Por Herval:

–Eu acho que eu não entendi... Você tá querendo usar a Plugar para reerguer a empresa daquele canalha?!

–No exactly... Eu quero ajudar a Plugar e a Marra! Mas não por causa de Jonas, a Marra era de meu daddy também! Ele era dono de metade daquela empresa e agora essa metade é minha! É em nome do meu daddy que eu quero salvar a Marra, know what I mean?

–Não... Eu... Eu tô tentando entender... Mas eu ainda não tô acreditando que você quer usar a Plugar! Pamela, você sabe muito bem a minha opinião sobre essas grandes corporações e a Plugar não vai ser tábua de salvação para a empresa daquele homem!

–Herval, você não entende?! Eu quero mudar a Marra, não quero usar a Plugar, eu quero que ela seja parceira da Marra, quero que a empresa que Jonas criou erroneamente, produza tecnologia aberta também! Quero transformar a Marra numa empresa mais humanitária, quero ajudar as crianças da Plugar, quero fornecer equipamentos de qualidade a elas!

–A minha ONG não precisa de equipamentos da Marra!! – Ela me olhou estranho, respirou fundo e disse:

–Então é isso? The woman que você diz que ama está desesperada, lhe pedindo ajuda para salvar a empresa que ela herdou de seu daddy e você diz não...?!

–Pamela, isso vai contra os meus princípios! A Marra é uma empresa que não se importa com seus consumidores, só visa o lucro! O Jonas fez muita besteira por ai, a Marra deve estar cheia de problemas com a polícia e você quer que eu vincule o nome da Plugar a uma empresa assim?! – Ela não me respondeu. – Você não vai falar nada?

–No... Não quero mais brigar, já chega... Brigar com você é uma das piores coisas que pode me acontecer, por isso... Acho melhor você ir... Depois nós conversamos.

–Eu também não gosto de brigar com você, Pam, mas você precisa entender meu lado...! – Nós dois já estávamos em pé e agora eu segurava-lhe o rosto com as duas mãos.

–Don’t speak... Get out please... Eu tenho uma empresa para salvar e não posso perder tempo.

–Então falar comigo é perder tempo?

–Stoped Herval... Vá embora, é melhor para nós dois! Depois nós conversamos... Eu estou cansada, sobrecarregada, preciso dormir um pouco... – Ela tentava desviar os olhos do meu, tentando controlar o choro.

–Tá... Eu vou, mas me desculpa, eu não posso unir a Plugar com a Marra. Eu te amo demais, mas eu não posso fazer isso...

–Não pode não, não quer! Mas agora, também, whatever... Me deixe sozinha... – Ela falou, virando de costas. Eu queria falar mais alguma coisa, mas poderia piorar a situação então saí e fui pra casa.

Me joguei no sofá e fiquei pensando naquela discussão. Será que aquilo comprometeria nosso casamento? No dia seguinte, fui bem cedo para a Plugar, preparar tudo e a Rita chegou logo depois de mim.

–O que que foi, Herval? Tá com uma cara...

–Briguei com a Pam, ontem...

–Ah que pena... Mas vocês anunciaram o casamento antes de ontem e já brigaram? Por que?

–A Marra tá com problemas e se esse problema piorar, a empresa pode ruir... E ela pediu minha ajuda, disse que tinha que melhorar a imagem da Marra e pediu uma parceria com a Plugar... Ela disse que não era só por isso, mas não interessa, eu jamais vincularia o nome da Plugar a uma empresa como a Marra!!

–Por que não? Se ela pediu tua ajuda é porque não quer mais a Marra com a cara que tem! Você deveria ajudar sua futura mulher, Herval... Ela já tem passado por coisa demais ultimamente... Foi o sequestro, você baleado... Ela ficou sem chão! Mas se fez firme, tava no hospital todo santo dia! Depois quando vocês finalmente conseguem ficar bem, brigam por uma coisa que poderia ser bom para a Plugar?! Herval!! – Ela me censurou.

–Ah qual é Rita!? Você sabe muito bem da minha opinião sobre a Marra...

–Sei e até agora te apoiei, mas agora quem está no comando da Marra é Davi esqueceu disso? E com certeza foi ele que deu a ideia pensando no bem da ONG e da Marra também!

–Mas...

–Nem “mas”, nem meio “mas”! Você vai atrás da Pamela e vai falar pra ela que pensou direito e decidiu ajuda-la! Herval... Vocês dois juntos podem transformar a Marra numa empresa mais consciente!

–Você acha mesmo?

–Claro!!

–Mas acho que ela não vai mais querer a minha ajuda... Você não viu a briga, Rita... Mesmo que não tenha durado muito, ela tá magoada... Eu sou um idiota!

–Você só vai saber se ela vai querer, se for falar com ela.

–É... Você cuida da Plugar aqui pra mim?

–Cuido, cuido sim, vai lá!

–Obrigado Rita! – Saí correndo da Plugar pra ir falar com a Pam, mas quando cheguei na casa dela, a Dorothy falou que ela tinha ido para a Marra. Então corri de novo e fui para a Marra. Quando eu cheguei lá, eu pedi ao Murphy pra ir falar com a Pam, mas ela deu ordens expressas de que estava muito ocupada e que não queria ser incomodada por ninguém! Fiquei lá fora esperando.

Por Pamela:

Como eu não podia contar com a ajuda de Herval, nós tínhamos que arrumar um jeito para não deixar a Marra afundar. Então eu me tranquei uma sala, junto com Davi e disse que não queria que ninguém nos incomodasse. Nós pensamos, pensamos, eu andava de um lado para o outro, na sala, e Davi estava sentado, concentrado.

–Eu acho que eu tenho a solução, Pamela.

–Tem?! Tell me!

–Eu ainda não tinha lembrado, mas agora... Eu tenho um projeto que tá guardado na gaveta por falta de investimento.

–Que projeto Davi?

–O júnior! É um computadorzinho que ensina as crianças a programar, brincando.

–It’s so amazing! Mas você colocaria este seu projeto à mercê da Marra?

–Eu sou o sucessor do Jonas, não é?! Eu tenho que fazer de tudo por essa empresa! Agora, o júnior é um computador de tecnologia aberta!

–No problem! Melhor ainda! Nosso capital ainda está alto vai dar pra produzir o júnior para melhorar a credibilidade da Marra, e então as pessoas voltam a comprar os produtos! Além de ser um imenso benefício para as crianças do Brasil e do mundo! Ai, estou bem mais aliviada agora, Davi... Está vendo, daddy? Nós vamos salvar a Marra! – Falei olhando para cima, conversando com o velho Jack Parker... – Well... Depois nós conversamos mais sobre isso, Davi? Agora eu preciso ir na Parker TV...

–Sim, claro, Pamela, depois a gente conversa.

–Okay... Thank you very much, Davi... Até mais! – Saí da sala e depois fui direto para o elevador. Quando cheguei ao térreo e caminhava para o estacionamento, procurava a chave do carro na minha bolsa, quando ouvi a voz de Herval:

–Pamela?! – Me virei e ele estava vindo em minha direção. – Espera, eu preciso falar com você...

–I’m sorry, Herval, eu não posso, tenho uma reunião agora na Parker TV e não posso me atrasar. – Ia me virando novamente, quando ele segurou meu braço.

–Espera! Você tá fugindo de mim, Pam?

–Também... Mas eu realmente tenho uma reunião e não posso me atrasar!

–Por que você tá fugindo de mim?

–Porque eu não quero mais briga, Herval... Eu já tenho problemas suficientes... Não preciso de mais um...

–Mas eu vim aqui justamente pra te ajudar a resolver esses problemas!

–What?

–A Plugar aceita o investimento da Marra...

–Oh no precisa mais, eu e Davi já estamos resolvendo isso. Bye! – E ia me virar novamente, quando ele me segurou de novo. – Me deixe ir, Herval, please...

–Eu não vou te deixar até você falar comigo direito. Poxa vida a gente vai casar...

–Vamos mesmo...?

–Por que a pergunta? É claro que vamos! Eu te amo, Pam! Eu fui um idiota ontem e me arrependi...! Tô aqui pra consertar a burrada que eu fiz.

–Herval, depois nós conversamos, okay?! Agora eu tenho mesmo que ir!

–Você é a dona daquilo tudo lá, pode faltar, não acha que nós dois somos mais importantes do que um “nós conversamos depois”? Eu não vou deixar você ir embora até parar e conversar direito comigo. – Ele disse cruzando os braços.