Eu vou te perseguir
Te esfolar vivo
Mais uma palavra e você não sobreviverá
E eu não estou com medo
Olhos em fogo
Sua espinha está em chamas
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Esse lugar me lembrava um tipo muito estranho de labirinto, como era de se esperar as cores predominantes em todo local era branco, paredes frias e portas pesadas, da qual escondiam os os humanoides loucos que viviam atrás dela. As janelas, quero dizer, as poucas que tinham, eram feitas de um vidro espesso blindado, mas que deixava a mostra um pouco a visão do céu nublado.
Estava uma tarde chuvosa e fria, o clima perfeito, para o plano perfeito.
– Onde está Bonnie? -sussurrei, me sentindo desconfortável naquela roupa que me deixava com frio -Dark Carnival, estavam nos conjuntos que sempre lhe caiam muito bem, simples jeans escuro e o brilho delirante nos olhos- Jeremy parecia um pouco mais perturbado que o normal, mas nada muito preocupante.
– Sala 0.2, eu já vim para esse lugar aqui, é rápido chegar lá -sorriu Julian como a criança inocente que não é -Venham, temos de ser rápidos.
O chão estava liso, mas rapidamente conseguimos passar pelo corredor vazio e subir os poucos lances de escada- logo esse lugar iria virar um inferno, tínhamos de ser algo além de rápidos. Chegamos em um corredor pequeno, com uma única janela e três portas iguais, sons bizarros vinham de trás delas, um homem, que usava um distintivo verde, antes até mesmo que tivesse conhecimento do que estava havendo, foi parado por um soco de Stevan, ele olhou para unhas e soprou uma mexa de cabelo para longe dos olhos.
– Sem tempo para fazer um trabalho mais elaborado.
Paramos de frente a porta 0.2, que estava estranhamente silenciosa, nem se quer havia uma portinhola nela- antes que eu simplesmente perdesse o pouco de juízo que me resta, Chelsea sorriu, puxando do seu cabelo uma presilha no formato de uma caveira rosa.
– Nada de pânico little killer -ela pegou a ponta afiada da presilha, e colocou na tranca da porta, que com um quase silencioso click se abriu. Jeremy foi o primeiro a entrar, houve silêncio ...então.
Ele riu, sim disparou em uma gargalhada, o que me fez rapidamente empurra-lo, para saber o que diabos estava havendo.
– Faça seu namorado emo esquisito calar a boca! -Senti minhas sobrancelhas se arcarem, caramba ...tive que soltar uma risada baixa, enquanto Jeremy se encostava nos meus ombros e limpava algumas lágrimas imaginarias.
– Oh lord das trevas, você está realmente ...impecável, nunca pensei que veria você em uma camisa de força -ele riu novamente, seus amigos o acompanhando -Sabe, eu fico muito bem em uma dessas.
Bonnie rolou os olhos, ela estava completamente descabelada e descalça- usando uma camisa de força azul, ridiculamente ridícula, enquanto estava sentada na cama, suas órbitas verdes miraram em Jeremy e ela bufou.
– Que tal trocar de lugar comigo em belezinha?
Jeremy fez um som engraçado, enquanto Chelsea e Julian davam um jeito de tirar Bonnie daquela coisa.
– Desculpe garota, mas a única coisa azul que fica boa em mim são meus olhos.
Depois de uma discussão realmente sem sentido que envolvia o ego colossal de Jeremy e as especialidades do Dark Carnival em camisa de forças, seguimos para fora- tínhamos de dar um jeito de escapar dali e ...bem, fazer um servicinho a mais. Estávamos andando até a ala principal do sanatório, eu silenciosa, deixando minha cabeça martelar idéias, quando sinto uma mão agarrar meu braço.
Eu não gritei, apenas fechei meus punhos e soltei na cara de quem é que fosse.
– Pelos anjos ...você foi pupila do Rocky! -Lucinda estava com uma careta azeda, enquanto mantinha as mãos no nariz- soltei o ar, rindo logo em seguida, enquanto lhe dava um empurrão.
– Nunca assuste uma louca dentro de um sanatório minha cara e ...Jeremy! -disse rapidamente, ele virou a pobre enfermeira tão rapido de encontro a parede que nem deu tempo de piscar- ela estava com os olhos arregalados, enquanto o lunático mantinha uma delicada navalha em sua garganta. Lhe dei um sorrio tranquilo, enquanto abaixava suas mãos -Relaxe querido, Lucinda tem me ajudado muito aqui.
– Certeza, eu não gosto muito de enfermeiros -sussurrou ele, parando ao meu lado como uma estatua de gelo- Lucinda, que nem parecia tãooo transtornada, abriu um sorriso sem graça.
– A é meu jovem, eu nem imagino o porque -então pigarreou, lançando um olhar a todos os maniacos parados em fileira a sua frente e riu -Wow, eu deveria estar assustada ou no minimo tentar dopar vocês.
– Faça isso e vou comer seu cérebro no café da manhã -Chelsea disse com um sorriso, que realmente não chegava até os olhos. Lucinda apenas bocejou.
– Que bonequinha adorável você, e ...olá Julian, quanto tempo em meu rapaz -Julian se encolheu dentro do casaco escuro e sorriu, por fim ela se voltou para nós -Querem saber lindos, façam o que quiser ...realmente to cansada de trabalhar nesse buraco frio, vou me mandar daqui e fingir que não vi nada.
– Sério?- perguntamos todos em uníssono, afinal ...Lucinda talvez fosse mais louca que nós mesmos, ela apenas riu, jogando o jaleco de lado e pegando acendendo um cigarro.
– Sim, eu nunca quis ser uma enfermeira mesmo, muito menos trabalhar aqui, agora ...boa sorte, andem logo, porque sinto que o alarme vai soar daqui a pouco.
Jeremy me puxou pela mão e Lucinda apenas acenou, eu soltei um risinho baixo, enquanto corríamos pelo corredor- Jeremy me deu um olhar de canto, enquanto eu enganchava meu braço nos seus.
– É, bem que dizem que todos temos uma veia de loucura, e uma hora ou outra ela simplesmente explode.
Jeremy riu, e eu o acompanhei. Para chegar até a sala principal, onde se ficavam os registros dos pacientes e essa caralhada toda, tivemos de nocautear e eliminar com exito alguns funcionários- e quando finalmente o alarme soou, eu dei um pequeno salto, temendo que tudo desse errado. Stevan trancou a porta, enquanto Chelsea, Julian analisavam uma série de botões que pareciam controlar todo o conjunto hospitalar.
– Vocês são mesmo umas mulas com isso -Jeremy bocejou, então com um pequeno empurrar puxou Chelsea de lado, que rolou os olhos e apertou um pequeno botão azul, escrito apenas escape- Stevan bufou, quando ouvimos os primeiros sons de portas e chingos ...então, Jeremy gargalho se virando para nós -Os portões do inferno foram finalmente abertos.
Bonnie observou com interesse, enquanto Julian abria uma pequena janela e media a altura, ela riu.
– Seu Jeremy esquisitão é ótimo com frases de efeitos -então, ela arcou as sobrancelhas ruivas, enquanto todos seguiam para janela -Mas ...que diabos vocês querem dizer com "os portões do inferno foram abertos".
Apenas soltei um riso baixo, enquanto a pegava pelos ombros e apontava um dedo para fora.
– Apenas observe aqueles pontinhos brancos lá fora -ela arregalou os olhos e gargalhou. Era impressionante, ver os portões de Middle Leslie que estavam totalmente abertos, assim como as portas das quais os "loucos e problemáticos" ficavam trancados- eles riam e gritavam, enquanto batiam nos enfermeiros e médicos
Bonnie riu, seus olhos ficando brilhantes -Wow! eles estão saindo para cidade!
Ri, subindo na janela com ajuda de Jeremy e observando enquanto eles pulavam para o gramado externo, e corriam sumindo por entre a relva que cercava todo o local.
– Essa é a nossa intenção, agora vamos em busca dos outros.
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Dizer que a cidade estava um caos seria puro eufemismo- acho que os médicos não estavam dando conta, havia policias pela rua, pessoas gritando enquanto malucos usando roupas brancas invadiam cafés e enfermeiras tropicando enquanto tentava fugir de toda cacofonia. Eu e Bonnie tínhamos "emprestado" um casaco de uma loja que estava sendo saqueado por um grupo de mulheres , e conseguimos em meio a loucura toda escapar até onde Stevan e sua van estavam.
Eu me sentia quase tremula, enquanto pulamos dentro da van ...eu finalmente me permiti rir, rir muito enquanto me sentia realmente louca, pirada das idéias- isso estava mesmo acontecendo?! Todos ali, talvez por estarem aliviados riram juntos, formando planos e imaginando como em nome do capiroto cor de rosa, conseguimos fazer tamanho estrago na cidade.
Tsk, próximo passo seria incendiar completamente o mundo!
Estava para me virar, para dize isso a Jeremy e receber dele um de seus abraços gélidos e mesmo assim quente ao mesmo tempo, quando por fim soltei um som que fez os pares de olhos animados ali se voltarem para mim, meio assustados, meio curiosos.
Mas que inferno!
– Onde está Jeremy?
E toda a felicidade e alivio, foram substituídos por um medo estranho, que dava lugar a uma raiva adormecida, quem foi o lunático que ousou roubar Jeremy das minhas garras? Eu estava pronta para o serviço novamente, me sentia viva como nunca antes, e sob o caos da cidade, onde meus olhos reinavam, eu soltei um suspiro- eu não estava afim de aliviar a dor de ninguém, queria apenas roubar Jeremy de volta e quem sabe do topo do meu trono de loucura, observar a cidade "queimar".

Queimar literalmente.