Uma Garota Especial escrita por Dream


Capítulo 10
Quero Dizer Que Te Amo


Notas iniciais do capítulo

"Amar plenamente, com sinceridade, é declarar demasiadamente, naquele momento de saudade...coisas que se diz a quem se ama; Coisas la do fundo do coração que de repente deixamos a pessoa saber...podem provocar lágrimas de emoção, lagrimas de comoção...porém são momentos de pura erupção, como se nosso coração fosse um vulcão que não aguenta mais segurar tanta lava...lava de amor, lava de eternidade..."
— Nando Stein



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Ao chegar em casa, Steve permaneceu para­do do lado de fora de seu quarto tentando entender como a porta se fechara. Lembrava-se de tê-la dei­xado aberta antes de sair para caminhar. Talvez os espíritos de Althea tivessem passado por lá, refletiu com um sorriso.

Depois de uma longa caminhada pela praia, percebera que, naquela tarde, havia experimentado uma sensação nova e desconhecida, como se sua alma tivesse se esvaziado. Seu pulso se acelerou ao imaginar que a mulher que ocupara seus pensamentos durante toda a tarde resolvera fazer uma surpresa.

Lentamente, girou a maçaneta e entrou, mas o que viu foi suficiente para fazê-lo desejar sair correndo dali no mes­mo instante.

Susan, estendida sobre sua cama, vestia minúsculas pe­ças de lingerie, que seria melhor ignorar, exceto que era impossível não perceber aquele tributo ao mau gosto e vul­garidade. Se ela esperava provocar um efeito devastador so­bre ele com as minúsculas peças de renda vermelha com plumas e strass, estava completamente enganada.

– O que faz aqui? - disse em tom frio e impessoal, ves­tindo a camiseta que despira antecipando o banho. - A festa que Kiara lhe ofereceu já acabou?

– Ao contrário, querido. A festa está apenas começando. Ele continuou olhando para a janela, para o horizonte...

Para qualquer lugar, exceto para ela.

– Pelo que vejo, você tomou alguns martínis - comentou, referindo-se ao drinque favorito de Susan.

– Como sabe?

Cada sílaba era pronunciada com cuidado, numa clara evidência de que ela tentava disfarçar que havia passado dos limites.

– Não é preciso ser um gênio para perceber - disse com ironia. - Por que não se veste e vai para a casa?

– Eu estou sem carro. Kaira, minha motorista oficial, foi ao Truro's com alguns amigos.

Steve hesitou entre fuzilar a irmã ou afogá-la no lago.

– Não há problema, eu a levo para casa.

– Não seja tão insensível, querido. Que tal relembrarmos os velhos tempos? Você pode me levar para casa amanhã.

Ele ainda tentou ser diplomático, mas estava feito. Com um gesto brusco, apanhou seu roupão e jogou-o sobre Susan, censurando-a com o olhar.

– Levante-se e vista sua roupa. Não seja estúpida a ponto de pensar que pode me usar para escapar de seu compro­misso. Você não quer se casar com o rapaz, ótimo, mas me deixe fora disto.

Susan sempre lhe parecera ser uma mulher delicada, fina e requintada, mas toda a classe se evaporara em um piscar de olhos. Antes que ele pudesse reagir, ela começou a gritar a plenos pulmões, usando uma linguagem que faria um de­linquente corar.

– Susan, pelo amor de Deus! Ao menos, respeite a edu­cação que seus pais lhe deram!

Porém, concluiu que os drinques a mais haviam prejudi­cado seu bom senso. Era patético, e sentiu pena dela a prin­cípio. Ao vê-la esbravejar como se tivesse algum direito sobre ele, a piedade transformou-se em irritação.

– Oh, Steve... - Susan abraçou o travesseiro, pondo-se a chorar compulsivamente. - Esta é a coisa mais estúpida que já fiz! Estou com tanta vergonha!

Com um suspiro resignado, ele tentou se acalmar.

– Susan, ninguém pode obrigá-la a se casar. Se você pen­sou melhor e decidiu voltar atrás, ligue para Juan e...

– Júlio - corrigiu ela entre soluços.

– Certo, Júlio, seja o nome que for. - Olhou ao redor do quarto. - Onde estão suas roupas?

– No tapete da sala.

– Ótimo! - esbravejou com um suspiro enfurecido. - Espere aqui.

– Está bem - ela choramingou, mudando a tática de furiosa para desolada.

Steve havia dado apenas dois passos quando uma outra voz feminina chamou-a do andar de baixo.

– Steve? Você está aí?

Holly! Sentindo o sangue congelar nas veias, ficou inde­ciso sobre o que fazer. Se respondesse, teria que explicar o que Susan estava fazendo em sua cama, seminua... Se fin­gisse que não estava em casa, poderia descobrir e tornaria tudo ainda pior.

Percebeu rapidamente que não havia saída. Estaria per­dido de uma forma ou de outra.

– Steve?

– Já vou descer, Holly. - Aflito, voltou ao quarto. - Fique aqui, e não abra a boca mesmo que seja raptada por alienígenas!

Fechou a porta e desceu às pressas. Holly estava na en­trada, e segurava uma pantalona de seda em uma mão e uma blusa vermelha na outra.

– Suponho que estas roupas não sejam suas.

– Holly, não é o que parece...

– Bem, o que parece é que esta roupa custou uma fortuna - comentou com ironia, estendendo-as a sua frente. - São pequenas demais para você e muito grandes para Kiara.

– Steve, por que está demorando tanto?

Os olhos de Holly quase saltaram das órbitas.

– Susan!

– Importa-se de me entregar as roupas? - ele perguntou, sem encontrar nada melhor para dizer.

Com um gesto automático, Holly deixou que as peças caíssem a seus pés.

– Obrigado. - Abaixando-se, ele as recolheu às pressas. - Vou levá-las para Susan. Prometa que não vai embora.

– Não vou a lugar algum.

Mesmo que quisesse, suas pernas não seriam capazes de obedecer. Seus músculos pareciam completamente paralisa­dos, e seu cérebro havia parado de funcionar.

Observou-o voar escada acima, enquanto se mantinha pe­trificada no mesmo lugar.

Sentindo-se ridícula, arrependeu-se por ter decidido ir até lá para se desculpar por descarregar sua raiva sobre ele, naquela manhã.

Com um esforço sobre-humano, caminhou até a sala de estar e caiu pesadamente sobre o sofá. Com um gesto auto­mático, enfiou a mão no bolso da calça e acariciou o cristal que Althea havia lhe dado, sem perceber a passagem do tempo. Sobressaltou-se ao ouvir a voz de Steve atrás de si.

– Holly, sinto muito.

Ela apertou o cristal azul por entre os dedos.

– Acredite, não aconteceu nada...

– Assim como não aconteceu nada naquele dia em que vocês almoçaram juntos?

– Holly, olhe para mim.

Ela pressionou o cristal, sem ter forças para reagir. Fi­tou-o e sentiu o coração se apertar ao ver os olhos escurecidos por uma sombra de tristeza.

– Honestamente, você acha que eu seria capaz de dormir com Susan?

– Não - disse por fim, depois de um pesado silêncio.

– Kiara a trouxe para cá. Susan bebeu alguns drinques a mais... Muitos drinques a mais, eu diria.

Naquele momento, Holly percebeu que estava exausta como se carregasse o peso de séculos nos ombros.

– Tive uma proposta de trabalho interessante hoje.

Ele arqueou as sobrancelhas, surpreso com a súbita mu­dança de assunto.

– Um trabalho? Que tipo de trabalho?

– Elizabeth Turner, quero dizer, agora Elizabeth Bethune convidou-me para cuidar da casa dela em Londres.

– Londres...

Ele caminhou até o sofá e sentou-se ao lado dela. A sim­ples aproximação provocou uma verdadeira revolução em seus sentidos, mas Holly lembrou-se que seu futuro estava em jogo, e lutou com todas as forças para resistir à tentação de se atirar nos braços dele.

– Catherine Lassinter, minha instrutora de arte, voltou para Londres no ano passado, e é uma oportunidade incrível de estudar com ela novamente.

– Isso é ótimo.

– Você acha?

– Claro que é.

O entusiasmo de Steve soou um tanto forçado. Sentindo-se um pouco mais encorajada, arriscou uma pergunta que oprimia seu peito:

– Steve, o que você sente por mim? Quero dizer, o que os últimos dias significaram para você?

– Steve?

Naquele momento, Susan começou a descer os degraus da escadaria, vestindo as roupas que Holly encontrara sobre o tapete.

– Você tem aspirinas? - Com um sorriso polido, voltou­se para Holly. - Sinto muito por interromper.

– Importa-se de esperar lá fora por alguns minutos, Susan?

Com um gesto brusco, ele abriu a porta e fez um gesto imperativo para que saísse, deixando-a sem escolha.

– Sinto muito - desculpou-se depois de vê-la sair. - Esta mulher deveria ser proibida de tomar martíni! Bem, você estava me dizendo que Catherine Lassinter está em Londres.

Holly teve a sensação de que estava perdendo o controle da situação, se é que alguma vez conseguira ter algum. Res­pirando fundo, tentou se recompor.

– Preciso saber o que você sente por mim, Steve.

Ele continuava olhando para fora, para ter certeza de que Susan não estava por perto. Ela seguiu a linha de visão e percebeu que Susan havia decidido se deitar no deque.

– Steve?

– O quê? Oh, o que sinto por você? - Com um gesto de impaciência, ele cruzou as pernas, para descruzá-las logo a seguir. - Quanto tempo você vai ficar em Londres?

– Não sei, talvez para sempre. Mas você não respondeu minha pergunta.

– Holly, acho que você é uma das pessoas mais incríveis que já conheci - ele disse com cautela. - Os últimos dias foram mágicos, e nunca vou esquecê-los.

De súbito, ela se lembrou que precisava respirar, e inalou o ar com vigor. Com um esforço sobre-humano, conteve as lágrimas e tentou manter a expressão mais natural possível.

– Entendo.

Levantou-se e cruzou os braços sobre o peito, numa ten­tativa desesperada de conter o pânico. Em um ímpeto, apa­nhou a bolsa que havia deixado sobre a mesa de centro e ajeitou-a no ombro.

– Eu também não vou esquecer.

Deu-lhe as costas e seguiu para a porta antes que pudesse vê-lo chorar.

Holly havia partido. A constatação caiu sobre Steve com um peso que fez com que todos os músculos de seu corpo doessem. Subitamente, não sabia mais o que fazer com sua própria vida. Na caminhada daquela tarde, antes de seu mundo desabar, havia chegado a algumas conclusões.

Havia decidido que Holly era arrojada, independente e que o sentido da vida, para ela, era viver com simplicidade e paz. Aquilo tudo a fazia desqualificada para ser a esposa de um Morettin. Claro, aquela mulher com roupas caras e hábitos requintados supostamente era seu par ideal.

Porém, bastou conviver alguns dias com Holly, testemu­nhando seu jeito simples e autêntico de entender a vida, para assumir valores que sempre relutara em ver.

Aquilo levava à segunda conclusão: ele também não es­tava qualificado para ser um Morettin. Não se adaptava ao tipo de vida que os membros de sua família julgavam digna, e sentia-se igualmente culpado pela conta bancária generosa a sua disposição.

Ao vê-la sair, soube que Holly era tudo que ele sempre quisera, embora não soubesse quando o sentimento intenso e profundo havia despertado. Sabia apenas que a amava como se ela fosse parte de sua alma. A vida não teria sentido sem ela, mas não era tolo para achar que Sandy Bend podia competir com Londres.

Somente ela poderia fazer aquela escolha, refletiu. Ela precisava de uma chance para explorar as possibilidades que seu futuro poderia oferecer. Sandy Bend era seu paraíso, mas não significava que Holly teria que achar o mesmo.

Desolado, chegou à conclusão de que era um homem no­bre, generoso e... completamente só!

– Missão cumprida!

Althea estava parada na porta de entrada com duas imen­sas malas a seus pés.

– Sua missão está cumprida desde o dia que você me obrigou a comer lasanha de tofu - o pai de Holly disse com desgosto, apanhando uma das malas de sua prima. - Você acha que Thor consegue descer as escadas sozinho?

– Espero que sim, pois nenhum de nós é grande o bastante para carregá-lo - ela respondeu com um sorriso plácido.

– Deixe-me ajudar com a bagagem - Holly ofereceu, imaginando se a voz soava tão entorpecida quanto ela.

Dormir sozinha em seu velho quarto na última noite em Sandy Bend não era exatamente o que mais gostaria... Nun­ca se sentira tão solitária em toda sua vida.

Althea, percebendo a angústia que a oprimia, apanhou a mão de Holly e apertou-a por entre as suas.

– Tudo acontece por uma razão, querida. Se Steve não está pronto para abrir o coração, não significa que... Espere um pouco! Há alguma coisa diferente aqui. Sua aura...

– Thea! Veja isto! - uma voz ecoou do alto da escada. - Estou conseguindo descer sozinho!

– Olá, Thor, é bom vê-lo fora da cama - Holly voltou a atenção para o primo.

– Mas não é nem a metade do prazer que sinto por estar fora da cama. Já limpei a cidade no jogo de pôquer e comi todas as frutas e vegetais de Althea. É hora de ir embora.

Ela olhou para o homem gigantesco que caminhava com dificuldade, e sorriu. Embora o porte atlético inspirasse res­peito e até mesmo medo, Thor era o homem mais gentil que conhecia.

– Trate de se apressar, querido, ou então perderemos o desfile. - Abaixando o tom de voz, voltou-se para Holly - Querida, não se esqueça que você é uma mulher muito forte.

– Por que você diz isso?

– Seu pai me contou que você insistiu em participar da parada no carro alegórico. É uma atitude corajosa enfrentar Sandy Bend depois dos boatos sobre a salada de batata. Sem contar que Steve estará presente...

– Você tem razão. Nunca pensei que estaria dizendo isto, mas obrigada por me fazer voltar para casa. Cheguei à con­clusão de que valeu a pena.

– Claro que sim! Agora você poderá olhar para o futuro sem ser perseguida pelos fantasmas do passado.

Naquele momento, Mitch parou o trator que conduzia o carro alegórico e buzinou escandalosamente.

– Vamos logo, já estamos atrasados!

Holly se apressou em levar a bagagem de Althea e despe­diu-se de Thor e Althea, que assistiriam ao desfile antes de seguir viagem. Acomodou sua própria bagagem e seguiu Mitch com seu carro, fazendo uma nota mental para lembrar-se de abastecer logo que chegasse à cidade. Assim que terminasse o desfile, iria embora de Sandy Bend para sempre.

Ao chegarem ao estacionamento da universidade, o local onde todos os carros se concentravam antes de saírem para o desfile, Cal chamou-os de longe.

– Holly, você vai mesmo partir hoje? - indagou quando se aproximaram, com ar preocupado.

– Sim, isto já está decidido - assentiu, ajeitando uma mecha por trás da orelha. - É uma longa viagem, mas há muitos hotéis confortáveis e seguros onde posso pernoitar.

– Gostaria que você não fosse embora, mas acho que posso entender sua decisão.

– Talvez se você... - Mitch começou a dizer, mas mudou de ideia.

– Desculpe interromper, mas preciso da ajuda de vocês.

Os rapazes foram solicitados para organizar a procissão de carros, enquanto ela esperava na carroceria do trator.

Depois que todos os carros estavam organizados em fila, a Orquestra Municipal dos Veteranos começou a tocar a mar­cha de abertura, e o prefeito subiu ao palco e fez a abertura oficial do desfile. Porém, para surpresa de Holly, ele anun­ciou que, antes do desfile, atenderia a um pedido especial de um ilustre cidadão de Sandy Bend.

A distância, ela viu os braços vigorosos de Steve empur­rando Kiara escada acima. Trêmula, ela relutou em obedecer ao gesto imperativo para que apanhasse o microfone.

– Gostaria de falar algumas palavras... - ela começou, hesitante e furiosa, como se a voz estivesse travada na gar­ganta. - Queria que todos soubessem que aquele pequeno problema com a salada de batata... Bem, foi minha culpa.

Ela cobriu o microfone, mas todos ouviram quando disse:

– É o bastante, ou ainda tenho que me humilhar mais? - Voltou-se para o irmão, fuzilando-o com o olhar. - Na verdade, foi a salada que eu preparei que provocou... Bem, aquele mal-estar que algumas pessoas sofreram.

Holly não conteve um sorriso de satisfação. Uma confis­são pública de Kiara era quase um milagre!

O prefeito apanhou o microfone, evitando um constrangi­mento ainda maior de Kiara.

– Holly Adams, sei que você está em algum lugar. Por favor, fique de pé - pediu, em alto e bom som.

– Tenho mesmo que fazer isto? - balbuciou ela, apoian­do-se no braço de Cal.

Olhou para seus irmãos, que ostentavam um sorriso vi­torioso nos lábios.

– Em nome dos habitantes de Sandy Bend, peço-lhe des­culpas, Holly - anunciou em tom formal.

Holly murmurou um agradecimento em meio aos aplau­sos entusiasmados. Em seu íntimo, teve certeza que, de uma vez por todas, encontrara seu lugar em Sandy Bend.

Acomodou-se na cadeira de praia na carreta do trator re­cusando-se a chorar. Aprendera que fugir não era a melhor solução para resolver seus conflitos. Orgulhosa de si mesma, acenou para a multidão enquanto o trator percorria a rua principal da cidade.

Avistou Dana, que acenava freneticamente para ela, e fez sinal para que subisse na carreta.

– Holly, não sei como agradecer pela mágica que você fez no salão! Ficou lindo!

– Foi um prazer, querida!

– Puxa, não acreditei quando Kiara confessou! - excla­mou, excitada. - Agora, as fofoqueiras de plantão terão as­sunto para o resto do ano! Só que, desta vez, o alvo não será você.

Holly sorriu, pensando que sentiria falta de Dana quando estivesse em Londres.

– Sabe, quando vi Steve caminhar até o palco, tive cer­teza que iria testemunhar um final feliz de conto de fadas...

– Dana, sempre suspeitei que você fosse romântica, mas acho que está exagerando.

Ambas riram com vontade, e Holly sentiu-se quase feliz. Sabia que sua felicidade nunca seria completa sem Steve.

Estavam no terceiro quarteirão do desfile quando um dos carros que estavam à frente quebrou, e tiveram que parar.

– O que está acontecendo?

– Relaxe e tente se divertir, Holly - Cal sugeriu, des­ligando o trator. - Uma das tradições do desfile é um carro se quebrar.

– Oh, não! Tenho uma longa jornada pela frente, e não posso sair muito tarde...

Resignada, voltou a se acomodar na cadeira. Mal acabara de se sentar, identificou a figura inconfundível de Steve ca­minhando em sua direção. Com um gesto ágil, ele subiu no trator e disse alguma coisa para Cal.

Sentindo a antiga urgência que sempre lhe oprimia o ven­tre quando o via, Holly desejou fugir dali o mais depressa possível. Quanto antes esquecesse aquele homem, melhor seria para ela.

Avistou Althea e Thor ao longe, e mal pôde responder aos acenos deles. Seu pai, que seguia com o velho Corvette na ala dos veteranos, havia abandonado o carro e juntara-se a eles.

– Encare seu destino - Althea gritou para ela, apontan­do na direção de Steve.

– Querida, acho que o final feliz que previ está prestes a acontecer... - Dana provocou-a antes de sair da carreta para se colocar ao lado de Mitch.

Holly receava ter o coração partido mais uma vez. Pro­curando se defender, abraçou os joelhos e fechou os olhos. Mesmo assim, percebeu quando Steve parou ao seu lado.

– Holly?

Com um esforço sobre-humano, ela abriu os olhos.

– O que você quer, Steve?

– Quero privacidade - murmurou, olhando ao redor. - Queria lhe dizer que, na noite passada, quando me pergun­tou sobre o que sinto por você, não fui honesto comigo mes­mo, e nem com você. Precisamos conversar.

– Fale agora, Steve. Vou embora daqui a pouco.

– Você quer que eu continue aqui, diante de todo mundo?

– E qual é o problema?

– Está bem, se você quer assim... Olhe, sei que tenho sido estúpido, e você apenas está me ouvindo porque não tem escolha, mas preste atenção, pois não vou repetir. - Ele limpou a garganta e se ajoelhou aos pés dela, tomando as mãos delicadas entre as suas. - Holly, eu te amo. E não venha me dizer que é precipitado afirmar isto, porque a ver­dade é que sempre senti alguma coisa por você... desde que você era adolescente. Não era exatamente amor, mas uma estranha curiosidade...

– Curiosidade? Steve, onde você quer chegar?

– Quero chegar ao fim - ele disse, pousando os lábios nas palmas macias. - Acho que o mais nobre a fazer seria deixá-la se mudar para Londres. Mas, sabe de uma coisa? Descobri que ser nobre não faz o meu estilo. Na verdade, quando se refere a você, sou egoísta e possessivo.

– Steve, você quer dizer que...

– Quero dizer que te amo, e estou pedindo que... Não, estou implorando que fique em Sandy Bend.

Naquele momento, um súbito silêncio caiu sobre eles. Só então perceberam que a banda havia parado, e todos tinham ouvido a declaração de amor de Steve.

Ela tentou falar, mas nenhuma palavra saiu de sua boca. Um murmúrio excitado percorreu a multidão, que assistia à cena com expectativa.

Sem se importar em serem o alvo das atenções, Steve prosseguiu:

– Sei que Sandy Bend não é exatamente sua ideia de paraíso, e a única coisa que eu tenho para competir com o que você vai encontrar em Londres é meu coração e minha alma...

Holly fechou os olhos, saboreando cada palavra como se fosse o néctar dos deuses.

– Eu...

– Espere, deixe-me terminar - ele pediu com urgência na voz. - Há uma vaga para supervisora do Departamento de Arte na universidade...

Sentindo o peito estourar de felicidade, ela o abraçou sob o caloroso aplauso da multidão. Naquele momento, a banda co­meçou a tocar uma música romântica, e o desfile prosseguiu.

Não foi preciso responder. O beijo apaixonado que selou a união dizia mais que mil palavras.

Finalmente, Holly Adams encontrara seu lugar.


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Notas finais do capítulo

Oi meu amores, como vocês estão? Espero que estejam bem... enfim, vindo informar a vocês, com lagrimas nos meus olhos, que chegamos ao fim dessa história onde eu confesso que eu amei escrever com vocês. Algumas pessoas ficaram curiosas sobre qual seria o desfecho entre Kiara e Holly, confesso que no começo pensei em fazer Kiara se redimir e se desculpar pelas maldades que fez com Holly, mas pensei "aaah para, Kiara não tem cara de ser tão boazinha assim", pensei em fazer que Steve se voltar contra a irmã, mas pensei "ela é uma péssima irmã mas também não é um monstro e nem o Steve é tão dramático assim para se voltar contra a irmã mimada por culpa dos pais", ai confesso que fiquei meio confusa em como poderia terminar a história sendo justa com todos rsrs. E bom , foi quando eu tive a ideia de fazer ela se humilhar perante todos na cidade... e vou contar a vocês, eu adorei kkkk... mas confesso que o desfecho de Kiara foi mais difícil de terminar do que de Steve e Holly, apesar de ter mudado um pouco do final. rs... mas enfim, espero que tenham gostando tanto quanto eu desse final... confesso que de todas as histórias que eu já escrevi, esse foi o final que eu mais gostei rs, mesmo tendo dado menos leitores do que a Inocência (que para mim foi super inesperado, ter recebido tantos leitores naquela história rs). Mas eu quero agradecer a Underground que nossa, me fazia rir e me emocionar junto com ela com seus cometários, eu amei ter você como leitora flor. Quero agradecer também a Sunny Deep pelos seus cometários e pelo seu carinho com cada personagem, mesmo quando tinha raiva da Kiara kkk.. E por final a você Wikaelly paes, que começou a acompanhar a poucos dias mas que me fazia ficar extremamente feliz ao saber que tenha gostado e se emocionado tanto quanto eu rsrs. E aos demais que acompanharam, obrigada pelo carinho e pela paciência que tiveram comigo rsrs. Mil beijos e olha, não quero que isso seja uma despedida, adoraria rever-los sempre rsrs. Obrigada por tudo amores, vocês foram um máximos comigo. Essa foi uma das histórias que eu mais gostei de escrever, graças a vocês



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