— Ai meu deus, Kim, o que é isso que eu estou lendo na revista de fofoca? — Candice gritou ao celular, assim que Kimberly atendeu. A morena sabia do que se tratava no momento que viu o celular vibrando, e só atendeu porque preferia lidar com uma amiga histérica a com um suposto namorado arrogante.

Então ela só pediu licença aos irmãos Madden e foi até a varanda da sala.

— Er...

— Me explica, Kimmie! Você dormiu ou não com Tom Madden?

— Eu estava bêbada, eu juro — a garota confessou ao telefone, colocando a mão na frente para ninguém mais conseguir ouvi-la.

— O quê? — Candy disse, indignada — Você não tem que jurar nada. Você dormiu com ele e essa é a coisa mais incrí... Espera.

— O que foi? — Kim perguntou, com medo do que viria a seguir.

— Você ainda está na casa dele?

— Hãn... Sim?

— Ai, me conta tudo! Como é? É grande? — a loira parou por um ou dois segundos, respirando fundo de animação — Eu quis dizer a mansão, é claro — e soltou uns risinhos abafados.

— Olha, Candy... Eu preciso ir...

— Ah, não me diga que vocês interromperam o sexo para me atender!

— O quê? Não, e eu nem lembro, ok? Eu estava BÊ-BA-DA! — ela falou pausadamente e mais alto, para que Candice entendesse de uma vez — Te vejo no estúdio para a prova final...

— Ei! Como assim na prova final? Você vai ficar aí até às duas?

— É... ele... — Kimmie mordeu o lábio, morrendo de medo de que, se contasse as novidades para a amiga, ela surtaria completamente — meio que me convidou para almoçar...

— Não acredito! Kimberly Sheen, você é a maior vadia sortuda desse mundo! — Candy gritou ao celular, e logo o distanciou do rosto — Gwen, ouça essa: eles vão almoçar juntos! Ok, vou colocar no viva-voz.

— Kim! — Guinevere exclamou, rindo — Só falta ele te pedir em namoro agora, né?

— Ah, sobre isso... — a morena tentou, ainda mordendo a boca e fechando os olhos.

— Mentirosa! Não é possível, o que ele disse? — as duas gritaram juntas, e Kim sinceramente não sabia mais quem dizia o quê do outro lado da linha.

— Não é exatamente o que estão pensando! Ele e o irmão dele, ou empresário, sei lá...

— Você diz Trent Madden? — Candy perguntou — Ah, só digo uma coisa: os genes dessa família são abençoados!

— Candice! — Gwen repreendeu — Continue, Kimmie.

—... eles resolveram me eleger como namorada de Tom para que não sujasse mais o nome dele, e ninguém ficar me chamando de vadia por aí — Kimberly respirou fundo — por isso, eu vou almoçar com ele e agora vão comprar roupas normais para eu não almoçar de vestido de festa, e ainda...

— E agora vocês são namorados mesmo? Kim, por que não disse antes? — Interrompeu Gwen, dessa vez — Não importa qual a razão. Vocês estão namorando e ele não pode terminar com você, e muito menos te trair. Sério, qualquer uma mataria por isso!

— É, mas eu tenho uma reputação também, Gwen... — a morena choramingou — o que vão pensar de mim?

— Ah, não é possível, essa menina só faz reclamar! — Exclamou Candy, irritada — Cala a boca, Kimmie, sabe o que vão pensar de você? Que essa garota deve ser muito bonita e muito legal para ser a namorada do Madden! O que é totalmente verdade. E se você ouvir o contrário, é pura inveja!

— Obrigada, sério, mas ainda assim...

Ela suspirou, fechando os olhos e tentando se acalmar.

— Kimberly — alguém cutucou suas costas — Você provavelmente está resolvendo os detalhes com o seu empresário, não é?

A garota se virou só para dar de cara com Thomas, dessa vez totalmente vestido e com uma expressão debochada no rosto.

— Hãn...

— Bobagem, eu sei que deve estar falando com alguma amiga — ele sorriu, convencido. A garota revirou os olhos, incomodada.

— E eu não estou dizendo coisas boas, se quer saber — Kimberly rolou os olhos, e voltou a pressionar o celular no ouvido — já vou, vejo vocês de tarde.

— Ei, Kimmieeeeeee! — Candy chamou, fazendo tanto escândalo, que provavelmente até Tom Madden conseguia ouvir a conversa — Deixa a gente dar um oi para o seu namorado novo.

— Nem pensar! — ela respondeu, como se fosse óbvio. Mas Thomas foi mais rápido e puxou o celular dela. E antes que ela pudesse perceber, já estava no viva-voz.

— Oi! — Tom disse, num tom charmoso, que as garotas só tinham ouvido na televisão.

O próximo som que saiu do aparelho foram gritos. Por isso, Kim puxou o celular de volta e desligou a ligação.

— Agora vamos — ela anunciou, já atravessando a porta francesa da varanda. E deixando um Madden com um sorriso abobado e triunfante para trás.

* * * * * *

— Ok, ótimo — disse Kim, tentando controlar a situação, enquanto controlava seus próprios ânimos por estar no Masa, o melhor e mais exclusivo restaurante de NY. O estabelecimento de comida japonesa só tem espaço para 26 pessoas e a sua reserva precisa ter cerca de 1 ou 2 meses de antecedência. Mesmo com Tom Madden, Kimmie não sabia como eles estavam ali — chegamos, então agora que tal a gente sorrir e tentar se aguentar? Estamos no meio de muita gente — ela terminou entre dentes enquanto forçava um sorriso para manter as aparências.

E com “tentar”, ela se referia ao trajeto de limusine, onde os dois não pararam de discutir nem um segundo.

— Certo, eu posso fazer isso — ele abriu um sorriso de lado para ela. — eu sou ator, lembra?

— Ah, claro, porque isso te torna o rei do encontros românticos, não é?

— Exatamente! — ele riu, chamando o garçom. Kimberly teve de se conter mais do que nunca para não revirar os olhos.

— Sr. Madden e... senhorita, posso anotar os pedidos? — O homem de gravata e bem-arrumado perguntou, educado.

— Hmm, vamos querer o de sempre. E com champanhe — Thomas disse, e logo se virou para a sua acompanhante. —, não é amor?

— Claro. O de sempre — a morena concordou forçadamente. — por que não?

— Ótimo, mais alguma coisa? – O garçom perguntou. Tom só respondeu negando com a cabeça e um sorriso agradecido.

Logo que o garçom estava longe o suficiente dali, ele se virou para a garota.

— Então. Diga-me sobre você, namorada.

Ela o olhou de soslaio, estreitando os olhos.

— Por acaso está me chamando de “amor” e “namorada” porque não lembra o meu nome? – ela perguntou, ainda sem tirar a falsa alegria do rosto.

— Claro que não, Kimberly Sheen — ele enfatizou seu nome, rindo e provando um pouco do prato de entrada que já estava na mesa — só é legal te provocar de vez em quando. Eu sei que você não gosta de mim.

— Ah, é mesmo? — Kim riu, dessa vez rolando os olhos discretamente.

— É — ele respondeu, com descaso — E então? Você disse que fazia faculdade...

Kimmie respirou fundo, e retomou o seu sorriso amável.

— Pois é, arquitetura. MIT.

— Uau — ele arqueou as sobrancelhas — só podia ser asiática mesmo, né?

A morena riu, apoiando a cabeça nas mãos.

— Nunca ouvi essa piada antes — ela falou ironicamente. Na verdade, ela já ouvira todo o tipo de piadas sobre asiáticos durante a sua vida, e algumas eram até engraçadas. Mas sabia que não podia dar corda para essas brincadeiras de Madden, senão poderia prever muitas outras piadas parecidas muito em breve.

— E como você parou na Fashion Week mesmo?

— Estou de férias, precisando de dinheiro. Minhas amigas me indicaram para a agente delas — ela deu de ombros — nada demais.

— Nada demais? — ele perguntou, rindo — Não é todo dia que vemos estudantes de arquitetura nas passarelas. Bem que eu deveria ter percebido, você não tem cara de modelo mesmo.

— Não sou alta nem bonita?

Tom Madden riu. Até demais. Jogou a cabeça para trás, depois encarou ela novamente.

— Você é alta o suficiente. E bem bonita, sim — ele admitiu — só não é muito magricela.

Ela sorriu levemente, e arqueou as sobrancelhas para ele. A primeira manifestação de bondade desde que se conheceram, nesta manhã.

Mas só para não deixar a impressão errada, ele ainda completou:

— E isso é um elogio. Só para constar.

Dito isso, obviamente nasceu o primeiro clima entre os dois. Não foi nada demais, ambos só ficaram meio desconfortáveis e em silêncio por sete ou oito segundos. Kimberly, então, abriu a boca para agradecer, mas foi interrompida no ato.

— O de sempre — o garçom riu, enquanto colocava dois pratos de frutos do mar para o “casal” — Bon appétit! — disse, bem humorado. E só se retirou após ouvir os “obrigados” indispensáveis.

— Já? — a morena perguntou, impressionada.

— É... eles me atendem rápido por aqui — ele respondeu, dando de ombros — ah, espero que não seja alérgica a povo, ou algo assim. Imaginei que não, sendo um prato asiático e tudo mais — Thomas falou rindo. E só começou a comer depois de se satisfazer com o rolar de olhos que a morena não conseguiu evitar, pela piada idiota.

Afinal, Kimberly não era alérgica. E esse prato definitivamente não estava na lista dos seus preferidos, mas ainda assim lançou um sorriso para Tom, que levantou sua taça de champanhe até Kim. Ela fez o mesmo, e os dois tocaram suas bebidas, dizendo “saúde” ao mesmo tempo.