oportunidade única Cobra. Vai ser ótimo pra minha carreira.

– “Ótimo pra minha carreira”. É só nisso que você pensa não é?

– Não fala assim. Por favor! Você está sendo injusto comigo.

– É verdade Jade. E a gente? Como a gente fica?

– Um ano passa rápido.

– Um ano passa rápido? Você acha o que Jade? Que você vai pra lá, vai tocar sua vida e eu vou ficar parado aqui, esperando você voltar?

– O que você quer dizer com isso?

– Eu não vou ficar esperando por você Jade.

– Não, não Cobra. Vamos conversar! Por favor!

– Não. Não adianta Jade. Eu não vou conseguir levar tudo numa boa. Pra mim não da certo. Não se preocupe comigo, eu vou ficar bem. Eu espero que você esteja feliz com o que está fazendo e com o rumo que a sua vida está tomando.

Ele saiu do meu quarto com os olhos cheios de lágrimas, mas não permitiu que elas caíssem. Já eu não consegui conte-las. Tentei fazer com que ele me escuta-se, mas meus pedidos de nada adiantaram. Ele foi embora sem ao menos olhar para trás. É... Acabou!

Pov Cobra:

Eu sai por aquela porta com o coração na mão. Deixei toda minha vida dentro daquele quarto. Talvez tivesse tomado uma decisão precipitada e me arrepende-se depois. Eu não tinha muitas escolhas a fazer. Ou eu estacionaria minha vida e ficaria a espera de uma coisa que eu nem sei se iria voltar ou eu colocaria um ponto final nisso e tentaria não sofrer. A segunda opção me parecia mais favorável.