Geração Pamerval - A história do início ao fim escrita por Sophie Carsifur


Capítulo 78
Capítulo 78


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura!!



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Por Ernesto:


Ela estava toda ferida, sangrando, tinha vidro espalhado em cima dela e estava desacordada. Não consegui não chorar e quando tirei o celular do bolso para tentar ligar para a ambulância, tremia tanto que nem consegui fazê-lo, quando senti a mão de alguém tocar meu ombro.

–Eu já liguei para a ambulância, ela já tá chegando, fica calmo... – Se tratava de um homem, de olhar complacente, de terno, parecia estar voltando do trabalho.

–M-muito o-obrigado... – Gaguejei, tentando me controlar. E a cada segundo que eu olhava para a Pamela ali, naquele carro, provavelmente com imensas dores, com cortes em todos os lugares, talvez com algum osso quebrado... eu sentia uma coisa tão ruim, uma impotência avassaladora! Eu queria tirá-la dali, queria cuidar dela, mas sabia que não podia tocá-la, que sua situação poderia piorar se movesse um músculo sequer.

Então aos poucos me agachei, com as mãos na cabeça e escondendo os olhos vermelhos e o choro. Ela não podia morrer... mesmo que nunca fosse minha, mesmo que ela amasse o Herval e que eu vivesse sustentado por aquele amor platônico, eternamente, ela não podia morrer... o mundo ainda precisava daquele sorriso, ainda precisava ver aquele rostinho lindo e reconhecer a mulher maravilhosa que ela era. Os filhos dela precisavam da mãe deles, o Joaquim, principalmente! E mesmo que eu nunca fosse muito com a cara do Herval, como ele ficaria? Eu sabia que ele era completamente louco pela Pamela e... não suportaria essa perda. Se para mim seria morte em vida, para Herval o que seria?!

Ouvi o barulho ensurdecedor da ambulância chegando e me levantei imediatamente, enxugando as lágrimas. Mandaram eu me afastar e enquanto eu parecia estar anestesiado, parado, esmo, eles a tiravam de dentro do carro, com todo o cuidado do mundo e colocavam-na sobre a maca, completamente imobilizada.

–E-eu vou com ela! Eu sou um a-amigo próximo dela! – Falei quando começavam a coloca-la dentro da ambulância.

–Ok, você vem acompanha-la, mas ligue para a família! – Disse um dos médicos, me deixando entrar também e ficar ao lado da Pamela, que estava sendo cuidada por eles.

Chegamos no hospital. Sem muitas informações, levaram-na para algum lugar e me fizeram preencher alguma coisa lá, mas eu tremia tanto que mal conseguia segurar a caneta. Tinha que ligar para a família da Pamela... peguei o celular com dificuldade e lá estava na lista, o número da Megan.

–A-alô? Megan?

–Hi, Ernesto! Como vai?

–Vo-você tá em casa? – Não tinha como eu lhe responder, se não conseguia descrever meu estado.

–Yeah! Estou, por que?

–M-Megan, eu tenho uma co-coisa pra te contar, mas v-você tem que ser forte...

–O que aconteceu, Ernesto?! Alguma coisa com Davi?!

–N-não! O Davi está bem... o problema é com sua mãe...

–Mom?! O que tem ela? Tell me! Não me esconda nada, Ernesto!

–E-ela sofreu um acidente de carro, Megan.


Por Herval:

Estávamos todos esperando a Pamela para jantar, muito preocupados, quando Megan recebeu uma ligação daquele moleque, dando notícias da Pam.

–What?! Acidente? – Megan falou em voz alta, arregalando os olhos e aquilo foi como uma facada súbita no meu peito.

–Acidente? – Repeti, baixinho, atordoado. Fiquei esperando ela terminar de falar com o Ernesto no celular e então ela falou:

–P-parece que mom... mom sofreu um acidente grave, Herval! – Disse chorando. Dessa vez foi como um tapa imaginário, na minha cara, um soco no estômago e um tiro na cabeça.

–Acidente grave? Onde? Em que hospital ela tá?! – Perguntei tentando manter as lágrimas nos limites dos olhos, mas em vão, o choro se apossou de mim e levantando da cadeira, queria ver a Pam o mais depressa possível.

–Eu levo a gente lá! –Disse enxugando as lágrimas. Eu acenei, afinal, não teria condições para dirigir.

–Eu fico com o Joaquim! Não se preocupem. Apenas me mantenham informada. – A Dorothy falou, evidentemente preocupada, mas tentando se manter serena ao máximo!

Megan tirou o carro da Dorothy da garagem e fomos para o hospital. No caminho eu enterrei as mãos no cabelo, com as lágrimas insistindo em cair. Eu sentia uma dor muito forte e aguda, no peito, minha respiração se tornava difícil, pois já estava com o nariz entupido de tanto chorar ali.

–Calma, Herval, mom vai ficar bem, right?! – Megan tentou me acalmar, mas eu não consegui fazê-lo. Eu tinha sido forte todo esse tempo e na hora em que a Pam mais precisava que eu o fosse, estava desabando daquele jeito, como o muro de Berlim!

Era medo, pavor, desespero! Eu não podia perder o amor da minha vida! Não podia perder a mãe do meu filho, a mulher que eu amava. Não existia a possibilidade de eu aceitar aquela hipótese. A possibilidade de ela morrer não podia entrar na minha cabeça porque me enlouquecia! Me tirava o rumo, me desaprumava, eu ficava sem chão! Se ela morresse, eu morreria junto. Minha cabeça parecia uma tormenta, parecia que tinham me demolido internamente e instantaneamente! Tudo em mim pesava toneladas, principalmente o coração.

Chegamos. Saí apressado do carro, quase correndo, e a Megan tentava me alcançar.

–Cadê a Pamela? Como ela tá? – Fui logo perguntando, assim que avistei o Ernesto. Era óbvio que fiquei incomodado com ele, eu que deveria estar ao lado dela naquele momento, mas eu teria uma dívida eterna com aquele moleque sem noção e as nossas diferenças, ali, não importavam de nada.

–Eu não sei... por isso olha o estado das minhas unhas! Roí todas! Que droga de hospital é esse que não tem ninguém para dar uma informação?!

–Calma, gente! Devem estar cuidando dela... Logo, logo alguém chega com notícia! – Quem diria...? A Megan estava sendo a mais serena ali. Estava mesmo sofrendo uma transformação incrível! Ou tinha dado curto circuito cerebral e estava agindo estranhamente, mas eu preferia acreditar na primeira premissa.

–Olha o doutor aí! – Disse o Ernesto, se dirigindo a um senhor de cabelos parcialmente grisalhos, que se aproximava.

–Como é que ela tá, doutor?! E-eu sou o marido dela, e essa é a filha... – Falei. – Não nos esconda nada, por favor!

–Bom, o quadro dela não é dos melhores, mas também não corre risco de vida. O acidente foi grave, pode acreditar que estou impressionado! Qualquer um teria morrido! É incrível ela ter sobrevivido com tão poucos problemas! Ela está com muitos ferimentos espalhados pelo corpo, por causa dos vidros, ela bateu com a cabeça e por isso ainda está desacordada. Com tantos impactos causados pelas capotagens do carro, ela deu um péssimo jeito no pescoço, mas se passar uma semana, no máximo, usando um colar cervical, logo fica boa! E também... teve uma fratura no pé. Vai precisar ficar engessado. – Eu consegui respirar finalmente, um pouco aliviado, já que ela não corria risco de vida, é claro que ela não morreria! Pamela Parker Domingues não é qualquer pessoa... Ela é a minha gringa, forte, guerreira, não deixaria a vida sem me dar um adeus ou sem ver o Joaquim crescer e a Megan casar!

–E eu posso vê-la? – Perguntei.

–Ainda não, por estar desacordada, o melhor é que fique apenas em companhia de nós médicos, mas tenha paciência, logo, logo você poderá vê-la. Com licença. – Disse nos dando as costas.

–Graças a Deus ela não tá em perigo! – Ernesto falou com um curto sorriso.

–Yeah! Eu não disse, Herval?! – Disse Megan, com um sorriso maior.

–Disse, Megan... Disse... – Lhe respondi, sentindo o coração perder aquele peso todo que estava, antes de saber do estado da Pam e desejando a cada instante, vê-la.

–Bom, eu não avisei em casa que ficaria fora, a Pamela já tá bem... acho que eu vou indo... Não tenho mais o que fazer aqui... vocês me avisam quando ela acordar? Eu quero vê-la... – Tive que engoli meu ciúme a seco, por conta da gratidão, e eu respondi:

–Pode deixar, a gente avisa... – Ele ficou evidentemente surpreso e ia se virando, quando eu percebi sair da minha boca, inconscientemente: - Ernesto, obrigado.

–Imagina... Era meu dever... com licença. – Deu um sorriso forçado e foi embora.

–Vou ligar para Dorothy! Avisar que mom está bem! – Disse Megan, com o celular na mão e dando uns passos para trás mostrando que se retiraria para falar num lugar melhor. Acenei positivamente e fui me sentar num sofá.

Ali, sentado, suspirei profundamente. Então minha vida não acabaria, meu amor estava vivo, na medida do possível, bem, e eu cuidaria dela melhor do que aqueles médicos... minhas forças estavam sendo devolvidas, e agora, mais do que nunca, eu precisava delas. Mas uma coisa ficou martelando na minha cabeça... O que provocara aquele acidente? Pamela sempre dirigiu tão prudentemente, o que fez com que o carro ficasse desgovernado?

Quando a Pam estivesse 90% recuperada, eu lhe perguntaria... agora tudo o que me importava era esperar ela acordar! E eu não arredaria o pé daquele hospital, até isso acontecer! Com os olhos perdidos em algum lugar daquela sala de espera, eu me afogava num turbilhão de sensações. A vida é tão frágil... em momento algum no início daquele dia, eu imaginei que estaríamos passando por aquilo. Em momento algum eu pensei na possibilidade de perder a Pam. Em pensar que eu poderia ter ficado sem ela sem ao menos dizer uma última vez que a amava... me dava um nó tão incômodo na garganta... A Megan voltou, e se sentou ao meu lado.

–Vai pra casa, Megan... Eu passo a noite aqui com ela... – Falei lhe dando um empurrãozinho com o ombro.

–No, vou ficar aqui, com você, esperando mom acordar! – Respondeu, me dando um empurrãozinho igual e pousando a cabeça no meu ombro, filialmente.

Não dormimos nada! Eu só fiquei imaginando como estaria o Quim. Por sorte ele estava no quarto, na hora em que Megan recebeu a ligação do Ernesto, mas óbvio que sentiria sua falta e perguntaria por ela. Eu vi o dia raiar! E cada segundo parecia uma eternidade. Cada hora que eu via o médico aparecer, lhe pedia notícias da Pam, mas eram todas as mesmas, ela ainda estava desacordada. Passei o dia inteiro lá, Megan foi pra casa e voltou várias vezes e eu não saí de lá, na expectativa de que ela acordasse e eu finalmente pudesse ir vê-la. Não faltava muito tempo para começar a anoitecer quando o médico veio falar comigo.


Por Pamela:

Depois de não ver mais nada, agora uma luz forte incomodava os meus olhos. Comecei a abri-los gradativamente e do mesmo modo eu começava a me acostumar com a claridade. Já com os olhos completamente abertos, o fiz percorrer todo o lugar em que eu me encontrava. Era claro que era um hospital. Eu não havia morrido afinal! Mesmo que sentisse uma dor imensurável no pescoço, em todo o corpo e uma agulha me estivesse incomodando na veia, eu me sentia bem... Jonas não iria conseguir vencer o poder do meu amor pela minha família!

Afinal, voltaria a ver my Family e não deixaria de fazer tudo o que eu queria. Eu voltaria a ver Herval! E por pensar nele, quis vê-lo imediatamente! Queria ver my love! Por sorte, uma enfermeira havia acabado de entrar no quarto em que eu estava, para trocar o soro, viu que eu havia acordado. Eu ia abrir a boca para pedi-lhe para ver Herval, mas ela logo saiu e voltou com o médico que provavelmente estava cuidando de mim.

–Her...Herval... eu quero ver meu hubby... – Falei num sussurro, com muita dificuldade de pronunciar essas palavras.

–Ele está lá fora, eu já vou chama-lo. Antes deixa eu dar uma olhada em você... – E passou longos minutos me examinando. Eu só queria Herval! Ele me faria ficar boa... depois ele e a moça saíram do quarto e eu fiquei um pouco inerte, levantei um pouco os braços e pude ver o quanto eu estava arranhada, machucada... feridas superficiais, mas me incomodavam muito! Esteticamente falando porque me deixavam horrível e embora superficiais, ardiam, doíam bastante!

–Pam...? – Vi uma cabeça aparecer na porta e aquela voz era inconfundível, meus lábios logo abriram um sorriso.

–Honey... – Sussurrei e ele entrou totalmente no quarto e caminhou ficando ao meu lado.

–Você tá bem, meu amor? – Pegou minha mão e a beijou, em seguida pousou a sua carinhosamente em meus cabelos.

–Agora estou... – Respondi. Seus olhos estavam um pouco avermelhados, com certeza havia chorado e eu não queria ver meu hubby triste. – Mas também estou horrível, right?! – Brinquei. – Com tantos arranhões, ferimentos, com esse colar cervical... não consigo nem te olhar direito!

–Continua linda... aliás, mais linda do que nunca, com esse colar! – E um silencio se fez após eu sorrir. – E eu que cheguei a pensar que nunca mais ia... – Custou a completar a frase, mas terminou, deslizando o polegar pelos meus lábios que estavam um pouco ressecados por sinal: - Nunca mais ia ver esse sorriso de novo... – E aquelas palavras me deram um frio na barriga. - Eu tive tanto medo, Pamela...

–Me too, baby... Eu achei que não ia mais poder te dizer o quanto eu te amo... E é por isso que a partir de agora eu vou dizer todos os dias! Nunca se sabe quanto tempo a gente tem de vida right?! – Ele sorriu, sereno, e acenou que sim. – E Joaquim? E Megan?

–Estão em casa, como você ainda tava desacordada, não podiam vir, mas agora... – Fiquei feliz com isso. – Ah! E o Ernesto...

–O que tem ele?

–Foi ele que te salvou, Pam... Foi ele que te encontrou, se não fosse por aquele moleque, você...

–Eu poderia estar morta. – Completei. – Então Ernesto foi meu anjo da guarda?

–Foi...

–Preciso agradecê-lo o mais rápido possível!

–Você vai... Já, já eu ligo pra ele vir aqui, mas por enquanto o que você vai fazer é descansar!

–Oh really?! Você me manando descansar, Herval Domingues? – Fez cara de que não entendeu a ironia. – Logo você que quando esteve no hospital, era o doente mais “agitado” do local?!

–Ah não queira comparar... A minha agitação foi depois de uma semana e de uma maneira completamente diferente! Você acabou de acordar e já quer ver e falar com todo mundo! – Não fiz muito caso do que acabara de dizer estava ocupada demais gargalhando com as lembranças daquela época. – Do que você tá rindo? – Fazia-o rir também, mesmo sem saber do que.

–Daquele dia em que... O aparelho que estava em você começou a fazer barulho, quando nós... – Demos mais uma gargalhada, quando não terminei a frase. – Ai, ai, ai... – Meu pescoço doeu.

–Tá vendo! Fica quieta fica... – Falou, ainda sorrindo. – Deixa esse pescoço paradinho que é pra você ficar boa logo... Eu vou cuidar de você... – Tentei controlar o riso, cerrando os lábios, e ainda que achasse aquilo extremamente fofo e o amasse casa segundo mais, não conseguia olha-lo e não sorrir!

–Você é crazy, Herval Domingues! E quando o médico chegou, você me assustou por um instante! Um verdadeiro ator!

–Ué, foi uma ótima experiência! Não foi?

–Yeah!! Inesquecível, Sr. Domingues! Inesquecível! – E depois de mais alguns sorrisos, nos olhávamos intensamente, quando senti uma pressão muito forte em minha cabeça, cerrando os olhos, forte.

–Tá tudo bem, Pam?

–Yeah... É só uma dor de cabeça...

–Quer que eu chame o médico?

–No, não precisa... Eu só quero você aqui comigo... - Herval se inclinava e depois de me dar um beijo na testa, voltou a acariciar meus cabelos, cantando aquela canção de ninar, que me fez lembrar minha infância de novo e aos poucos, olhando em seus olhos, sentia as pálpebras pesadas e quando menos esperei, caí num sono profundo.


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Notas finais do capítulo

Continua...



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