Geração Pamerval - A história do início ao fim escrita por Sophie Carsifur


Capítulo 147
Capítulo 147


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal!
Esse capítulo ficou, like, enoooorme! Não consegui reduzir, não consegui parar de escrever, então ficou assim mesmo.

A trilha desse capítulo é Till It Happens To You
https://www.youtube.com/watch?v=kRnXP8c3Zw0

Uma música simplesmente maravilhosa e a que eu mais achei que se encaixava com o momento da fic... não é à toa que tive que tirar trechos dela pra pôr aí XD
Ah! e uma leitora quis saber como seria o Joaquim. Nathalia, você quis saber como seria o Quim na minha concepção então aí está! O que mais se aproximou do que eu acho que ele é... gostou?
Boa leitura guys!



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Por Pamela:

 

— Eu não aguento mais ver vocês brigando! – Disse indignado, segurando firme a toalha. Um corpo tão pequeno, mas uma mente tão gigantesca...!

— Quim, ainda tá cedo pra você entender certas coisas, mas... – Herval tentou explicar.

— Cedo por quê? Porque eu sou criança? Mas eu já sei o que tá acontecendo... vocês estão fazendo a maior besteira de suas vidas. — Nos deu as costas e correu para o seu quarto, para se trocar. Dorothy ainda me olhou e olhou para Herval, este, por sua vez, estava de cabeça baixa, reflexivo.

Então até madrinha se retirou, mas só com o olhar, exigiu que eu não brigasse mais. Depois de ver a decepção no rosto do Joaquim eu iria brigar? Nós dois ficamos numa inércia por alguns minutos, até eu me dar conta de que precisava falar com Joaquim, tentar me explicar, afinal ele poderia me odiar ainda mais...

— Aonde vai? – Herval me perguntou, quando dei a volta no sofá para ir ao quarto do Quim.

— Não te interessa. Minha vida não te diz mais respeito.

— A gente ainda tá casado, caso você tenha se esquecido. – Disse, caminhando até mim e segurando meu braço.

— Ou você me larga, ou a briga vai recomeçar. –Aviso. Ele, a contragosto me soltou. – E eu acho que quem esqueceu disso foi você... – Disse, seca, e fui embora. Ao chegar no quarto do Quim, ele estava vestindo uma camisa, completamente cabisbaixo. – Joaquim, eu queria...

Ele só veio até mim e me abraçou forte. Sem palavras, sem reclamação ou pedido. Ele só me abraçou e foi um dos poucos bons momentos dos últimos tempos. A mágoa estava evidente, mas não era mágoa de mim ou de Herval, mas do nosso ato de nos separarmos e... brigarmos.

Em outras palavras eu diria que não era mágoa dos criadores, mas da criatura, entende?

— Joaquim? Posso falar com você? – Ouvi a voz de Herval meio rouca e eu olhei para trás, apenas para ver seu rosto preocupado. Nossos olhares se cruzaram, mas o orgulho os fez desviar. Eu queria dar na cara dele e ao mesmo tempo, lhe encher de beijos.

Ele já começava a parecer um estranho para mim, mas um estranho que eu nunca deixei de amar, e para o meu desespero, parecia que nunca deixaria. Joaquim me olhou uma última vez docemente e eu entendi que era para sair do quarto. Eles teriam de conversar e eu cri que seria o melhor... passando por aquele que me tirou do sério naquele dia, senti seu perfume invadir meus pulmões.

Eu quase falhei. Quase parei e lhe roubei um beijo. Quase lhe exigi um abraço. Mas daí lembrei que éramos dois estranhos e me retirei do quarto, seguida por Dorothy, que disse que faria um chá para acalmar meus ânimos. Claro que isso era impossível com Herval lá dentro! Então eu me tranquei no quarto com o intuito de chorar.

Por Herval:

Se o meu casamento estava começando a ruir, eu não devia deixar isso atingir a minha relação com o Joaquim. Eu tinha sido um idiota em todos os sentidos e com todos, mas por outro lado, também estava muito machucado! Era difícil me manter forte para olhar o rostinho de súplica do Quim.

Depois que Pamela e Dorothy nos deixaram sozinhos no quarto, ele sentou em sua cama esperando que eu começasse a falar e então eu me ajoelhei na sua frente e respirei fundo antes de começar.

— Joaquim, aquilo que você viu lá na sala foi...

— Uma briga. E não foi a última. Tudo bem, papai... eu não tô com raiva de você. – Essa frase me tirou uma tonelada das costas, mas eu não esbocei nenhuma reação; eu ainda estava no “e não foi a última.” Eu não suportava mais brigar com ela... no fundo, no fundo, eu já começava a me arrepender por tudo.

Eu detestava ter que ser duro e detestava vê-la ser fria comigo! Se eu passasse por isso mais uma vez, certamente definharia.

— Eu não vou deixar nada do que vem acontecendo ultimamente, afetar a gente, tá bom? – Ele acenou uma vez, com pouca convicção. – Eu vou fazer de tudo para estar sempre, sempre ao seu lado! Eu e a sua mãe, a gente está... se separando... mas eu continuo sendo seu pai em todas as horas, tá ouvindo?

Yeah, daddy... — Se esforçou em responder. Eu teria que dar o meu melhor para reconquistar meu filho, porque sinceramente, ele não tinha uma gotinha de vontade de estar conversando comigo.

— Eu te amo, não esquece disso nunca, tá bom? – Falei, lhe abraçando fortemente. O garoto demorou, mas acabou por corresponder ao abraço e respondeu:

Me too, dad. Love you. — Era bom abraça-lo, eu tive a sensação de protege-lo de toda a tsunami de coisas ruins que nos cercavam e a sensação de estar sendo protegido por ele também! Se não fosse Joaquim nesse barco... ele com certeza afundaria. — Agora eu preciso estudar... tenho prova semana que vem...

— Tudo bem... bom estudo, meu filho. – Falei, ficando de pé e dando uma leve bagunçada em seus cabelos castanhos. – Até depois...

— Até. – Caminhei até a porta, mas fui impedido de sair pelo seu chamado. – Papai!

— Sim? – Virei pra ele.

— Vai falar com a mamãe. Vocês dizem que quando a gente briga, precisa pedir desculpas... – É, só que a gente esqueceu de avisar que a maioria dos adultos é hipócrita.

— Ok. – Se eu negasse, perderia pontos altos com ele! Joaquim sorriu pela primeira vez naquele dia e só então eu saí de seu quarto.

— Já vai embora, Herval? – Encontrei Dorothy no caminho, que trazia consigo uma pequena bandeja com uma xícara.

— Na verdade... não. Tô indo falar com a Pamela. – Ela arqueou as sobrancelhas. – A pedido do Joaquim... – Ela assentiu.

— Tem certeza de que é uma boa ideia?

— Eu não sei... – Disse num suspiro. – Mas não vou brigar, isso eu garanto. – Sorriu forçado e me entregou a bandeja que alegou estar levando para o quarto da Pamela. Bom, ela não imaginaria que eu iria falar com ela, e a bandeja seria uma boa desculpa para ir lá.

Dorothy foi para o quarto do Quim, e eu para o quarto de Pamela, que há muito pouco tempo ainda era meu também... eu ainda tinha que buscar o resto das minhas coisas, quando na verdade queria levar de volta as que tirei. Cheguei na porta e bati com sutileza. Não ouvi nenhum ruído de lá de dentro. Bati com um pouco mais de força e só então escutei sua voz tremula.

Come here, madrinha, está aberta! – Eu segurei a maçaneta e sem acreditar que estava mesmo fazendo aquilo, abri a porta.

Pamela estava deitada de costas e com uma certa esticada de pescoço, consegui ver que estava abraçada ao que antes era meu travesseiro. Fiquei em silêncio pelos segundos seguintes, apenas vendo passar diante dos meus olhos, muitas cenas já vividas nesse quarto. Eu daria tudo para voltar a vive-las...

— Dorothy...? – Ela se virou então; e ao me ver no lugar de sua madrinha, deu um salto da cama. – O que está fazendo aqui?

— Eu precisava conversar com você... – Coloquei a bandeja em cima da mesinha de cabeceira, que notei, estar com os porta-retratos com fotos nossas, emborcados, e voltei a fita-la. Pamela estava intrigada, mas não foi tão hostil quanto eu achei que seria.

— Eu acho que a gente já falou demais por hoje... – Virou-se de costas para que eu não visse seu semblante abatido. Bom, se ela se dispusesse a olhar melhor para mim, veria que eu estava tão acabado quanto!

— Eu só queria pedir desculpa. Eu me exaltei... não devia ter falado aquelas coisas pra você. Não só hoje, mas em todas as outras vezes.

Whatever, já passou. Eu também não fui muito receptiva. – Falou, se virando levemente. – Era só isso? Agora pode me deixar sozinha...

— Eu só queria saber... onde foi que a gente se perdeu... – Falei, derrotado, quase saindo do quarto.

— Se achar a resposta, não esquece de me dizer. – Disse afonicamente.

— Você acha que adiantaria de alguma coisa...? – Quis eu saber sinceramente.

— Acho. Pode até ser burrice, mas eu iria querer saber...

 

~Um mês depois...

Por Pamela:

Mom, você não acha que está na hora de vocês dois pararem de criancice e se acertarem? Davi já desistiu de ser cupido, principalmente pelo fato de que ele tem negócios em São Paulo para resolver e o Herval é cabeça dura demais para ceder a ele. Agora nós dois temos que ficar indo e vindo de São Paulo, porque vocês não se acertam!

— Se vocês dois vieram para o Rio para tentar fazer com que nós reatemos, realmente perderam tempo. Perderam um mês inteiro! – Estávamos conversando, enquanto eu assinava umas documentações na Marra.

— Tem certeza de que foi perda de tempo?

— Hunrrum... – Murmuro, sem tirar os olhos dos papéis.

— Tanto que um mês depois vocês ainda não assinaram o divórcio! – Eu larguei a caneta em cima da mesa, suspirando e tentei explicar:

— Megan, eu tenho uma emissora de televisão e uma empresa de tecnologia para tomar conta. Tenho um filho de 6 anos que precisa da minha atenção, e uma de 26 que acabou de se casar e já acha que sabe de tudo sobre casamento e vida a dois. Você realmente acha que eu tenho tempo para pensar em processo de divórcio agora?! – Ela sorriu e revirou os olhos, sentando numa poltrona com uma revista na mão.

— Se você diz... – Insinuou. Eu já tinha pego a caneta novamente e com tal insinuação fiquei batucando com ela no vidro da mesa e respirando fundo para não brigar.

E o pior é que ela estava me irritando porque estava falando a verdade! Eu repeti essa minha desculpa para mim mesma mais de mil vezes para ver se eu acreditava, mas o fato e que eu não assinei divórcio nenhum porque eu não consegui! Simplesmente me dava pânico imaginar a cena.

— Mrs. Parker?

— Sim, Murphy? – Fitei sua imagem na porta.

— Trago notícias não muito boas... – Notícias péssimas, supus eu.

— Desembucha, Murphy. O que foi que aconteceu agora?

— Problemas na Marra International. Parece que tudo lá dentro está um descontrole total! Queda de vendas, problemas com a produção, corte de funcionários... propostas de compra da Marra... – Com essa última eu ri. – Eles precisam da presidente da empresa para botar orem naquilo lá.

— A Marra tem vários acionistas! Eles não podem resolver isso? Eu já tenho a sede da Marra para cuidar!

— São os próprios acionistas que estão implorando sua presença na Califórnia, Mrs. Parker... e-e-eu não sei explicar em exato, talvez estejam dramatizando, mas só dá para ter certeza se você for para lá. – Só me faltava essa.

— Eu prefiro que você fique, mom! De longe não dá pra te convencer a...

Megan! — A censuro e isso e um empurrão para que eu aceite logo de uma vez. – Parto dentro de dois dias. Você cuida de tudo em relação a viagem, Murphy.

— Sim, Mrs. Parker! Com licença. – E sai.

— Você tá louca? E o Herval? E o casamento de vocês!? – Megan me imprensa na cadeira.

Acabou, Megan Lily! Será que dá pra você colocar isso na sua cabeça?!

— Você não percebe que não dá pra se separar dele? VOCÊS SE AMAM! Sequer teve coragem de dar entrada na papelada do divórcio!

— Não seja por isso. – Falei de cabeça quente. – Murphy! – Berrei. – Murphy!!

— Sim, Mrs. Parker? – Ele apareceu correndo.

— Ligue para o meu advogado e marque uma reunião para amanhã.

 – Sim senhora. – E sai novamente.

What?! Eu escutei bem?

— Megan, stop, okay? — Levantei irritada e saí porta a fora.

(...)

17h32min do dia seguinte...

— É isso mesmo, Dr. Arnold; quero resolver esse problema logo.

— Bem, a Sra. me pegou de surpresa, mas eu posso tentar. Hoje infelizmente não dá mais tempo, mas amanhã mesmo eu estarei entrando com o pedido de divórcio. Assim que conseguir, envio o documento para vocês assinarem.

— Ótimo. Thank you. — Nos cumprimentamos com um aperto de mão e ele foi embora. Eu senti de repente um vazio, mas estava fazendo o que tinha de fazer. Herval não movia uma palha, nem a favor nem contra, então eu tinha que tomar uma atitude. – Murphy, estou indo para casa mais cedo hoje, cancele todos os meus compromissos. – Falei, passando por ele, que confirmou. Entrei no elevador e em pouco tempo estava no térreo, rumo ao estacionamento.

(...)

— Ah isso é muito difícil! Eu não vou conseguir... – Mal entrei em casa e já reconheci a voz de Joaquim.

— Consegue sim, garoto! Que é isso? Não pode desistir assim no primeiro obstáculo não! – E... reconheci a voz de Herval também...

Mommy!! — Ele me viu e largou o violino que tinha em mãos, para vir me abraçar. Herval ficou um pouco sem jeito e eu queria enfiar minha cara no chão naquele momento! Afinal, tinha que falar com ele sobre a papelada do divórcio.

— E aí, Pamela... – Disse apenas e eu sorri fraco.

Hi, Herval. – Ele estava um pouco diferente da última vez que nos vimos.

Foi na mansão mesmo, por um acaso ele foi falar com o Quim e o moleque havia saído com Dorothy. Esse dia foi bem... intenso!

Você sabe que nada aqui dentro de mim, mudou todo esse tempo, não sabe?

Nem em mim. Mas isso não importa mais. Os tempos são outros.

Fiquei sabendo que você disse umas verdades ao Ernesto... então vocês realmente não tinham nada?

Isso também não importa mais...

— E o que é que importa?

— Sobreviver, trabalhar e cuidar do meu filho.

— Do nosso filho!

— Que seja...

— Por que está tão fria comigo?

— Não acha que eu já sofri demais? – Ele abaixou a cabeça. – Por que está fazendo isso agora? Não temos mais jeito, Herval... você não confia em mim, nós dois nos ferimos demais! Isso não tem mais futuro! Para de me torturar! Para de se torturar! Nossa história chegou ao fim...

— Você me ama?

— Vai embora.

— ME AMA?

— Não interessa.

— Interessa sim, responde!

— Herval...

— Responde que eu vou embora. – Segurou meus braços praticamente me obrigando a olhar em seus olhos.

— Eu aprendi que amor não se conjuga no passado. Ou se ama, ou nunca foi amor de verdade...

— O que isso quer dizer?

— Já chega, se você não sai, saio eu! – Fiz com que me largasse e ia lhe dando as costas, quando ele segurou meu braço, me trazendo de volta para si. Nossos lábios ficaram a menos de dois centímetros e a minha respiração acelerou significativamente. – Me solta... – Murmurei.

— Me perdoa.

— Já é tarde demais pra isso, Sr. Domingues.

— Nunca é tarde demais.

— Nós já sofremos muito. Seria burrice cair na mesma armadilha... – O empurrei e ameacei sair.

— Pamela...

— O amor é uma droga! Não tem nada de sublime! No final das contas, sempre acaba assim...

— Mamãe? Você tá bem? – Fui desperta da lembrança, por Joaquim e apenas sorri em confirmação.

— Eu vou tomar um banho, baby... daqui a pouco eu volto, okay? – Ele confirmou e eu saí da sala.

(...)

— Eu descobri que te amo hoje, mais do que nunca. – Me virei subitamente, para encontrar ele na porta. Por sorte, estava envolta num roupão.

— Herval, nós já conversamos sobre isso.

— Agora eu sei que você não teve nada com o Ernesto, eu só não...

Shut up. Não vale o esforço... você sequer tem noção do que disse...

— Eu sei o que eu disse. Eu ainda te amo! Não foi o calor do momento. Há verdade entre as palavras que dissemos. Em todos os momentos. Em todas as brigas e em todas as confissões de amor...

— É um pouco tarde agora para consertar um coração que foi quebrado, não acha? – Senti a garganta doer. – Antes... costumava ser como um paraíso. Eu costumava ouvir aqueles violinos tocando nossas notas como uma sinfonia... agora eles foram embora, pra nunca mais...

— Não foram! Ainda estão aqui!

— Você não está querendo encarar a realidade!

— Mas que realidade é essa?!

— Eu entrei com o pedido de divórcio. – Ele ficou estático. – E vou viajar por tempo indeterminado.

— Pra onde você vai?

— Não me pergunte. Nem eu sei... – Menti. Seus olhos esperavam que eu dissesse que tudo aquilo era uma brincadeira, mas não era...

— Então é esse o nosso fim?

— Parece que sim...

— Eu só queria que alguém tivesse me dito que amar doía tanto...

E eu vi Herval chorar na minha frente.


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Notas finais do capítulo

'-'
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