INFECTADOS escrita por Clara Santiago


Capítulo 3
Capítulo 1 - 2ª parte.


Notas iniciais do capítulo

Queria começar agradecendo aos comentários do caps anteriores e dizer que isso aqui não é uma fic da minha Suze Mediadora, então nada de FANTASMINHAS !

Tive dificuldades com esse Cap. pq ele não estava ficando do jeito que imaginava e por isso o reescrevi diversas vezes. Acho que fiz um bom trabalho apesar da dor nos braços que fiquei. Preciso que VOCÊS me dê a resposta, então comentem

Boa leitura !



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Conforme pedalo, observo alerta, tudo ao meu redor. Há lixo por todos os lugares, alem de roupas rasgadas, espalhadas pela rua, restos de alimento, e, claro, sangue. As casas ao redor, quando não estão destruídas e saqueadas, demonstram completo abandono, com as gramas de seu jardim com mais de três metros de altura. A cena apocalíptica se completa com os cadáveres ambulantes que andam sem rumo. Os Infectados que encontro no meu caminho, quando me vê tentam se aproximar de mim brandindo suas mãos esqueléticas e arreganhando o buraco podre que é sua boca. Tenho sorte deles serem lentos e não haver muitos, assim consigo desvia-los do meu caminho sem problemas.

O mercado que irei fazer as minhas "compras", fica há cinco quarteirões da minha casa. Mamãe costumava fazer compras nele por ser próximo de casa. As vezes eu pedia para ir no lugar dela, minha mãe achava que era para eu ajuda- lá, bom, talvez um pouco, mas o maior motivo mesmo era por causa de Joseph, o filho do dono. Eu meio que tinha uma quedinha por ele até o mesmo descobrir e espalhar para todo mundo, depois disso ele ficou se achando a criatura mais linda do mundo e ficou me esnobando. O idiota só tinha doze anos e já estava agindo como um... bem, IDIOTA. Interrompo o pensamento quando chego a esquina do mercado e tomo um susto quando vejo que há apenas escombros e cinzas em seu lugar.
Embasbacada, mal percebo que deixei a bicicleta cair no chão, me aproximo dos escombros. Paro repentinamente quando sinto o calor doloroso nos meus pés. Olho melhor para o que sobrou da loja e vejo que ainda há fumaça saindo dos restos." Isso pegou fogo há pouco tempo ", penso, " mas como "?

Droga, minha única fonte de alimento foi destruída. E agora ? Pense, pense, PENSE !... de repente me lembro de que há um Walmart a mais ou menos uns dez minutos daqui, mas me sinto insegura. Nunca fui para nenhum lugar tão longe depois do início da Quarentena... sinto meu estomago roncando mais uma vez. Realmente, não há escolhas.
Monto na minha bike, mais uma vez, e me dirijo ao sul. Agora estou duas vezes mais alerta. Ainda não tinha visto essa parte da cidade depois que a Praga saiu de controle e fico chocada. A pista de acesso a outra Cidade esta lotada com dezenas, talvez centenas, de carros abandonados. Por um momento me passa pela cabeça cenas de filmes de Fim do Mundo que já assisti. Chego perto de uns dos carros e olho dentro dele. Pulo para trás quando percebo que há cadáveres em um nível de decomposição impressionante. O cheiro que exala de todos os lugares me dá náuseas. Outdoors e prédios estampam pichações apocalípticas feitas por pessoas desesperadas. Estou começando a ficar angustiada de tanto medo, mas não porque há infectados por perto, e sim pelo contrário. Simplesmente não vejo nenhum, e isso, em vez de me dar alívio me deixa nervosa. Estou com um mau pressentimento.

Com minha bicicleta me escondo atrás de uma ambulância abandonada quando avisto o Walmart. A parte boa é que cheguei até aqui sem nem um arranhão e a parte ruim é que há tantos infectados na frente do Supermercado que não consigo nem contar. Será que eles também vieram fazer compras ? Bem de vagar caminho entre os carros, com cuidado, para que eles não me vejam. Bingo! Na parte de trás do mercado há apenas dois andarilhos ! Com dois consigo me virar. Abaixo a Bike e a deixo ao lado de um carro com um tom de rosa bem espalhafatoso. Respiro fundo algumas vezes e coloco as mochilas, que antes estavam amarradas na bicicleta, nos ombros. Preciso ser ágil.

Correndo o mais rápido possível passo ao lado dos Infectados e encontro a porta que dá acesso para o mercado. Quando as empurro, vejo, para a minha sorte, que não estão trancadas, mas há algo do outro lado impedindo minha entrada. Empurro com mais força e a porta se abre um pouco mais, mas não o suficiente para a minha passagem. Os Infectados, agora cientes da minha presença estão vindo a meu encontro com suas bocas arreganhadas. Uma espécie de liquido preto escorre delas. A vontade de vomitar retorna instantaneamente. Empurro a porta com mais força e ouço um barulho horrível do lado de dentro, mas pelo menos agora tem espaço suficiente para que eu possa passar.

Entro e fecho a porta na cara dos infectados, se eu demorasse mais um pouquinho teria sérios problemas. Aposto que eles não gostaram nada, nada disso. Sorrio abertamente. Legal ! Olho e vejo que derrubei latas de tintas, que agora estão espalhados, e algumas abertas, pelo chão. Elas que estavam segurando a porta quando entrei. Alguém as havia colocado ali calculadamente. Interessante. Pego uma lanterna da mochila e a ligo pois está muito escuro. Vou andando atentamente pela loja. Está tudo muito sombrio e silencioso. O único barulho que ouço é o som eletrizado do meu coração. Apesar de aparentemente não haver Infectados na área, o cheiro de podre me invade as narinas. Entro na sessão de enlatados e começo a colocar milho e ervilhas dentro de uma das bolsas quando de repente ouço um barulho. Paro instantaneamente o que estou fazendo olhando ao meu redor, mas não vejo nada. Quando me abaixo de novo ouço barulho de latas caindo mais a frente, mas meu coração desacelera um pouco quando Vejo que são apenas ratos. MUITOS RATOS.

Com mais algumas voltas pelas prateleiras já estou com as duas mochilas praticamente cheias, alem de pesadas. Já ia dando meia volta quando percebo que estou na seção de higiene. Pego alguns sabonetes e sabão. Não ia pegar mais nada, mas quando vejo os Shampoos e condicionadores não consigo resistir. Passo a mão pelo meus cabelos, apenas para constatar que estão ásperos. Clara tem razão. Com um sorriso no rosto me ajoelho no chão e coloco dois vidro de cada dentro da mochila. Agora sim, não dá para mais nada dentro de nenhuma delas. Me levanto e estava pronta para terminar minha aventura no mercado e ir para casa, quando vejo que há dois infectados no fim do corredor que estou. Meu coração volta a acelerar. Lentamente me viro procurando uma saída do outro lado, que dá para frente da loja, mas paro de súbito. Também há Infectados ali

– Ai. Meu. Deus. - Digo em voz alta. - Tô ferrada ! - Constato isso quando aqueles seres que antes foram pessoas, começam a se aproximar de mim cada vez mais. Não tenho saída e nenhuma arma para que eu possa me proteger.

– Por favor, não se aproximem de mim, okay ? - Digo inutilmente. Como resposta eles começam a bater os restos dos seus dentes e se aproximam ainda mais. Acho que isso foi um não. " Vou morrer ", penso. " Vou morrer sendo estripada e minhas irmãs de fome. Nem me despedi de Mell, nem disse a ela e a Clara o quanto as amo. Não, eu não posso morrer ! Prometi aos meus pais que iria cuidar delas." Assim que penso isso tenho uma ideia repentina. As criaturas estão praticamente coladas em mim quando me jogo sobre uma das prateleiras. Elas caem no chão comigo fazendo um estardalhaço. Shampoos e sabonetes se espalham por todo o chão.

– AAAAAAAAAAi. - Grito de dor. Acho que quebrei uma das costelas, quando na queda uma das prateleiras me acertou. Interrompo meu lamento quando uma das criaturas pucha o meu pé.

– Não, não ! Me solte ! - Digo chutando o rosto da menina em decomposição. Meu pé acerta o seu rosto e um pedaço da sua pele cai. A criatura pucha o minha perna com força fazendo com que meu tênis saia do meu pé e fique na sua mão, finalmente me libertando contra seu gosto. Me levanto com dificuldade trazendo minhas mochilas comigo. Seu peso faz com que meu corpo doa ainda mais. Assim que me viro outra criatura agarra uma das mochilas. A pucho com toda minha força, mas a solto quando percebo que o mercado está infestado deles.

Corro dolorosamente para a porta dos fundos, mas percebo que não poderei sair pelo mesmo lugar que entrei. Não devo ter trancado a porta bem e duas criaturas que antes eu tinha fechado a porta na cara me olham intensamente. Acho que não gostaram daquilo. Caminhando com dificuldade para a frente da loja vejo a magnitude do meu problema. Não havia percebido que uma das portas de vidro da entrada estava quebrada. Era por ali que eles estavam entrando.TODOS OS INFECTADOS QUE ESTAVAM LÁ FORA !

– Okay, agora sim tô ferrada. - Digo em voz alta, mas paro quando me lembro que dentro dessa loja há um segundo andar. Um terraço ! Começo a correr para a porta que leva ao andar de cima amaldiçoando, seja lá quem quer que tenha inventado o Shampoo. Quando chego a porta a abro e subo correndo até o segundo andar, com agora, apenas uma mochila. Conforme vou subindo a claridade vai aumentado. Coloco minhas mãos no joelho e respiro profundamente para recuperar o folego quando chego no meu local de objetivo. Ouço barulhos vindos do andar de baixo e percebo que tenho que sair daqui imediatamente, mas infelizmente, não tenho asas e esse é o único jeito de conseguir sair daqui de cima. Começo a vasculhar tudo a meu redor na tentativa de encontrar uma corda ou qualquer outra coisa parecida, mas não tenho sucesso. Estava tão fissurada em procurar uma CORDA que não percebi que havia uma ESCADA no terraço. Me sentindo a pessoa mais feliz do mundo me aproximo para a escada que dá para fora, mas por um momento minha felicidade vacila. Só há cerca de dois metros de escada de um prédio de cinco ! Vou ter que me virar !

Com as mãos tremendo subo no batente de terraço e viro de barriga para baixo colocando meus pés para fora do muro, fazendo com que eles fiquem pendurados. Com meu pé descalço, graças a aquele Infectado ladrão, procuro o degrau da escada de ferro até que a encontro. Assim, vou descendo bem lentamente evitando ao máximo olhar para baixo. Nunca gostei de altura. Quando chego no último degrau disponível tiro a mochila com uma das mãos, enquanto me seguro na escada com a outra, e a jogo lá embaixo. Quando ela atinge o chão faz um grande barulho. Espero que as latas não tenham se aberto, e que eu não tenha chamado a atenção dos Infectados. Inspiro e espiro algumas vezes tentado, sem muito sucesso. Agora só preciso pular... mas não consigo. Olho para o chão lá embaixo, que parece tão distante e me agarro furiosamente aos degraus frios.

– Vamos lá Jennyfer Carle Wallace, você consegue. - Digo para mim mesma, não acreditando muito nas minhas palavras. Ouço barulhos vindos do terraço. Droga, eles estão lá em cima !Respirando profundamente consigo me largar da escada. Quando caio no chão duro, tenho que tapar minha boca imediatamente para evitar o grito de dor. A primeira parte do meu corpo a atingir o concreto é o meu maldito pé descalço e a dor agora me invade toda a perna. Outra parte do meu corpo quebrada para a lista de " Partes do corpo danificadas".
Me levanto e começo a andar com grande dificuldade. A dor que sinto é tão forte que lágrimas começam a invadir meus olhos. Olhando ao redor percebo que fui parar no lado oposto do prédio no qual entrei. Tradução : Estava suficientemente longe da minha bicicleta, não que ela fosse me ajudar muito, levando em consideração que mal consigo andar. Gemendo, vou caminhando, apoiada as paredes. Deveria ter adiado minha saída de casa. Hoje realmente não é o meu dia da sorte.

Saio para a rua principal e constato que ela está LOTADA de Infectados. Começo a andar, porque correr é simplesmente impossível, o mais rápido que posso. Os que já me viram começam a andar na minha direção, e mesmo caminhando daquele jeito conseguem ser mais rápidos do que eu. Paro perto de um carro abandonado que está com a porta escancarada e entro dentro. Começo a revirar o local a procura das chaves, não sei dirigir, mas sempre vi meu pai fazendo e isso terá que bastar, mas não a encontro. Droga, droga, DROGAAAAA ! Perdi a merda do meu tempo a toa !

Com dificuldade saio do carro, quando me agarram pelo cabelo, fazendo com que eu caia no chão. De repente uma criatura monstruosa está em cima de mim tentando me abocanhar com sua boca fedorenta. Consigo ver, com alguma dificuldade, minha mochila que está jogada ao meu lado e está entreaberta, uma das latas que eu havia pego está saindo para fora. De súbito a agarro e começo bater com ela, com toda a minha força, na cabeça da criatura. Um liquido preto , acho que sangue, começa a escorrer do seu crânio e respinga na minha blusa. Com mais um golpe a criatura sede caindo em cima de mim. Com repugnância a empurro para o lado. MEU DEUS, EU A MATEI !!

Com não muita rapidez, graças a minha perna, consigo me levantar. E, por um momento encaro a criatura com a cabeça esmagada e um punhado de cabelos laranja na mão, que está morta no chão. " O que eu fiz ? Mesmo que ele estivesse querendo me matar, o que eu fiz ? ". Distraio o pensamento, porque há mais deles aqui. Muitos ! Descontrolada começo a andar de novo pela rua de curva em L. Completamente exausta acabo caindo mais uma vez no chão, mas dessa vez eu mesma que o faço. " Não aguento mais. Nadei, nadei e vou morrer na praia. " Penso e dessa vez começo a chorar de novo, mas de fracasso. De repente ouço barulho de risos, não acredito muito na minha audição, até um um Jeep fazendo a curva para bruscamente bem na minha frente.

E antes de ceder a escuridão da inconsciência vejo cinco pares de olhos surpresos me encarando.

– Cacete. - Exclama um dos integrantes do Jeep. E logo depois desmaio de tanta exaustão.


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Notas finais do capítulo

Então é isso. Espero que tenham gostado.

Beijos e até a próxima.



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