Wyrda escrita por Brisingrrr


Capítulo 17
Admiração


Notas iniciais do capítulo

Olá, Cavaleiros! Mais um capítulo, que eu espero que gostem. Até lá embaixo!



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Não sabia como expressar todo o misto de sentimentos e sensações. A viagem sem nenhuma ocorrência o deixara aliviado. A constatação que depois de tanto tempo estava de volta às suas terras, o extasiava. O contato que fizera com Murtagh, o inquietava. A perspectiva de não chegar a tempo, o amedrontava. E a visão de seu velho amigo e irmão de clã, com certeza, o acalmava. Fora isso, outras percepções passavam por sua mente, deixando-o agitado. Tinha tanta coisa para absorver.

Havia algumas horas, entrara em contato com o irmão. Murtagh se mostrou inquieto, e relutou em relatar tudo, de início. Contou apenas das reuniões, da reação dos anões e das outras raças, de alguns acontecimentos na Ilha e do seu cansaço. Mas Eragon sabia que ele escondia algo, e com um pouco de insistência, relatou sobre Arya. Mesmo assim, Eragon teve a impressão de que ele foi vago demais, sem entrar em detalhes, com medo do que Eragon poderia pensar.

Ao conversar com o irmão, Eragon sentiu esvair mais um pouco de sua esperança, junto com o acréscimo do seu receio. Foi Saphira que, como sempre, injetou nele a confiança e o desejo necessários para que ele não perdesse toda a confiança. Mais uma vez, ele teve a certeza que a vida de Arya estava em suas mãos e ele não deixaria que ela morresse.

Murtagh estava obviamente cansado, e Eragon recomendou que logo que as coisas se acostumassem, ele descansasse prolongadamente, apenas cuidando para que nada acontecesse na Ilha. Despediram-se rapidamente, e após isso Eragon perdera-se em pensamentos.

Saber que finalmente chegara e nada se sucedera era uma surpresa, pois ele temia que a qualquer momento explodisse em mil pedaços ao contrariar a suposta profecia.

Mas nada se comparava à faísca de esperança que se acendera quando viu Orik. O anão despertara nele a energia que precisava. Talvez isso se devesse ao fato de reencontrar alguém tão importante logo ao chegar, Eragon só sabia que estava definitivamente entusiasmado com a companhia do anão.

Alanna, por sua vez, ia calada na maior parte do tempo, mas de súbito desatava a falar qualquer coisa. Estavam voando baixo e rápido quando ela suspirou e disse:

— Será que verei Dusan? Desde que fui para Wyrda, nunca mais o vi...

Eragon teve a impressão que ela conversava com seu dragão, mas respondeu mesmo assim.

— Se ele ainda viver em Ellesméra, com certeza o verá.

Dusan era o elfo que acompanhava Alanna, quando Eragon a viu pela primeira vez, durante a forja de Brisingr. Ele sabia que eles eram bem próximos, mas depois daquela data nunca mais vira o elfo.

— Sabe, Cavaleiro, é engraçada todo esse fascínio de Mor'ranr por Saphira — Alanna disse, mudando de assunto de repente e fazendo Eragon achar graça.

— Eu já vi muitos dragões recém-nascidos que admiravam Saphira com intensidade, mas nada se compara ao seu dragão — ele sorriu, sentindo Saphira encher-se de orgulho novamente — e o ego de Saphira está prestes à explodir.

— Em todo momento que me comunico com ela, vejo seu pensamento vagando em torno das escamas azuis brilhantes. Parece que ela cultua Saphira — Alanna riu audivelmente — Saphira tem uma admiradora.

Engraçadinho, Eragon, Saphira disse apenas na mente de Eragon, não tenho culpa se meu esplendor atinge esses limites. Até ela, apesar de estar sendo sincera quanto à opinião sobre si mesma, achava graça.

— É perceptível, isso — Orik entrou no assunto — Veja os olhos do pequeno dragão: não desgrudam um segundo sequer de Saphira.

Eles seguiram conversando, e Alanna foi mais agradável do que fora em toda a viagem. Até Faydali, o anão que levava Orik, e seu dragão Yurak participaram do diálogo. Conversavam amenidades, mas como era de se esperar, o assunto migrou para Arya, trazendo um clima pesado para eles.

Eragon tentava se distanciar do assunto, mas parecia inevitável. Quando Orik notou seu desconforto, tratou de iniciar outra conversa rapidamente, mas nem isso funcionou. O Cavaleiro Faydali questionava abertamente, Alanna contava sobre as vezes que falara com a Rainha e ambos não pareciam notar que a conversa era indesejada. Foi Saphira que, se irritando com o rumo da conversa, deu uma guinada para a direita, afastando-se do dragão amarelo e depois subindo no ar. Aquilo foi rude da parte dela, mas pareceu fazer com que o anão e a elfa compreendessem o recado.

Eragon estava exausto. Finalmente eles já sobrevoavam o Hadarac, mas muito vinha pela frente. Ele sentia as pernas formigarem pela posição prolongada, mas não podiam parar. Tentou movimentar-se ali mesmo, na sela, sem sucesso. Apreensivo e sem ter o que fazer, resolveu tocar a mente dos seres ao redor.

Era tolice sua, mas parecia que até a consciência dos seres era diferente ali, em comparação à Ilha. Expandiu sua mente o máximo que conseguia naquele estado de preocupação, e isso tomou vários minutos. Quando estavam sobre uma área forrada por uma vegetação rala, seca e espinhosa, pôde ver ao longe algumas figuras em contraste com a paisagem. Identificou logo que deviam ser pessoas, provavelmente uma pequena tribo de nômades. Eles estavam parados, olhando em sua direção, certamente já tendo os identificado. Eram de pele morena, e agora mais de perto, Eragon via que eram sete pessoas, vestidas com peles, carregando odres, arcos, aljavas e lanças. Quando já estavam bem próximos, um dos homens do grupo ergueu os braços, parecendo sair do estado de choque em que estava. Os outros o imitaram, estendendo os braços em direção ao grande dragão azul, como em um culto.

Eragon ficou fascinado. Era uma demonstração de admiração e devoção enorme, e ele sentiu-se privilegiado. Tirou Brisingr da bainha, ergueu-a e disse seu nome, pondo-a em brasas. O olhar das pessoas encheu-se de admiração, e uma garotinha que ele até agora não havia percebido pois escondia-se atrás da mãe, apareceu e olhou-o com olhos cheios de lágrimas.

Ele estava emocionado, e Saphira também. Os demais dragões que estavam atrás, mesmo sabendo que o foco principal de admiração era Saphira, também sentiam-se orgulhosos, afinal eles faziam parte do show de cores que preenchia o céu. Saphira, que admirava-os tanto quanto Eragon, vergou o pescoço e soltou uma rajada de fogo azulado para o alto, com um rugido leve. Nisso, eles deixaram as pessoas extasiadas para trás, com olhos faiscando diante da magnífica visão que tiveram.

*

Já era noite e eles teriam de parar. Incrivelmente, estavam muito próximos de Du Weldenvarden, tendo superado as expectativas. Alguns dragões, os mais jovens, estavam cansados, mas nada que os impedisse de seguir.

Desceram à terra, ocupando um espaço de terra enorme. Logo fizeram uma fogueira, tiraram seus mantimentos e se alimentaram, esticaram as pernas, tiraram as selas dos dragões, dando-os maior liberdade e estenderam mantas para descansarem por algumas horas. Eragon e Saphira estavam ao norte do acampamento recém organizado, tendo Orik por perto. Alanna e Mor'ranr tinham ido caminhar e escolheram outro lugar para acampar. Saphira enrolou a cauda, o que fazia parecer que Eragon e Orik estavam em um cômodo de paredes azuis escamosas. Eles estenderam panos e ambos se deitaram, sem dizer muitas palavras.

Eragon notou que Orik adormeceu rapidamente, mas ele apesar de todo o cansaço não conseguia se desligar ao ponto de dormir. Sempre que fechava os olhos, imagens invadiam sua mente. Via Arya, imaginava seu estado e isso fazia-o sofrer. Imaginava o que Fírnen deveria estar sentindo, e tinha piedade do dragão.

Ainda pensando nisso, ouviu um ruído perto de si. Abriu os olhos, atento, e sentindo as consciências por perto, logo notou do que se tratava. Se levantou, e foi até um espaço entre a cauda de Saphira e seu corpo. Deu alguns passos e logo podia ver o visitante.

Mor'ranr estava ali, tão pequenina se comparada à Saphira. No escuro, suas escamas rosadas emitiam quase que um brilho próprio, e seus olhos pareciam quartzo rosa. Ela olhava fixamente para Saphira, e estava caminhando vagarosamente para perto. Eragon viu Alanna deitada alguns metros longe deles, enrolada em mantas, já dormindo.

Ele continuou silencioso, para não alertar Mor'ranr de sua presença. Viu o dragão se aproximar mais e mais, até estar suficientemente perto para tocar Saphira com o focinho, mas ela não o fez. Parou, e parecendo indecisa, continuou a fitar a escama azul bem na frente dela. Voltou a andar, rodeando Saphira, até chegar perto de um de seus espinhos e observá-lo por vários minutos. Eragon estava mesmo achando graça daquilo.

Quando Saphira se moveu, Mor'ranr se assustou e em um pulo já estava perto de Alanna novamente. Eragon sorriu, e estava admirado com toda a intensidade que o dragão parecia adorar Saphira.

Dessa vez, ao voltar para sua cama improvisada, dormiu logo. Durante o sono, ainda via Arya e Fírnen, mas nesses devaneios eles estavam felizes e saudáveis, sobrevoando um céu azul sobre uma campina verde que se estendia até onde os olhos não podiam alcançar. Dormiu por poucas horas, pois eles precisavam partir.

Tão logo montaram acampamento, o desfizeram, deixando apenas a terra remexida com as pegadas dos dragões. A noite ainda estava escura e eles estavam sonolentos, mas ao levantar vôo e sentir o vento na face, todos despertaram, como se aquele vento os revigorasse.

Eragon não conversou muito, ia quieto assim como os demais. A viagem já se prolongara muito e ninguém tinha ânimo para conversa. Ele apenas contou para Saphira sobre a cena que presenciara à noite, vendo Mor'ranr, e o dragão também achou graça.

Quando o sol apareceu, eles puderam divisar a floresta no horizonte longínquo. Eragon sentiu seu corpo se agitar, e algo parecia se mexer dentro dele. A expectativa era crescente em todos, e o silêncio se instalou ainda mais. O único som era o bater de asas ritmado dos dragões, e por serem tantos juntos, esse som lembrava o trovejar que anunciava as tempestades.

Quando o sol estava alto, mas ainda frio, Eragon sentiu sua excitação chegar ao pico, ao ver-se diante das frondosas árvores. Os dragões desceram ao chão, quase saudosos diante daquela visão. Saphira liderava, e quando tocou o chão, Eragon pulou de sua sela. Deu alguns passos, e erguendo o rosto para o verde que se estendia, pôde finalmente absorver aquilo.

Eles haviam chegado em Du Weldenvarden.




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Notas finais do capítulo

E aí? Estão bem? Espero que sim. E o que acharam? Sei que é chato quando o autor diz isso, mas eu não estou muito fã desse capítulo. Mas, juro, me esforcei e foi o que saiu auhaahu passei o domingo escrevendo.
Eu tinha dito que com as férias eu poderia ter mais tempo pra escrever, né? Ah, pobre ilusão x_x eu ando mais atarefada que em época de aula, e olha, tá difícil essa vida hahhahah mas as férias estão sendo boas, ao todo. E a de vocês?
Bom, me digam se gostaram ou não, se preciso melhorar, no quê etc.
Mas...
FINALMENTE, CHEGAMOS EM DU WELDENVARDEN, ÊEEEÊEE!!! Eu queria tanto chegar nessa parte. Confesso, daqui pra frente estou morrendo de medo. Não quero decepcionar vocês, e pra falar a verdade, eu tenho uma ideia de como finalizar, mas o fim em si, é um enigma até pra mim T_T estou realmente tremendo de medo por isso.
O próximo, tentarei escrever logo e adiantar o máximo, pra eu me tranquilizar em época de aulas. Eu realmente espero que estejam gostando, do fundo do meu coração e do Eldunarí do meu dragão. Aliás, ele mandou oi pra vocês.
Eu falo demais, mas não é algo que eu possa controlar. Desejo uma ótima férias para vocês, uma ótima semana, um ótimo dia etc. Até mais, meus Cavaleiros preferidos! ♥



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