Não Precisa Ser Igual. escrita por Patrick T


Capítulo 9
O apontar do indicador. | Capítulo 11




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Quando o doutor saiu, deixou o papel com o diagnóstico nas mãos de Derick, e enquanto ele observava e lia as palavras de letras bagunçadas, seu choro ia além da dor.

–Eu não quero mais ver isso. – ele murmurou. – Eu não quero mais sentir isso.

–Mas você vai ter que encarar, talvez esse seja o momento de ver nossas capacidades.

–VOCÊ NÃO ENTENDE, VOCÊ NUNCA VAI ENTENDER. A NÃO SER QUE VOCÊ ALGUM DIA SE TORNE PAI DE UM GAROTO AIDÉTICO E TETRAPLÉGICO.

Eu me exaltei.

–Você não é pai de um ‘’garoto aidético e tetraplégico’’, você é pai de um menino especial, que quando apareceu na vida de algumas pessoas, mostrou o verdadeiro valor da amizade. O nome dele é Phin Fred, não interessa o que a mãe fez. O que interessa é quem ele é, independente de como ele está.

Derick sorriu ironicamente dele mesmo.

–A culpa é toda minha, eu sou um lixo, eu sou um idiota. O que eu queria meu Deus, o que eu queria nascendo? O que o Senhor quis fazer ao mundo, colocando um homem que traria o sofrimento a um garotinho. Que traria o sofrimento de seu próprio filho?!

Eu me calei. Derick se jogou no chão, sentado olhando para baixo. E murmurando coisas que deixariam qualquer homem com a alto­estima D E S T R U Í D A.

–Eu não estou sofrendo, pai.

A vós de Phin ecoou no quarto.

–Viu, eu não aguento mais isso... EU NÃO AGUENTO MAIS VER VOCÊ FINGNDO ESTAR FELIZ, PARA TRAZER ILUSÃO PARA SÍ MESMO, VOCÊ PODERIA SER UM ADOLESCENTE COMUM, SAUDÁVEL, COMO QUALQUER OUTRO, MAS A CULPA É TODA MINHA, O QUE EU QUERIA NASCENDO? – dizia Derick, desesperadamente. –Eu não suporto. Eu. Não. Suporto.

As lágrimas escorriam e a dor era visível.

Phin escutou tudo o que tínhamos conversado. Ele sabia que estava tetraplégico, assim como sabia que eu agora sabia de que ele tinha Aids. Assim como sabia como o seu pai se sentia. Assim como começou a partir dali, se sentir culpado por tudo o que acontecera tanto com o seu pai, Quanto a si mesmo.

Derick estava de costas para mim... ele se virou e..

–Tudo é culpa sua, seu idiota, fã de MASSA FELIZ. Você poderia ter ficado quieto em seu canto, inútil.

Enquanto Derick falava essas coisas para mim apontando seu dedo indicador ao meu peito, Phin o observava pasmo.

–Bem que você poderia nem ter conhecido meu filho. – os dedos de Derick, vinham ao meu rosto agora, com uma velocidade raiventa. –Isso é tudo culpa sua.

Meus olhos se transbordaram lágrimas enquanto Derick jogava sua razão sobre mim.

–Eu agradeceria muito se você e sua idiotice, fossem embora da merda deste hospital e me deixasse com meu filho aidético e tetraplégico.

Phin deitado na cama, apenas com os olhos arregalados, e abismado com o que acontecera.

–Pai... CALE A MERDA DESSA BOCA! – ele reagiu.

­Você não é ninguém para me dizer o que fazer. Eu sei o que é melhor pra você, você foi criado por mim, não interfira.

–CALE A BOC...

–JÁ CHEGA. – eu interrompi Phin.

Dei as costas para os dois, e saí do quarto, até a garage do hospital, onde eu iria pegar minha bicicleta.

Assim que fechei a porta, houve silêncio no quarto.

Enquanto me dirigia pra casa, as coisas começaram a perder o sentido.

Não havia dentro de mim, vontade alguma de falar com Phin. Aquele acontecimento no quarto foi completamente assustador.

Para Derick, aquilo foi certo. Foi mais que certo. No fim das contas, eu era o culpado mesmo, talvez se eu estivesse ficado quieto em meu canto, Phin ainda esperaria todos na porta da escola.

Quando eu cheguei em casa, minha mãe estava lá... me recebeu com um belo sorriso.

–Oi filho, como foi a aula? Chegou mais cedo hoje.

–Oi mãe. Hoje não tivemos muitas coisas. Eram poucos assuntos, então nos liberaram mais adiantado.

Com certeza não iria dizer pra ela que eu havia faltado, e que estava no hospital do lado de um amigo.

Me deu vontade de retribuir todo o amor dela. Aquele foi o momento em que notei que a minha mãe sim me amava. E mesmo eu tendo a culpa sobre várias coisas durante a minha vida, ela nunca jogara as isso em minha cara.

Eu a abracei.

Na cozinha, a caixa de massa feliz, ainda estava lá, intacta, desde quando Derick me deu.

Eu não iria comer, a minha mãe não gostava muito, e também eu não iria jogar fora. Deixei-­as lá.


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