A Maldição Ouija escrita por Rich Kevin


Capítulo 2
Dois




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/563056/chapter/2

Pela janela da cozinha, as garotas viram quando o carro da família se ligou e partiu pelas ruas escuras. As duas bateram palmas e deram um grande e apertado abraço, a festa estava começando.

– Já são 19:30. Estamos atrasadas! – Disse Alice, abrindo o micro-ondas e tirando dezenas de lanches escondidos.

– Vou ligar imediatamente para nossos amigos. Já eram para estarem chegando aqui, mas graças a Deus eles não vieram cedo. Meus pais iam me matar se descobrissem o que eu estamos pretendendo...

Daniela foi para perto de um telefone e o pegou, enquanto a loira ficou a abrir mais alguns pães e recheá-los com um molho feito por elas.

– Acho que já está bom de lanches. Com certeza, ninguém vai se interessar em comer. Todos vão ficar bêbados e dormir antes da comida. – Terminou Alice. – E você? Ainda não me falou que coisa comprou pra gente passar o tempo... É algum tipo de jogo?

– Mais ou menos... Depois que eu ligar eu te falo.

“Tim”. A campainha tocou de repente, quase matando as garotas de susto. Logo, quando se viraram, viram os demais amigos entrando pela porta, conversando entre si e cumprimentando-as.

O primeiro a chegar à sala foi um rapaz moreno de cabelos cacheados, cujo os olhos eram pretos e que carregava três caixas de cervejas nos braços. Tony. Atrás dele, estava Gibson, que trazia garrafas de champanhe e vodca. Ele era branco, usava um boné de lado e era o único de bermuda. Seus cabelos pretos estavam espetados com gel.

Os últimos a entrarem foi Helen e Wallace. Ela tinha grandes e compridos cabelos loiros que ficavam soltos, seus olhos eram castanhos e possuía algumas pulseiras nos braços. Seu namorado, moreno de cabelos ruivos e olhos azuis, trazia uma câmera nas mãos.

Todos se cumprimentaram, Daniela explicou a situação e eles voltaram-se a sala. Os sofás foram mudados de lugar, uma mesa foi colocada no centro e, sobre ela, várias bebidas. Alice trouxe lanches da cozinha, enquanto Wallace tirou um pacote estranho do bolso e o abriu.

– Vocês já vão começar com a droga? – Perguntou Daniela confusa.

– Ainda não pode? – Wallace retrucou.

– Claro que pode, mas meu amigo ainda não chegou.

– Quem? – Helen ficou curiosa, olhando com “aquele olhar” para a pálida. – Está de namorado novo?

– Não é isso, sua boba. É apenas um garoto da minha sala, que mora aqui perto.

– É só um pretendente... – Resumiu Alice, dando risadas.

– Ei, parem com isso. Ele já deve estar chegando e é um pouco tímido. Não o assustem com esses seus jeitos!

– Tá legal, amiga... Não vamos correr seu namorado. – Helen concluiu, se sentando num degrau da escadaria com uma cerveja nas mãos.

Wallace depositou um pouco do pó branco sobre uma estante de madeira e aproximou seu nariz, começando a sugar tudo. Em pé, ao seu lado, Gibson filmava a cena com a câmera aos risos.

– Pra que essa câmera? – Daniela perguntou desentendida.

– Não é minha, é do Wallace. – Gibson assentiu.

O ruivo terminou o que fazia, se levantou e limpou o nariz.

– Achei melhor trazer algo para filmar as coisas macabras que vamos aprontar essa noite. – Explicou, pegando o objeto das mãos do amigo. – Então... Já vamos ir para a cama com as cervejas ou tem alguma coisa pra fazermos antes?

– Ah, é... Tenho uma grande surpresa pra vocês. – Daniela interrompeu o que fazia para alertá-los. – Achei um jogo que com certeza vai deixá-los loucos.

Nesse instante, Rian abriu a porta e foi visto por todos os demais. Enquanto ele entrava de mal jeito com todos os olhares, Helen e Alice riam sorrateiramente apontando para o garoto e para Daniela com um sinal, e os rapazes ficaram quietos.

– Oi, Rian. Estes são os meus amigos.

– Oi, Daniela... Oi pra vocês.

Tony foi chegando perante Rian.

– E ai, cara, tudo bom?

– Tudo... – Rian respondeu meio “por fora”.

– Quer beber um pouco? Trouxe vários tipos de cerveja, um melhor que o outro. Se aguentar uma vodca pode beber o quanto quiser também.

– Obrigado, mas acho que por enquanto fico com a cerveja.

– Gostei de você, carinha. Pode contar comigo pra tudo, mano! Agora vamos beber.

Mal tinham se visto e Rian e Tony já saíram para beber juntos, contando casos que eram desnecessários para os demais saberem.

– Agora que estão todos aqui, aguardem um momento. Vou pegar algo divertido que achei para nós jogarmos. – Daniela explicou, saindo para a escadaria.

– “Jogarmos”? – Wallace repetiu. – Que jogo?

Em pouco menos de um minuto, a garota voltou do segundo andar trazendo uma tábua esquisita de madeira nas mãos. Ninguém reconheceu o que era aquilo de início, então trataram de seguir Daniela até uma mesa, onde ela jogou as coisas para o chão e colocou a tábua.

– Eu... Eu não acredito. – Rian ficou incrédulo ao ver.

– O que é isso? – Helen deu-se de desentendida. – Uma tábua velha de madeira com letras e números?

– Como se joga isso, Daniela? – Perguntou Gibson curioso.

– Em que museu você encontrou essa coisa? – Wallace fez piada. – Nunca vi esse tipo de jogo antes na minha vida.

– É porque isso não é um jogo. – Rian concluiu, chamando a atenção de todos. – É um tabuleiro que permite a quem usá-lo poder comunicar-se com os espíritos.

– Como? – Disseram todos em couro.

– Que maneiro, aê. – Tony se aproximou com sua cerveja. – Eu quero fazer uma sessão!

– Você enlouqueceu? – Helen discordou. – Não ouviu oque ele disse? “Comunicação com espíritos”. Eu não quero correr o risco de ser possuída!

– Ah, que isso, Helen. Até que podia ser legal a gente jogar só uma vez. – Disse seu namorado, Wallace. – Não precisa ficar com medo, eu te protejo. Além do mais, devem ser mentiras e só lendas essas coisas de espíritos. Aposto que nem acontece nada.

– Eu não diria isso se fosse você. – Rian contrariou-o.

– Só está falando isso por causa do medo, né?

– Não estou com medo!

– Então te desafio a participar também.

– Ei, Wallace, Rian, parem. Acalmem-se. – Daniela pediu.

– Eu sei dos riscos, mas vou participar só pra interromper caso forem longe demais.

– Ótimo, todos vão. Só falta você, Danny. – Alice falou. – Por favor, amiga, não seja estraga-prazeres. Aliás, foi você que trouxe o jogo. Agora precisa jogar com a gente.

– Tudo bem.

Todos se agacharam e sentaram-se no chão, envolta da mesa. Tony abriu o embrulho do tabuleiro, colocou-o sobre a mesa e começou a ler algumas regras. Porém, Wallace amaçou o papel e jogou-o para longe.

– Por que fez isso? Não sabemos como se joga! – Gibson gruiu.

– Mas ele sabe. – Wallace apontou para Rian. – Pode começar.

O garoto respirou fundo. Pegou uma pedra de porcelana que estava sobre a tábua e a colocou no centro correto da mesa. Se virou para os demais, que até então o olhavam cheios de dúvida, e explicou:

– Coloquem o dedo no centro da pedra. Vou ler uma pequena frase para entrarmos no jogo. Daí, podem fazer qualquer tipo de perguntas e se atentem nas respostas.

– Parece fácil. – Tony fez o que ele falou.

– Mas não é. – Interrompeu Rian novamente. – De maneira alguma, devem fazer perguntas como “quando vai morrer” ou “com quantos anos vai morrer”. Também não queiram saber quem está do outro lado. E, sobretudo, jamais tirem o dedo da pedra antes de se finalizar a conversa.

– Nossa... Pra uma tábua velha ela é bem complicada. – Ironizou Helen.

– Já estamos prontos, Rian. – Avisou Daniela.

Wallace se levantou quando Rian preparava-se para falar algo, foi até o sofá e ligou sua câmera, deixando-a posicionada para filmar o grupo. Depois, desligou a luz e voltou para o seu lugar.

– Pra que isso? – Sua namorada questionou achando bobagem.

– Com as luzes apagadas, podemos enxergar quem tem medo e quem é corajoso.

– Tanto faz. – Rian interrompeu, tendo a palavra. – “Espíritos do bem, espíritos demais, pedimos para que ouçam nossa voz e com nós venham falar amigavelmente”.

As luzes deram piscadas repentinas que assustaram todos, exceto Rian, que assentiu:

– Que comecem as perguntas!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!