Geração Pamerval - A história do início ao fim escrita por Sophie Carsifur


Capítulo 161
Capítulo 161


Notas iniciais do capítulo

Meus amores!!! Perdão pela demora. Eu sei que vocês querem me bater, até eu quero! Mas meu tempo tá muito corrido e eu simplesmente não estava conseguindo terminar de escrever, mas finalmente chegou mais um capítulo, espero que gostem '3'



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Por Pamela:

Apenas dois dias que tive de esperar pareciam anos! Aquele fim de semana foi uma tortura para mim, a ficha simplesmente não tinha caído. Eu tinha sempre a sensação de que iria acordar e absolutamente nada de tudo o que me aconteceu naqueles últimos meses tinha sido verdade. Eu, sinceramente, queria que nada daquilo fosse verdade...

E enquanto eu implorava para aquele sonho ter fim, passava horas e horas na frente do espelho ensaiando como diria para o Richard que eu, muito provavelmente, estava esperando um filho seu. Estava apavorada! Feliz, afinal, eu achei que não pudesse mais ter filhos, mas ainda assim, apavorada! Justamente por achar que não podia mais ter filhos, eu me acostumei com essa ideia. Agora eu podia, mas estava “sozinha”, os anos não estavam me deixando mais nova, ao contrário! Ter um filho na minha idade se tornava perigoso... e além do mais, eu estava enfrentando um zilhão de problemas. A felicidade de poder ser mãe novamente era incomparável, mas ao mesmo tempo me deixava receosa, quando eu queria um filho, não tive, mas quando minha vida virou toda de cabeça para baixo, ei-lo! Eu estava com medo, com muito medo.

Enfim a segunda-feira chegou. Quando me vi dentro do jatinho o medo se tornou três vezes maior! Meu coração palpitava à mil dentro do peito! Eu não ia chegar no Brasil, encontrar o Rick e já ir logo dizendo: “Hi Richard, tudo bem? Estou grávida, by the way, você é o pai!” Of course not! Eu pretendia dar um tempo, uns dois dias talvez, até tomar coragem de verdade... mas ainda assim me senti insegura. Algo me martelava na cabeça que o meu retorno ao Brasil não seria nada fácil, mas eu tinha que estar preparada para tudo.

Em todo o momento em que estive dentro do jatinho fiquei pensando em como ele reagiria; na verdade, essa foi a segunda coisa na qual eu mais pensei. Você deve querer saber qual a primeira, pois bem, esse é um segredo nosso: a primeira foi como Herval reagiria diante da notícia. Eu não tive um filho dele, mas teria de um cara que eu acabara de reencontrar, isso era no mínimo grotesco. Soou muito mal para mim e por um momento eu me senti um monstro, mas diante das minhas circunstâncias... eu estava me lixando para o que soava bem ou mal, tinha que me dar um pequeno crédito... minha vida tinha saído dos trilhos.

— Pamela? Tudo bem...? – Kate tocou meu ombro após algum tempo nos ares. Yes, ela quis me acompanhar e eu simplesmente adorei a ideia. Teria uma pessoa a mais para me ajudar durante a gestação e depois que o baby nascesse também. Eu não pretendia voltar para Califórnia tão cedo mesmo...

Yes... só estou um pouco assustada, refletindo sobre tudo o que tem me acontecido... não se preocupe Kate, não é a primeira vez que algo inesperado me acontece... – Respondi sem muita expressão e virei a cara para a janela, apenas fechei os olhos e tentei me manter concentrada, em que eu não sei.

...

Horas depois, estávamos in Brasil. Eu não podia imaginar que sentiria tanta falta de um lugar tão diferente do qual eu vivi quase a vida toda... o fato é que eu me apeguei aos trópicos e tudo o que neles há. O jatinho pousou e já um carro nos esperava para nos levar à mansão. Eu avisei que estaria voltando em pouco tempo, mas não disse que voltaria naquele dia. Ainda sequer sabia como revelaria para my Family que eu estava grávida, e a cada quilômetro percorrido pelo carro, o medo só aumentava.

Ao chegar em casa, não havia ninguém à primeiro momento, ou seja, nada de alarde. Estava tudo como sempre fora e a saudade que eu senti de cada cantinho daquele lugar me fez quase chorar. Kate entrou junto comigo e o motorista nos ajudava a levar as malas para dentro. Apenas alguns minutos depois foi que Dorothy apareceu falando com alguém no celular, que me pareceu ser Brian. Ao me avistar deu o grito mais agudo que você pode imaginar, quase estourando meus tímpanos, desligou o celular na hora e correu para me abraçar.

— Pamela! Darling! Que saudade, minha afilhada querida... – Seus braços me envolveram completamente e ela fez com que eu enterrasse a cara em seu ombro.

Ya, Dorot... – Ela mal estava me deixando respirar.

— Esses meses foram horríveis sem você aqui, você não imagina o quanto fez falta! Nunca mais suma desse jeito, ouviu mocinha? Ai, ai, ai!

— Madrinha... v-você está... – Tentava afasta-la, mas Dorothy só me apertava mais e mais. – Dorothy, stopped! — Consegui me desvencilhar. – Está tentando me matar asfixiada? Eu estou de volta... – Disse um pouco sem ar. – E não vou sair da sua aba tão cedo, pode acreditar... também senti sua falta. – Falei sorrindo. Só então ela percebeu a presença de Kate, a qual eu tratei logo de introduzir: – Madrinha, lembra da Kate? – Ela confirmou e a cumprimentou. – Ela vai ficar aqui com a gente a partir de agora, por tempo indeterminado.

— I-i-isso não é um protesto, eu adoro a Kate, mas... para quê?

— Para me ajudar!

— E eu não sirvo mais? – Revirei os olhos e sorri ainda que desanimadamente.

— Dorothy, você é insubstituível! Mas nós vamos precisar da Kate pelos próximos meses... tenha certeza disso!

— E eu posso saber porquê?

— Pode, mas não agora. É um assunto extremamente delicado e eu só quero falar sobre isso depois que estiver devidamente descansada e depois de ter matado a saudade do meu filho, cadê o Joaquim? – Apenas com uma expressão facial Dorothy me respondeu. – Você pode ir busca-lo? Acho que não seria apropriado eu e o pai dele nos encontrarmos agora...

Kate e Dorothy não falaram nada, Madrinha apenas confirmou com a cabeça e saiu. Kate, me olhou complacente, ou com pena mesmo, e eu a conduzi para o quarto de hóspedes. Eu estava de volta. De volta à vida real e de mãos e pés atados em relação a minha própria vida. Ela ainda não estava sob meu controle.

Depois de ter tomado um banho revigorante, comido alguma coisa leve, ligado para conversar com Megan e ter me deitado no sofá para descansar da viagem, vi a porta da sala se abrir e na minha frente surgir a pequena figura de Joaquim. Me levantei imediatamente. Ele tinha uma mochila nas costas e me olhou de forma estranha, parecia magoado, triste, sei lá! Por um milissegundo eu senti uma fisgada no peito ao achar que meu filho me odiava, mas no segundo seguinte ele abriu um largo sorriso, jogou a mochila no chão e correu ao meu encontro.

Eu me ajoelhei para abraça-lo e nenhum de nós dois dissemos uma só palavra por um bom tempo, apenas choramos de saudade. Devia ser proibido mãe e filho se apartarem por mais de um minuto na vida. A saudade que eu sentia daquele pequeno ser humano era maior do que o Oceano Pacífico e o Atlântico juntos! Era um buraco que só começava a ser preenchido agora, tendo-o em meus braços.

— Promete... nunca mais... ficar longe de mim...? – Disse o pequeno entre soluços finalmente se apartando de mim. Eu sorri verdadeiramente limpando suas lágrimas e voltei a lhe abraçar.

I promess, my love... eu nunca mais vou ficar longe de você. Never! I love you so much...

— Eu também te amo, mamãe... – Nós mais uma vez nos afastamos e só então eu vi Dorothy de braços cruzados, atrás dele, sorrindo. Eu e Joaquim olhamo-nos por algum tempo em silêncio, eu, achando que ele tocaria no assunto do meu namoro com Richard or... de Herval, e ele, apenas sorrindo de alegria ao me ver pertinho dele. O garoto passou a pequenina mão no meu cabelo disse:

— Você está mais bonita, mamãe... – Eu sorri e segurei seu rostinho entre minhas mãos.

— E você está a cada dia mais encantador, my baby boy...— Ele voltou a me abraçar e inesperadamente disse:

— A Dorothy disse que você está namorando, quem é ele? – Eu e Dorothy nos entreolhamos e ele me soltou, esperando uma resposta.

— Quim, eu...

— Então esse é o Joaquim? – Fui interrompida por Kate que apareceu do nada. Grande Kate!— Mas já é um rapaz grande! Eu achei que fosse uma criança... – Joaquim perdeu o interesse no que eu tinha para dizer e foi até ela. Uffa!

— Eu sou criança, vou fazer 7 anos daqui há três meses, mas é que eu puxei ao meu pai, sabe? Ele é grandão e eu sou igual a ele! – Disse orgulhoso. É... nós nunca contamos ao Quim que ele era adotado. Era desnecessário, né? Kate sorriu e se apresentou:

— É um prazer te conhecer, Joaquim, meu nome é Kate, trabalho para sua mãe e vou passar um tempo aqui com vocês. Pode me chamar para o que precisar!

— Você sabe cozinhar?

— Joaquim! – Dorothy o censurou e Kate riu.

— Sou a melhor cozinheira que conheço!

— E eu concordo com ela. – Completei.

— E sabe fazer bolo de chocolate? – Me arrancou um sorriso. Era uma grande sacanagem do destino ele não ser meu filho biológico, because nós éramos idênticos em muita coisa, inclusive em amar esse tipo de bolo.

— É a minha especialidade!

— Oba!

— Eu ia justamente perguntar à sua mãe se ela quer que eu faça um, você não quer me ajudar? – Ambos me olharam, Joaquim em súplica e Kate em cumplicidade, ela havia escutado Joaquim perguntar sobre Richard e arrumara uma maneira de despista-lo! Eu assenti. Eles foram juntos para a cozinha e Dorothy me fez sentar no sofá junto com ela.

— Foi por pouco, hein! – Respirei fundo. – Não vai perguntar pelo Herval? Não quer saber como ele ficou ao saber que você está de volta?

I don’t care... não somos mais casados, madrinha. E no momento eu só quero saber de matar a saudade do meu filho. Excuse me, que eu vou ajudar a fazer Chocolate Cake!

...

No dia seguinte, logo cedo liguei para o Richard para avisar que eu já tinha chegado, ele pediu para que eu fosse lhe encontrar na Marra, queria me ver o quanto antes e sem hesitar, eu fui. Não revelaria ainda sobre a gravidez, mas sondaria o terreno. Chegando lá, todos me cumprimentavam, agradeciam por ter salvo a Marra, embora eu não tenha feito nada, e perguntavam como eu estava. Bom, com um perto de mão, um sorriso e um “I’m fine” eu me livrava de todos e quando ia saindo do elevador, em direção à minha antiga sala onde me esperava Richard, dei de cara com ninguém mais ninguém menos que Ernesto Avelar.

— P-Pamela... vo-você está de volta...? – Olhei-o dos pés à cabeça e sem esboçar nenhuma reação em vê-lo, me afastei para ir em direção à minha sala. – Ei! Espera, você ainda está com raiva de mim? Já faz tanto tempo... – Segurou meu braço.

— Quer ser demitido, garoto? Não te ensinaram que jamais se aborda seu chefe assim? – Soltei meu braço bruscamente.

— D-d-desculpa, eu só...

— Algum problema aí, Pamy? — Vi Richard se aproximar e olhar Ernesto de cima à baixo.

Pamy...? — Ernesto murmurou.

— Nenhum, baby.

Baby...? — Mais uma vez.

Excuse me... — Me afastei do garoto inconveniente e ele ficou com a maior cara de tacho ao me ver abraçar Richard e em seguida lhe dar um beijo rápido. Então entramos na minha sala. – Pamy?  Seriously? — Ele riu.

— Por que? Não gostou? – Dei de ombros.

— Há quanto tempo ninguém me chama assim...? – Pensei.

— Suponho que desde o high school.

Oh yeah! I remember... éramos Pamy and Rick. — Dei uma curta gargalhada.

— O que foi?

— Isso soa ridículo! Parece tão infantil...

— Eu não acho. Quer dizer, na verdade eu acho, mas é justamente por isso que é legal.

— Como assim? – Ele se aproximou de mim e envolveu-me pela cintura.

— É que toda essa correria, essas responsabilidades e todo o resto que cerca essa nossa vida de adulto, faz com que fiquemos indiferentes ao doce, ao meigo. Quando você me chama de Rick, eu me sinto jovem novamente. Sinto como se todas as responsabilidades de ser um adulto saíssem das minhas costas e eu vivesse the old times again. Então resolvi te chamar de Pamy too para tentar te fazer sentir a mesma coisa. Isso te soa ainda mais ridículo, né? Nem faz sentido!

No! Faz sim... you so sweet...— Acariciei seu rosto e nós nos beijamos suavemente. Depois, trocamos olhares por um instante. Eu estava sentindo um frio na barriga com a ideia de contar sobre a gravidez para ele. Aquele pequeno discurso fofo fora a prova de que eu não precisava temer lhe contar, mas eu não queria fazer isso na Marra. – Você... você pode vir à minha casa amanhã? Quero que conheça minha família e... também tenho algo importante para te contar.

— Claro! De que horas?

— No fim do expediente. Assim não te atrapalha por aqui e... você pode jantar conosco. – Ele sorriu e confirmou.

— Mr. Trainor? Há uma ligação para o senhor. – Apareceu alguém na porta, que eu nem me dei ao trabalho de virar para ver quem era. Richard passaria um tempo trabalhando na Marra Brasil e já estava sendo incumbido de milhares de deveres. Ele me deu um beijo e saiu para atender, com a desculpa de que voltaria logo.

...

Ao voltar para casa, encontrei Dorothy sentada no sofá, folheando uma revista. Senti então que era a hora de me abrir para ela sobre o que estava acontecendo, mas achei melhor conferir antes:

Hi madrinha! Onde está Joaquim?

— Ainda não voltou da aula de violino, mas não se preocupe, o Herval vai buscar ele. – Eu apenas confirmei com a cabeça e sentei ao seu lado e respirei profundamente tomando coragem. – Está querendo me contar alguma coisa, Pam? – Eu a olhei surpresa e seus olhos diziam: “É... eu te conheço...”.

— Estou. É algo... muito sério!

— Você está me deixando preocupada... o que está acontecendo? V-você está doente? Por isso trouxe a Kate? Para ajudar a cuidar de você?

— Não! Deus me livre! Não é isso, é que...

— Anda Pamela! Desembucha! – Ela já tinha jogado a revista na mesinha de centro e olhava fixamente nos meus olhos. Eu então respirei fundo e revelei a verdade para a primeira pessoa depois de Kate:

— I’m pregnant.

— What?!

— É isso mesmo que você ouviu madrinha... e-e-eu estou grávida.

— M-m-mas c-como?!

— Preciso mesmo dar detalhes?

— O pai é o tal do Richard?

— É o que parece, né! Ou você pensa que eu saio por aí dormindo com todo mundo? – Ela balbuciava coisas irreconhecíveis, ainda chocada e nem ligou para a minha patada.

Como?!— Repetiu. – Todos esses anos você não engravidou e agora, como que por uma pegadinha do destino essa criança aparece?!

Hey! Meu filho não é uma pegadinha. E-e-eu estou apavorada, mas isso é um milagre! E eu devo isso ao Richard, okay? – Ela olhava para o nada. Eu tinha a impressão de que Dorothy teria um troço na minha frente.

— Ele sabe?

— Ainda não contei. Convidei ele para jantar aqui amanhã. Se tudo der certo, ele fica sabendo amanhã mesmo.

Ah Darling... — Ela me abraçou. – Deve estar uma confusão dentro dessa cabecinha, han? – Foi aí que senti um nó na garganta, uma vontade quase incontrolável de chorar. Quase. Porque ela mal terminou de falar isso e vimos Joaquim surgir na porta.

Hey! Como foi a aula hoje, Quim? – Afastei as possíveis lágrimas para falar com ele.

— Foi legal.

— Onde está seu pai? – Dorothy perguntou.

— Ele me deixou na escadaria e foi embora. – E olhou diretamente para mim enquanto falava, como que me acusando por isso, tive que baixar a vista. – Eu vou tomar banho, daqui a pouco eu volto. – Me deu um beijo, teve os cabelos afagados por Dorothy e se retirou.

— E quanto ao Quim? Quando vai contar para ele?

— Eu não sei... estou com medo da reação dele, madrinha.

— Mas você sabe que uma hora ele vai perceber né...?

I know.

...

Por Herval:

Eu fiquei sem reação quando a Dorothy chegou na minha casa dizendo que tinha ido buscar o Joaquim porque a Pamela tinha acabado de chegar de viagem. Eu já estava sem chão e depois de saber que eu não podia ir vê-la, o buraco no qual eu caía ganhou mais profundidade.

No dia seguinte quando eu fui levar o Quim em casa, senti uma vontade enorme de entrar só para olhar para a cara dela, Joaquim até me instigou a fazê-lo, mas eu não fui capaz. Eu estava tão acabado de saudade e arrependimento, que se a visse cairia de joelhos aos seus pés. Só que meu orgulho me impedia, ela não podia fazer ideia de que eu estava sentindo sua falta! Se ela estava bem, pelo menos em sua cabeça eu também tinha que estar bem.

No outro dia, à noite, Joaquim me ligou, estava uma barulheira ao fundo e sussurrando para que ninguém ouvisse, pediu para que eu fosse lhe buscar. Alegou que precisava de mim urgentemente e que não era para eu demorar. Eu não entendi e ele também não estava sendo claro no motivo para tal ligação. Para todos os efeitos, fui até a mansão. Tentei ligar novamente para manda-lo sair, mas ninguém atendia. Relutei muito até tomar coragem para entrar. Eu não queria de jeito maneira dar de cara com a Pamela, mas se o Quim queria tanto me ver, eu não iria embora por pura fraqueza!

Abri a porta, mas ninguém percebeu minha presença. Fui entrando de mansinho e então pude avistar na sala Dorothy num canto, provavelmente dando uma bronca no Quim e a Pamela sentada no sofá, com alguém de costas para porta. Um homem. Sua expressão era de culpa e tentava enxugar algo na camisa do tal. Eu não sei por quanto tempo fiquei ali olhando-os até ser percebido. Pamela se levantou imediatamente e o homem ao seu lado fez o mesmo, virando para mim. Ele segurou sua mão e eu quase desmontei no mesmo instante. Ele era com certeza o tal namorado que o Quim não queria aceitar, cabelo loiro, cacheado, olhos verdes e barba cerrada, meu total oposto. Pamela estava mesmo tentando me esquecer, e isso doeu.

Dad!— Joaquim correu para mim, agarrando-se à minha roupa.

— O que houve, Joaquim? Por que me chamou?

— Ah, ele chamou você...! – Pamela se pronunciou. Eu a olhei nos olhos, mas ela não sustentou o olhar por mais de 5 segundos, apoiou a cabeça no ombro do zinho ao seu lado.

— Ch-chamou... – Murmurei.

— Deixa eu dormir com você hoje? Por favor...

— Mas o que...

— Joaquim, a gente precisa conversar. – Pamela tentou se aproximar.

— Não! Você não vai me convencer de nada! – Voltou a me implorar: – Por favor, papai, me leva daqui...! – Seus olhos tornaram-se marejados.

— Tá, tá, tá bom, eu levo. – Pamela negava alguma coisa com a cabeça, mas não impediu que eu tirasse o moleque de lá. E eu saí mais perdido que cego em tiroteio.

E assim foi o nosso reencontro. Como dois estranhos. Ela mal olhou nos meus olhos, seu “namorado” me olhando desconfiado, e Joaquim totalmente desesperado para sair da própria casa o mais rápido possível. Eu tinha que tirar aquela história à limpo. Ainda no carro eu tentei saber o que aconteceu e ele me explicou tudo:

— Depois que eu voltei da aula, a mamãe disse que queria que eu conhecesse alguém. Ela pediu para que eu me comportasse e que tentasse entender que ela estava tentando levar a vida dela adiante. Eu não entendi muito bem esse papo, mas eu sabia que ela queria que eu conhecesse o Richard. – Então esse era seu nome... – Ele chegou para jantar com a gente e eu não consegui acreditar, não mesmo papai! Você é bem melhor que ele! Eu o odiei e aposto que a tia Dorothy também!

— Mas o que aconteceu? A Dorothy estava te dando uma bronca quando eu cheguei, não estava?

— Estava... é que, ao contrário do que a mamãe pediu, eu não me comportei. – Esperei ele continuar. – Primeiro que quando ele chegou, eu corri para o quarto e só saí porque a Dorothy foi me buscar pela orelha. Segundo que... eu coloquei uma lagartixa na calça do Richard... – Ele sussurrou esse último feito.

— Como é que é? – Comprimi os lábios para não rir.

— Isso. Eu saí no jardim, enquanto minha mãe conversava com ele na sala, e peguei uma lagartixa. Ninguém percebeu... na hora do jantar, eles estavam distraídos conversando e nem notaram quando eu escorreguei para baixo da mesa e coloque a bichinha na calça dele. – Estava ficando cada vez mais difícil me segurar. – Ele levantou pulando feito uma perereca e acabou derrubando vinho na camisa. – Aí eu não me aguentei... gargalhei! Gargalhei alto e tão subitamente que o garoto se assustou. – Ué, você não vai brigar comigo também...?

— Eu?! Eu deveria te dar um troféu por isso, garoto! – Não, coisa feia Herval... incentivando o filho a fazer o que não deve... respirei fundo. – Foi engraçado, mas eu espero que não se repita, está ouvindo? Eu sei que é difícil aceitar sua mãe com outra pessoa, mas tenta entender Joaquim... ela deve estar muito triste com você agora. – Confesso que não sei se fui convincente. Eu quase não conseguia controlar o sorriso enquanto falava! Eu daria um dedo para ver o babaca pulando feito doido durante o jantar!

Ninguém tira a mulher da minha vida e sai impune!


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