Geração Pamerval - A história do início ao fim escrita por Sophie Carsifur


Capítulo 110
Capítulo 110


Notas iniciais do capítulo

Oi, oi gente!
Boa leitura!!
Espero que gostem do capítulo e que eu tenha conseguido passar o efeito que desejei. ^^



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Por Herval:


Ela não preparou nada, sequer uma mala! Sairia com a roupa do corpo, com a cara, a coragem e a imprudência.

Ela levantou da cama de uma maneira que se eu estivesse dormindo, não notaria, mas acontece que eu não preguei os olhos. Vez ou outra, durante a madrugada, lágrimas vertiam meu rosto e eu não podia acreditar que Pamela estava fazendo isso comigo... não só comigo, mas com toda a sua família! Compreendia perfeitamente seu lado materno, mas a possibilidade de ela entregar a sua vida nas mãos de um psicopata, era algo que não entrava na minha cabeça.

Se levantou e seus passos silenciosos me perturbavam, eram passos para seu abismo, eu não aceitava! Assim que ela passou para o banheiro, talvez para se arrumar, parou e deu uma olhada para mim, de lado, o que me fez fechar os olhos imediatamente. Ouvi sua respiração pesar, ela respirar profundamente como se quisesse controlar o desespero de me deixar, e pude perceber sua presença mais perto de mim, o seu cheiro, que ela me faria nunca mais sentir. - Pamela é louca!– Ela logicamente se agachou ao lado da cama e sua mão, um tanto gélida, tocou meu rosto, acariciando minha barba. Ela seria capaz de me fazer sentir falta daquele toque?!

Minha garganta tapou naquele momento e parecia dar um nó. Imaginar minha vida sem aquela mulher era como me imaginar sem vida.

Me perdoa, my love... – Sussurrou e sua voz estava embargada, era difícil manter os olhos fechados, quando na verdade eu queria olhar nos seus e dizer que eu a amava muito mais. – É pelo bem da nossa Family... – Ela realmente achou que me faria bem, destruindo a própria vida?! - Não esquece nunca, jamais, que... – O choro não deixava sua voz sair direito. Ela falhava a cada vogal. - Que eu te amo. – Ela encostou seu rosto ao meu e eu senti uma gotinha quente de suas lágrimas, cair no meu rosto, parecia que meus olhos ardiam por eu estar tentando controlar as minhas e eu não sabia até quando ia aguentar segurar. – Eu te amo demais, honey... e nunca vou esquecer esses anos lindos que passamos juntos... – Achando que eu dormia, pousou tremulamente seus lábios sobre os meus, num beijo. Seria o beijo de despedida... era assim que ela iria embora? Assim que me diria adeus?

Eu quase botei tudo a perder! Quase me levantei naquele momento, segurei suas mãos ali, lhe chacoalhei e afirmei que ela não me abandonaria e que conseguiríamos pegar o Quim de volta sem que ela precisasse se sacrificar. Mas não pude, estragaria meu plano... e Pamela ainda me agradeceria por aquilo. Ela se levantou e foi para o banheiro se aprontar, e eu, tentando manter a ‘compostura’, esperava o momento certo para agir. Ouvia seus soluços vindos de lá de dentro. Ela não parava de chorar. Caminhava para sua eterna infelicidade, o que poderia fazer? Chorar. Mas não por muito tempo, eu não ia deixar que Pamela fosse infeliz. Desde o dia em que nós nos casamos, há pouco mais de 6 anos atrás, eu lhe prometi que lhe faria feliz, a mulher mais feliz do mundo! E cumpriria a minha promessa.

Quando ela finalmente saiu de lá de dentro, ainda enxugava os olhos, vermelhos, e ao me ver, não suportou esperar mais, correu para fora do quarto de uma vez, na tentativa de não ceder ao desejo de ficar. Joaquim precisava que ela se sacrificasse e ela não podia ser egoísta e querer ficar comigo para o seu próprio bem – isso tem lógica? – A felicidade de nosso filho, acima da sua. Eu concordo com ela, plenamente! Mas podíamos ter a felicidade de ambos, ela não precisava entregar a sua de mão beijada.

Nesse exato instante eu saltei de cima da cama, já tropeçando na calça de moletom que eu tentava tirar. Corri para a poltrona ali do lado e peguei a camisa e a calça que havia lá, vesti e saí correndo atrás dela. Seu carro já estava sendo tirado da garagem, ela ia na companhia de Edmilson e eu só esperei que ela saísse para pegar o meu e lhe seguir. Dorothy e Megan ficariam sem entender absolutamente nada com certeza, mas não havia tempo para explicações. Na verdade, tempo, é uma palavra que desconhecemos o significado naquele período. Pamela não faria aquilo com a vida dela, com a nossa vida!

Tentei manter uma distância razoável para ela não notar que eu a seguia, e no caminho, liguei para o meu contato da polícia. Ele disse que já estava a caminho do lugar onde seria feita a troca. Disse que as possibilidades de Jonas sair daquela emboscada eram difíceis, mas não impossível, portanto, me deixava logo avisado de que qualquer coisa poderia acontecer. E fosse o que Deus quisesse!

Era inacreditável! Eu queria piamente acreditar que aquilo era um pesadelo e que a Pamela não estava sendo capaz de fazer uma coisa daquelas. Tudo bem, era desespero de mãe, mas a gente já havia conversado! Ela não podia fazer aquela asneira! Por outro lado, embora fosse arriscado, era uma das poucas maneiras existentes de a gente se livrar de vez de Jonas Marra.

Eu não sabia o que me aguardava. Eu não sabia o que nos aguardava! O que aconteceria depois... e se sairíamos todos ilesos dessa. Só sabia de uma coisa:

Pamela não iria com Jonas.

Deixei o carro um pouco atrás do de Pamela, ela e Edmilson estavam tão tensos e nervosos que nem perceberam a minha presença. Estávamos num lugar aberto, meio deserto e assim que vi Jonas sair de seu carro, me escondi atrás do de Pamela. Tinha um helicóptero perto dele, seria o que ele usaria para leva-la rumo ao inferno e nosso motorista estava ali também para garantir a ida segura do Quim para casa. Jonas estava com o braço em volta do pescoço do nosso menino, que chorava em silêncio. Como agir de modo que ele não machucasse nem a Pam e nem o Quim?!

–Baby, você veio! – O idiota sorria, enquanto Joaquim começava a gritar pela Pam.

–Solta meu filho, Jonas! Eu já estou aqui. – Ele a obedeceu e Joaquim, tropeçando no próprio pé, correu em direção a mãe.

Foi uma cena verdadeiramente tocante... Pamela se ajoelhou no chão e não demorou 2 segundos para ter o impacto do corpinho do Joaquim contra o seu. Senti cócegas na bochecha e passei a mão por ela só para perceber que estava chorando. Queria estar naquele abraço também... Pamela chorava descontroladamente e suas mãos acariciavam os cabelos negros de Joaquim. Ele, enterrava seu rosto no pescoço dela, como se só ali ele estivesse seguro.

–Eu senti tanto medo, mamãe... – Como resposta ela o apertou mais forte. Era seu abraço que confortaria aos dois.

–Ele te machucou, my baby? – Ela o examinava preocupada e o menino apenas negou com a cabeça, antes de voltar a lhe abraçar.

–Tá tudo muito lindo, muito tocante, mas é hora da gente ir, MarraWoman! – Jonas ficou perto da Pam e do Quim.

–Mommy, você vai com ele? – Era como se eu visse seu coração apertar com aquela pergunta. Era demais para a cabecinha de uma criança de 5 anos!

Sem mais nem menos começou a se fazer audível o barulho da sirene do carro da polícia, eles tinham chegado, era hora de agir! Saí do meu esconderijo, enquanto os policiais desciam do carro, apontando suas armas para Jonas.

–Não, meu filho, a mamãe não vai com esse cara. – Falei decidido. Pamela ficou de pé imediatamente e me olhava com uma expressão que no momento não consegui distinguir, mas com certeza ela pensava “what the fuck?!”

Papai!!! – Ele correu imediatamente para mim, se atirando nos meus braços e por alguns segundos eu consegui sentir a mesma sensação que Pamela sentiu ao abraça-lo. Era como se me devolvessem a vida.

–Você perdeu, Jonas Marra! Não tem mais pra onde correr! – Falei ainda com Joaquim nos braços.

–Isso é o que vocês pensam! – Puxou Pamela bruscamente para si, tirando uma arma da calça. Por essa eu não esperava... – Se algum desses policiais mover uma palha, eu atiro nessa linda cabecinha... – O cara estava mesmo louco. O cabelo tinha crescido e estava bagunçado, tinha deixado a barba crescer e parecia mesmo um maníaco, psicopata. Pamela fechou os olhos e as lágrimas escorriam, talvez seu cérebro a paralisara, pois não grunhiu um som sequer!

–Acho melhor o moço baixar essa arma, se não quiser levar chumbo! – Gritou um policial.

–Ah eu levo chumbo? Pois eu levo numa boa! Mas ela também! – Comprimiu mais a arma na cabeça da Pam o que só lhe provocou mais lágrimas e provavelmente dor na têmpora. Joaquim quase me sufocava abraçado a mim e Pamela finalmente abriu os olhos e olhava nos meus olhos. Era um olhar de desespero.

Era súplica.

Amor.

Arrependimento.

O chefe dos policiais, meu amigo, viu que aquilo não acabaria bem e pediu que todos os outros baixassem suas armas. Já haviam tirado o piloto do helicóptero, não havia como fugir por ele. Dessa forma, Jonas começou a caminhar em direção ao seu carro que estava a alguns metros.

–Herval!!! – Pamela gritou antes dele enfiá-la dentro do carro, entrar também e partir em disparada.

Aquele grito foi como faca afiada no meu peito e eu não podia ver o amor da minha vida ser tirada de mim daquela maneira. Pamela não iria com Jonas! Eu jurei isso!

–Levem meu filho pra casa em segurança. Eu me entendo com o Jonas!

–Herval! Herval! – Sem escutar o que meu amigo dizia, corri até meu carro e sem mais delongas, fui atrás de Jonas. Ele não levaria minha mulher. Não levaria minha vida embora!

Iniciei ali uma perseguição árdua! Minhas têmporas latejavam e meu peito estava cada vez mais apertado. Jonas dirigia feito um louco e eu via a hora de ele bater em algum outro carro e matar ele, Pamela e mais algum inocente.

–Eu vou te salvar, meu amor... – Prometi à Pamela num sussurro, com os olhos nublados pelas lágrimas.

Os minutos se estendiam e eu não fazia ideia de para onde ele levava Pamela. Ela estava apavorada, ele com certeza lhe maltratava. Eu queria tanto cuidar do meu amor...

O sinal fechou. Merda!

Mas ele passou direto, pouco se importou se vinha carro. No entanto haviam carros na minha frente, não tinha como eu passar também e ser tão louco quanto! Bem ao meu lado, na espera pelo sinal também, parou um homem numa moto. – Deus, tu é o cara! - Sem pensar duas vezes, saí do carro lhe arrancando da moto e lhe entregando a chave do meu carro.

–Eu preciso da sua moto, cara. Toma, é todo seu. Divirta-se! – Praticamente lhe expulsei da moto e o moço nada entendeu. Só arranquei o capacete da sua cabeça, subi na moto e fui tentar salvar a minha vida, que era Pamela...

Aumentando cada vez mais a velocidade, consegui manter Jonas no meu campo de visão. Desviar dos carros era difícil, mas mesmo com a adrenalina à mil, sentia que não pararia até ter Pamela em meus braços novamente.

Já chegávamos à uma estrada onde só havia vegetação rasteira dos dois lados e a estrada era de terra. Ele não pararia?! Tinha noção de para onde estava indo?!

Parou. Não havia mais para onde correr. Saiu do carro segurando Pamela pelo pescoço, na mira de sua arma e eu desci da moto, jogando o capacete em qualquer lugar.

–Jonas larga essa arma! Você não tem mais para onde correr! Admite que perdeu.

–Nunca! Pamela é minha! Só minha! Ninguém vai tirá-la de mim! Se não for minha não vai ser de mais ninguém! – E eu pude ouvir o CREC da arma, só era o trabalho agora de atirar.

–Jonas, pelo amor de Deus... me deixa em paz... – Pamela dizia entre lágrimas.

–Para que você quer paz se pode me ter?! – Ele a olhava, se ela continuasse falando, ele se distrairia. Pamela me olhou e eu fiz sinal para que continuasse falando. E me aproximava apenas.

–Mas eu não te amo! Aceita isso de uma vez...!

–Eu vou te ensinar a me amar de novo... você vai ver!

–Você não pode fazer isso... Jonas, eu já te amei, muito, mas acabou... olha, a gente não te entrega para a polícia! Você some, refaz a sua vida, mas me deixa voltar para minha família...

Eu sou sua família! Você ainda não se deu conta de que foi feita para mim, Pamela? – E ele roçava aquela barba nojenta na pele dela, era visível seu nojo! Ele estava completamente distraído com ela, não apontava mais a arma para sua cabeça. Mirava a direção oposta.

Corre Pamela!! – Essa distração me serviu para avançar nele e segurar sua mão com a arma. Pamela se desvencilhou dele e o mesmo agora se agarrou a mim.

Parecia que revivíamos a cena em que ele tentou sequestrar a Pam em casa. Só que agora, quem lutava pela arma com ele não era Ernesto, era eu! Nós caímos no chão e saíamos embolando naquela terra. A poeira subia, embaçava minha visão, o medo me dominada, mas algum resultado aquilo teria! Ou Jonas morreria, ou eu.


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Notas finais do capítulo

Continua...
Deem sinal de vida, seus fantasminhas!! ^^



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