Geração Pamerval - A história do início ao fim escrita por Sophie Carsifur


Capítulo 163
Capítulo 163


Notas iniciais do capítulo

Hello! Voltei com mais um capítulo!
Enjoy! ;)



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Por Pamela:

Quando acordei estava sendo levada em direção a uma ambulância. Eu não estava 100% consciente do que se passava ao meu redor, mas ouvi berros do Quim, berros desesperados e um choro sem fim. Com dificuldade virei o olhar para onde vinha o grito e vi que Kate já retornara com ele e agora o segurava para que não chegasse perto de mim.

— Joaquim! – Chamei-o com lágrimas nos olhos. – Come on!

— Pam, ele não pode, você tá indo pra um hospital. – Vi Dorothy surgir do meu lado.

I don't care! I want my son with me!— Voltei a chama-lo. – Joaquim!! – O garoto arrumou um jeito de se soltar da Kate e correu até onde eu estava.

— Mamãe! Mamãe! Para onde você vai? O que você tem? – Perguntou entre soluços.

Listen, my love...

— É por minha culpa? – Me interrompeu e desesperou-se ainda mais.

No, no,  no, no, no, não é culpa sua, baby, mommy só...

— É por minha culpa sim! Foi porque eu fugi! A culpa é toda minha! – E passando as costas das mãos nos olhos, correu sem que eu pudesse ver para onde.

— Joaquim!! – Tentei me levantar da maca quase sem conseguir enxergar por causa das lágrimas que embaçavam minha visão, mas os paramédicos me seguraram. – Me solta! Eu tenho que ir atrás do meu filho, me larga! – Tentei de todas as maneiras, mas era impossível, meu corpo mal respondia ao meu comando de me levantar e a cada movimento que eu fazia, uma dor mais forte e mais aguda ao pé da barriga me aturdia.

— Pamela! Pamela! Calma, a Kate vai cuidar disso, okay? Ela já foi atrás dele de novo! – Dorothy gritava para tentar me acalmar.

No! Eu tenho que falar com o Joaquim! Me deixa sair daqui please!— Insisti mesmo sem ser capaz de me levantar. Minha visão agora não estava mais embaçada, estava escurecendo e uma dor ainda mais intensa que as outras se fez presente. – Ahh! Ai, ai, ai, ai...!

— O que foi?! – Ela apertou minha mão.

— Ela tá sangrando! Vamos! Rápido! – Ordenou um dos paramédicos e me enfiaram de uma vez dentro da ambulância, que deu a partida rapidamente.

A dor ficava mais forte e mais forte, tão forte que chegou a me arrancar o fôlego. Estava difícil me manter respirando e eu insistia em ficar de olhos abertos mesmo que não tivesse mais aguentando. Com a ambulância em movimento, Dorothy segurou minha mão com ainda mais força e tentava inutilmente me incentivar a ser forte.

— Dorothy, Dorothy, please, eu não... eu não quero perder my baby, eu não quero... – Acabei me desesperando, o que tornou ainda mais difícil respirar. As lágrimas brotavam com mais facilidade e Dorothy negava alguma coisa com a cabeça e acariciava meus cabelos.

— Você não vai perder, Pamela, você não vai! Se acalma, respira fundo e mantém essa criança aí viva! A gente precisa... – E antes que ela terminasse de falar, eu desmaiei.

(...)

Abri os olhos e um cochicho sem fim me irritava os ouvidos, eu estava numa cama e num quarto branco demais para ser o meu. Era um hospital. Meu corpo parecia pesar uma tonelada e eu visualizei de onde vinha o cochicho: era Dorothy e o que me pareceu o doctor que cuidava de mim.

Um medo extraordinariamente ruim tomou conta do meu coração ao me lembrar do motivo que me fez estar naquele lugar. Por muito tempo eu quis aquela criança e agora que a tinha não a poderia perder!

— Ela acordou. – Notou o doctor vindo até mim e checando meu pulso. – Olá, Mrs. Parker, eu sou o Dr. Franklin, estou cuidando do seu caso.

— O que aconteceu com o meu bebê, doctor? Please, não me esconda nada, e-e-eu preciso saber! – Falei com a voz fraca e olhos marejados.

— Você não tem com o que se preocupar agora, Mrs. Parker. Seu bebê está bem, foi só um susto. Você chegou aqui a tempo, o sangramento foi estancado e você só precisará ficar aqui até amanhã para termos certeza de que não vai ocorrer nada de errado nesse período de tempo.

Oh! Thank God!— As lágrimas correram pelo meu rosto quando eu fechei os olhos em agradecimento a Deus. Dorothy veio me abraçar e sussurrou:

— Se você pensa que acabou por aí, tá enganada, ouça o que ele tem a dizer...

What? Do que está falando? O que foi, doctor?

— Você não perdeu o bebê, Mrs. Parker, mas foi por muito pouco! A partir de agora terá que ter cuidado redobrado. Levar uma gestação adiante na sua idade é extremamente perigoso, agora, levar uma gestação adiante na sua idade depois de ter tido o tipo de complicação que teve no parto da sua primeira filha, como me informou a Sra. Benson... é três vezes mais extremamente perigoso! Eu ia dizer que ter sofrido um aborto espontâneo poderia ter salvo a sua vida e poupado um nascimento problemático da criança, mas a Sra. Benson me disse o quanto você quer ter esse filho. Por esse motivo as minhas exigências para este caso são as seguintes: repouso absoluto! Você não pode fazer esforço algum. Uma alimentação forte e com foco nas vitaminas e no ferro, pois de acordo com os exames, a senhora está anêmica...

— O que?

— Por sorte, uma anemia leve. Mas que pode ser um agravante na gravidez se não for tratada adequadamente. – Assenti sem conseguir conter as lágrimas. O desespero já estava circulando nas minhas veias! – Nada de fortes emoções! Nada que possa elevar ou abaixar sua pressão. Ouça bem, Mrs. Parker, você ainda está na 12º semana de gestação, não pode vacilar! Precisa cumprir essas exigências à risca!

— De-de-de-décima segunda? Três meses? – Gaguejei me sentindo completamente sem chão. Dorothy olhou para mim tão abismada quanto eu e então o doctor respondeu:

— Sim, três meses, você não sabia? Não reparou no tamanho da barriga? Não está muito aparente, mas já dá para deduzir de quanto tempo é...

— E-e-eu descobri que estava grávida há apenas um mês... por um teste de farmácia.

— Pois deveria ter ido a um médico antes. Agora sua situação está muito complicada! É uma gravidez de alto risco, Mrs. Parker, boa sorte. – Concluiu, nos pediu licença e saiu do quarto.

— Três meses, Pamela?! – Dorothy elevou o tom da voz surpresa.

— Xiii! Quer que o hospital inteiro te ouça?

— Três meses, Pamela...?! – Sussurrou perturbada. – Há quanto tempo você e o Richard...?

You know, Dorothy! Há pouco mais de um mês! Definitivamente é impossível esse filho ser dele... agora daria até entender a revolta dele...

You kidding me?

No, but relax, I will not forgive him! — Eu falava mirando o nada e os meus olhos não paravam de chover. Um sentimento extraordinário preencheu meu coração e um sorriso enorme surgiu no meu rosto involuntariamente. Passei as mãos pelo rosto e respirei fundo antes de olhar para Dorothy, que agora começava a abrir um sorriso enorme também.

— 12 semanas, Pam... você sabe o que isso significa, não sabe?

Yeah... I know. Herval is the father! Oh God... e o pior é que... I remember! Eu lembro quando foi e... como foi... a nossa last night...

— E como isso faz você se sentir?

— Desesperada.

Why?

— Meu casamento acabou, Dorothy! Eu segui com a minha vida e Herval com a dele! Eu não posso ama-lo mais! Simplesmente não posso! What I'll to do? O que eu vou fazer agora que sei que essa criança não é do Richard e sim do Herval?

— Contar para ele, oras!

No!

— Por que não? Ele tem direito, Pamela! Você não pode privá-lo disso. Você, melhor do que ninguém sabe o quanto o Herval sonhou com esse filho. Você tem que contar!

— Não Dorothy! – Minha garganta apertou. – Você não ouviu o que o doctor falou? É uma gravidez muito arriscada... e-e-eu não sei se vou ser capaz de manter essa criança viva dentro de mim... e-e-eu não sei se vou conseguir me manter viva! – Minha voz embargava pelo desespero da ideia.

— É claro que vai! Você é Pamela Parker!

— Sejamos realistas, madrinha! Eu posso perder esse baby, tem grandes chances de isso acontecer mesmo que eu cumpra todas as exigências do doctor Franklin. You don’t understand? É justamente porque Herval sempre quis esse filho, que eu não posso falar para ele. Seria iludi-lo... 

— Ou seria lhe proporcionar o melhor presente de todos os tempos.

— Ainda assim eu não vou dizer. Não vou dar falsas esperanças a ele. Se essa criança nascer, talvez eu conte, mas até lá, nenhum piu sobre esse assunto. Ele sofreria demais... e eu não quero ser a responsável pela tristeza de mais ninguém.

— Ah Pam... você ainda é louca pelo Perigo Tropical, não é? – Perguntou acariciando meus cabelos enquanto eu não conseguia parar de chorar.

— Eu o amo como nunca amei ninguém na vida, Dorothy. Eu não posso explicar a felicidade que é saber que eu estou carregando um filho de Herval... mas é só isso. Se tudo der certo, é nessa criança que eu vou depositar o meu amor até esquecer Herval.

— Eu prefiro acreditar que essa criança veio para reunir vocês dois. Você não está vendo que o destino quer vocês dois juntos? Não se joga um amor tão lindo assim fora, Pamela... você está sofrendo, ele também está! Por que não acabar logo com isso?!

— Há coisas que não têm explicação, madrinha... eu sei o que estou fazendo. – Suspirei encostando a cabeça no travesseio e fechando os olhos. – Você poderia me dar licença agora? Eu preciso ficar sozinha...

— Pamela...

Please Dorothy. - Ela suspirou e aceitou.

— Tudo bem... qualquer coisa me chama. – Assenti e depois de me deixar um beijo na testa, ela se retirou do quarto.

Estando finalmente sozinha, eu caí no choro. Todas as últimas informações e os últimos acontecimentos se embaralhavam na minha mente. Eu queria conversar com o Joaquim, queria falar a verdade para Herval e queria não ter vacilado tanto em relação a minha gravidez. Eu estava num barco furado e tapando os buracos com os dedos. Podia perder meu filho, podia morrer se o parto tivesse complicações... tudo, tudo passava na minha cabeça e as lágrimas simplesmente escorriam sem parar queimando meu rosto. Eu soluçava e sentia como se fosse desmoronar! Tudo o que eu queria era voltar no tempo e tentar acertar uma vez sequer.

(...)

No dia seguinte, eu estava de volta em casa. Quando cheguei, sendo auxiliada por Dorothy a andar, Joaquim apareceu na sala com um rostinho triste e ninguém menos que Herval estava ao seu lado.

— Você está melhor, Pamela? – Ele me perguntou e eu só confirmei com a cabeça. – O Quim me ligou e contou tudo o que aconteceu, eu cheguei aqui quase ainda agora, resolvi vir conversar pessoalmente com ele...

— E conversou?                        

— Ia começar quando ouvimos que você chegou. – O garoto me olhava de uma maneira que partia o coração.

— Vamos Pam, você precisa se deitar. – Dorothy falou e eu apenas confirmei. Quando nós passamos por Herval e Joaquim, segurei sua mãozinha e o puxei levemente. Ele olhou para o pai e eu senti a garganta doer de tristeza por ter que passar por todo aquele tormento.

— Vamos conversar...? – Pedi e o garoto deu um passo atrás. – Nós três.— Disse, olhando para Herval.

— Pam, lembra do que o médico disse. – Dorothy advertiu.

— Eu estou bem, madrinha, e a gente precisa fazer isso agora. – Voltei a puxa-lo levemente. – Vem. – Ele cedeu. Dorothy nos seguiu até que visse que eu estava deitada na cama e depois saiu para que pudéssemos conversar. Joaquim sentou-se ao meu lado e Herval ficou de pé lançando olhares por todo o quarto. Já Joaquim, mirava as próprias mãos entrelaçadas. – You're okay, sweet...?— Questionei-o acariciando seu cabelo.

— Eu que devia perguntar isso... – Suspirei.

— Quim... eu tenho uma notícia para te dar depois... – E olhei de canto para Herval. Ele estava de braços cruzados e me doeu o peito pensar que ele estava ali sem sequer imaginar que eu carregava um filho, e seu! — Mas antes preciso deixar uma coisa bem clara aqui: você ser adotado não faz a menor diferença para mim!

— Nem para mim. – Herval completou se aproximando.

— Faz pra mim! Todo mundo se parece com os pais... sempre têm os olhos deu um, o sorriso do outro... eu queria ter pedaços de vocês também! Eu achei que quando crescesse seria igual ao meu pai e achei que herdaria os seus talentos, mamãe. Eu queria ser filho de vocês de verdade...

— Quim, não é porque você não nasceu de mim, ou não tem nosso sangue que é menos nosso filho! Você não precisa ter os olhos parecidos com os meus ou ter o sorriso do seu pai! Você já tem o pedaço mais especial da gente dentro de você!

— E o que é?

— Isso aqui, óh. – Herval sentou na cama, encostando o dedo indicador no peito do garoto. Seu coração não é só parecido com o da gente, ele é o nosso coração! Você tem a mim e a sua mãe dentro de você e nós te temos dentro da gente também. Nós te amamos, Joaquim...

— Muito! – Completei. – Você faz parte da gente e nada vai mudar isso! Você é a nossa vida, o que há de mais precioso para a gente, Joaquim! Diante disso, você acha que faz alguma diferença ser adotado ou não?

— Eu não sei...

— Eu sei que é complicado para você, e por isso, tudo o que você quiser saber, a gente vai dizer, só por favor, não nos odeie por ter escondido isso... a gente não contou porque realmente não importa! Você é tão nosso filho que até esquecemos que é adotado! – Disse Herval.

— Odiar vocês? Nunca, dad!— Joaquim o abraçou. – Eu amo muito vocês dois... – Ele se afastou um pouco do pai e me puxou para o abraço também, o que se não tivesse um caráter tão especial, seria muito bizarro. Eu e Herval num mesmo abraço...— E isso também, ninguém nunca vai mudar.


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