Não Precisa Ser Igual. escrita por Patrick T


Capítulo 1
UM


Notas iniciais do capítulo

Para Vitor Queiroz e Ítalo Carvalho.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/563251/chapter/1

Eu acordei naquele dia, olhando para o despertador, já eram sete da manhã, logo mais teria que estar na escola, que bem, digamos que não era a coisa mais divertida do mundo. Mas ok. Aquela sensação de acordar me destruía, a sensação de tentar levantar me consumia. Levantei-­me e fui até ao banheiro do meu quarto, a pasta de dentes havia acabado. Fui pegar outra, fui à dispensa.

­ Minha mãe estava na cozinha, estava em frente ao fogão, cantarolando.
– Mãe? - Ela olhou para mim com aquele cabelo preso típico de dona de casa. O avental um pouco velho.

– Oi meu filho, bom dia, querido. – Disse ela sem pausas. – Como você está? - Perguntou; Eu não a respondi.

– Preciso de uma pasta de dentes, ainda tem na dispensa? – Perguntei.

– Sim, querido. – Respondeu.

Fui até a dispensa, peguei a pasta que estava sobre um livro velho que, mesmo sendo desgastado, eu olhei para ele com um certo desprezo. Voltei ao banheiro, escovei meus dentes.

Enquanto eu olhava para o espelho, via que meu cabelo preto estava meio bagunçado, não era algo liso, mas, era algo que eu gostava. Meu penteado era estranho o suficiente pra ser difícil. Era um espetado não tão espetado, algo social, só que não tão social. Meus olhos castanho ­escuros estavam lá, bem cansados ainda. Estava na cara que eu havia acabado de acordar. Passei um sabonete em minha pele não muito clara não muito escura.

Vesti a roupa da escola, e fui até a cozinha novamente para ver oque eu poderia comer.

­- Oque temos para hoje, mãe? – Eu disse com um tom ‘’faminto’’.

­- Pão francês, presunto e queijo. – Respondeu. Era algo normal comer aquilo, sempre tinha. Comi como comeria em um dia qualquer, acenei para a minha mãe com um tchau, e saí de casa. Peguei um ônibus e fui até a escola.

Assim que cheguei, Phin Fred, o garoto mais popular da escola estava na porta. Era um garoto da minha altura, cabelos negros, olhos escuros, pele clara, era o típico menino bonito que eu gostaria de ser. Ele sorriu pra mim, talvez toda essa simpatia fosse o motivo de sua popularidade, e alta quantidade de visualizações em redes sociais.

- Oi ­ - Eu disse para Phin. E passei direto para o meu corredor.

No caminho, Marina Cristie, a garota mais linda de toda a escola, loira, alta, corpo belíssimo, me ignorou completamente.

Entrei na sala, e Mark Simons, um menino relativamente bonito, olhos claros, porém completamente infantil e idiota, que tirava sarro de mim, me deu ''boas vindas''.
­- Olha quem chegou: Toby Osborn a louca, oops, o louco. – Disse a segunda parte com um tom mais machão.

Ele realmente achava que eu me importava com oque ele dizia, e de certa forma me atingia. Porém não durava muito tempo com a frustração. No fundo ele tinha inveja de minha inteligência, e acabava zoando com a minha cara, por conta de eu ser diferente.

A sirene tocou, aquele som ensurdecedor avisava que estava na hora da primeira aula.

­- Bom dia turma. – Entrou Maggie, a professora de filosofia, ela insistia em dizer que nossa vida não era real. Ela era um pouco louca (bom, era o que parecia), mas tudo bem. – Hoje vamos falar da influência de Platão no mundo paralelo. – O blá blá blá se deu início, eu pensava em formas de como dar início em minha volta por cima dos insultos de Mark, O idiota.

Os longos quarenta minutos de aula não passavam.

Assim que acabou, Mark insistiu em encher o saco mais uma vez.

­- Gostou da aula, ‘linda’? Ooops, quero dizer, lindo. – Repetindo a mesma coisa que fez nas ''boas vindas'' com a segunda parte (o tom machão).

Por mais que a minha mãe se preocupasse comigo, eu não contava à ela sobre estas frustrações diárias desse idiota do Mark.

...

Depois de todas as aulas, voltei pra casa, o sol já estava se pondo, e desci sozinho como de costume.

Ouvi uma voz chamando por mim, mas como nunca tinham feito isso na saída, eu não dei importância e continuei caminhando.

­- Ei, você vai me ignorar mesmo? – Disse Phin. Eu achei aquilo completamente estranho. Como alguém popular e legal, poderia querer falar comigo? Seria por conta de adquirir mais visualizações em redes sociais? Provavelmente não. Eu não usava dessas coisas de redes sociais no meu dia-a-­dia, era algo raro.

­- Não necessariamente. - ­ Eu disse em um tom tímido.

­- Qual o seu nome? – Perguntou.

­- Toby.

­- Prazer meu nome é Ph...

­- Já te conheço, cara. – Eu o cortei.

­- Como foi de aula? – Perguntou.

Eu seriamente não conseguia entender porque ele estava puxando papo comigo. Desconfiei de algumas coisas. Besteiras minhas, mas deixei o papo rolar até chegar à minha parada de ônibus que, por mais estranho que fosse, era a mesma dele.

-­ Qual seu bairro? – Ele perguntou.

­- Central Polo ­ Respondi.

-­ Nunca ouvi falar. Fica distante daqui? – Perguntou.

­- Não muito, mais ou menos uns trinta minutinhos. E você? – Eu consegui perguntar algo pra ele, pela primeira vez. Não sei por que, mas o fato de estar lidando com uma pessoa popular me deixava oprimido.

­- Moro no Avante. É pertinho daqui. – Ele falou.

­- Ah, legal. - Meu ônibus estava chegando, então pedi parada.

Ele notou que eu já iria partir.

– Tchau, boa viagem. – Ele disse. Só consegui acenar um tchau e subir para o ônibus para voltar pra casa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Não Precisa Ser Igual." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.