A Maldição Ouija escrita por Rich Kevin


Capítulo 7
Sete


Notas iniciais do capítulo

Terceiro capítulo com imagem.



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Entrando em seu carro, Tony ligou-o sem olhar a seus amigos e partiu. O silêncio e a escuridão das ruas, a quietude e a escassez de vida, isso deixou o moreno aflito por alguns instantes, até ele ligar o rádio. Uma musica lenta começou a tocar.

– Faltam sós mais duas esquinas. – Falou para si mesmo. – Eu pego o Rian, a gente volta e tenta comer uma pizza, apesar de tudo que aconteceu hoje...

A fala foi seguida de um longo bocejo de sono. Quando Tony se recuperou, passou os olhos rispidamente pelo retrovisor acima de sua cabeça e voltou-se a estrada. Porém, percebera que algo olhava-o, sentado no banco de trás do carro: Um vulto branco, de olhos acesos com lanternas, que parecia encará-lo de um jeito horrível.

– O quê? – Ele se virou assustado, vendo o banco de trás, e já se percebeu sozinho. Respirou fundo, voltando sua atenção para frente e...

“Pipi”. Um ônibus buzinou agudamente, quase batendo no carro dele. O rapaz conseguiu desviar encima da colisão, jogando o carro num acostamento. Assim que o veículo parou de rodar, ele colocou as mãos na testa, desligou o som e roçou os olhos.

– Eu preciso... Preciso dormir. Estou começando a ver coisas.

Então ligou apressadamente o carro e continuou.

– Tenho que chegar logo. Quem sabe, depois que achar o Rian, possa dormir no carro com ele dirigindo...

Tony novamente pôs sua atenção nas ruas escuras onde passava, e nisso tentava buscar uma maneira de controlar a ansiedade e o sono. Entretanto, não conseguia mais se sentir seguro após o vulto que viu segundos atrás.

– Foi só uma alucinação... – Concluiu.

***

Helen estava angustiada, a pouco de dormir sobre a mesa, abraçada no namorado Wallace, que olhava de tempos em tempos para a porta, a espera dos amigos que estavam para chegar. Gibson se mantinha andando para os lados, enquanto Alice assistia choramingando de uma poltrona.

– Estão demorando demais. – Falou o loiro.

– Vou atrás deles. – Wallace se levantou da mesa, soltando-se de Helen.

– Quê isso... Eles estão bem. – Helen garantiu com voz de sono. – O Tony só deve ter demorado um pouco para encontrar o Rian.

De repente, a porta se abriu. Junto com um susto, todos olharam para a direção e viram Rian entrando. O pálido, em movimentos rápidos, parecia estar preocupado e correndo de algo, que provavelmente o perseguia.

– Que bom que chegaram. – Disse Helen.

– Eu também acho. – O rapaz fechou a porta por onde passou e se voltou aos outros. – Que bom que encontrei todos vocês aqui. Preciso informá-los que estamos correndo perigo.

– O quê? – Alice se deu de desentendida.

– Mas não estamos todos aqui. – Gibson assentiu. – O Tony foi te buscar. Vocês não se encontraram?

– Não. – Rian ficou com uma expressão de medo. – Meu pai, não me digam que ele foi na minha casa...

– Foi sim. – Helen respondeu informalmente.

– Que droga. – Ele voltou para a porta e saiu rapidamente. – Vou atrás dele. Enquanto isso, tentem se manter juntos.

Sem mais nada a dizer, ele entrou em um taxi e sumiu na rua. O resto, trocou olhares sem sentido, querendo entender coisa alguma.

– Ele tá estranho... – Gibson falou meio abobado.

– Estranho é pouco. Ele deve ter se drogado ou sei lá o quê. – Wallace sugeriu. – E parecia estar correndo de algo...

– Isso é bobagem. – Alice se levantou da poltrona, enxugando os olhos. – Acho que eu vou dormir...

– Quê isso. – Gibson se levantou também, olhando com animo pra ela. – Vamos esperar os outros chegarem.

– E o que faremos até lá?

– Que tal o boliche do outro lado da rua?

***

Tony parou o carro na calçada contrária a da casa de Daniela, o que foi impossível ficar sem pensar na mesma. Poucas lágrimas correram por seus olhos, mas ele tratou de logo cortá-las com as mãos e saiu apressadamente do carro.

Olhando para a casa de Rian, tudo estava escuro, ele não parecia estar lá. Do lado de fora, o moreno ainda buzinou e gritou algumas vezes, mas ninguém respondeu-o. De uma vez, a luz de um cômodo do segundo andar se acendeu. Um pouco assustado, abriu um sorriso e foi para entrar na casa.

Já bem próximo da porta de entrada, ele a empurrou e, gemendo tremidos e urros bizarros, se abriu para a copa da casa. Ela estava toda escura, eram somente visíveis alguns traços, que eram mal-iluminados pelos postes da rua.

– Rian... – Gritou. – Sou eu, o Tony.

Imediatamente, a porta de vidro bateu-se fortemente. No estalo, o rapaz se virou assustado, se vendo numa quase completa escuridão. Apenas os reflexos da luz acesa no segundo andar o mantinha atento.

– Rian, você está aí?

Não houve nenhuma ação em resposta, o que deixou-o desconfiado. Tony foi andando levemente pelo piso de cerâmica, chegando às proximidades da escada e notando, nas paredes, a luminosidade amarelada da luz acesa no andar superior.

Ao pisar no primeiro degrau, a mesma luz começou a apresentar falhas. Achando ser somente uma brincadeira do pálido, ele continuou a subir, em passos largos e rápidos, e mesmo assim evitada olhar para a escuridão que deixava para trás.

Enfim chegou ao fim da escadaria e passou para um piso de um corredor. Notou que a luz acima do mesmo piscava sem parar. Entretanto, para o seu espanto, observou que o apagador estava na parede ao seu lado, onde não havia ninguém.

– Como...?

“Prack”. Algo quebrou-se no andar de baixo. Tony voltou a ver os degraus, assustado, e questionou para a escuridão que conseguia ver:

– Quem está aí?

Logo, dois pequenos brilhos circulares tornaram-se visíveis. O moreno deu um passo para trás quando escutou um urro macabro, acostou-se na parede e continuou observando as orlas no escuro.

– Rian, é você? Sou eu, o Tony.

Todas as luzes da casa se acenderam de repente, deixando que por segundos Tony visualizasse o dono dos olhos luminosos. Segundos depois, tudo caiu na mais completa escuridão. O que se tornou visível foi as orlas subindo apressadamente a escadaria, indo rumo ao moreno, enquanto ele gritava espantado e urros eram dados em troca.

– AHHH!

Algo bateu fortemente no rapaz, lançando-o contra a parede. Um par de garras afiadas roçou metade do seu pescoço. Seus membros foram acertados duramente na parede, depois o corpo foi jogado pelos degraus. Só parou de rolar quando atingiu o chão da copa, no andar inferior, deixando pra trás um grande rastro de sangue. Uma poça também se formou nas proximidades.

***

Assim que o carro estacionou, Rian desceu do taxi perante a sua casa e observou que o carro do amigo estava parado um pouco mais a frente. Após olhar pelos vidros do veículo e não ver ninguém em seu interior, um arrepio passou por todo o seu corpo, um vento frio congelou sua espinha.

– Espero que ele esteja bem...

Então o pálido foi correndo em direção à casa.


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