Killer escrita por Yipsi Slowinski


Capítulo 27
27:


Notas iniciais do capítulo

Hey
*
Hey



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Minha cabeça cai pra trás e as paredes colidem
E o céu e o impossível explodem
Preso pelo momento eu me lembro de uma canção
Uma impressão de algum som e então tudo se foi para sempre.

****

Voltar para minha antiga vizinhança era estranho, mais ainda depois que praticamente eu fui a culpada por matar metade do corpo juvenil dela- eu sabia que certamente estaria um clima ruim e mórbido, mas tudo bem, eu já tinha me acostumado a essa atmosfera, e sabe que é bem legal, uma vez que você se acostuma. Mas esse lugar me trazia certas lembranças, não lembranças boas ou nostálgicas ...eram lembranças tediosas mesmo, e apesar de tediosa, era de certa forma um lugar bom de se viver.
Nada que realmente está acontecendo, nada chocante nunca vai acontecer, você sabe que vai ter que passar, eventualmente, mas ainda é simplesmente encantador para ficar aqui por um bocado.
Essa era a frase que eu gostava de utilizar para me referir a minha antiga vida.
– É meio estranho imaginar você em um lugar onde a cerquinhas brancas, cachorros peludinhos e senhoras que cultivam rosas no jardim -Frankie meditou, enquanto observamos a rua solitária e esquálida, era noite ...nem fazia ideia de que horas, mas o vento estava ameno e a lua alta. Abri um sorriso pálido, sentindo uma certa liberdade ao caminhar por aquele lugar que já foi meu.
– E de onde você imaginava que eu tinha vindo, algum tipo de cripta -ele olhou na minha direção, rolando os olhos e soltando um riso baixo.
– Não, um lugar pior talvez.
Em silêncio caminhamos até o jardim da minha antiga casa, lugar que estava idêntico a última vez que estive ali- fazia acho que mais ou menos uns 5 meses que eu estava longe, nem conseguia imaginar o que se passava na cabeça dos meus pais a essa altura, ainda mais agora que estou sendo "procurada". As venezianas estavam fechadas, e as cortinas fortemente puxadas- não havia luz alguma acesa, apenas da varanda dos fundos, mas isso era típico da minha mãe- no andar de cima a única janela aberta era do meu quarto, que tinha as cortinas vermelhas gastas dançando para fora como fantasmas inquietos.
– Eles estão dormindo ou será que nem na casa estão? -a voz de Julian era um sussurro suave misturado ao farfalhar das folhas, Chelsea olhou para o relógio em formato de um caixão que trazia em sua mochila e fez um som com os lábios.
– Tsk, já são 00:17, certamente devem estar dormindo -ela soltou um riso -Ou trancados em casa, a cidade anda perigosa esses dias.
Continuamos avançando, parando de forma abrupta quando um cachorro latiu ao longe- Sabrina estava agarrada a um Timothy passivo e assombrado, Bonnie observava ao seu redor, cutucando Frankie a cada comentário besta das estéticas das casas, Stevan fumava, perdido em pensamentos, enquanto eu abria passagem com Julian e Chelsea ao meu alcance.
Eu gostaria que ao menos Jeremy estivesse aqui para completar o grupo- o que afinal Oliver tinha na cabeça? O que se passava nessa casa com meus pais, para meu garoto antes tão medroso, virar um sequestrador mirim?
Suspeito
Sim, sussurrei de volta para minha cabeça, isso tudo era muito suspeito.

**
Um gato revirava o lixo, e essa era a único barulho- caminhamos pela parte de trás, e observei que a luz da varanda, deixava em evidência que a porta estava destrancada, será que meus pais estariam procurando Oliver? Enquanto eu observava não muito longe, a árvore onde bem lá no topo, uma pequena casinha de madeira se mostrava, o resto se sentaram nas escadas do fundo, abrindo bocejos inquietos.
– O que vamos fazer depois daqui? -perguntou Sabrina, arrancando fiapos de grama com as unhas descascadas.
– Ainda não temos um plano -disse Chelsea por fim se virando para mim -Am, chame esse seu garoto esquisito, para pegarmos Jeremy e sumirmos daqui, as coisas estão ficando perigosas para nós.
Assenti em silêncio, caminhando até perto da árvore e pegando algumas pedrinhas do chão- quando Oliver estava irritado com algo, aqui era seu refugio ...sempre se escondia dos pais malucos aqui, por isso eu estava botando fé de que era aqui seu ponto final. Peguei alguns pedrinhas e joguei até a entrada da casinha, essa qual eu entrei uma só vez e quase despenquei lá de cima- nunca achei interessante esse lugar.
Após algumas horas de silêncio, eu comecei a temer- que diabos estava acontecendo aqui? Acho que vendo que meu nervosismo estava começando a transbordar, Frankie e os outros se aproximaram, estávamos quase fazendo um circulo em volta da velha árvore.
– Eu realmente fiquei idiota de vez, ou perdemos o controle de tudo -sorriu Frankie olhando para cima e depois para casa -Que diabos está acontecendo aqui?!
– Shiii ...estou ouvindo algo -sussurrou Chelsea, arcando uma das sobrancelhas e ouvindo algo que até agora não tinha chegado até nossos ouvidos ...então;

Com pernas listradas açucaradas, o Homem- Aranha vem
Sorrateiramente pelas sombras do sol do entardecer
Roubando o passado das janelas dos abençoadamente mortos
Procurando pela vítima, tremendo na cama

Buscando pelo medo na penumbra do recolhimento
E de repente um movimento no canto do quarto
E não há nada que eu possa fazer quando percebo com pavor
Que o Homem-Aranha vai fazer de mim o seu jantar desta noite

Calmamente ele sorri, balançando a cabeça
Vem rastejando agora, mais perto do pé da cama
E mais suave que a sombra e mais rápido que as moscas
Seus braços estão ao meu redor e sua língua em meus olhos

Pois é tarde demais para fugir ou acender a luz
O Homem-Aranha vai ter você como jantar esta noite

A voz sinistra de Jeremy era como uma macabra balada vindo do nada, ele era o músico do além, talvez sua voz fosse abençoada no mundo dos mortos- era algo frio, com um certo risinho no final, o tipo de voz que você sabia, que por mais que corresse ou se escondesse, ele iria vir até você. E era isso que estava acontecendo, ele veio até nós.
Logo em seguida, depois que sua canção de ninar foi ecoada pela noite azulada, um riso infantil, fez ser ouvido- era divertido e meio sonolento, o riso de uma criança que se divertia ao machucar pequenos animais, o riso de quando você vê o sangue alheio ou até mesmo o riso de quando você escuta o grito de dor de alguém, porque você o provocou e está orgulhoso ou feliz.
Era o riso do Oliver, que de inocente criança tinha nada, ele se divertia com as músicas sinistras que saiam dos lábios pálidos e a alma perturbadamente genial de Jeremy.
– Pelo lord das trevas, alguém está se divertido ali dentro -gargalhou Chelsea- E a gente preocupada com os dois -eu ainda continuava a observar e a escutar os risos, até finalmente Jeremy colocar a cabeça para fora.
– Hey, vocês demoraram pra chegar -resmungou ele de cabeça para baixo, usando uma camiseta branca e a cabeleira negra caindo sobre seu rosto como uma cortina, ele sorriu fazendo seus dedos longos brincarem com um galho de árvore -Pensei que tinham sido mortos ou algo pior ...tinham ficado saudáveis -então acenou, me vendo ali -Minha dama das facas, você fica muito bela na luz da lua.
– Saia da seu macaco killer -cruzei meus braços, mas relaxada por saber que ele estava bem, eu realmente estava acreditando que Oliver tinha feito algo a ele? Meu Deus ...eu preciso me tratar, então rolei os olhos -E traga Oliver aqui, esse garoto tem muitas coisas a explicar.
– Uuuuu ...pequeno Batman cavernoso, Amanda parece um pouquinho irritada -Jeremy se sentou, balançando os pés descalços no ar. Ouvi outra vez o riso conhecido de Oliver, e isso me fez arcar uma das sobrancelhas.
– Hey Jer, você terá que também dar algumas explicações ...como diabos esse kids conseguiu te trazer até aqui -Stevan jogou uma das pedrinhas na direção do amigo, que pegou com destreza -Perdeu o respeito que você nem tinha comigo, cara.
Jeremy riu.
– Oh sim, essa é uma história bem estranha ...garanto que Oliver vai saber explicar muito bem.
– Oliver ...da pra descer, temos de conversar um pouco -minha voz estava calma, e logo consegui ver sua cabeleira escura aparecer atrás do ombro de Jeremy, que parecia tranquilo apreciando a vista- os olhos de Oliver brilhavam como chamas douradas, parecia feliz e levemente assustado, por fim eu apenas queria aperta-lo muito -Awww, desça aqui para que eu possa te apertar.
– Amanda ...controle seus hormônios, temos muitos olhos a vista -Oliver arcou a sobrancelha, eu apenas peguei uma das pedrinhas da mão do Stevan e ataque em mira perfeita na sua cabeça desmiolada.
– Isso me da algo perto do nojo e a vontade de morrer -Frankie resmungou, enquanto Bonnie fazia o mesmo, apenas revirei os olhos.
– Vaaamos Oliver, desça aqui ...
– Você vai ficar brava -resmungou ele, alto o suficiente para eu escutar. Apenas soltei uma risada.
– O que? Não, estou muito de boa, porque eu ficaria irritada.
Afinal, até o cheiro ruim no ar tina desaparecido, mas então Oliver apenas se sentou ao lado de Jeremy, ele usava uma calça de pijama, meias listradas e uma blusa de algum game que ele gostava.
Parecia uma criança comum e normal, que deveria estar dormindo ao invés de estar cercado por loucos- ele por fim, largou uma das laminas que trazia nas mãos ao chão, que como se fosse em câmera lenta caiu até meus pés.
E sussurrou, a voz agora um tanto assombrosa, para uma criança.
– Pelo que houve com seus pais.


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Notas finais do capítulo

Enton little aliens ....