Os Protagonistas escrita por Menina Estrela


Capítulo 4
Sacrifiquem a vaca, e que morra junto o babaca


Notas iniciais do capítulo

Oieeeeeee! Gente, eu desapareci, desculpas mesmo. Vou fazer um esforço pra postar mais rápido já que agora a história vai começar a parte que eu gosto *OOOO* (no próximo capítulo eu acho). Quero agradecer a tenten25689 pelo favoritamento. Sério mesmo, obrigada de verdade :3 Tbm quero agradecer a quem está comentando e que não me abandonou depois de todo esse tempo sumida uahsaushaushas espero que gostem do capítulo, bjos e bjos



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Me recusei a olhar para trás. Às vezes minha cabeça parecia ter vontade própria e começava a virar, mas então eu levava a mão a nuca e fingia estar massageando o pescoço enquanto o empurrava de volta para frente, onde estava Dake. Sem chance de mostrar a Jake que eu me importava com o fato de ele estar ali com outra garota, de ter mentido para mim de novo pra variar. Que estou com tanta raiva que seria capaz de armar a maior confusão de toda a sua vida.

É a terceira vez que ele chama Caprice para ir embora, mas a garota se recusa.

– Minha sobremesa ainda nem chegou! – ela diz com uma vozinha meiga e já posso imaginá-la fazendo biquinho. Bem típico de garotas como ela.

– Mas já estamos muito atrasados para a festa, devíamos... – morrer. Completo mentalmente a fala de Jake.

– Jaaaake! – ela o interrompe, e mesmo não falando alto, posso ouvir claramente da minha mesa. – Temos que dividir um shake, é tradição.

Deus, que nojenta.

De repente estou tão irritada que não vejo quando o garçom serve o suco e empurro o copo sem querer. Ele começa a despejar o líquido avermelhado no que deveria ser a mesa, mas por algum motivo está derramando no meu prato, e já não sei se faço tanta questão de comer aquele bife.

– Oh meu Deus, me desculpem! – ele diz, e vejo que está todo atrapalhado.

Mas não é culpa dele.

– Sinto muito. – digo – Não foi culpa sua. Eu não estava tão atenta quanto deveria.

O rosto dele está todo vermelho e faz sinal de quem vai passar a mão pelos cabelos negros, mas não o faz. Está cheio de gel, o que é visível, e após mais algumas desculpas Dake o convence de que está tudo bem e que pode ir. Depois disso, Dake está falando algo sobre sua família, um rancho e vacas, mas não estou prestando realmente atenção. A única vaca de verdade está bem atrás de mim. Aceno a cabeça algumas vezes, rio quando vejo que está muito empolgado e só. Mas eu não me importava com o fato de que há muito tempo ele não visitava sua tia e que tinha o costume de levar alguns amigos lá. Ele começa a falar de uma garota que levava lá e não sei se é para me fazer ciúme, mas apenas continuo concordando como se estivesse dando atenção.

– Vi o treino de vocês ontem. – Caprice disse atrás de mim – Você joga tão bem. Mas gostei mais do final. Sabe, quando você tirou a camisa. – ela diz isso abaixando a voz cada vez mais e posso ouvir sua risadinha.

– Pff. Você ainda não viu a melhor parte. – ele devolve, flertando.

Parece nem se importar com o fato de que estou bem ali, ao lado. Jake sabe que estou escutando.

Ainda. – ela fala, e posso sentir meu sangue fervendo. – Acho que já estou pronta para ir.

De repente, pego meu prato e o copo de suco e me levanto.

– O que foi? – Dake pergunta.

– Está com um gosto estranho. – digo, amarga – Deve ser por causa do suco que o garçom derramou. Só vou pedir para que eles deem uma olhada, não demoro.

Posso ouvir duas cadeiras se arrastando e sei que eles estão se levantando para ir embora. Jake deve estar aliviado, mas não vou deixá-lo ir embora. Não assim. Sei em que direção está Caprice, ouço-a pegando sua bolsa. E então eu me viro.

– Ah, meu Deus! – ela grita.

Sua blusa branca larga e quase transparente está toda molhada, manchada para ser mais exata, de vermelho.

– Desculpa! – é o que digo, mas soa falso até para mim – Não vi você, sou tão desastrada... – estou provocando e parte minha quer que ela caia na pilha.

– Sim, você é mesmo! - Caprice está fazendo biquinho e posso ver que está prestes a começar a chorar.

Como ela é molenga, consegue ser pior do que eu.

– É só suco. – retruco calma, e coloco o copo na mesa.

Jake está vindo em direção a ela para ajudar. Finjo que estou prestes a colocar o prato de comida na mesa e me viro com tudo pela segunda vez hoje, em sua direção. Ele arfa. O bife não cai do prato, mas sei que a sopa está quente, muito quente, e de repente ele está gritando.

– Libby!

Mordo o lábio inferior. Tenho que me segurar para não dar risada. Sinto uma mão na minha barriga e logo ela está me puxando para trás, para si. É Dake.

– Ei cara, relaxa. Foi um acidente.

Penso que Jake vai gritar ou me acusar, porque isso faz bem o estilo dele, mas ele apenas assente enquanto abana sua blusa e a sacode um pouco para fora do corpo. Está mesmo quente. Posso sentir pelo prato que continua aquecido.

Caprice ainda está resmungando, mas pegou vários guardanapos em cima da mesa e agora está os passando em Jake. Há muita gente nos olhando e um homem está vindo em nossa direção para saber o que está acontecendo. Dake e Jake se apressam a dizer que foi apenas um acidente e que eles já estão resolvendo tudo. Jake diz que está de saída, mas antes disso o homem insiste para que ele vá até o banheiro se limpar e Caprice diz que fará o mesmo. Espero que ela caia no vaso.

– Que confusão, hein. – Dake ergue uma sobrancelha e me guia de volta para nossa mesa.

O encontro está sendo um desastre. Não posso culpá-lo por parecer frustrado, sinceramente, não consigo acreditar no que fiz. Dake me pergunta se quero pedir de novo pois quase não toque no outro prato e agora nem sequer tenho um para fazer isso, mas recuso e ele pede então sobremesa para nós dois. É um doce diferente, se chama Maritozzi Italiani e tem um sabor maravilhoso. Finjo não ver quando Jake e Caprice saem de mãos dadas do restaurante.

Acho que vou chorar porque estou confusa. Fiz tudo tão errado essa noite, e quero estar com muita raiva de Jake, quero me convencer de que ele não serve para mim e seguir em frente, mas ainda sinto ciúme. Quero ser aquela garota.

Não, não quero, mas quero estar com Jake.

Queria. Digo para mim mesma. Isso acaba agora. Quero que acabe.

– Sei que essa noite não está sendo maravilhosa para você, – Dake começa e estou prestes a contrariá-lo, mas ele não deixa – mas quero compensar de uma forma. Quando te trouxe para cá foi com a intenção de te mostrar uma coisa.

Dake puxa a minha cadeira levemente antes de me estender a mão. Seguimos de mãos dadas atravessando o restaurante e de repente me dou conta de que não pagamos a conta ainda.

– Tudo bem. – ele diz e solta uma risada baixinha aproximando sua boca do meu ouvido. Me sinto tensa com essa aproximação – Meu tio é o dono do restaurante, liguei para ele mais cedo avisando que talvez viria e de qualquer modo não estamos saindo do restaurante. É aqui dentro, mas muito privado e restrito a algumas pessoas.

Muito privado. De repente, não sei por que estou com medo. É só Dake, não preciso temer nada, certo?

Ele ri mais alto agora, sem ser discreto.

– Relaxa Libby, não vamos fazer nada que não queira fazer, não estamos indo para um quarto.

Quero bater nele. Quero muito socá-lo por ser tão indiscreto e dizer essas coisas para mim como se não fossem nada, por me deixar vermelha quando não quero.

Dake me guia por uma porta por trás do balcão. Entramos em um corredor de piso e parede de cerâmica de pedra e o lugar está todo iluminado. Há portas brancas de ambos os lados do corredor e no final dele uma porta de vidro que está aberta. Seguimos até ela e Dake nos guia, indo na frente.

É ao ar livre e sinto uma sensação maravilhosa quando coloco os pés lá. Não é muito largo e uma enorme parede azul columbia nos cerca. Há caminhos de pedras e o lugar está cheio de diversos tipos de plantas inclusive pequenas palmeiras-de-saia da Califórnia. Onde diabos eles conseguiram tudo isso? É simplesmente perfeito.

Meu cabelo está esvoaçado e voando para todas as direções enquanto seguimos mais para a frente. Além de nós, há mais dois casais aqui, ambos em cantos afastados. Um encostado na parede e o outro sentado na grama que rodeava o caminho de pedras. Paramos em frente a uma palmeira média e Dake se senta me puxando para baixo recebendo um arquejo e depois um “ei!” de reprovação. Mas ele não se importa, inspira, ri e aponta para cima.

Estamos sentados lado a lado, mas ainda um pouquinho separados, sem nos tocar. Olho para onde seu indicador está apontando e vejo as estrelas. O céu está realmente lindo está noite. Adoro lua nova.

– Adorava vir aqui quando era pequeno. A última vez que vim tinha uns catorze anos. – não sei o porquê de ele estar me contando isso, mas gosto de ouvir, parece tudo tão calmo agora ao contrário de alguns minutos atrás e sinto que posso superar tudo isso.

– Vínhamos sempre em um grupo de cinco. Eu, dois primos mais novos que na época tinham doze anos – ele tinha um sorriso nostálgico quando disse isso – e mais dois amigos meus da escola. Foi uma das melhores noites da minha vida. Trocamos uns anéis aquela noite, para que nunca nos esquecêssemos uns dos outros. Pode parecer meio mulherzinha, mas eu tinha perdido minha mãe naquela época e todos precisávamos de algo em que nos segurar. Éramos bobos.

– Não acho isso bobo. – falo olhando para ele. O cabelo loiro e liso de Dake também está balançando um pouco, mas não tanto quanto o meu. O dele vai até o ombro e de repente sinto que quero tocá-lo. Sempre gostei de homens de cabelo grande.

Dake me olha com um sorriso enorme e depois aponta para seu dedo, onde um anel grosso e preto está.

– Ricky e eu ainda temos o nosso e usamos. Gabriel foi para a faculdade e não temos notícias dele há um ano, e não acredito que ele use o anel embora acho que o tenha. Éramos inseparáveis antes e durante o ensino médio e gostávamos de exibir isto aqui. Acredite ou não, foram comprados em Roma. – ele diz rindo um pouco – Um dos meus primos trouxe de lá, o de doze anos que eu falei. Além de Ricky e eu ele é o único que ainda o usa. Meu outro primo não o usa e duvido muito que ainda o tenha. Eles tiveram uma briga séria há alguns anos quando um deles se mudou e foi embora. É o que ainda usa o anel que se mudou. – ele esclarece o que não ajuda já que a essa altura estou um pouco confusa – Enfim, não viemos aqui depois disso. Eu sim, uma vez ou outra sozinho, mas não é a mesma coisa.

Confirmo com a cabeça e volto a olhar para cima.

– No seu lugar, não pensaria duas vezes antes de vir aqui. É incrível.

Estou sendo sincera e realmente amei o lugar. É silencioso e tranquilo, bonito e ajuda a gente a relaxar. Eu andava precisando muito disso ultimamente.

– Você gosta do Jake?

A pergunta me pega de surpresa e acho que vou engasgar. Não consigo olhar para Dake imediatamente e minha cabeça roda em busca do que eu deveria responder. Gosto? Não sei. Não sei mais. Mas eu gostava.

– Por que a pergunta? Tirou isso de onde? – respondo e tento rir um pouco para disfarçar, mas a risada sai tão nervosa que provavelmente me entrega. Meu Deus, preciso mesmo aprender a mentir melhor.

– Libby, você não entornou bebida na roupa daquela garota sem querer, e não estava dando a mínima ao que eu estava falando durante todo o jantar. Seu pescoço também ficava girando o tempo todo como se fosse olhar para a mesa dele quando você resolvia direcioná-lo para mim, o que admito, estava muito estranho. Sem contar a indireta de quando chegamos. Você gosta dele.

Ele reparou em tudo. Oh meu Deus, Dake reparou em tudo.

– Sinto muito. Não gosto dele assim. Não mais.

– Continue repetindo isso para si mesma. Um dia vai se convencer.

Sinto raiva quando ele diz isso, mas vejo em seus olhos que não foi uma ofensa, apesar de ter soado como uma.

– Esqueça Jake, Libby. – ele continua.

– Por que ele não é um cara legal? – digo irônica.

– Não, Jake era um cara legal. Acredite, ele era muito melhor do que o lixo que se tornou. Só estou dizendo que Jake não quer nada sério com ninguém, só vai se machucar se insistir nisso.

– Eu sei. – sussurro, mais para mim do que para ele – Considere-o esquecido.

Dake segura minha cabeça por trás e leva sua boca a minha testa. O gesto me pega de surpresa, mas a forma de carinho me faz querer chorar. É bom saber que alguém ainda se importa. E mal nos conhecemos!

– Obrigada. Obrigada por tudo. – digo, e não sei realmente como agradecê-lo.

– Não precisa agradecer, em breve, vai estar usando um anel como esse. – ele diz e ri, brincando.

– Formaremos uma irmandade. – brinco também.

– É isso aí.

– Mas Jake não fará parte dela.

Dake não responde de imediato, mas franze a sobrancelha para mim.

– O quê? É uma irmandade privilegiada, só para vips.

Ele não leva como brincadeira.

– Não consegue parar de pensar nele.

– Não estava pensando nele! – respondo na defensiva – Só comentando. Só gente boa entra na irmandade.

Dake ri para si mesmo, o que ele faz o tempo todo. Está com as costas na palmeira e largado completamente confortável, com as pernas esticadas olhando para o céu de novo.

– Mas talvez possamos transformá-lo numa pessoa boa como ele era antes. Ele não é ruim de verdade. Talvez só não tenha encontrado a pessoa certa. Jake está amargo.

– De onde você o conhece? – pergunto me lembrando de repente que não sei de onde surgiu toda essa intimidade entre eles – E sei que não é da escola.

Ele balança a cabeça e passa a mão no cabelo antes de responder. Ainda não está olhando para mim.

– Nos conhecemos desde criança, mas é uma longa história. Te conto um dia. Mas apesar de ainda achar que o melhor que você faz é se afastar dele, estou falando sério quando digo que Jake pode voltar a ser o cara legal de antes.

Aceno com a cabeça que sim, mas só para não discutir. Não acredito nele. Não acredito que um dia Jake deixe de ser um idiota. Faz parte de quem ele é desde que o conheço.

Jake é um babaca. Ponto final. E sempre vai ser assim.

Jake está morto para mim. Vou me convencer disso.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo :3