Geração Pamerval - A história do início ao fim escrita por Sophie Carsifur


Capítulo 80
Capítulo 80


Notas iniciais do capítulo

Quebrei um pouco a frequência... Porque ontem passei o dia inteiro na aula de robótica, não tive como escrever e postar ontem mesmo >
Boa Leitura!!



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Por Herval:


Eu estava acabado, destruído, mas isso não importa. O que importa é que tudo o que eu mais queria era que a Pamela ficasse bem, que ela saísse daquela cirurgia com vida, embora suas chances fossem as mais mínimas possíveis.

–Herval, vamos entrar, esperar por notícias lá dentro! Venha, eu te ajudo. – Megan tentava me ajudar a levantar do chão, me incentivava, fazia força, mas eu queria estar ali, eu me sentia tão insignificante que não era digno de levantar daquele chão. – Vamos... Mom precisa de você...

–Mas eu não sou capaz de fazer nada para salvar a vida da sua mãe, Megan.

–É sim! Mais do que você pensa! Ande, vamos entrar... – Cedi, me levantei lutando contra mim mesmo e completamente derrotado, entrei juntamente com ela. Me joguei no sofá da sala de espera e num instante a vi chegar com um copo d’água e um comprimido. – Tome, isso vai te acalmar...

–A única coisa capaz de me acalmar é saber que a Pam está bem.

–Mas enquanto você não tem essa notícia, tome isso, please...! – Megan estava sendo tão madura e sóbria, que eu não queria fazer ela se descontrolar. Peguei o copo, o comprimido e contra vontade, o tomei. Ela sorriu desanimadamente e logo se sentou ao meu lado dizendo que tudo ficaria bem. Eu, sinceramente esperava que aquilo fosse verdade.

Após alguns minutos, comecei a sentir as pálpebras pesadas, o corpo implorar por descanso... Eu lutei contra o sono, abria os olhos com vontade, esfregava os olhos para manter-me desperto, mas foi em vão, o calmante era forte e eu acabei apagando no sofá mesmo.

(...)

–Cadê ela? Como é que tá a Pamela?! – Era umas 11h00min da manhã, quando o Ernesto chegou lá, com a maior cara de preocupado.

–Não sei. O médico sequer se deu o trabalho de vir aqui. – Respondi, ríspido, mas por incrível que pareça, não com a sua presença, mas com a maldita demora do médico.

–Ele está vindo aí! – Disse Megan, mexendo no cabelo nervosamente, enquanto aquele senhor de cabelos grisalhos, se aproximava. – E então doutor, pode falar. Nós estamos preparados. Qual é a notícia? – O que?! Ela que falasse por ela! Eu não estava nem um pouco preparado, eu estava desesperado! Isso sim!

–Bom, eu confesso que entrei naquela sala sem a menor esperança, o processo foi lento, trabalhoso, perigoso... Ela teve várias complicações, a pressão caiu, ela quase teve uma parada e... – Eu só esperava a pior das notícias. Fechei os olhos, sentindo o coração parar dentro o peito, quando ele completou a frase: - Mesmo em meio a tudo isso, ela sobreviveu. A cirurgia foi um sucesso! –Abri os olhos de uma só vez, sentindo o coração voltar a bater brutalmente e aceleradamente.

–O que? – Eu custei a acreditar.

–É isso mesmo que o senhor ouviu, Sr. Domingues! Estou impressionado até agora! É muito raro um paciente sobreviver após uma cirurgia desse risco. – E o sorriso que eu abri foi maior que a via Láctea. Olhei para Ernesto, para Megan e ela, com lágrimas nos olhos, se jogou em meus braços, num abraço profundamente aliviado.

–E-e-e como é que ela tá agora, doutor? – Perguntou Ernesto.

–Ela está na UTI. A cirurgia foi um sucesso, mas ainda tem todo um processo até ela poder voltar para o quarto. Ainda está bem debilitada...

–E eu posso vê-la? – Perguntei num impulso.

–Infelizmente não. Ainda é cedo, a cirurgia acabou agora a pouco! – Lamentei, mas o que importava era que ela estava fora de perigo.

–Mas, e agora, o que é que eu fico fazendo? Vou acabar tendo um troço de tanta ansiedade!

–Eu o aconselho a ir para casa, dormir, descansar, se alimentar direito... Porque se o senhor quer estar saudável quando sua mulher acordar, precisará ter feito tudo isso.

–Mas eu não posso...

–Pode, e vai! – Disse Megan. – Não adianta contestar, desde que Mom está aqui que você não sai desse hospital! Eu fico aqui com ela... Prometo que qualquer novidade eu te aviso.

–Mas você também precisa ir pra casa, Megan, podem deixar que eu fico! – Retrucou Ernesto. – Eu cheguei agora pouco, comi, dormi, descansei, tenho total condição de ficar aqui. Vão os dois para casa, está decidido. – E eu tinha forças para recusar? Além de tudo, eu tinha que dar o mínimo de atenção ao Quim, coitado, que estava a esmo de tudo aquilo. O agradeci, sinceramente, e eu e a Megan fomos para casa.

Chegando lá, já ouvi a vozinha do Joaquim, me chamando.

–Papai!! – Vinha correndo em minha direção e se atirou em meus braços. Aquilo foi um segundo alívio para mim. Ter meu filho ali, abraçado a mim, era a melhor maneira de retomar as forças.

–Você não foi para a escola, meu pequeno? – Perguntei.

–Não, hoje é sábado, papai, esqueceu? – Eu estava tão alheio que havia esquecido daquele detalhe.

–Ah é mesmo! – Forcei um sorriso.

–A tia Dorothy falou que a mamãe tá doente... O que ela tem, papai?

–Vamos deixar o papai tomar um banho, comer e descansar primeiro, Quim, han?! – Dorothy me salvou daquele embaraço. – Depois ele te conta como a mommy está, okay?! – Acenou que sim e me abraçou, docemente.

–Vá descansar... Mas depois você me leva pra onde a mamãe tá?

–Levo, meu filho, levo... – Disse lhe afagando os cabelos e caminhando para o quarto, sabendo que a Megan trataria de contar tudo a Dorothy. Eu entrei no quarto e senti algo estranho... A cama estava impecavelmente arrumada, mas eu preferia mil vezes ver a Pam dormindo nela, aninhada a mim.

Tirei a roupa, jogando-a em qualquer canto do quarto e fui direto para o banheiro, onde passei no mínimo 30 min. Eu estava feliz e preocupado, agradecido e receoso, impressionado e revoltado... Precisava organizar as minhas emoções urgentemente! Pamela precisaria de seu “hubby” em perfeito estado, quando acordasse. A água me escorria pelos cabelos, rosto e corpo, e consigo carregava tanta coisa ruim, que até então estava incrustrado até na minha alma. Ao desligar o chuveiro e enrolar uma toalha na cintura, me dirigi ao quarto que parecia o dobro de vezes maior do que eu sempre achei que fosse.

Sem a Pamela ali, tudo era muito vazio, eu era um vazio!

Me sentei na cama, implorando por um pouco de sanidade, quando avistei ali em cima, dobrada, uma das camisolas favoritas da Pam e era a que ela havia usado na última noite em que dormira em casa. Um misto de ternura e saudade me invadiu e eu a peguei, com carinho. Era de seda finíssima e comportava um tom de azul que era tão profundo quanto o desejo que eu tinha de vê-la no corpo da Pam novamente. Numa tentativa de fazê-la mais junto a mim, levei a peça ao nariz e inspirei com urgência seu perfume. Ele estava ali, intacto tão presente como sempre fora e me fazendo sentir um calor no coração como que confirmando que ela voltaria a usa-la e que aquele cheirinho doce da mulher que eu amo, seria sempre renovado pela própria.

Acabei adormecendo, agarrado àquela camisola e sendo acordado 3 horas depois, pela Dorothy que carregava consigo uma bandeja.

–Eu trouxe essa comida pra você... A Pam vai precisar de você bem forte! – Disse colocando a bandeja em cima da cama, me advertiu em relação ao Quim, na maneira certa de lhe falar da situação da Pam, e saiu do quarto, me deixando ali com a missão impossível de engolir tanta comida.

–Papai, o que a mamãe tem? – Quando eu já estava alimentado e descansado, fui para a sala onde o Quim me esperava com essa pergunta na ponta da língua. Olhei para a Megan e para a Dorothy, tentando encontrar as palavras certas e sentando ao seu lado no sofá, comecei:

–A mamãe, Quim... Ela... Ela tá no hospital. – Eu não podia mentir para ele, Joaquim, por mais pequeno que fosse, merecia a verdade! - Ela teve um problema com o carro, quando tava voltando pra casa e acabou se machucando. Ai agora tem um médico que tá cuidando dela pra fazer ela voltar pra casa o mais rápido possível!

–E ela se machucou muito? – Me perguntou inocentemente.

–Machucou... Machucou bastante... Mas o que importa é que agora ela tá ficando bem e já, já tá em casa de novo.

–Eu posso ver ela? Porque se eu pedir pla ela ficar boa logo, ela fica... – Quanto mais eu tentava me livrar, mais perguntas difíceis ele me enfiava e ao mesmo tempo me enxia de ternura com o que dizia.

–Eu acho que não, meu filho... Criança não pode entrar onde ela tá...

–Mas eu não sou criança! Eu sou um homem! – Sorri sereno.

–É... você é um homem... – Afaguei seus cabelos. – Mas o homem aí não pode entrar lá, porque embora você seja um homem, só tem 4 anos de idade.

–Mas eu queria tanto...

–Eu sei meu filho... Eu sei... – Lhe dei um abraço e tentei lhe convencer a se conformar a não ver a Pam por enquanto. Ela provavelmente estava conectada a vários aparelhos, eu não queria que ele a visse naquele estado.

Voltei correndo para o hospital, onde recebi a notícia de que o quadro da Pam tinha melhorado e de tanto eu insistir, deixaram eu ir vê-la.

–Oi, meu amor... – Comecei a falar sussurrando. – Eu tô aqui viu... – E segurava sua mão suavemente. – Eu... Eu vou estar sempre do seu lado... – E eu a olhava por completo, o pé ainda estava engessado, as feridas ao menos estavam todas cicatrizadas, o pescoço não se encontrava com o colar cervical, mas a cabeça estava enfaixada. Tinha algo ligado a sua veia e antes estava com aquelas mangueirinhas no nariz, mas com sua melhora, não precisava mais. Senti a garganta apertar. – O Joaquim... Ele... Perguntou por você... Ele tá morrendo de saudades, Pam...! Assim como todos nós...

–Sr. Herval, o tempo já acabou... – Disse a enfermeira, da porta. Acenei e voltei a me dirigir a Pam:

–Volta logo pra gente tá...?! Eu te amo. – Conclui, me despedindo e totalmente contra vontade, indo embora.


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Notas finais do capítulo

Continua...



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