Eternamente escrita por Mayara


Capítulo 40
Capítulo 40


Notas iniciais do capítulo

Amores, espero que gostem e aproveitem os capítulos finais!
Mais 5 capítulos, no máximo, e a história acaba! ;(

Beijos



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Corri o mais rápido possível até a garagem do meu prédio. Não estava nem ai se eu iria sentir falta de ar. O que importava agora era pegar o desgraçado. Eu não consegui falar com o Gabe, mas eu imaginei que ele já estaria sabendo de tudo, porque nada passa despercebido para ele. Eu só espero que ele não faça nenhuma besteira, e espere eu chegar. Sabia que o maluco estava sendo rastreado, e um vacilo qualquer iria ser descoberto.

Minhas mãos tremiam, e eu mal conseguia abrir a porcaria da porta do carro.

– Droga! – deixei a chave cair, e me segurei para não meter o pé na porta. Não, meu carro não!

Quando eu finalmente consegui abrir uma simples porta, eu coloquei a chave na direção e sai quase cantando pneu, porque o pobrezinho do meu carro não tinha tanta potência assim.

Eu nunca gostei de infringir as regras de trânsito, mas naquele momento eu estava nem me lixando para sinais ou para as bizinas e xingamentos que eu estava escutando. Meu foco era um louco que queria acabar com o meu noivado, e me queria. É cada louco que aparece na minha vida! Eu nem sou doce pra tanta gente gostar de mim.

Um maldito trânsito bem na hora em que eu estou com pressa. É nessas horas que eu queria ter aquele poder de voar ou de ter dinheiro e andar de helicóptero.

– Anda logo! – gritei.

Minutos e mais minutos e nada de andar. Maldito trânsito! Tentei ligar para o Gabe, mas estava sem área. Mandar uma simples mensagem, mas a minha querida internet não estava ajudando. Ótimo, o que mais iria acontecer de ruim? Eu espero que nada.

– Finalmente. – os carros já estavam andando, e eu acelerei o mais rápido que podia.

Eu estava indo ao apartamento do Gabe, e o caminho parecia mais longo. Não sei se é a minha pressa, ou eu nunca percebi que era realmente longo. Enquanto eu dirigia, eu percebi que o meu carro começou a frear do nada. Ele diminuía a velocidade. Só faltava ser o que eu estava pensando.

– Não, agora não! Pelo amor de Deus, querido! Vamos ajudar a mamãe! – implorei, mas ele havia parado perto da calçada.

Rodei a chave milhões de vezes, mas ele havia falecido. Meu pobre carrinho me abandonou quando eu mais preciso dele. Belo amigo ele é. Abandonou-me quando eu mais preciso dele.

– Ótimo! Sem carro, com o celular sem área e sem nenhum táxi por perto. Eu nem quero saber o que pode acontecer depois, porque fiquei com medo. – resmunguei. – Poxa, Deus, eu sou uma boa menina!

Fiquei ali um bom tempo, até que eu aviste um táxi. Despedi-me do meu carro, e prometi que eu voltaria para buscá-lo, mesmo ele me abandonando. Chamei-o, e ele parou imediatamente para eu entrar. Pelo menos um táxi. Deus estava me ajudando de novo! Comecei a rezar, pedindo para que desse tudo certo. Eu só queria que o Gabe não fizesse nada precipitado.

***

Tudo estava demorando, até um simples elevador estava lerdo para mim. Acho que se eu fosse de escada eu iria chegar mais rápido. Ok, calma, Emy! Pensamento positivo! A porta do elevador se abriu, e eu sai correndo, pegando a chave do apartamento do Gabe. Ao entrar, percebi que não havia ninguém, e parecia que o Gabe não tinha aparecido por lá. Comecei a procurar por alguma informação que pudesse me ajudar em alguma coisa, mas nenhum endereço estava anotado.

Sentei-me no sofá e comecei a chorar. Era um misto de desespero, medo, angústia e culpa. Não sei por que, mas eu me sentia culpada por tudo isso. Se eu tivesse insistido para o Gabe me falar o que tinha de errado, se eu tivesse o pressionado de alguma forma ou se eu não tivesse vindo embora, talvez tudo isso fosse mais fácil. Meu coração estava apertado, e eu estava com medo de que o Gabe poderia acabar ferido de alguma forma. A última coisa que eu quero é que ele se machuque, senão eu não irei sobreviver. Fui até o quarto dele, e vi o quanto a casa dele também era minha. Tinha coisas mínimas, mas que faziam a diferença em uma casa de homem. Flores que eu gosto; livros; comida e até os produtos que eu gostava. Fora as milhares de fotos que tínhamos. Olhei para uma foto que tinha em seu mural, e me lembrei do dia em que havíamos tirado. Tinha sido depois da briga do Gabe com o Joe, e eu estava fazendo carinho nele, enquanto ele me olhava sorrindo. Ah, o Gabe se metia em cada briga por minha causa. Perdi as contas de quantas vezes ele sangrou um nariz ou ameaçou um menino que simplesmente me dava um “oi” diferente do demais. Ciumento desde criança.

Fiquei deitada em sua cama, esperando para ver se ele iria chegar do trabalho. Pensei em quem poderia estar por trás de tudo isso, mas ninguém aparecia na minha cabeça. Não tinha ninguém que pudesse odiar tanto a gente. Tem o Daniel e a irmã dele, mas acho que eles não teriam coragem de fazer algo desse jeito, até porque eles seriam os primeiros suspeitos.

Olhei novamente para a foto que estava em minhas mãos, e algo esclareceu na minha cabeça. Lembrei-me da briga e das palavras que o Joe usou. Ele estava bravo porque o Gabe havia dedurado ele na escola, e ele sempre queria brincar comigo, mas para provocar o Gabe.

– Não! Não pode ser! – fui ligando os pontos um no outro, e percebi que o J que estava no meu cartão poderia ser de Joe. – Meu Deus! É o Joe! Aquele louco! – gritei.

Coloquei a foto na minha bolsa, e fui atrás de número que eu poderia estar ligando. Liguei no escritório, mas ninguém atendeu e no celular dele, mas só chamava. Lembrei-me do policial Calton, e eu imaginei que ele poderia saber onde o Gabe poderia estar. Sai correndo, chamei um táxi fui até a delegacia.

***

Cheguei à delegacia o mais rápido que eu pude. Perguntei sobre o policial Calton, e eu segui até a sala dele. Dei duas batidas na porta, e escutei-o pedindo para entrar.

– Srta. Campbell. – ele parecia que estava de saída, e eu até poderia imaginar para onde ele iria.

– Cadê o Gabe? – perguntei desesperada.

Ele olhou seriamente pra mim e suspirou.

– Eu sabia que a Srta estava vindo atrás de mim, e eu só estava lhe esperando.

– Ótimo! Então vamos até o Gabe. – abri a porta, mas o policial não me seguiu. – Vamos!

– Eu acho melhor a Srta ficar aqui.

Ah? Ele bebeu? Fumou uns baseados? Porque ele só pode estar fora de si para me pedir isso.

– Não! Eu vou atrás do Gabe, queira o Sr ou não.

– O Sr. Hunter pediu para que eu cuidasse da Srta.

– O Gabe está aqui? – perguntei ironicamente.

Ele balançou a cabeça, negando.

– Então ele não manda! Eu não ouvi isso da boca dele e, mesmo se ele estivesse aqui, eu iria obedecê-lo. – sai, sem esperar o policial falar mais nada.

O policial me seguiu, e viu que não iria adiantar teimar comigo. Eu não iria desistir de ir atrás dele.

***

O policial me explicou todo o procedimento, e disse que há outros policiais com o Gabe. Disse que eles sabiam o esconderijo do maluco, e que o Gabe não esperou um segundo, e já foi atrás dele.

O caminho todo eu vim rezando, e quando paramos um pouco afastada de uma casa velha e escura. Sabe aquelas casa de filme de terror? Pois bem, era idêntica. Percebi que havia policiais espalhados ao redor da casa, mas todos muito bem disfarçados. Eu desci correndo para entrar, mas eu fui impedida por um policial.

– Eu quero saber do meu noivo! – gritei.

– Srta...

– Srta é o caralho! Cadê o Gabe? – olhei para os lados, mas estava escuro demais para enxergar. – Cadê o meu noivo?

– Ele está lá dentro. – o policial me falou, e eu senti um aperto no meu peito.

Cambaleei para trás, e por pouco não cai, porque fui segurada pelo policial.

– Gabe... – comecei a chorar, imaginando o que ele estaria fazendo ali dentro.

– O louco está lá dentro, não está? – perguntei desesperada.

– Sim!

Meu Deus! Ajude o Gabe! Faça com que nada de ruim aconteça com ele. Eu preciso dele! Eu amo mais do que tudo nessa vida! – pedi em oração, sabendo que Deus iria me atender.

Os minutos só passavam, e a minha angústia só aumentava. Não sabia como o Gabe estava e nem o que estava acontecendo ali dentro daquela maldita casa.

– Porque vocês não entram, e tirem o Gabe de lá? – era simples caramba!

– Porque ele é um bandido perigoso, Srta. Campbell. Ele pode tentar atirar no Sr. Hunter, e isso é o que estamos tentando evitar. Qualquer escapada do bandido, nós iremos entrar, porém, agora será impossível. O Sr. Hunter está em negociação, e estamos escutando tudo. Temos um plano!

– Eu quero o meu noivo! Eu... Ele não pode morrer, por favor. – supliquei. – Dói aqui dentro. – apontei para o meu coração. – Ele é o meu melhor amigo, meu anjo da guarda e minha proteção. A minha vida sem ele não existe, entendeu? Eu não irei sobreviver sem o Gabe. – eu não aguentava de tanta dor, e chorava sem parar. Eu precisava me libertar de alguma forma.

– Srta.Campbell, nós iremos resolver tudo, e ninguém irá sair machucado. O seu noivo pediu para o deixarmos ter uma conversa, e se caso ouvirmos algum tipo de ameaça, iremos entrar.

Ele falando parecia simples, mas para mim só piorava toda a minha vida. E eu não quero escutar essa conversa com do Gabe. Eu queria vê-lo bem e vivo!

Comecei a andar de um lado para o outro, até eu me afastei um pouco do pessoal para poder esfriar a minha cabeça. Olhei para a casa, e vi uma brecha entre as madeiras. Ali seria uma chance para eu entrar na casa e salvar o Gabe. Fui até lá, e puxei as madeiras velhas, e fiz de tudo para não fazer barulho.

Quando eu vi que dava para eu passar, eu me espremi toda, mas entrei. A casa não era grande, porém, tinha dois andares. Tirei os meus sapatos para não fazer barulho, porque sempre via nos filmes de terror que os sapatos podem atrapalhar. Eu só espero não cair para o bandido me pegar. Ah, esses filmes me lembram do Gabe... Eu vou salvá-lo! Fui até a cozinha, e peguei a faca que estava em cima da mesa.

Andei devagar procurando por vozes, até que escutei vozes vindas do andar de cima. Subi as escadas com toda a leveza que eu poderia ter, e evitei respirar muito alto. A faca estava na minha cintura, enquanto segurava o par de sapatos em minhas mãos. Quando cheguei ao topo da escada, eu escutei a voz do Gabe, e o meu coração acelerou. A porta estava aberta, e o homem estava de costas para mim. Ao entrar, eu avistei o Gabe sentado na cadeira, e as mãos amarradas. Gabe estava com a cabeça baixa, mas parece que ele sentiu a minha presença, porque ele olhou pra mim imediatamente. Eu pedi que ele fizesse silêncio, mas ele me olhou assustado. Coloquei os meus sapatos em um canto, peguei a faca na minha cintura e me posicionei para dar uma faca nele.

– Vamos, Emy! Você consegue! – pensei.

Levantei os meus braços para dar a facada, mas o homem foi mais rápido do que eu. Virou-se para mim, e agarrou os meus pulsos, deixando-os vermelhos. Eu escondi a faca rapidamente.

– Emy, você veio também! Eu sabia que o meu telefonema não seria em vão! – ele sorria, e eu senti nojo. – ele apertava o meu pulso fortemente.

– Você? Eu não acredito que...

– Que seja eu, Emily! O pequeno Joe, que implicava com o Gabe? Pois é, a infância pode trazer consequências para o futuro.

– Não! Você é Joe, mas você também trabalha com o Gabe. Você é o...

– Max? Pois é, querida, Emy. A vida é cheia de disfarces. Eu estava contando para o Gabe a minha história, mas ele ficou todo nervosinho, então eu tive que tampar a boca dele.

Eu estava sentindo nojo de ver aquele homem perto de mim. Seu sorriso de felicidade me deixava mais furiosa.

– Deixe o Gabe em paz! Você quer a mim, não é?

– Você é esperta, Emy, mas eu quero os dois. O Gabe eu quero matar, e você... – ele acariciou o meu rosto, e eu senti náuseas ao ser tocado por ele. – De você eu quero o que o Gabe tanto escondeu esses anos todos.

Gabe estava na cadeira, e olhava furioso para o Joe ou Max, seja lá qual for o nome desse desgraçado.

– A calma nunca foi sua amiga, não é, Gabe? – chegou perto dele, e sorriu.

Tudo parecia confuso na minha cabeça. Joe, aquele menino da minha infância era um bandido, e agora se chamava Max, e sempre esteve ao lado do Gabe. O inimigo sempre esteve por perto, e ninguém desconfiou.

– Por quê? Eu só quero entender por qual motivo você fez tudo isso.

Virou-se para mim, e sorriu ainda mais. Ele estava feliz com tudo aquilo, mas a felicidade dele iria acabar logo, logo.

– Porque eu odeio o Gabe! – sorriu.

– Você não pode odiá-lo de graça. O que ele fez? – perguntei desesperada.

– Ele sempre foi o melhor em tudo! Na escola, no bairro e até na vida profissional. Eu tentava ser ele, mas não conseguia. Gabe sempre foi esperto, e queria o melhor. Na escola tirava notas boas e tinha o carinho e atenção de todo mundo, no bairro ele era o querido por todos e quando ele se tornou advogado, ele conseguiu construir uma carreira sólida em pouco tempo. Fora a família perfeita que ele tem, e você. O Gabe tem você, Emy.

Assustei ao ouvir tudo aquilo. Era o tempo todo a maldita inveja.

– Isso tudo por causa de uma inveja? Meu Deus!

– Não! Isso é por causa do amor, Emy! Eu te amo! Sempre te amei, mas você nunca sequer olhava pra mim. Quando você se tornou adolescente, eu pensei que você iria me dar uma chance, mas você só tinha olhos para o Gabe. Depois apareceu o idiota do Chad, mas eu sabia que o seu namoro não ia durar muito tempo. Quando você ficou solteira, eu comecei perseguir você, porém, o Gabe apareceu de novo, e a tirou de mim. Ele levou você embora. Eu fui atrás, e planejei me aproximar dele de alguma forma. Estudei, e depois consegui um emprego no próprio escritório do grande Gabe. Legal, não é?

Legal? Esse homem é um doente!

Ele se aproximou de mim, e eu fui me afastando. Não queria que ele me tocasse de forma alguma. Eu estava sentindo nojo daquele homem. Olhei para o Gabe, e o desespero em seus olhos. Eu iria tirar a gente dessa enroscada, custe o que custar.

– Não tente fugir de mim, Emy! Você fugiu demais das minhas garras.

– Não irei! Eu estou aqui, e ficarei com você. – tentei soar o mais normal possível.

– Isso mesmo, linda! Eu sei que você vai gostar de mim.

Impossível, seu verme nojento! Eu tinha que pensar em alguma forma de acabar com ele. Pensei em um jeito, e seria a única maneira de acabar com isso. Fui até o maldito, e o abracei. Ele retribuiu, e eu peguei a faca que estava na minha cintura, e me preparei para fazer o que eu achei que nunca seria capaz. Olhei para o Gabe, e mandei um beijo.

– Nós vamos ser felizes, Emy! Vamos ficar juntos para sempre! Você quer isso, meu amor?

– Claro!

Juntei todo o meu ódio, e enfiei a faca em sua barriga. Não sei de onde eu tirei coragem, mas eu fiz. Eu precisava salvar o Gabe, mesmo se fosse preciso matar este homem.

– Emy... Você...

Olhei para as minhas mãos, e elas estavam sujas de sangue e tremendo. Eu fiquei assustada por ter feito aquilo, mas não arrependida.

– Claro que não, seu idiota! Eu nunca vou ficar com você! Nunca! – gritei, enquanto ele olhava para o sangue em sua barriga e mãos.

Corri até o Gabe, e comecei a desamarrá-lo. Nunca achei que iria conseguir desamarrar alguém tão rápido. Gabe me olhava assustado, e eu tentei manter a calma inexistente.

– Princesa! – ele me abraçou, e eu senti seu corpo tremer.

Meus medos evaporaram no momento em que eu senti seus braços ao redor do meu corpo. Ele era o meu porto seguro, e eu o dele.

– Gabe, eu fiquei com tanto medo... Eu...

– Está tudo bem, meu amor. Estou aqui com você! – ele me beijou delicadamente.

– Vamos embora! Os policiais estão esperando por nós! – eu só queria ir embora dali o mais rápido possível.

– Claro!

Viramos para irmos embora, mas para a nossa surpresa, o desgraçado estava vivo, e ainda tinha uma arma apontada para mim.

– Emy, você me traiu! Eu achei que você queria ficar comigo, mas você me enganou por causa dele! Tudo por causa do Gabe!

– Joe, abaixa essa arma, por favor!

– Não! Eu vou matar a Emy, Gabe! Eu vou matá-la porque eu quero ver a dor e o sofrimento em seus olhos.

Meu Deus, eu não quero morrer!

Gabe se colocou na minha frente, momento em que eu escuto o barulho da arma sendo disparada. Olhei para os olhos do Gabe, e ele me olhava profundamente.

– Eu te amo, princesa. Eternamente. – sussurrou.

– Gabe! – gritei desesperada.

Gabe

Sai do escritório praticamente voando. Hoje esse desgraçado iria ser preso, ou morrer. Foda-se aquela coisa de não fazer justiça com as próprias mãos. Eu iria fazer, e ninguém iria me impedir. Esse cara mexeu com a pessoa errada, e quando mexem com quem eu amo, a pessoa paga da pior maneira.

Dirigi feito louco até uma parte da cidade, mas peguei um trânsito dos infernos. Eu poderia chegar tarde, mas eu iria até o inferno se fosse preciso.

– Anda logo, seu idiota! – gritei mal humorado.

Caralho de trânsito! Essa merda não vai andar tão cedo. Eu estava tão nervoso, que a minha única preocupação era pegar esse louco. Eu espero que a Emy esteja bem, e fora de qualquer coisa que possa fazê-la mal.

Após bons minutos dentro daquele carro, eu cheguei à delegacia. O policial Calton já estava me esperando. Entrei correndo já à procura dele, que estava em sua sala.

– Sr. Hunter, que bom que chegou! – nos cumprimentamos, e ele já foi adiantando o que tinha descoberto.

– Então você tem o endereço dele? – perguntei ansioso.

– Tenho tudo anotado, Gabe. E alguns policiais irão até lá para fazerem a prisão.

– Não! Eu quero ir junto.

– Sr, eu acho que...

– Desculpe, policial Calton, mas esse cara tentou matar a minha mulher, tentou me matar e acabou com o meu relacionamento. Eu quero bater um papo de homem para homem, e saber o motivo que o fez ser tão covarde. – falei, furioso.

– Sr...

– Não adianta! Eu vou, e ponto final!

– Tudo bem! Eu ficarei por aqui para dar mais informações.

– Policial, se a minha noiva aparecer, por favor, não a deixe ir até lá e cuide dela como se fosse a sua vida. Ela é tudo pra mim!

– Pode deixar. Eu irei cuidar dela. – sorriu pra mim, e eu agradeci.

***

A minha raiva era tanta, que eu até pensei em chegar e matá-lo friamente, e sem nenhum dó. Meu ódio era tão grande, que eu pedia a Deus para me segurar.

Chegamos a uma casa velha, e parecia que estava abandonada. Desci desesperado, e corri para poder entrar, mas fui parado por um policial.

– Eu quero entrar! – disse, nervoso.

– Calma, Sr Hunter. Esse cara pode ser perigoso! Ele pode...

– Foda-se o que ele pode, policial! Eu vou acabar com a raça dele.

– Eu acho melhor...

Não adianta ele tentar me impedir. Eu iria entrar de alguma forma, queira ele ou não.

– Eu sei que é errado, mas ele cara mexeu comigo. O problema aqui é pessoal. Se ele fez tudo o que fez, é porque tem um motivo. – falei, tentando convencê-lo. – Eu vou entrar, mas vocês ficarão de tocaia. Qualquer ameaça de tiro, vocês entram. Eu tenho um plano e, se tudo der certo, eu irei fazê-lo falar tudo e ser preso em flagrante.

Contei todo o meu plano, e pedi para que eles não entrassem antes da hora. Teria que dar certo. Tem que dar certo.

– Tem certeza que não é policial, Sr Hunter?

Sorri e balancei a cabeça positivamente.

Eu iria entrar por trás da casa, mas antes parei peguei uma arma que estava no carro de um dos policiais. Se ele tentasse alguma coisa, eu também não iria deixar de atirar para me proteger.

Entrei sem fazer barulho, e com o coração nas mãos. A minha vida estava em jogo, e eu não poderia falhar. Andei por toda a casa, mas não encontrava ninguém. Até pensei que ela estaria vazia, mas escutei um barulho no segundo andar, então eu fui até lá. Caminhei como se estivesse pisando em ovos, para não chamar a atenção dele e para poder atirar. Ao chegar ao cômodo, que parecia um quarto, eu senti um odor forte, e tinha restos de comida por toda a parte. Olhei para a parede, e vi fotos da Emy e minhas também. Fotos de quando ela era criança? Mas que merda era aquela? O cara era maluco por completo! Fui tirando todas as fotos, e a minha raiva só aumentava. O desgraçado deve nos conhecer desde pequenos, e eu não imagino quem seja.

– Que bom que você apareceu, Gabe! Eu sabia que você viria atrás de mim. – senti a arma na minha cintura, e me virei para descobrir quem era o desgraçado.

– Max? – perguntei surpreso. Eu esperava outra pessoa, menos ele.

– Surpreso, pequeno Gabe? – ele perguntou rindo, e o meu sangue subiu de tanta raiva.

– Seu desgraçado! – gritei. Pulei em cima dele, mas ele apontou a arma para a minha cabeça.

– Calminha, Gabe! Você já quer que eu cante os parabéns antes de curtir a festa? – riu. – Temos muito que conversar.

– Eu vou te...

– Matar? Bem, eu acho que não! Eu é que vou meter a bala na sua cabeça, seu idiota! – gritou.

Meu olhar de raiva estava aparente. Eu tinha uma arma na minha cintura, mas se eu tentasse pegá-la, ele iria atirar. Não iria arriscar na hora errada.

– Pare de pensar, Gabe. Isso é tão chato... – sorriu descaradamente.

– Porque você está fazendo tudo isso, Max?

Ele respirou fundo e olhou para cima.

– Pela Emy! Tudo por causa dela! Você sabia que eu sou apaixonado por ela, Gabe? Desde criança...

– Você não a conheceu, Max.

– Ah, é ai que você se engana. Lembra aquele garoto que queria a atenção dela, mas você vivia brigando comigo por causa disso?

Eu tentei me lembrar, mas foi em vão.

– Eu vou refrescar a sua memória, pequeno Gabe. - ele chegou perto de mim e olhou nos meus olhos. – Olá, pequeno Gabe. Sou eu, Joe!

Joe? Aquele Joe que eu brigava por causa da Emy? Não pode ser!

– Sim, sou eu!

– Desgraçado! – gritei. Tirei a arma e apontei para ele, mas o filho da puta foi mais rápido do que eu, e me acertou com a arma na cabeça. Senti uma tontura e cai no chão.

Ele me puxou para uma cadeira, e começou a me amarrar. Tentei sair, mas a minha cabeça ainda doía. A minha visão estava turva, porém, eu via o quanto ele estava sorrindo. Quando eu sair daqui eu ou acabar com ele.

– Prontinho, assim é bem melhor! – ele se sentou na minha frente. – Vamos ter uma conversinha.

– Eu não tenho nada para falar com você!

– Mas eu tenho! Bem, vamos falar do meu assunto preferido: Emy!

– Deixa-a fora disso! Seu problema é comigo, não é?

– Como você se acha, hein! O único problema que eu tenho com você, é porque você vive com a Emy.

– Ela é minha noiva! – falei, nervoso.

– Por enquanto. Mas, vamos falar sobre o passado. Você sabe como nós nos conhecemos, então eu vou pular essa parte chata. Bem, quando eu conheci a Emy, eu me encantei por ela. Eu era uma criança, mas eu sabia que ela era a minha primeira paixão. Eu tentava me aproximar dela, mas ela tinha um encosto chamado Gabe. Você sempre a protegendo de tudo e de todos que pudessem feri-la, mas eu era apenas uma criança. Quando eu comecei a crescer, eu vi que a Emy ficava cada vez mais linda, e eu me apaixonada cada vez mais. Tentava me aproximar, mas ela parecia que não gostava de mim, ou era obrigada a não ficar perto de mim. Tentei várias vezes brincar com ela, mas fui impedida.

Ele contando tudo isso, eu comecei a me lembrar de todas as vezes que ele tentou pelo menos conversar com a Emy, mas eu o proibi.

– Depois ela começou a virar adolescente, e eu percebi como você olhava pra ela. E eu sabia que você seria um obstáculo na minha vida, mas não achei que seria tanto. O Chad apareceu, e eu sabia que aquele namorinho não ia virar nada. A Emy não o amava, mas ele caia de amores por ela. Idiota, não é? Daí você a levou para longe dos meus olhos, mas eu sempre estive pro perto, Gabe. Estudei direito, mesmo odiando aquelas babaquices de leis e afins. Eu só queria entrar no seu mundo, e mostrar que eu poderia ser melhor do que você. Consegui trabalhar no seu escritório, e consegui te enganar esse tempo todo. Cara, eu sou demais!

Quando você levou a Emy ao seu escritório, meu coração quase saiu pela boca, e por pouco eu não consegui sair com ela. Mas, você se meteu novamente na vida dela. Gabe, você não cansa? Mas eu não desisti. Fui atrás de vocês, e fiz tudo àquilo que você já sabe. Aquele acidente de carro foi um erro, confesso Eu achei que era você que estava dirigindo, não ela. Quando eu descobri, eu fiquei doido de preocupação.

Eu estava escutando tudo o que esse bandido estava dizendo, e eu sentia cada vez mais raiva. Ele fez tudo isso por amor? Não! Ele é louco! Ele é um doido que merece ser preso e nunca mais sair.

– Agora tudo vai vir a meu favor, Gabe. Eu mato você, e nós ficaremos juntos. Eu e a Emy vamos ter filhos, um casamento e uma família. Eu vou ter o que você nunca terá! – gritou no meu ouvido, e eu aproveitei e cuspi na cara dele.

– Desgraçado! – gritei. – Eu vou te matar!

Ele me olhou com raiva, e foi até a gaveta, onde pegou uma fita e tampo a minha boca.

– Agora você vai aprender a ficar quietinho!

Meu plano estava indo por água abaixo. Eu preciso sair daqui, e matá-lo. Comecei a pensar em alguma coisa para arrancar essa corda do meu braço Eu avisei que era para a polícia entrar só quando eu desse algum sinal, e seria esse o plano que nós seguiríamos.

Pedi a Deus para que não abandonasse, e pedi para que a Emy esteja bem. Eu iria sair dali, e correria para os braços dela. Não sei quantos minutos haviam se passado, mas eu senti a presença dela e o seu perfume. Olhei para cima, e ela estava bem na minha frente. Eu queria pedir para que ela fosse embora, mas a minha boca estava tampada. Emy me pediu silêncio, e eu sabia que o que ela iria fazer não iria dar certo. Quando ela ia se preparar para dar uma facada nele, Joe se levantou e agarrou o outro pulso dela.

– Emy, você veio também! Eu sabia que o meu telefonema não seria em vão!

– Você? Eu não acredito que...

– Que seja eu, Emily! O pequeno Joe, que implicava com o Gabe? Pois é, a infância pode trazer consequências para o futuro.

– Não! Você é Joe, mas você também trabalha com o Gabe. Você é o...

– Max? Pois é, querida, Emy. A vida é cheia de disfarces. Eu estava contando para o Gabe a minha história, mas ele ficou todo nervosinho, então eu tive que tampar a boca dele.

Olhei furiosamente para ele, querendo matá-lo mentalmente.

– Deixe o Gabe em paz! Você quer a mim, não é?

– Você é esperta, Emy, mas eu quero os dois. O Gabe eu quero matar, e você... – ele acariciou o rosto dela, e a minha raiva só aumentava. Eu vou cortar todos os dedos dele. – De você eu quero o que o Gabe tanto escondeu esses anos todos.

– A calma nunca foi sua amiga, não é, Gabe? – chegou perto de mim, e sorriu.

Nem a calma e muito menos você, seu filho de uma puta bem dada! Quando eu sair daqui, eu vou acabar com a sua vida!

– Por quê? Eu só quero entender por qual motivo você fez tudo isso.

– Porque eu odeio o Gabe! – sorriu.

– Você não pode odiá-lo de graça. O que ele fez? – perguntou desesperada.

– Ele sempre foi o melhor em tudo! Na escola, no bairro e até na vida profissional. Eu tentava ser ele, mas não conseguia. Gabe sempre foi esperto, e queria o melhor. Na escola tirava notas boas e tinha o carinho e atenção de todo mundo, no bairro ele era o querido por todos e quando ele se tornou advogado, ele conseguiu construir uma carreira sólida em pouco tempo. Fora a família perfeita que ele tem, e você. O Gabe tem você, Emy.

Ele tinha inveja de mim? Uma porra de uma inveja? Meu Deus! Ele é mais louco do que eu pensei.

– Isso tudo por causa de uma inveja? Meu Deus!

– Não! Isso é por causa do amor, Emy! Eu te amo! Sempre te amei, mas você nunca sequer olhava pra mim. Quando você se tornou adolescente, eu pensei que você iria me dar uma chance, mas você só tinha olhos para o Gabe. Depois apareceu o idiota do Chad, mas eu sabia que o seu namoro não ia durar muito tempo. Quando você ficou solteira, eu comecei perseguir você, porém, o Gabe apareceu de novo, e a tirou de mim. Ele levou você embora. Eu fui atrás, e planejei me aproximar dele de alguma forma. Estudei, e depois consegui um emprego no próprio escritório do grande Gabe. Legal, não é?

Ele foi se aproximando da Emy, e eu comecei a puxar a corda para tentar sair e acabar com a vida desse capeta. Ela olhou pra mim, e eu quis passar firmeza, mas foi em vão. Confesso que estou com medo de tudo dar errado.

– Não tente fugir de mim, Emy! Você fugiu demais das minhas garras.

– Não irei! Eu estou aqui, e ficarei com você.

Esse era o plano dela?

– Isso mesmo, linda! Eu sei que você vai gostar de mim.

Você vai gostar da porra de uma vassoura no seu cu!

Quando eu vi que ela o abraçou, meu coração disparou. Vi que ela iria usar a faca nesse momento, eu rezei para que desse certo. Ela piscou pra mim, e mandou um beijo. Eu retribuo com uma piscada.

– Nós vamos ser felizes, Emy! Vamos ficar juntos para sempre! Você quer isso, meu amor?

– Claro!

Ela não esperou mais um segundo, e enfiou a faca na barriga dele. Joe saiu cambaleando, e com as mãos sujas de sangue.

– Emy... Você...

– Claro que não, seu idiota! Eu nunca vou ficar com você! Nunca! – gritou.

Ela correu até a mim, e começou a me desamarrar. Eu a olhava assustada, e procurei ter calma para que ela não passasse mal.

– Princesa! – abracei-a tão forte, que fiquei com medo de machucá-la, mas eu queria senti-la e saber que ela estava bem.

– Gabe, eu fiquei com tanto medo... Eu...

– Está tudo bem, meu amor. Estou aqui com você! – beijei- a delicadamente.

– Vamos embora! Os policiais estão esperando por nós! – ela falou rapidamente.

– Claro!

Eu estava pronto para segurá-la, quando ouvi a última voz que eu queria escutar.

– Emy, você me traiu! Eu achei que você queria ficar comigo, mas você me enganou por causa dele! Tudo por causa do Gabe!

– Joe, abaixa essa arma, por favor! - implorei

– Não! Eu vou matar a Emy, Gabe! Eu vou matá-la porque eu quero ver a dor e o sofrimento em seus olhos.

Eu não vou deixá-la morrer! Nunca! Coloquei-me na frente dela, mas virei para olhar em seus olhos azuis. Os olhos que eu tanto amo, e que me fazem perder a noção e a razão. Escutei um tiro, e a abracei tão forte, como se a bala pudesse atravessar o meu corpo, mas sem perder a imensidão dos seus olhos.

– Eu te amo, princesa. Eternamente. – sussurrei para ela nunca esquecer.

– Gabe! – foi a última coisa que eu escutei antes de cair no chão.


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