12 de Janeiro de 2002

– Papai te ama, me desculpa por estar indo embora, um dia espero que você me entenda.

Atualmente - P.O.V. Audrey

– Audrey, levante logo, é seu ultimo dia de aula amor, vamos, levante! - Minha mãe me acordava.

Eu estava bem animada, ultimo dia de aula no colégio. Férias, sol, piscina e sorvete, tem algo melhor que isso?

Levantei indo me arrumar e fui para o colégio, como era ultimo dia não teve aula e sim uma pequena despedida, a Charlie não foi porque estava arrumando as malas para ir viajar. Acho que a única coisa que me desanimou foi ter que saber que vou passar as férias sozinha sem a minha melhor amiga. Não existe pessoa alguma que possa substituir a Charlotte.

Na saída do colégio sinto um alvoroço atras de mim, quando olho pra trás vejo Joshua e seus amigos do time de basquete.

– Hey! Audrey, espere. Queria te convidar pra festa que vou fazer no próximo domingo. - Diz Josh sorrindo presunçoso - e não se esqueça de ir de biquíni. - gritou indo embora.

Josh e eu já fomos grandes amigos na época sombria, o tempo em que eu chorava e perguntava o porque do meu pai ter ido embora, ele foi meu ombro amigo, me ajudou e me acolheu nas horas de choro e noites de pesadelos, mas depois de uns anos, nós crescemos, e ele simplesmente se afastou, conseguiu entrar no time de basquete do colégio e depois disso quase nunca nos falamos. Exceto quando ele insiste em me chamar pra ir em suas festas idiotas com seus amigos idiotas.

……….ツ.......ツ.........

Fui caminhando para casa escutando Lana Del Rey a fim de espairecer um pouco a mente. Meu celular começa a tocar. Vejo no visor ser a Charlie e atendo.

– Oi pessoa! Como foi a despedida? - Ela pergunta animada. - Perdi alguma coisa?

– Não Charlie, foi uma chatice, você não perdeu nada. - digo dando um risinho - E ai, já terminou de arrumar suas malas?

– Que bom, menos tempo perdido. Sim Audrey, e estou no aeroporto já.

– Poxa, o que vou fazer nessa maravilhosa férias de verão sozinha sem a minha linda e maravilhosa amiga? - faço drama com ela.

– Hahaha, nossa que engraçado Audrey! Nem me lembre, é um porre passar as férias de verão com sua irmã mais nova enchendo o saco e você ai reclamando.

Dou risada e converso mais pouco com a Charlie, mas logo dando tchau, pois já estava entrando em casa. Tenho que arrumar alguma coisa pra fazer.

– Mãe, cheguei! - jogo a mochila no sofá e vou pro quarto.

Estranho ela não ter respondido. Deve estar no escritório.

– Mãe, cadê você? - grito em direção ao escritório e encontro a porta encostada com vozes alteradas conversando.

Abro a porta e me deparo com a minha mãe e o homem cuja a ultima vez o que vi foi a anos atrás. Eles me encaram espantados.

– Audrey! - meu pai me chama.

Estou petrificada. Como ele tem coragem de voltar assim tão de repente e vir atrás de nós depois de ter nos abandonado? Como ele sai brutalmente na nossa vida e volta simplesmente assim? Encaro a minha mãe.

– O que esse homem esta fazendo aqui mãe? - pergunto com a voz embargada.

– Audrey, esse homem ainda é o seu pai e ele veio pra se acertar com você.

– Como se acertar? - falo com eles - Como você teve coragem de nos abandonar quando eu era apenas uma criança e voltar depois de tantos anos do nada pra se acertar comigo? - falo nervosa com ele.

– Hey, eu sei, me desculpa - ele tenta me acalmar - Eu voltei, ok? Voltei e não vou te deixar outra vez. - meu pai me abraça.

Me solto brutalmente dos seus braços e deixo o escritório correndo indo para o meu quarto e me trancando la dentro desmoronando. .

Tento ligar pra Charlie, mas só da caixa postal, merda, ela deve estar ainda no avião, estou sem ninguém e com esse pensamento permito me levar pela escuridão.

…..ツ…….ツ..........

Acordo assustada e vejo que já são 07:00 p.m. É difícil de aceitar que o homem que te colocou no mundo também foi o que te abandonou quando era apenas uma criança e volta tão de repente como tinha ido. Só queria que tudo fosse apenas um pesadelo.

Me levanto e vou para o banheiro fazer minhas higiênes, quando volto para o quarto escuto umas batidas na porta e minha mãe me chamando.

– Amor, precisamos conversar, por favor, saia desse quarto. - ela pede.

Termino de por roupas e abro a porta pra que ela entre.

– Mãe, é tão difícil - digo. - De uma hora pra outra ele some e volta, sem mais nem menos.

– Ah, querida, precisamos arrumar toda a bagunça que já foi feita e principalmente com você.

– Isso, eu entendi mãe. O que estou querendo é saber o porquê dele ter voltado.

– Bom, é por isso que o seu pai esta aqui, é confuso, mas ele veio pra poder te explicar tudo, e vocês precisam de um tempo.

Me levanto, não aguentando escutar mais as voltas e voltas que minha mãe diz.

– Eu não quero um tempo com ele. Na verdade só quero esquecer o dia de hoje e aproveitar minhas férias.

– Mas vocês precisam sim de um tempo. Por mais ele tenha ido embora, ainda é o seu pai Audrey.

– Não, não é. Não depois de ter me abandonado.

– É claro que é, e decidimos que você vai passar as ferias de verão com ele e partirá amanha.

– O QUÊ? COMO ASSIM EU VOU IR PRA SEI LÁ ONDE COM ESSE HOMEM DO NADA? SEM NEM ME PERGUNTAR COMO ME SINTO? - grito com ela.

– Hey, Audrey, não grite com a sua mãe! - diz ele entrando no meu quarto. - Você vai sim e é isso.

– Você não tem mais o direito de participar da minha vida. Não mais - falo pra ele. - Muito menos de volar do nada e ainda querer me levar pra sabe lá onde.

Percebo que as minhas palavras o atingem, mas minha mãe volta a falar.

– Vá arrumar suas malas Audrey, por favor.