A música deste medo, um profundo silêncio entre as notas. Respire de fora para dentro, essa é a essência da vida. Estamos estremecendo, diante da beleza ...somos os viajantes.
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– E o que vamos fazer agora? -ouvi Bonnie perguntar, eu e Jeremy descemos as escadas e encontramos com nosso grupo reunidos na sala, que apesar de escura, estava com os abajures acesos- estavam todos espalhados pelo sofá, como se esperando algo -Oliver dormia de forma tranquila e serena, abraçado a uma almofada, enquanto apoiava sua cabeça no colo de Sabrina, que tinha um sorriso leve nos lábios
– Aqui não podemos ficar, além dessa cidade estar perigosa para nós, tudo isso já ficou muito chato -resmungou Chelsea brincando com os dedos de um Julian sonolento -Sentimos pela sua perda Am, mas ...temos de continuar.
– Tudo bem -disse abrindo um bocejo, estava cansada, mas queria mesmo sumir daqui, Jeremy sorriu de lado, me dando um abraço torto -Vamos sair daqui o mais rápido possível, ...mas, não temos um destino certo ou sim?
– Não -resmungou Jeremy, então cutucou minha costela, abrindo um de seus sorrisos cativantes -Mas esse é o melhor em toda viagem, mais ainda uma viagem de fuga.
– Stev, você que parece o único mais esperto e isso não é no sentido inteligente da palavra, pegue a van e nos espere perto daquela pracinha -Stevan acenou -depois de mostrar sue maravilhoso dedo a nós- e acendendo um cigarro, saiu pelos fundos, Chelsea se puxou do sofá junto a Julian e continuou ...-O resto vamos de forma discreta até a praça, onde de lá a gente da um jeito para saber onde vamos.
Eles então seguiram como fantasmas assustados para os fundos, Frankie e Bonnie sorriram e ficaram ao meu lado, em seguida Sabrina se aproximou, deixando Oliver ainda adormecido no sofá, junto a Timothy, que parecia assustado com a presença do garoto ao seu lado- era uma cena quase cômica.
– Sentimos muito pela sua perda -sussurrou eles, então Sabrina me abraçou, soltando um beijo cálido nas minhas bochechas -Amiga, amiga ...estamos aqui com você, se quiser posso ser sua mãe em tempo integral, imagine que...
– Não vai ser necessário -sorri, enquanto a mesma fazia um bico, em seguida brincava com o próprio fio de cabelo cor de rosa -Agora, peguem o Oliver e vão até o encontro dos outros, logo estaremos juntos.
– Mas e vocês dois? -perguntou Frankie, apenas olhei ao redor, apagando um dos abajures, deixando a sala na completa escuridão.
Soltei um riso, o qual aprendi com Jeremy.
– Vou dar um jeito no meu ...lar.
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Jeremy me olhava intrigado, cada passo que eu dava ou cada objeto que eu tocava- ele deixava seus olhos luminosos em mim, mais do que tudo curioso no que eu estava planejando. Nem mesmo eu ao certo sabia, mas uma coisa posso dizer; ninguém mais irá morar na antiga residência dos Sivan.
Eu adorava esse lugar, e por esse sentimento de posse que eu jamais deixaria outra família ou casal feliz viver aqui- passei rapidamente para cozinha, sem nem mesmo olhar as fotos que estavam penduradas na parede de forma torta, era fotos sorridentes, de um tempo que agora me parece inexistente ou parte de algum sonho feliz- mas se reparar bem, a tempos minha casa estava se deteriorando. Seria por mim e minha "doença" que fazia meus pais se trancarem dentro de casa? Ou porque simplesmente eles tinham desistido de ter uma vida normal, sendo que a filha era ~louca? Eu realmente não faço ideia, mas também não quero uma resposta.
Segui para cozinha, com Jeremy rindo, observando uma foto e me chamando de "pequena Monicão dos dentes gigantes" -ele continuou fazendo suas adoráveis observações, eu só estava interessada em ligar o gás.
– Caramba, você tem sardas -sussurrou ele brotando do além atrás de mim, nem mesmo me assustei, a presença de Jeremy tinha deixado de ser assustadora aos meus olhos a muito tempo, ele delicadamente me puxou frente luz cálida que vinha de fora, seu rosto como de uma criança curiosa em examinar algo exótico, traçou com seus dedos frios cada pequeno pontinho em meu rosto e deixou um sorriso brotar em seu rosto -Se parece como uma constelação ...é bem sexy se quer saber.
Revirei os olhos rindo, caramba ...só Jeremy para fazer uma comparação dessas- suspirei.
– Realmente ...suas falas para se conquistar uma garota andam de mau a pior, acho melhor se focar apenas em cortar gargantas.
Ele -talvez também querendo acabar com o clima totalmente clichê e odiavelmente romântico que estávamos criando- apenas riu, se sentando com agilidade no balcão e empinando o nariz.
– Saiba minha cara, que tenho uma lista de garotas a minha espera -então olhou para si mesmo no reflexo de uma colher e piscou -Mas prefiro meu perfeito e belo eu, somos almas gêmeas -eu apenas sorria, enquanto sentia rapidamente o cheiro de gás adentrar pela cozinha, Jeremy arcou as sobrancelhas -Você vai fazer, o que eu estou pensando que você vai fazer?
Abri uma pequena gaveta perto da pia e puxei um conjunto de facas que meus pais tinham ganhado de casamento- eram pequenas laminas afiadas, sem nem mesmo olhar para trás, joguei duas para Jeremy -que certamente pegou com habilidade- em seguida, coloquei as outras duas no meu cinto e peguei um fósforo, e me voltei para ele, que agora parecia mais esperto.
– Apenas confie em mim -sussurrei voltando para sala, o mesmo apenas me seguiu em silêncio- olhei rapidamente ao redor, então acendi um dos fósforos, sua chama tremula na escuridão do local e pensei em uma frase que ouvi a muito tempo é difícil acender uma vela, mas fácil amaldiçoar a escuridão, rapidamente deixei cair sobre o sofá ...em seguida foi se alastrando pelas cortinas, até em uma velocidade infernal chegar aos quadros, onde antes fotos felizes, estavam se transformando em cinzas. Jeremy me esperava perto da porta, segui até ele, sussurrando para mim e talvez algum fantasma inquieto -Este momento o amanhecer da humanidade, o último passeio.
O relógio que despencou perto dos meus pés, marcavam exatamente 4:15 da madrugada- Jeremy me puxou pelo pulso, e estávamos na varanda quando a explosão fez os vidros voarem sobre nós como uma chuva ácida. Eu não olhei pra trás enquanto as chamas engoliam o último vestígio da família Sivan, nem mesmo Jeremy.
Ele apertou minhas mãos, abrindo um sorriso gélido.
– Você está pronta para ir?
Fechei meus olhos, me esquecendo do cheiro de queimado e me afogando na brisa noturna que se tornava expeça, sendo interrompida pela fumaça- mas sorri, eu nunca poderei parar de sorrir.
– Eu sempre estive.
Agora não tinha mais volta, eu tinha finalmente acordado para o carnaval da vida, não iria encontrar mais o caminho de volta para casa, mas acredito na beleza do passeio adiante, no inacreditável êxtase que me aguarda.