Wyrda escrita por Brisingrrr


Capítulo 2
Wyrda


Notas iniciais do capítulo

Eu fiquei MUITO feliz com os resultados que obtive em tão pouco tempo, e aí vai outro capítulo, que espero muito que gostem!


****Capítulo reescrito em 01/03/2017****



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As terras além, descobertas por Eragon, eram a prova do êxito dos que lutaram. Muito além do Deserto Hadarac, a terra se estendia em um tom avermelhado por quilômetros, sendo cortada pelo fio prateado do rio Hedarth, que desembocava no mar de forte tom azul. Muito além desse mar, onde só os Cavaleiros sabiam chegar, estava Wyrda, a ilha quase três vezes maior que Vroengard, que agora era a Sede da Ordem dos Cavaleiros de Dragão, e onde Eragon Matador do Rei e Mestre dos Cavaleiros vivia e passava seus conhecimentos aos novos membros da Ordem.

A Ilha era magnífica. Parecia ter sido criada com o único propósito de servir de moradia aos dragões. Sua extensão seria capaz de acomodar centenas de dragões se fosse necessário, embora isso não acontecesse de fato: pouco mais de uma centena deles viviam na Ilha.

O seu formato era irregular, pouco recortado e não se assemelhava a nenhuma figura. Tinha sido batizada por Eragon pouco tempo depois de terem chegado, quando tomaram conhecimento de suas características e de sua qualificação como possível lar dos dragões e Cavaleiros. O Mestre dos Cavaleiros acreditava que ter encontrado uma terra tão adequada aos seus planos só poderia ser o destino, e assim batizou a Ilha. Ela era a representação quase literal de todas as expectativas que Eragon havia criado durante a sua viagem pelos lugares desconhecidos e selvagens que levaram-no até ali.

Durante a viagem outras questões também consumiram a mente do Cavaleiro. Eragon questionava como poderia acomodar todos os Cavaleiros que surgiriam nos anos futuros, considerando as enormes diferenças culturais de cada raça. Como tornar possível a convivência direta e constante entre humanos, elfos, anões e urgals? O então jovem Mestre dos Cavaleiros não vacilava e nem se arrependia da inclusão dos anões e urgals no pacto com os dragões, mas não deixava de preocupar-se com essa adaptação.

Quando finalmente aportaram no que viria a ser Wyrda, Eragon e os elfos trataram de constatar se a Ilha era habitada. Alguma pesquisa foi necessária, e com a ajuda da magia e das mentes dos poderosos elfos logo foi conhecido que apenas animais selvagens andavam por aquelas terras. O alívio por não se encontrar vida inteligente não foi escondido, pois isso poderia gerar algum problema.

A exploração da Ilha durou um período relativamente curto, e quando puderam concluir que ela era adequada aos propósitos da Ordem dos Cavaleiros de Dragão, deram início às decisões. Algumas coisas eram bastante claras, como onde seria localizada a cidade principal, mas outras requeriam maior reflexão e debate, como o esconderijo adequado aos Eldunarí. Eragon pôde expor como sentia dificuldade em conceber um ambiente confortável para quatro raças tão distintas e a sabedoria dos antigos dragões pôde auxiliá-lo quando a hora chegou.

O que mais requeria atenção na época eram os Eldunarí, então logo se prontificaram em construir um abrigo tão seguro quanto O Cofre das Almas – inicialmente apenas o trabalho de suas mentes e a magia foram os responsáveis pelo esconderijo, aliado ao trabalho da própria natureza, mas futuramente a segurança seria reforçada com a ajuda dos anões e de um trabalho de aperfeiçoamento. Contentes com o resultado, partiram para as questões de acomodação. Ainda eram poucos, mas a qualquer momento um novo Cavaleiro poderia surgir na Alagaësia e eles planejavam enviar novos ovos em alguns anos.

Se instalaram quase no coração da Ilha, cercados por um vale de montanhas altas e verdes, em construções simples e rústicas. O luxo e a beleza ainda não eram uma preocupação, pois eles eram poucos e possuíam outras prioridades. Enquanto trabalhavam lentamente para proporcionar o básico para o futuro Cavaleiro, a Ilha era explorada e mapeada, suas espécies catalogadas e seus rios, vales, montanhas e outras características eram nomeadas – geralmente homenageando a Alagaësia e pessoas importantes em sua história.

Quando estavam no fim da terceira estação na Ilha, um ovo rompeu na Alagaësia para um anão. Depois de passar por um treinamento inicial com a Rainha dos Elfos ele foi enviado à Ilha no mês em que completavam um ano de estadia ali. O novo Cavaleiro era o anão Litk, com seu dragão azul – não o azul brilhante de Saphira, mas um azul escuro e fosco –, Mûrst. O anão era uma figura curiosa, de início assustado e reservado, para se revelar um exímio mago. Seu comportamento muito agradou Eragon, pois ele era obediente e dedicado, e não demorou para que se tornassem bons amigos.

O treinamento do Cavaleiro foi feito ao estilo de Brom com Eragon, com prudência e sem pressa. Os ensinamentos de Arya fizeram-no avançar rápido, o que satisfez Eragon e os elfos. Quando estavam no quinto mês de treinamento o outro ovo eclodiu na Alagaësia, dessa vez para um Urgal, como na decisão que haviam tomado, e após o prévio treinamento de Arya ele também foi para a Ilha. O Urgal era Grokn, com seu dragão amarelo, Fikro. Sua personalidade era extremamente diferente da personalidade de Litk, e apesar das dificuldades que Eragon encontrou, o Urgal era de fácil convívio e aprendizado. Era muito fechado, mas desenvolveu-se muito bem no treinamento e fez com que o Mestre e os elfos ficassem surpresos.

Naquele ponto, com todas as raças devidamente representadas e instaladas em Wyrda, Eragon e os elfos concordaram que estava na hora de habitar a Ilha com pessoas comuns. Era hora também de dar início as obras que abrigariam todos os futuros Cavaleiros e que tornariam Wyrda um lugar para se colocar nas canções e para deixar de herança às próximas gerações.

A maioria dos que vieram eram homens e elfos, os primeiros porque eram mais desapegados às suas terras e os últimos porque queriam fazer parte da história a ser construída ali e porque sabiam que sua ajuda era necessária. Anões vieram em um número pequeno, de algumas dezenas, e Urgals em quantidade ainda menor.

Blodhgärm e Eragon se reuniram para decidir como a cidade deveria ser construída, e as dúvidas de Eragon quanto ao misto de culturas que compartilhavam aquele ambiente foram debatidas. Os velhos dragões auxiliaram-no a não suprimir a cultura de nenhuma das raças e representá-las de acordo com seus ideais. Deveriam projetar as construções principais como acreditassem ser mais adequado e permitir que as outras construções fossem definidas por aqueles que as realizassem. Eragon notou que lidaria com muita política nos próximos anos, e sentiu-se agradecido por ter auxílio.

Depois de terem acertado questões menores, Eragon reuniu-se durante muitos dias com elfos e anões que se propuseram a auxiliá-lo na criação dos projetos para a construção da Ilha. Os humanos ainda se sentiam tímidos e os urgals não se julgavam construtores valiosos àquela época. Lentamente as coisas tomaram forma no papel: as construções por toda a Ilha seriam distribuídas de forma que mesmo com o crescimento em tamanho e número dos dragões ainda fosse possível que todos se acomodassem com conforto. O estilo de construção seria variado, como fora decidido, embora o estilo élfico predominasse em conjunto com o trabalho em pedra dos anões. Com a aprovação dos Cavaleiros e dos elfos que o aconselhavam, Eragon deu início às construções que durariam muitos anos.

Novos ovos de dragão foram enviados para a Alagaësia três anos após o início das construções, quando a cidade já possuía algumas das principais instalações prontas e o treinamento dos Cavaleiros poderia ser feito de forma mais adequada e didática. Nessa época alguns dos ovos de dragão que não estavam destinados a nenhum Cavaleiro também eclodiram, para viverem selvagens em lugares específicos na Ilha, em paz e sem oferecer ameaças.

De início foram enviados quatro ovos, acompanhados por Blodhgärm e Litk, que voaram à Alagaësia pela primeira vez. Desde o princípio este se tornou um evento grandioso e que era acompanhado por uma Cerimônia em cada local em que acontecesse. O percurso deles incluía toda cidade e vila da Alagaësia, portanto esperava-se que fosse demorado. O primeiro dos ovos eclodiu logo, em Nädindel, para um elfo chamado Sevan. Ele era jovem para os padrões élficos e até humanos, mas maduro o suficiente e muito nobre. Logo foi enviado a Wyrda em uma embarcação acompanhado por elfos, recebendo antes a benção de sua Rainha. Seu dragão era roxo e se chamava Islingr, que significava Iluminado, e apresentava-se muito peculiar para quem o conhecesse: parecia uma alma velha em um corpo muito jovem, e era muito sábio até mesmo para o padrão dos dragões.

Depois, mais um ovo eclodiu para um elfo, dessa vez em Ellesméra: a elfa era Tyfrell, com seu dragão turquesa, Grirtiní. Quase um ano depois, em Surda, um ovo branco eclodiu para o humano Kanel, que batizou seu dragão de Óru e, por último, a anã Denna, com seu dragão fêmea Gülia. Esses foram todos enviados do mesmo modo para Wyrda, e tiveram seu treinamento iniciado de imediato. Junto com Litk e Grokn ficaram conhecidos como Os Seis Veteranos, pois eram os primeiros Cavaleiros de dragão após a Queda de Galbatorix a passar pelo treinamento do Mestre da Nova Ordem dos Cavaleiros.

Quando as construções estavam concluídas, alguns anos depois da chegada de Eragon, iniciou-se a tradição de mandar os ovos para a Alagaësia sempre naquela data a cada cinco anos – mais ou menos o período em que o treinamento básico de um Cavaleiro era considerado concluído –, com muita festa e ansiedade da parte daqueles que esperavam tocar os ovos de dragão.

Agora, mais de dois séculos após a chegada de Eragon ao que viria a ser o lar dos Cavaleiros, a Ilha era um monumento. A cidade construída em seu coração enchia o Mestre dos Cavaleiros de orgulho e fazia com que qualquer ser vivente se admirasse diante suas construções imponentes. Era visível que muitas mãos haviam trabalhado para torná-la realidade e os feitos arquitetônicos eram espetaculares.

A cidade, que também era chamada de Wyrda, funcionava em seu centro como um grande centro urbano, com comércios e casas, oferecendo tudo que fosse necessário aos seus habitantes. Ao norte estavam concentradas a maioria das construções dedicadas ao treinamento dos Cavaleiros: havia o Centro de Treinamento dos Cavaleiros, as Salas de Aula onde eram ensinados os princípios da magia e como praticá-la, a Sala de Armas e outras construções para ensinar aos novatos e aos já experientes como praticar magia, construir coisas, sobreviver, guerrear, curar, e outras áreas que cabiam ao conhecimento deles.

Outras construções se destacavam na cidade, como a Biblioteca, os Jardins, o Parque do Ouro – obra, que já revela pelo nome, dos anões –, o Museu, a Galeria de Música e outros atrativos que promoviam o lazer e davam entretenimento para todos que habitassem a Ilha.

Aqueles que não eram Cavaleiros e habitavam Wyrda viviam ali para servir os Cavaleiros, como curandeiros – já que a magia não podia ser usada a qualquer momento –, comerciantes, estudiosos, todo tipo de trabalhadores, como ferreiros, poetas, músicos, professores, lojistas e tudo aquilo que uma cidade precisasse.

Alguns vilarejos existiam ao redor da cidade, que era habitada principalmente por homens e elfos. Ao norte, em uma montanha profunda alguns anões viviam em sua pequena cidade de pedra; ao sul, humanos viviam em fazendas com extensas plantações e numerosas criações de animais; a leste, nos bosques, elfos viviam por entre as árvores e colinas; a oeste, no sopé das montanhas, urgals viviam em seus vilarejos rústicos. Todos estavam nos limites do vale, e se refugiavam de acordo com sua afinidade com a terra. Eles viviam em harmonia, mas não podiam descartar suas preferências de ambiente e cultura.

Em torno da área “urbana” de Wyrda planícies se estendiam por quilômetros em um verde vívido, com a grama rasteira, sendo interrompidas por uma cadeia de montanhas que circundava a cidade, formando um vale extenso que oferecia proteção ao coração da Ilha. As montanhas eram as Montanhas Varden, e eram gigantes – não maiores que as Beor, mas comparavam-se às da Espinha – e serviam de abrigo para animais de várias espécies e tamanhos, além de alguns dos dragões selvagens. Eram cortadas por rios, cachoeiras e lagos, que regavam a cidadela, ou então iam de encontro ao mar. Além das montanhas, a noroeste, havia uma floresta densa e úmida que era abrigo das criaturas mais sombrias da Ilha, constantemente coberta pela neblina e que não era muito apreciada pelos moradores da Ilha. A Floresta era chamada de Floresta do Véu.

 Porém, o que mais espantava a todos era o que havia a nordeste de Wyrda: um deserto. Não era maior que o Hadarac – nem de longe poderia se comparar – mas era o suficiente para os dragões. Servia de abrigo para os selvagens e de treinamento para os dragões com Cavaleiros. Suas fronteiras faziam divisa com a floresta e ele cobria uma grande extensão dos pés das montanhas ao leste. O deserto fora batizado como Deserto Palancar. Mais além havia a costa, que era toda rochosa – na parte sul havia um porto e um cais – e era banhada pelo mar nervoso e espumante.

Mas, isso ainda não era o principal. Onde a maioria dos Cavaleiros e dragões viviam era que surpreendia a qualquer um: assim como em Farthen Dûr, uma das montanhas gigantes do Vale, a mais próxima do centro e mais distante dos abrigos dos dragões selvagens, era oca e servia de abrigo a eles. Isso, obviamente era obra dos anões, embora com a ajuda da magia dos elfos – que ajudou a concluir tudo mais rápido –, da força dos Urgals e da indispensável ajuda dos humanos. Aquilo era fruto do esforço de todos e a obra mais admirável dali. A montanha era repleta de túneis de todos os tamanhos, e dentro de muitos deles encontravam-se utensílios e mobília doméstica, onde os Cavaleiros viviam com seus dragões. Essa montanha se encontrava a poucos quilômetros das instalações onde os Cavaleiros treinavam e na sua encosta túneis permitiam que os dragões e seus Cavaleiros entrassem para a cidade-montanha. Ela era chamada Arüna – benção, na língua dos anões.

Na encosta sul da montanha, uma grande construção cinzenta que se estendia por centenas de metros era a Sede da Ordem dos Cavaleiros de Dragão. Muito alta – para receber os dragões, se necessário –, com um amplo Pátio para as festividades, salões para reuniões e jantares, aposentos e cômodos de lazer, a Sede era quase como um castelo. Na Sede aconteciam as principais decisões da Ilha e da Ordem.

Em Wyrda muitas medidas de segurança eram tomadas por precaução, como o juramento na Língua Antiga que os Cavaleiros eram obrigados a realizar, garantindo que nunca revelariam a localização da Ilha, a menos que a Ordem fosse gravemente ameaçada e não houvesse outra alternativa. Aos que não eram Cavaleiros, o fragmento de memória que guardava o caminho até a Ilha era extraído com magia – procedimento que muito desagradava Eragon, que detestava que qualquer pessoa tivesse sua mente alterada, mas que era necessário. Ao redor da Ilha, uma barreira mágica invisível como um domo impedia que qualquer um que não fosse esperado ultrapassasse seus limites, por terra ou ar. Já com os Eldunarí, a segurança era redobrada: além das proteções inicialmente postas sobre eles e de Cuaroc, Eragon pôde aperfeiçoá-las com o tempo e com alguma ajuda. Apenas o Mestre da Ordem dos Cavaleiros de Dragão e Blodhgärm tinham acesso ao Cofre das Almas. ,

A Ilha toda era de se espantar, desde seu clima – sempre ameno, fresco e propício aos dragões – até o que a própria natureza tinha criado: uma diversidade de ambientes, todos próximos, mas bem delineados e sempre o ideal para a raça dominante. Tudo ali parecia ter sido pensado e planejado para a Ordem dos Cavaleiros de Dragão.

Para todos, eram tempos de glória, mas assim como no passado, isso não duraria muito mais tempo.


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Notas finais do capítulo

Esse foi mais longo que o anterior, e queria muito saber se vocês estão gostando até aqui...
Próximo capítulo em alguns dias, mas não posso prever com certeza... É isso, beijos!



*****Quando fui reescrever esse capítulo percebi que ele estava tão vago, com tantos erros — de ortografia e de enredo — e tão "bobinho" que acabei acrescentando mais de 1000 palavras nele. Eu acabei mudando ele quase completamente, alterando a ordem dos parágrafos, acrescentando informação, mudando algo errado que disse e isso acabou gerando um capítulo praticamente novo. Bom, pelos menos fiquei bem feliz com o resultado hahah espero que você que esteja lendo tenha gostado também. *****



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