Geração Pamerval - A história do início ao fim escrita por Sophie Carsifur


Capítulo 167
Capítulo 167


Notas iniciais do capítulo

Hello!
É isso aí, já podem voltar a me odiar hahahaha u.u
Só pra dramatizar mais, escutem I Need You Now enquanto lêem
https://www.youtube.com/watch?v=o3mssDjBCaU

Boa leitura! '3'



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Por Pamela:

 

Quando nós dois chegamos no quarto do garoto, ele tossia convulsivamente e tinha a feição desesperada evidentemente sem conseguir respirar. Olhava para todos os lados e gesticulava como que pedindo socorro.

— Kate, vá buscar o remédio dele, please! — Corri até a cama, mas Herval foi mais rápido e ficando de frente para Joaquim, segurou seu rosto, tentando acalmá-lo.

— Quim! Quim, olha pra mim, escuta o papai. – O garoto o olhou ainda em desespero e eu me sentei ao seu lado segurando firme sua mão. – Olha pra mim, vai ficar tudo bem... respira! Assim, bem fundo... – Ele mesmo respirava fundo para incentivar Joaquim. – Agora solta... de novo, respira fundo... agora solta. – Kate chegou correndo e me entregou o frasco do remédio, o qual eu dei ao Quim com cuidado. Herval continuava fazendo aquele exercício respiratório e aos poucos a tosse ia cedendo e ele respirava com menos dificuldade que antes. – Isso garoto...! Vai ficar tudo bem, viu? – Ele se agarrou a mim e eu reforcei:

— Vai ficar tudo bem, baby... mommy and daddy não vão deixar nada de mal te acontecer, okay?— Ele só me abraçou mais forte. Herval se levantou da cama, respirando profundamente e passando as mãos no rosto. Dava voltas pelo quarto sem tirar as mãos da cara e não disse uma só palavra até eu falar com ele: – Herval, you’re okay?— Ele me olhou de lado e expirou, sentando na poltrona.

— Tô legal. É só... a adrenalina. Não é todo dia que meu filho quase morre sem ar... – Desviei o olhar um instante para Joaquim e notei que ele começava a fechar os olhos lentamente enquanto eu acariciava seu cabelo. – Eu não tenho estrutura pra ver esse garoto desse jeito não, Pamela!

— Nem eu... mas... vamos tentar ver pelo lado positivo: essa é a primeira crise dele e a gente já descobriu do que se trata. Assim dá pra tratar logo do começo e amenizar os sintomas. – Ele olhou para o filho e Joaquim já dormia. Tentando não acordá-lo, me desvencilhei dele e no momento em que fiquei em pé, tudo escureceu na minha frente e eu tive que me apoiar na mesinha de cabeceira ali perto.

— Pam? – Não respondi já que tentava me recuperar do mal súbito. Não dava para falhar agora! – Ei! Cê tá bem? – Herval segurou meu braço e eu o olhei meio desnorteada. Não podia demonstrar nenhuma fraqueza, não era hora para aquilo.

Yeah, yeah... I’m fine. Já tá tarde, se você quiser ir pra casa, pode ir. Acho que agora ele vai dormir sem sustos. Pra todos os efeitos, eu fico aqui com ele.

— De jeito nenhum! Eu não vou arredar o pé dessa casa essa noite. Nem se você me expulsar. – Seu olhar era intenso sobre mim. Embora não fosse o momento para tal, ele estava me cobrando uma conversa sobre o beijo de outrora. – E você... vai pro quarto descansar.

— What?

— Eu fico aqui com ele. Não se esqueça que você tem uma vida dentro de você e que tem que zelar por ela. Por hoje você já se estressou o bastante.

— Herval, I’m fine, okay? Não tem o menor cabimento eu ir dormir enquanto meu filho está doente!

— Se você não se preocupa com você, eu me preocupo. Se você não for pro seu quarto com as próprias pernas, eu vou ter que te carregar pra lá... – Disse firme, mas com um esboço de sorriso no canto da boca, provocativo, o que me deixou com uma vontade enorme de encher ele de porrada! – E você sabe que eu faço isso melhor do que ninguém... – Ah como eu quis bater no atrevido... principalmente porque ele estava certo.

Eu estava meio zonza, tinha que descansar, relaxar, antes que acontecesse alguma coisa; e antes que eu cedesse a tentação de voltar para ele. Me despedi do Quim com um beijo em sua testa e saí do quarto sem olhar para cara de Herval. Cheguei no quarto, fechei a porta e depois de me trocar, peguei o violão. Tocar serviria para me acalmar e acalmar o baby too. Só que a única música que martelava na minha cabeça era Lovesong:

“Whenever I’m alone with you

(Sempre que estou sozinha com você)

You make me feel like I am home again

(Você me faz sentir como se eu estivesse em casa novamente)

Whenever I’m alone with you

(Sempre que estou sozinha com você)

You make me feel like I am whole again

(Você me faz sentir como se eu estivesse inteira novamente)

Whenever I’m alone with you

(Sempre que estou sozinha com você)

You make me feel like I am young again

(Você me faz sentir como se eu fosse jovem novamente)

Whenever I’m alone with you

(Sempre que estou sozinha com você)

You make me feel like I am fun again

(Você me faz sentir como se eu fosse alegre novamente)

However far away I will always love you

(Não importa a distância, eu sempre vou te amar)

However long I stay I will always love you

(Não importa o tempo que eu ficar, eu sempre vou te amar)

Whatever words I say I will always love you

(O que quer que eu diga, eu sempre vou te amar)

I will always love you

(Eu sempre vou te amar)”

Eu estava dando os últimos acordes quando alguém bateu na porta. Parei de tocar e com o violão na mão, levantei para ir ver quem era. Mal abri a porta e mãos seguraram meu rosto e minha boca foi coberta por outra. Sete segundos depois elas estavam separadas novamente e antes que eu pudesse falar qualquer coisa, ele disse:

— Eu já sabia que você cantava lindamente, mas... violão?

— E-e-e... – Balbuciei e ele pôs o dedo sobre meus lábios.

— Não precisa falar nada não. Eu sei que você acha que não tem mais jeito pra gente, mas se o seu coração também fica assim quando a gente se beija... – Pegou minha mão e pôs sobre seu peito. Acho que tinha uma escola de samba lá dentro. – E se você estava cantando essa música, que sem pretensão alguma eu posso dizer que foi pra mim... você há de me dar o direito de ao menos pedir pra que você pense num possível recomeço pra gente... – E ele me deu mais um selinho. – Pensa com carinho. – Sorriu. – Because whenever I’m alone with you, you make me feel like I am alive again!— E simplesmente foi embora. Eu fiquei estática diante da porta por não sei quanto tempo, até me dar conta de que eu estava pateticamente apaixonada. Caindo feito um patinho naquela armadilha de novo.

Àquela noite eu não consegui dormir bem. Minha mente se dividia entre a doença do Quim – a antena de mãe sempre atenta a qualquer ruído que viesse do seu quarto – e ao mesmo tempo pensava em Herval –que estava ali tão perto de mim, e ao mesmo tempo tão longe... –não pense que eu não queria voltar, que eu não queria tentar de novo, mas eu ainda estava carregando um filho dele na barriga que poderia morrer ao nascer, ou por causa do seu nascimento, eu poderia morrer! Entende a gravidade da coisa? Eu não podia simplesmente voltar a me envolver com ele tendo uma bomba dessa nas minhas mãos! Em vez de me aproximar, eu tinha que me afastar! Maldita foi a hora em que pedi para sermos amigos.

No dia seguinte, eu tinha uma consulta no médico, marcada para às 8h, mas quando eu estava de saída, vi Dorothy correr para o quarto do Quim e fui atrás. Eu acho que nunca tinha visto Joaquim daquele jeito... mesmo sem conseguir falar uma só palavra, ele chorava e o ar que inspirava parecia pesar como chumbo.

— O que está acontecendo aqui?!

— Ele tá tendo outra crise. – Herval falou, pegando ele nos braços. – Só que dessa vez é pior. Vou levar ele pro hospital.  – Ele me olhou rapidamente e correu para fora do quarto.

— Herval! Espere! Eu vou com você! – Na correria, vi de relance o olhar de desespero que Joaquim me lançou. Senti uma pontada no coração e outra ao pé da barriga que quase me derrubou.

— Não, você vai pra sua consulta. – Ele saía de casa e Kate o acompanhava, ajudando a abrir o carro.

— Não mesmo! Eu não vou sair de perto do meu filho até vê-lo bem! – A dor continuava e eu agora já estava chorando, tanto pela dor quanto pelo desespero de ver Joaquim daquele jeito. Kate entrou no carro também.

— Pamela, você vai fazer sua consulta, agora!

— Acontece que você não manda em mim! Não mandava quando éramos casados, não é agora que vai mandar! – Ele respirou fundo e já quase dentro do carro, falou:

— Ele vai ficar bem, tá legal? Confia em mim. Eu tô preocupado é com você! Essa asma do Quim tem te causado emoções muito fortes, que eu sei que você não pode ter. Então você vai agora para a sua consulta, e quando você tiver certeza de que está tudo bem com essa criança aí dentro, você vai pro hospital, eu vou te mandar uma mensagem dizendo onde é. – Não me deu tempo de protestar, apenas entrou no carro e saiu feito louco.

— Eu vou atrás dele... – Murmurei, mas antes que alcançasse o meu carro, Dorothy me segurou pelo braço. De onde ela surgiu eu não sei.

— Você vai fazer exatamente o que ele falou, mocinha! – Tinha a chave do meu carro nas mãos. – Já pro banco do passageiro, eu vou te levar para a consulta.

— Dorothy! Você não tá entendendo a gravidade da situação! – E senti mais uma dor, só que dessa vez não só ao pé da barriga como também na própria barriga. – Quietinho aí, bad baby! Nada de se revirar dentro de mim! – Dorothy se apressou e entrou no carro.

— Já pra dentro, Pamela! – Não tive escolha, a criança estava agitada.

(...)

— ... E é isso, doctor. Ela passou o dia inteiro estressada, não teve repouso e se recusa a se acalmar. Estava querendo deixar de vir a consulta para ir levar o Joaquim no hospital, mas eu arrastei ela. – O doctor fazia um ultrassom em mim enquanto Dorothy me dedurava. E ainda por cima, tive que contar que sentir dores antes de ir lá.

— A senhora fez muito bem em obriga-la a vir, Sra. Benson! – Ele me olhou reprovador. – Caso contrário, não teríamos chance de salvar nem você, nem o seu bebê. – Me disse.

What you talking about?

— Qual a parte da frase “gravidez de alto risco” a senhora não entendeu? – Franzi o cenho. – Eu avisei, avisei que a senhora precisava de repouso e que não deveria sob hipótese alguma, se exaltar!

— Se o seu filho estivesse sofrendo um ataque de asma na sua frente, tenho certeza que ficaria do mesmo jeito. – Ele suspirou.

— Não se trata de mim, Sra. Parker. O seu caso é extremamente delicado! E agora se tornou ainda mais.

— O que isso significa? – Ele então mudou o tom de broca para de dó.

— Para a mulher, a idade avançada está associada ao aumento na incidência de diabete gestacional, que não é o seu caso, hipertensão específica da gravidez, que é o seu caso, abortamentos, que quase foi o seu caso, prematuridade e distorcia funcional, quando o trabalho de parto não evolui na velocidade esperada. Para o bebê, os riscos estão associados a alterações cromossômicas numéricas ou estruturais, como a síndrome de Down.

— Você tá q-querendo dizer q-que o meu bebê v-vai nascer com... – Me interrompeu:

— Não. Não vai. O ultrassom mostra que está tudo ok com o bebê, mas se a senhora não fizer repouso total, ou seja, só sair da cama quando realmente necessário, e se não virar uma pedra de gelo ambulante, isto é, se não passar por uma abstinência de fortes emoções, pode enfartar, pode ter uma hemorragia durante o parto, seu bebê pode nascer prematuro, dentre outras possibilidades ainda piores. Ou seja, se você não fazer exatamente o que eu disser, é pouquíssimo provável que sobreviva a esse parto.

(...)

Não tente imaginar o estado que eu fiquei ao receber a notícia. Jamais conseguirá chegar perto de como eu fiquei dilacerada! Eu saí daquele lugar em estado de choque! Como Dorothy presenciara tudo, fez questão de me levar para casa. Mas antes, ligou para Herval para conferir se estava tudo bem com Joaquim. Graças a Deus seu estado estava controlado. Ele estava fazendo uma bateria de exames para descobrir mais coisas sobre o tipo de asma que ele tinha e isso me deixou um pouco mais aliviada. Eu entrei em casa e fui levada ao quarto por Dorothy, ainda em estado de choque. Mal piscava os olhos e deles escorriam lágrimas e mais lágrimas de desespero.

Darling, você quer alguma coisa? – Dorothy me perguntou inutilmente, porque eu simplesmente deitei na cama e fechei os olhos me recusando a acreditar que aquilo era a minha vida real. – Pamela... não fica assim... vai ficar tudo bem... – Continuei sem responder. As lágrimas simplesmente brotavam sem parar e escorriam pelo meu rosto. Senti ela lá ainda por um tempo, mas depois ela desistiu e saiu.

(...)

Em resumo: a asma do Quim era de primeiro grau, a mais leve, e a crise que acabou deixando-o no hospital o dia inteiro fora provocada pela grande quantidade de poeira que tinha no quarto dele. Não que não limpássemos, mas é impossível tirar toda a poeira do tapete e de todos os ursos de pelúcia que o garoto tinha. Ah! E a asma era alérgica. Só foi preciso limpar todo o quarto dele, dar um fim ao tapete e reduzir consideravelmente a quantidade de ursos de lá. Joaquim passou a tomar medicamentos diariamente e andava sempre com uma bombinha para garantir. Desse modo, eu tinha menos um problema para me preocupar. Os dias iam se passando e eu saía cada vez menos do quarto. Herval insistia em ir lá, mas eu tentava ser fria com ele. Mudei da água para o vinho, mas me dê um desconto... eu sabia que tinha grandes chances de morrer dentro de meses! Tinha que dar um jeito de tirá-lo de perto antes que fosse tarde demais.

— Você tá querendo que eu fale pro Herval não vir mais aqui? Isso é impossível, Pamela, ele tá sempre querendo saber como você tá e também tem o Joaquim também...

— I don’t care, Kate! Eu simplesmente não posso vê-lo anymore...! Não, sabendo que há 80% de chances de nós não termos um futuro juntos pelo fato de que eu posso morrer.

— Você sabe que ele não vai desistir fácil, né? – Eu cerrei os lábios tentando controlar o choro, mas foi inútil. Abaixei a cabeça e com a voz tremula respondi:

— Sei... e sei também que isso vai magoá-lo muito. Mas eu não posso fazer nada, Kate... é melhor magoá-lo do que iludi-lo fazendo-o acreditar que tem todo um futuro ao meu lado. Futuramente ele vai me agradecer...

— Não assine o seu atestado de óbito antes do tempo... você tem 80% de chances de se dar mal, mas também tem 20% de chance de correr tudo bem! Se apegue a isso...

— Apenas... faça o que eu estou pedindo. Eu quero Herval o mais longe possível dessa casa.

(...)

Por Herval:

Eu que achava que tinha conseguido fazer a Pamela pensar em voltar para mim, quebrei a cara ao voltar do hospital com o Quim. Depois que ela falou com o garoto e viu que estava tudo bem, eu fui explicar tudo direitinho para ela e perguntar como havia sido a consulta. Eu nunca vi a Pamela tão robótica...  ela... nem olhava na minha cara! E isso se repetiu por longos e longos dias. Eu insistia, ia lá, perguntava o que estava acontecendo e nada. Ela não dava um piu, e quando falava, não dizia o que eu realmente queria ouvir. Só me machucava com as palavras.

— O que foi que deu em você? Eu sei que você também tá com saudade da gente, porque você tá agindo assim comigo?

— Nossa história já acabou, Herval. It’s over! Você está fantasiando. Agora se me dá licença, eu tenho que voltar para a cama. Ordens médicas.

— Foi você mesma que sugeriu que fossemos amigos!

— Amigos! Você está querendo muito mais que isso, e o que você quer... eu não posso te oferecer... nem quero! — Se retirou e me deixou completamente desorientado, com o coração em pedaços. Dias depois, como se isso não bastasse, mandou a Kate vir falar comigo:

— Ela pediu pra você não vir mais aqui.

— O que é que tá acontecendo? Eu sei que você sabe, me fala, pelo amor de Deus!

I’m sorry... — Negou com a cabeça.

— Por que ela tá fazendo isso? A gente estava indo tão bem... A gravidez dela tá mais complicada, é isso?

— Me desculpe, mas essa informação você não terá de mim. Sua presença nessa casa não vai ser bom para a Pamela, Herval. Por favor, tente entender. E-e-eu posso te manter informado sobre tudo, sobre cada nova novidade sobre o estado da Pamela, mas eu peço, não volte mais aqui...

E foi assim que dois insuportáveis meses da minha vida se passaram: nas primeiras semanas eu realmente não apareci por lá. Ligava sempre para saber alguma novidade, mas as notícias eram sempre as mesmas: ela vivia enfurnada no quarto, chorava quase toda hora e não queria falar comigo de jeito maneira. Mandava sempre eu ir pro inferno.

As crises do Quim se tornaram mais brandas e raras. Umas quatro vezes ao mês e nada que os remédios não resolvessem. Agora podíamos sossegar mais para o lado dele. Eu só sentia que tinha uma coisa muito, muito errada com a Pamela. Eu tinha que vê-la, conferir com os meus próprios olhos se ela estava bem. Eu sabia que ela não me queria longe de verdade... e se queria, eu tinha que ouvir isso da boca dela!

Foi então que eu voltei a frequentar a mansão. Não que eu tivesse realmente coragem para entrar! Eu sempre ficava horas e horas dentro do carro, esperando para ver se ela saía na varanda ou ia dar uma volta o jardim. Meu coração apertava cada vez que eu não conseguia vê-la e apertava ainda mais quando eu a via raras vezes na varanda acariciando a barriga, mirando o horizonte e vez ou outra passando a mão nos olhos como se estivesse chorando. Eu chorava junto com ela. Pamela estava completamente isolada e desolada! Era como se estivesse condenada, só não sei a quê...

Aquilo tudo me matava, me destruía. Eu voltava para casa e saía quebrando tudo de raiva por não poder fazer nada. Por ser covarde o bastante para não entrar na mansão e ouvir ela dizer com todas as letras que não queria me ver. Era isso que me impedia... eu sabia que ela era capaz de fazer isso porque Pamela era masoquista!

E depois de quebrar tudo, caía feito um trapo velho no chão. Chorava convulsivamente e como criança me agarrava aos joelhos, tentando me manter ligado a única coisa que poderia me manter são: eu mesmo. Eu passava noites em claro lembrando dos nossos melhores anos e era aí mesmo que chorava mais. Chorava a ponto de ficar com dor de cabeça e de ver o sol nascer sem pregar os olhos. Eu não tinha muitas fotos nossas por lá, mas tinha o bastante pra me fazer sofrer como um condenado. Em plena madrugada eu ficava com uma garrafa de bebida numa mão e o celular na outra, louco para ligar para ela. E sempre nos dias seguintes, voltava à mansão para me martirizar mais um pouquinho.

— O que você tá fazendo aqui?! – Kate me pegou espionando um dia.

— Me deixa entrar. Deixa eu falar com ela!

— Não! Você não pode, não agora!

— E por que não? Quem você pensa que é pra me proibir de falar com a minha mulher?! – Gritei, saindo do carro e tombava tentando caminhar até a entrada.

— Ela tá correndo risco de vida, Herval!

— O que?

— A gravidez é muito complicada, você sabe... mas o caso se agravou e ela pode... não conseguir... suportar...


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