Os fantasmas em minha vida. escrita por lady_animedark


Capítulo 2
Bem-vindos ao meu louco mundo CAPÍTULO 01




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– 1, 2, 3 vai!

– ‘Agora eu sei qual o meu caminho, as escolhas que eu mesmo fiz, aprendi com os meus erros pra chegar aqui’ – canta Julie, balançando os cabelos.

Os insólitos estavam ensaiando na edícula, preparavam-se para mais um show na loja do Klaus, que aconteceria no sábado.

– ‘Vi que o medo não vence os sonhos e por nada vou desistir. Tenho fé no som, tenho fé em mim, eu tenho fé em mim’ – Julie pega o microfone e encosta-se nas costas de Daniel, que esboçava um sorriso confiante enquanto tocava sua guitarra. – ‘Nada vai segurar quem sabe aonde quer chegar, aonde quer chegar.’

– JULIE, JULIE! – chega Bia na edícula, interrompendo o ensaio.

– Vamos fazer uma pausa. – fala Daniel, bufando frustrado. – Cinco minutos Julie.

– Minha nossa! O que ele tem? – pergunta Bia, assim que o fantasma atravessou a parede.

– Ah, só o Daniel mostrando a sua simpatia natural. – fala Martim, colocando o baixo no apoio.

– Esquece ele. – fala Julie, sentando-se ao lado da amiga no sofá vermelho. – O que houve?

Antes de responder, Bia pega o notebook que estava sobre a mesa e abre a tela, acessando o site da banda.

– Olha só isso. – fala Bia, virando a tela para que Julie e os fantasmas pudessem ver. – Desde semana passada o número de acessos do site triplicou, os comentários estão bombando e o número de seguidores dobrou. Acho que está na hora de lançarmos um novo clipe no site.

– Hum, nós já estávamos mesmo pensando em fazer isso. – fala Julie, pensativa. – Mas, desde aquele drama do Demétrius não tocamos mais no assunto.

– Agora que ele não é mais um problema podemos fazer algo sensacional. – fala Martim com um sorriso de orelha a orelha.

– Fazer o que? – pergunta Daniel, reaparecendo ao lado de Julie.

– A Bia acha que é uma boa ideia lançarmos um novo conteúdo no site. – fala Félix, sentando-se ao lado de Bia. – Parece que estamos ganhando fãs.

– Finalmente, o sucesso que merecemos. – fala Daniel, olhando para cima. – Vamos fazer isso.

Julie e Bia já conheciam a história dos fantasmas. Eram uma banda, Apolo 81, que estavam começando sua carreira, prestes a gravar seu primeiro álbum de sucesso quando sofreram um acidente fatal.

Agora, os três eram apenas fantasmas. Julie olhava atentamente para os três, notando a expressão animada no rosto de cada um, principalmente no de Daniel. Estava decidida, faria qualquer coisa para que eles recebessem o reconhecimento, eles teriam a chance que foi tomada deles quando eram vivos.

– Temos que escolher uma das músicas novas. – fala Daniel pensativo. – O que você acha Julie?

– Hã? O que? – pergunta Julie, saindo do seu mundo de reflexão. – O que você disse?

– Não estava prestando atenção? – pergunta Daniel batendo o pé. – Aposto que estava pensando no seu namoradinho. Desse jeito, não vai funcionar.

– Ei, eu não estava pensando nele. – fala Julie, cruzando os braços. – Só estava distraída.

– Não distraia-se mais. – fala Daniel, aproximando-se dela. – Isso é sério para a gente, é tudo o que temos. É o ÚNICO motivo que justifica ainda estarmos aqui.

– Eu sei. – fala Julie, sentindo as palavras dele caírem como chumbo em seu estômago.

Bia, Martim e Félix continuavam sentados no sofá vermelho, apenas assistindo àquela cena, mudos. Julie sentia-se para baixo, o clima entre ela e Daniel estava ruim desde que começara a namorar com Nicolas. O fantasma havia confessado seus sentimentos, mas ela não poderia corresponde-lo, não daria certo e também estava apaixonada por Nicolas.

– Então... Vamos voltar a ensaiar? – pergunta Martim, tentando quebrar a tensão que se estabelecera.

– Vamos. – responde Daniel, passando por Julie e indo até sua guitarra.

–--

No outro dia, Julie levantou cedo para ir à escola. Colocou a blusa do uniforme, uma saia jeans, meia 7/8 preta e seu all star preto. Colocou seus fones de ouvido e caminhou sozinha, sentindo o vento frio da manhã batendo contra seu rosto.

Observava as pessoas saindo de suas casas, começando o dia. Havia combinado de esperar Nicolas na porta da escola, mas não queria enfrentar a multidão que se aglomerava, preferia ir direto para a sua carteira, preferia ficar sozinha naquele momento.

– Você está bem? – pergunta Bia, sentando-se ao lado de Julie.

– Acho que sim. – responde Julie, deitando a cabeça na mesa.

– Sei. – fala Bia, lançando um olhar irônico para a amiga. – Eu acho que o Daniel pegou pesado com você ontem. Está acontecendo alguma coisa entre vocês que eu não sei?

Julie olhou para amiga e surpreendeu-se, Bia sempre sabia reconhecer o que acontecia com a amiga, mesmo quando ela própria não percebia. Suspirou cansada e desligou o mp3, guardando-o na mochila.

– As coisas têm estado estranhas desde que eu e o Nicolas, bem, você sabe. – fala Julie, olhando para os lados, notando os outros alunos na sala.

– Começaram a namorar? – pergunta Bia, franzindo a testa. – Você ainda nem consegue dizer a palavra.

– Só é complicado. – fala Julie, suspirando. – Na verdade, ainda não parece real. Acho que a qualquer momento eu vou acordar e perceber que só foi um sonho.

– Se é isso, então veja o senhor sonho que está vindo em sua direção. – fala Bia, apontando com a cabeça.

Levanta a cabeça e observa Nicolas caminhando em sua direção. Ele tinha o sorriso mais bonito que Julie já tinha visto, era sincero e alcançava seus olhos, tão azuis e brilhantes. Toda vez que olhava pra ele, parecia que os problemas sumiam e tudo se tornava calmaria.

– Julie. – cumprimenta Nicolas, beijando sua bochecha. – Achei que ia te ver na entrada.

– Me desculpa, eu acabei esquecendo. – fala Julie, com um sorriso aberto.

– Tudo bem, mas você está me devendo um encontro. – fala Nicolas, apertando a ponta do nariz dela.

– Bom dia crianças! – fala a professora Marta de literatura, entrando na sala. – Sentem-se em seus lugares.

–--

Assim que chegou em casa, Julie estava decidida sobre o que precisava fazer. Ela e Daniel tinham que resolver as coisas entre eles, não podiam mais conviver com esse jogo de gato e rato.

Aproximou-se da porta da edícula e ouviu a música baixa que saia de dentro dela. Daniel estava cantando. Ela lembrava-se bem quando ouviu sua voz pela primeira vez: Era festival da escola, estava paralisada no palco, todos os alunos olhavam para ela, mas ela havia travado, não conseguiria fazer aquilo. Estava prestes a sair correndo quando viu ele ali, ao seu lado. Ele alcançou o microfone e cantou o primeiro verso de sua música.

Primeiro ficou surpresa por ele conhecer a letra, depois sentiu-se motivada pela sua voz, era um tom que nunca havia ouvido, combinaram perfeitamente no dueto. Não importava o que acontecesse, sabia que lembraria daquele momento para sempre. Parou na porta e escutou atentamente o que ele estava cantando.

– ‘Tudo em mim parece simples, mas não é bem assim.’ – cantou Daniel, dedilhando sua guitarra.

– ‘Bem-vindos ao meu louco mundo.’ – terminou Julie, entrando na edícula.

Ele parou assim que notou a presença dela. Suspirou e apenas continuou brincando com as cordas da guitarra.

– Daniel, precisamos conversar. – fala Julie, sentando-se ao seu lado.

– Espera. – fala Daniel, colocando a guitarra no apoio. – Eu quero te pedir desculpas.

Por um momento, Julie se surpreendeu, Daniel jamais admitiria que estava errado e mesmo que o fizesse, não teria dito isso em voz alta.

– Eu realmente não queria ter dito aquilo. – fala Daniel, segurando a mão de Julie. – A música é muito importante pra mim e a banda também, mas não é a única razão para eu continuar aqui.

– E qual é a outra razão? – pergunta Julie, olhando profundamente nos olhos dele.

– Eu sei que não devia e que é errado. – fala Daniel, suspirando. – Mas, eu não posso evitar, meus sentimentos por você são mais fortes que a minha razão e que o meu orgulho...

A garota não permitiu que ele terminasse, apenas o puxou para seus braços, em um abraço acolhedor.

– Obrigada. – fala Julie com os olhos embaçados pelas lágrimas. – Obrigada por ficar.

Naquele momento haviam selado um acordo silencioso: que apesar das brigas, dos desentendimentos, eles iriam permanecer unidos, dariam um jeito.


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