Não Precisa Ser Igual. escrita por Patrick T
Notas iniciais do capítulo
Para Vitor Queiroz e Ítalo Carvalho.
Eu acordei naquele dia, olhando para o despertador, já eram sete da manhã, logo mais teria que estar na escola, que bem, digamos que não era a coisa mais divertida do mundo. Mas ok. Aquela sensação de acordar me destruía, a sensação de tentar levantar me consumia. Levantei-me e fui até ao banheiro do meu quarto, a pasta de dentes havia acabado. Fui pegar outra, fui à dispensa.
Minha mãe estava na cozinha, estava em frente ao fogão, cantarolando.
– Mãe? - Ela olhou para mim com aquele cabelo preso típico de dona de casa. O avental um pouco velho.
– Oi meu filho, bom dia, querido. – Disse ela sem pausas. – Como você está? - Perguntou; Eu não a respondi.
– Preciso de uma pasta de dentes, ainda tem na dispensa? – Perguntei.
– Sim, querido. – Respondeu.
Fui até a dispensa, peguei a pasta que estava sobre um livro velho que, mesmo sendo desgastado, eu olhei para ele com um certo desprezo. Voltei ao banheiro, escovei meus dentes.
Enquanto eu olhava para o espelho, via que meu cabelo preto estava meio bagunçado, não era algo liso, mas, era algo que eu gostava. Meu penteado era estranho o suficiente pra ser difícil. Era um espetado não tão espetado, algo social, só que não tão social. Meus olhos castanho escuros estavam lá, bem cansados ainda. Estava na cara que eu havia acabado de acordar. Passei um sabonete em minha pele não muito clara não muito escura.
Vesti a roupa da escola, e fui até a cozinha novamente para ver oque eu poderia comer.
- Oque temos para hoje, mãe? – Eu disse com um tom ‘’faminto’’.
- Pão francês, presunto e queijo. – Respondeu. Era algo normal comer aquilo, sempre tinha. Comi como comeria em um dia qualquer, acenei para a minha mãe com um tchau, e saí de casa. Peguei um ônibus e fui até a escola.
Assim que cheguei, Phin Fred, o garoto mais popular da escola estava na porta. Era um garoto da minha altura, cabelos negros, olhos escuros, pele clara, era o típico menino bonito que eu gostaria de ser. Ele sorriu pra mim, talvez toda essa simpatia fosse o motivo de sua popularidade, e alta quantidade de visualizações em redes sociais.
- Oi - Eu disse para Phin. E passei direto para o meu corredor.
No caminho, Marina Cristie, a garota mais linda de toda a escola, loira, alta, corpo belíssimo, me ignorou completamente.
Entrei na sala, e Mark Simons, um menino relativamente bonito, olhos claros, porém completamente infantil e idiota, que tirava sarro de mim, me deu ''boas vindas''.
- Olha quem chegou: Toby Osborn a louca, oops, o louco. – Disse a segunda parte com um tom mais machão.
Ele realmente achava que eu me importava com oque ele dizia, e de certa forma me atingia. Porém não durava muito tempo com a frustração. No fundo ele tinha inveja de minha inteligência, e acabava zoando com a minha cara, por conta de eu ser diferente.
A sirene tocou, aquele som ensurdecedor avisava que estava na hora da primeira aula.
- Bom dia turma. – Entrou Maggie, a professora de filosofia, ela insistia em dizer que nossa vida não era real. Ela era um pouco louca (bom, era o que parecia), mas tudo bem. – Hoje vamos falar da influência de Platão no mundo paralelo. – O blá blá blá se deu início, eu pensava em formas de como dar início em minha volta por cima dos insultos de Mark, O idiota.
Os longos quarenta minutos de aula não passavam.
Assim que acabou, Mark insistiu em encher o saco mais uma vez.
- Gostou da aula, ‘linda’? Ooops, quero dizer, lindo. – Repetindo a mesma coisa que fez nas ''boas vindas'' com a segunda parte (o tom machão).
Por mais que a minha mãe se preocupasse comigo, eu não contava à ela sobre estas frustrações diárias desse idiota do Mark.
...
Depois de todas as aulas, voltei pra casa, o sol já estava se pondo, e desci sozinho como de costume.
Ouvi uma voz chamando por mim, mas como nunca tinham feito isso na saída, eu não dei importância e continuei caminhando.
- Ei, você vai me ignorar mesmo? – Disse Phin. Eu achei aquilo completamente estranho. Como alguém popular e legal, poderia querer falar comigo? Seria por conta de adquirir mais visualizações em redes sociais? Provavelmente não. Eu não usava dessas coisas de redes sociais no meu dia-a-dia, era algo raro.
- Não necessariamente. - Eu disse em um tom tímido.
- Qual o seu nome? – Perguntou.
- Toby.
- Prazer meu nome é Ph...
- Já te conheço, cara. – Eu o cortei.
- Como foi de aula? – Perguntou.
Eu seriamente não conseguia entender porque ele estava puxando papo comigo. Desconfiei de algumas coisas. Besteiras minhas, mas deixei o papo rolar até chegar à minha parada de ônibus que, por mais estranho que fosse, era a mesma dele.
- Qual seu bairro? – Ele perguntou.
- Central Polo Respondi.
- Nunca ouvi falar. Fica distante daqui? – Perguntou.
- Não muito, mais ou menos uns trinta minutinhos. E você? – Eu consegui perguntar algo pra ele, pela primeira vez. Não sei por que, mas o fato de estar lidando com uma pessoa popular me deixava oprimido.
- Moro no Avante. É pertinho daqui. – Ele falou.
- Ah, legal. - Meu ônibus estava chegando, então pedi parada.
Ele notou que eu já iria partir.
– Tchau, boa viagem. – Ele disse. Só consegui acenar um tchau e subir para o ônibus para voltar pra casa.
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