A noite do baile enfim chegou vesti meu lindo vestido e esperei por Jason que chegou pontualmente, fomos para a faculdade, a decoração estava perfeita, a música estava perfeita, várias pessoas já haviam chegado, a maioria das outras turmas, da minha avistei apenas Alisson nerd.

–Que estranho, não estou vendo ninguém da nossa sala.

–Ainda é cedo ele devem chegar mais tarde, Sara vamos dançar.

Jason me conduziu para pista de dança, ele dançava muito bem e estava extraordinariamente sorridente naquela noite.

–Por que esta tão feliz?

–Eu pensei que você viria com o Lucas, ele combina mais com suas exigências de perfeição.

Perfeição. Por que tudo tem que ser perfeito? Por que eu era assim? Respirei fundo e apoiei a cabeça no ombro de Jason e dançamos em silêncio aquela música lenta. Do lado dele não me sentia sozinha, entretanto não tinha certeza se isso era amor. Lucas Lerman chegou sozinho ao baile, mas ele tinha me dito que viria com outra garota.

Resolvi ir falar com ele, no entanto mal dei um passo e todas as luzes se apagaram, o que era isso? Um blecaute? As portas se abriram e um holofote as iluminou, fumaça saia delas. Alguém adentrou ao baile, era uma garota de vestido curto branco. Quem era ela? Ela estava chamando a atenção de todos, estava estragando meu baile, caminhei em fúria em sua direção então as luzes se acenderam e revelaram a moça.

–Beatriz Barros?

Era aquela vadia. No entanto, seu vestido branco e curto estava sujo de sangue, haviam feridas como mordidas em seu pescoço e na sua perna, seus olhos eram vermelhos, todos da faculdade olhavam para ela.

–O que? Por que esta vestida assim?– Ela sorriu e deu um passo pra o lado deixando Maria sapatão entrar, ela estava vestida como Beatriz– O que isso significa?

–Que seu baile é tão ruim que agente morreu e voltamos como zumbis– Maria estalou os dedos e o restante da nossa turma as seguiu todos fantasiados de zumbis.

Eu estava atônita. Com exceção de mim, Jason, Lucas e Alisson todos da minha classe eram zumbis.

–Vocês não podem vir ao baile vestidos assim! Não é um baile a fantasia! É meu baile perfeito! E vocês estão o estragando!– Fiquei histérica e gritei feito doida, toda a faculdade em silêncio me observando– Vocês estão expulsos do meu baile!

–Não é seu baile, é o baile de fim de período da faculdade– Começou Beatriz– Se não esta gostando pode ir embora.

–Será que ela vai dar outro vexame?

–É né? Que nem aquela vez que ela beijou o Alisson, a Beatriz e ainda deu uns amassos na geladeira com o Jason e o Lucas.

–É mesmo uma vadia.

Eu estava furiosa, dei um passo pra frente, mas fui detida por Lucas que me segurou pelo braço.

–Não perca a calma– Ele encarou Maria, então olhou para Martha e para os dois viciados em games– Por que vocês se envolveram nisso?– Martha olhou para baixo envergonhada, mas Maria não teve a mesma atitude.

–Por que quisermos! Você não manda na gente senhor manipulador e mentiroso. Chegou como quem não quer nada formou esse grupo e depois nos trocou por uma garota soberba e vazia que nem gosta de você.

–Olha aqui sua Maria sapatão você não tem o direito de falar assim com o Lucas– Comecei– Ele não é nenhum manipulador, tão pouco mentiroso, ele é incrível! Ele olhou pra você e para os outros excluídos da classe e enxergou suas qualidades, olhou para o que vocês tinham de melhor, Lucas é esse tipo de pessoa.

–Você tem razão– Maria sapatão me encarou com lágrimas nos olhos– Você é o problema, você esta tentando tira-lo da gente e querendo muda-lo, ele é perfeito do jeito que é!

–Maria... –Tentou dizer Lucas.

–Você esta enganada Maria– Disse calmamente Beatriz– A saraberba não presta isso é um fato, mas Lucas Lerman é tão ruim quanto ela, ele não passa de um mentiroso afinal esconde seu passado dos seus supostos amigos, eu andei pesquisando e descobri que o pai dele...

Me atacar? Tudo bem. Me xingar? Tudo bem. Mas atacar o Lucas era diferente, não acredito que Beatriz descobriu o passado dele e estava há segundos de expô-lo na frente de todos, vi a face do Lucas seu sorriso desapareceu e pude ver seus olhos encherem de lágrimas ao se dar conta do que Beatriz estava prestes da dizer, Jason estremeceu ao meu lado também se dando conta. Simplesmente eu não podia deixar aquilo acontecer, então dei um soco na cara dela com toda a força que consegui juntar e a derrubei.

–Cala a boca!– gritei. Beatriz se levantou furiosa.

–Peguem ela, eu quero a cabeça dela!

No impulso do momento comecei a correr seguida por toda minha turma. Saí do baile e corri pelos corredores da faculdade.

Nunca imaginei em passar por uma situação dessas, pensei que essas coisas só aconteciam em filme. Tropecei, mas rapidamente me levantei e continuei a correr, ousei olhar para trás e avistei aquela horda de mortos-vivos que me perseguiam, zumbis que queriam devorar minha pele perfeita, eles estavam cobertos de sangue e fuligem, seus dentes tinham pedaços de carne humana.

–Já chega!– Gritei parando de correr e me virei para a horda– Chegou a hora de matar zumbis Raaaaaaaa!– Corri furiosa em direção aos mortos-vivos e mergulhei para a morte, me joguei contra o zumbi mais próximo: Beatriz Barros.

Cravei as mãos naqueles cachos volumosos e os puxei o mais forte que pude, da última vez que brigamos ela apanhou de propósito para dar um de vítima, mas dessa vez ela estava furiosa e me atacava como uma verdadeira zumbi faminta por sangue.

–Sara!– Ouvi Jason gritar, ele estava tentando me alcançar, mas a multidão não deixava.

Beatriz agarrou meu vestido e o puxou rasgando meu busto deixando a mostra meu sutiã. Soltei seu cabelo e dei um tabefe na cara, eu estava ganhando, mas outro zumbi se jogou contra mim me derrubando.

–Sua ladra de amigos miserável!– Era Maria.

Mal me levantei e Beatriz me empurrou contra os armários, a multidão gritava:

–Cérebro! Cérebro! Cérebro!

Beatriz agarrou meus cabelos e Maria socou minha barriga e eu babei. Eu sou perfeita não vou perder para elas! Tentei segurar o cabelo de Maria, mas ele era curto de mais, que seja! Agarrei a cabeça dela com as duas mãos e a bati contra o armário, fez-se um estrondo e ela caiu no chão. Beatriz cravou as unhas no meu rosto arrancando um pedaço, aquilo ia deixar uma cicatriz no meu rosto perfei...

–Que se dane a perfeição!

Dei um soco na cara dela e depois outro no queixo, ela recuou.

–Me ajudem idiotas!

Os dois viciados em games seguraram meus braços, tentei me soltar mais foi inútil, olhei para a multidão a procura de Lucas e Jason, mas eles não conseguiam se aproximar. Beatriz sorriu e partiu pra cima de mim, fechei os olhos quase sentindo a dor e então ouvi o barulho de alguma coisa caindo no chão, abri os olhos e a zumbi morena estava caída e encarando chocada alguém na minha frente.

–O que pensa que esta fazendo Alisson Nerd? Como ousa me empurrar?

–Da mesma forma que você ousa mandar segurarem alguém para espanca-la sua louca.

–Eu devia saber que você ia ser um problema, você não suporta o fato de eu ter te superado nas notas.

–Isso não tem nada a ver com as notas, estou sim chateado com isso, mas não saio por ai batendo nas pessoas.

–Você acabou de me empurrar.

–Para impedi-la de machucar a Sara.

–Você quis dizer a saraberba.

–Não. Eu quis dizer Sara mesmo.

Não sei quem estava mais surpresa a Beatriz ou eu mesma, afinal pensei que ele me odiasse e agora esta me protegendo?

–Seu viado nerd de merda!

Beatriz se levantou e deu uma bofetada na cara dele derrubando seus óculos. Ela olhou pra baixo e ia pisar neles quando uma mão enorme segurou seu pé e o puxou com força a fazendo cair de bunda. Essas mesmas mãos enormes pegaram os óculos e entregaram a Alisson.

–Martha?– Diz ele.

–O que você esta fazendo?– Quem falou incrédula dessa vez foi Maria– De que lado você estar?

–De lado nenhum, só acho isso errado, eu não gosto da Sara e também sinto raiva dela ser amiga do Lucas, mas isso é ridículo, o Lucas pode ser amigo de quem ele quiser, ele me fez me sentir especial e sei que também devo ser pelo menos um pouquinho especial pra ele e não estou disposta a perder a amizade dele por ciúmes.

Nunca a vi falar tanto. Os viciados em games me soltaram. Finalmente Lucas e Jason conseguiram passar pela multidão e me alcançaram.

–Toma se cubra– Jason me deu seu casaco.

–Agora todo mundo vai defender essa vadia fútil?– Gritou Beatriz– Vocês se esqueceram como ela olha para todos nós? Como ela se acha superior? Por culpa dela eu perdi minha melhor amiga! Emily Eliot agora é uma foragida da justiça por culpa dela!

–Emily era uma maluca psicopata que quase nos matou– Diz Lucas.

–Cala a boca filho de traficante!

Todos se calaram, simplesmente não sabia o que dizer, o Lucas estava tremendo ele ia desmoronar a qualquer momento e eu não podia fazer nada, mas o Jason tomou a iniciativa.

–O chame disso de novo e eu juro por Deus que esqueço que você é mulher e quebro sua cara– Todos ainda estavam calados, estavam chocados ou com medo da violência na expressão facial e na voz de Jason– Você não faz ideia do que ele passou, você não pode chegar e gritar para o Lucas esse tipo de coisa, talvez ele seja mesmo filho de traficante, mas isso não muda o fato dele ser uma pessoa maravilhosa e em compensação você Beatriz Barros é uma pessoa desprezível.

Lucas estava chocado olhando para Jason, dei um passo e me pus ao seu lado e segurei sua mão.

–Esta tudo bem Lucas não precisa ficar com medo– Ele me olhou nervoso– Não precisa sorrir por medo, eu estou aqui com você e o Jason também e... A Martha– A garota monstra me olhou confusa– Você tem muitos amigos que se importam com você Lucas, ninguém não esta nem ai se seu pai era traficante, assassino ou reencarnação do Hitler, o que importa é que todos nós gostamos de você.

Todos me olhavam e de repente Beatriz começou a rir, a rir muito alto.

–Vai dar uma de boazinha agora por acaso?

Limpei o sangue do meu rosto, olhei para minhas mãos machucadas e cheias dos cabelos de Beatriz, olhei para meu vestido todo estragado, toquei meu cabelo, eu devia estar um horror, então por que estava me sentindo tão bem? Sorri e Lucas cochichou:

–Esta tentando usar minha tática do sorriso?

–Não.

Lembrei-me de mim mesma brigando agora a pouco, eu havia gritado: “Que se dane a perfeição”.

–Me desculpem– Eu disse.

–Esta pedindo desculpas pra gente?– Perguntou incrédula Maria.

–Sou tão desprezível quanto a Beatriz, eu tratei todos vocês mal, tratei mal todos que já conheci na minha vida, eu estava errada eu não sou perfeita– Respirei, foi como tirar um peso enorme das minhas costas– Eu não sou perfeita. Alisson!– Me virei bruscamente e todos seguiram meu olhar– Você é muito inteligente e dança muito bem.

–O que?

–Cansei de olhar para os defeitos das pessoas, agora eu entendo– Olhei para Lucas– Finalmente entendo, estou feliz por ter amigos, estou feliz por ser meu amigo Lucas você é a melhor pessoa que eu já conheci. Martha você é corajosa e fiel, mesmo não gostando de mim me defendeu pôr eu ser amiga do seu amigo obrigada.

–O que esta fazendo?– Rugiu Beatriz.

–Maria seu cabelo mesmo sendo curto é lindo. Jason você é muito violento, mas quando se trata de amizade é o melhor amigo que se pode ser. Desculpem-me todos! Prometo não ser mais assim egoísta e soberba, talvez eu demore um pouco para mudar, mas prometo que antes da nossa formatura serei uma pessoa melhor!

Abaixei a cabeça e então ouvi alguém aplaudindo e depois outro e outro e logo todos estavam me aplaudindo. Vi o sorriso do Alisson, da Martha, do Lucas, dos viciados em games que vou me esforçar pra lembrar os nomes, o sorriso do Jason.

O baile continuou dali, todos voltaram para se despedir das pessoas de quem gostavam, era o último dia de aula do segundo período. Beatriz foi embora furiosa, Maria foi se desculpar com o Lucas e com a Martha, mas ela nem olhou pra mim, o Jason foi se despedir dos seus agregados. Eu ia embora de taxi, Lucas e Jason queriam me acompanhar, mas insisti que eles ficassem no baile.

Fui para casa tirei meu resto de vestido, tomei banho, desembuchei meu cabelo e deitei sorrindo feliz, as imagens de Alisson me defendendo, de Martha defendendo Alisson, de Jason defendendo Lucas não saiam da minha cabeça. Amizade. Era isso que eu precisava, dormi sorrindo e sabendo que depois daquela confusão eu seria uma pessoa diferente. Quero me esforçar para fazer mais amigos na sala e para ser o mais feliz que eu puder.