Meu Milagre escrita por Redstar


Capítulo 1
o começo


Notas iniciais do capítulo

bom era pra one shot como eu já havia dito, mas acho que ia ficar grande demais, então é uma fic pequena rsrs espero que se emocionem



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Os anos haviam se passado, Monica e cebola já não eram mais adolescentes, cresceram juntos, brigaram, fizeram as pazes, tiveram aventuras, mas o mais forte de tudo foi o amor que sempre carregaram um pelo outro, amor esse que os uniu para sempre em um laço de matrimonio, depois de muitos desencontros, descobriram que não poderiam mais viver separados, que a vontade de estarem juntos deixou de ser vontade pra se tornar uma necessidade, não era mais suportável acordar separados, então se uniram para sempre. Foi um casamento lindo, todos os amigos juntos rindo comemorando a bela união que daria inicio a uma vida incrível a dois.

Cebola estava sempre contente, viver ao lado de sua bela e amada esposa pra ele era mais que suficiente, porém para Monica faltava algo mais. Toda mulher entende que o inicio de uma família, pede algo mais para que seja realmente uma família. Um filho. Sim um filho, era o que Monica desejava ardentemente, algo que se impreguinou em seu coração de forma poderosa, Monica não conseguia comer, dormir, trabalhar, sair de casa um pouco que fosse sem pensar nisso, veio então a não tão difícil missão de convencer cebola, ele estava feliz, o trabalho era bom, mas ainda era só um começo não tinha conseguido a promoção que sonhava o que ganhava dava pra sustentar os dois muito bem em um estilo de vida razoavelmente bom, mas para manter aquele estilo de vida com um bebê, ele teria que ganhar mais, bem mais. Monica sabia que de inicio ele não receberia a proposta de um filho tão alegremente, mas sabia bem como convence-lo. Naquela noite tão esperada por ela, Monica fez no jantar a comida preferida do marido, ouviu tudo que ele queria dizer com toda sua atenção e foi o mais atenciosa possível, vestiu uma lingerie linda e depois de toda intimidade com seu marido, deitou a cabeça no peito dele e toda dengosa entrou no assunto esperado.

- sabe ce? Eu to tão feliz... – ele balançou a cabeça sorrindo e disse que também estava- mas sabe? Falta uma coisa... O que você acha da gente ter um filho?

Cebola se assustou com a proposta, se mexeu tirando a cabeça dela de seu peito e levantou sentando sobre a cama.

- mô, não sei se é uma boa ideia... - ele parecia sem jeito de dizer não já de cara, para aqueles olhos brilhantes e esperançosos que o encaravam- olha a gente tá feliz, e bem, não precisamos de um filho agora, não estou dizendo que não quero ter filhos, só não quero agora, não é fácil sustentar uma criança, vamos nos estabilizar primeiro...

Monica o olhou doce e tocou o rosto do marido com a mão direita

- eu confio em você meu amor, sei que você é capaz de cuidar de tudo, e se pensamos em ter um filho um dia, por que não daqui nove meses? Imagina um bebezinho te chamando de pai, nós seriamos ainda mais felizes e, a gravidez também seria um ótimo motivo pra uma promoção...

Cebola olhou bem fundo nos olhos dela e sentiu seu coração queimar, como poderia dizer não a ela, ainda mais com um pedido tão bonito assentiu com a cabeça e depois a beijou.

- então se a gente vai ter um filho que tal começar a treinar?

Eles sorriram com a brincadeira de cebola e voltaram a se amar, mal sabiam que era o começo de uma grande luta travada pelos dois.

Os meses se passavam e nada, todo mês uma esperança, um novo teste e uma decepção em seguida, cebola não sabia o que fazer, queria pedir a Monica pra desistir, pra tirar aquela ideia fixa da cabeça, aquele sonho que mais parecia um tormento, mas ao vê-la triste saindo do banheiro com outro teste negativo nas mãos, a única coisa que conseguia dizer era –tudo bem mo, mês que vem a gente tenta de novo- mas dessa vez Monica estava decidida, iriam ao medico, mesmo com os protestos de cebola, ele sabia que estava sendo egoísta, mas não queria de forma alguma saber que era o culpado por aquilo, imaginar que a culpa da tão sonhada gravidez nunca chegar era dele já o matava por dentro, mas não teve jeito, Monica estava irredutível e o arrastaria se fosse preciso.

Depois de alguns exames foi diagnosticada endometriose no útero de Monica, uma doença complicada que a impedia de engravidar, o alivio de cebola por saber que a culpa não era dele, se tornou em uma tristeza imensa ao ver a dor de sua amada esposa, Monica chorava escondido para que as pessoas não tivessem pena dela, cebola não suportando mais aquela situação exigiu a sua tão esperada promoção, Monica iria engravidar, nem que isso custasse até o ultimo centavo dele. Começou assim a guerra contra a doença.

Monica já havia sido considerada estéril pelos médicos, mas cebola não desistiria tão fácil, após ter recebido a promoção à base de ameaças ao chefe dizendo que pediria demissão e levaria tudo o que sabe pra concorrência, o cargo veio, mas já não tinha o gosto de prazer e sim de arma de guerra, foi contratado um dos melhores centros de reprodução humana, para uma fertilização in vitro e o tão esperado momento chegou. Monica estava grávida.

Foi uma gravidez boa, sem muitos enjoos, tudo tranquilo, quando enfim ele nasceu à alegria foi geral, Monica e cebola quase não se continham de tanta felicidade, foi uma luta grande, mas enfim a vitoria, Monica costumava dizer que como na historia de Ana na bíblia ela também tinha pedido um filho a Deus, e Ele lhe ouviu, por isso o menino se chamava Samuel, que significa: por que eu o pedi ao Senhor. Ela se identificava com essa historia.

A vida tinha voltado a ser bela, Samuel crescia saudável, era um menino muito bonito, se parecia muito com o pai, mas tinha os olhos da mãe, havia puxado também a força incompreensível de Monica e inteligência de cebola, era o xodó da turma e a briga das avós ciumentas, uma criança feliz que fazia felizes todos ao seu redor, até aquele fatídico dia.

Monica estava atrasada em suas compras de natal, cebola tinha proposto uma grande ceia de família, afinal o filho já tinha seis anos e nunca tinha passado o natal com toda a família reunida, cada ano era na casa de um, nunca todos ao mesmo tempo e, como era o único neto das duas famílias sempre dava briga, então pra acabar de vez com a discussão ele decidiu convidar os pais a irmã e os sogros para passarem o natal em sua casa, Monica adorou a ideia, mas estava perdida com tantas coisas em tão pouco tempo, já que a decisão foi tomada apenas quatro dias antes do natal, e realmente era muita coisa, decidiu pedir o dia de folga e foi com o filho às compras, entrou em uma loja onde viu um lindo vestido vermelho e se distraiu com ele, não percebeu quando Samuel soltou sua mão dizendo que iria ver o passarinho lá fora, quando olhou pro lado a procura do menino, viu apenas o vulto de Samuel correndo pra fora da loja, Monica correu atrás dele e gritou o nome do filho que estava parado na calçada espantando um pombo que pousou ali, ao ouvir seu nome o menino olhou para trás em direção à mãe e não viu um carro que tinha acabado de perder o controle e foi com tudo pra cima dele na calçada. Foi tudo muito rápido, num instante Monica estava chamando o filho de dentro da loja, no outro estava ajoelhada aos prantos gritando por socorro junto ao corpo caído e ensanguentado do filho no chão sujo daquela calçada dura de cimento.

Foram sombrios os dias que se seguiram, uma dor quase insuportável apertava o peito de todos, Monica há alguns dias não se levantava da cama, se sentia culpada pela morte do filho, cebola não sabia mais o que fazer pra ajudar a esposa, seu coração doía tanto que mal dava pra respirar, mas sabia que não podia ser fraco na frente dela, não podia chorar na frente dela, queria se mostrar forte para que ela pudesse reagir, mas ele mesmo se via afundando numa imensidão de dor sem fim. Ao chegar em casa do trabalho, ouviu um barulho vindo do quarto trancado há bastante tempo, nenhum dos dois entrava lá nem permitiam que entrasse alguém, cebola sentiu o corpo estremecer ao se colocar de frente a porta, quando tocou na maçaneta veio à cabeça a lembrança daquele sorriso lindo de dentinhos pequenininhos que o encantava, com os olhos cheios de lagrimas, girou a maçaneta e se deparou com Monica deitada na cama de Samuel abraçada com um bichinho de pelúcia, seu coração se partiu, mas mais uma vez respirou fundo e segurou as lagrimas, se aproximou dela e abaixando tocou os cabelos da esposa com ternura.

- mô o que faz ai? – não houve resposta- mô não faz isso, é pior pra você, tá na hora de reagir meu amor... – silencio- eu não posso perder você também, eu não suportaria- ele viu as lagrimas que começavam a descer dos olhos dela e não deu conta de segurar as suas, permaneceu em silencio por uns dois minutos, respirou fundo e conseguiu parar de chorar, secou os olhos e voltou a insistir- acho que é a hora de desmontar esse quarto.

Ao ouvir isso Monica se levantou num salto, revoltada, e foi pra cima dele.

- tanto faz pra você né cebola? O nosso filho morreu e você nem se importa- ele ficou chocado com a afirmativa dela, mas Monica continuou gritando- nem uma lagrima você é capaz de derramar, continua vivendo como se nada tivesse acontecido, mas claro esse seu emprego sempre foi o mais importante...

- para com isso Monica, tá louca? Você tem ideia do que tá dizendo?- ele estava perplexo, como ela poderia achar que ele não se importava- o Samuel era meu filho também e eu o amava tanto quanto você.

- mas não parece, eu nunca vi você chorar por ele, continua enfiado naquela maldita empresa e agora tem a audácia de dizer que vai desmontar o quarto dele? Que tipo de amor é esse? Que tipo de pai você é? Seu filho morreu e você não dá à mínima.

- CHEGA! – o grito dele ecoou por toda a casa- eu não vou admitir isso, não vou permitir que ninguém coloque em duvida meu amor pelo Samuel, nem mesmo você, acorda Monica, você está se matando, nós temos um tumulo dentro de casa, não faz sentido manter esse quarto assim.

- mas você concordou... Você concordou em deixar ele assim, do jeito que sempre foi- ela não conseguia mais conter as lagrimas.

- eu sei que concordei, mas nenhum dos dois tem coragem de abrir essa maldita porta e quando ela se abre só trás mais dor, tá na hora de voltar a viver, esse quarto não vai trazer de volta o que a gente perdeu, não tem razão nenhuma pra mante-lo assim o Samuel morreu Monica e tá na hora de encarar isso, ele não vai voltar.

Ela ficou furiosa e deu um tapa em cebola com tanta força que o jogou no chão, ele meio atordoado não sabia se tinha sido um tapa ou um soco, sentiu a mão espalmada dela em seu rosto que agora queimava, mas a dor era muito mais forte que a de um tapa, passou a mão na boca e a viu se encharcar de sangue, uma irritação profunda junto de magoa e amargura tomou conta dele, como ela se atrevia? Tudo que ele estava tentando fazer era pro bem dela, nem chorar ele se permitia pra que ela não se sentisse pior, será que a dor que sentia também não podia ser levada em consideração? Tinha acabado de enterrar o filho morto e estava vendo a esposa se enterrar viva numa dor que ela não queria deixar ir, tudo que queria era ajudar, mas não ia mais, se ela não queria viver que não o levasse junto, se levantou com a mão na boca e encarou Monica em pé a sua frente, desconcertada e chorando.

- a culpa disso tudo é sua cebola...

Ele a interrompeu

- não fui eu que deixei meu filho morrer – ele se virou e foi em direção à porta, antes de sair se virou para ela que havia se sentado na cama em prantos- isso acaba hoje, vou ligar agora mesmo para um caminhão vir amanhã buscar essas coisas.

Ele não teve coragem de fazer e ela não teve coragem de perguntar se ele tinha feito, sendo assim o quarto permaneceu do mesmo jeito, arrumado para uma criança que não voltaria, com a porta trancada para que ninguém mudasse o que tinha lá.


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Notas finais do capítulo

e ai o que acharam? curiosos?



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